Senti meu rosto esquentar. As palavras me pegaram de surpresa, mas havia algo reconfortante em ouvir aquilo.— Apenas fiz o que era necessário — respondi, tentando manter a compostura, mesmo sentindo um orgulho secreto crescer dentro de mim.Alejandro me lançou um leve sorriso — raro, vindo dele —, deu um aceno breve e seguiu seu caminho para os aposentos.Carlos observou tudo em silêncio, mas quando olhei para ele, havia um brilho nos seus olhos. Ele sabia o quanto aquelas palavras significavam para mim.Quando voltamos para o palácio, Carlos parou na entrada do corredor que levava aos nossos quartos.— Preciso resolver algumas coisas antes de ficar com você — disse ele, inclinando-se para me beijar na testa. Sua voz era suave, mas firme, como sempre.Assenti, entendendo que ele carregava responsabilidades que não podiam ser ignoradas.Subi para o quarto e me joguei na cama. Estava exausta, mas o sono parecia distante. Fiquei olhando para o teto, ouvindo o silêncio ao meu redor, exce
A noite se foi como um sussurro no escuro, e quando abri os olhos, um raio dourado do amanhecer invadia o quarto pelas frestas da janela. O peso confortável do braço de Carlos sobre minha cintura era um lembrete da noite passada. Seus cabelos bagunçados caíam sobre a testa, e sua respiração era tão tranquila que me fez hesitar antes de me mover. Mas com cuidado, levantei seu braço e deslizei para fora da cama. Peguei uma toalha próxima e caminhei para o banheiro, tentando não fazer barulho.A água quente deslizou sobre minha pele, trazendo memórias vivas de nós dois juntos. A lembrança de seus toques e risadas enchia meu peito, e um sorriso teimoso escapou. Eu estava apaixonada. Isso era inegável e, ao mesmo tempo, aterrorizante. Mas, de repente, uma pontada no abdômen me fez dobrar o corpo. A dor era avassaladora, cortante, e eu me agarrei à pia, tentando me equilibrar. Olhei para baixo e vi o sangue escorrendo. Um pânico frio tomou conta de mim, e meus joelhos cederam, me levando ao
Fui levada para uma sala ampla e esterilizada. A dor ainda pulsava no meu abdômen, mas agora era acompanhada por uma angústia crescente. Clara pediu que eu deitasse na maca e colocou as luvas com movimentos precisos, examinando-me com cuidado.— Cristina, isso é sério. — começou ela, ajustando o tom para algo mais delicado. — Você está sofrendo um aborto em andamento. Vou fazer uma ultrassonografia para verificar se o feto ainda está vivo ou se perdeu.Minha respiração ficou pesada. Um aborto? Um feto? As palavras dela ecoavam na minha mente enquanto a máquina era ligada. O gel frio tocou minha pele, e o silêncio na sala tornou-se ensurdecedor. Quando a tela do monitor se iluminou, Clara focou atentamente, ajustando o transdutor com perícia.— Espere... — ela murmurou, os olhos arregalados. — Ele ainda está aqui. O coração está batendo.Meu próprio coração quase parou. Olhei para a tela, e lá estava: uma pequena forma indistinta, mas viva, com um pulsar rítmico no centro. As lágrimas
Ele ficou em silêncio, me estudando com cuidado. Por fim, balançou a cabeça.— Você sempre foi forte, Cristina. Mais forte do que qualquer um de nós. Vamos encontrar um jeito. — Sua voz suavizou. — O que você quer que eu faça?— Quero que ninguém além de nós três saiba disso. Nem um murmúrio. Nem um boato. — Respondi firmemente, apontando para ele, Carlos e Clara, que acabava de voltar à sala.Alejandro assentiu, entendendo a gravidade do pedido.— Isso significa que você precisa ser ainda mais cuidadosa. Se for descansar, descanse longe de olhares curiosos. E se alguém começar a suspeitar, avise-me imediatamente. — disse ele, sua voz firme e pragmática como sempre.Clara também se aproximou, cruzando os braços.— Alejandro tem razão. Cristina, vou cuidar de você, mas preciso que siga as instruções à risca. Isso não é só sobre você agora. É sobre o bebê.Essas palavras me atingiram como um soco. Eu odiava pensar em vulnerabilidade, mas agora essa vida dentro de mim me prendia a ela. O
Passei a mão pelo rosto dele, uma carícia breve, mas carregada de significado.— Carlos, temos que ser cuidadosos. Essa é uma responsabilidade que não escolhi, mas... — pausei, tentando encontrar as palavras certas. — Já é minha. E nossa.Ele assentiu, mantendo a mão ali, como se quisesse sentir cada pequeno sinal de vida.O restante do dia passou devagar, mas também tranquilo. Clara insistiu que eu ficasse na clínica, tanto para monitoramento quanto para descanso. O ferimento no meu ombro foi tratado novamente, e ela fez questão de repetir a importância de repouso absoluto.Carlos não saiu do meu lado em momento algum. Ele parecia alheio a tudo, exceto a mim, e a sua presença constante, por mais irritante que eu normalmente achasse, era surpreendentemente reconfortante naquele momento. Nós conversamos pouco; a maior parte do tempo, ele apenas segurava minha mão, como se seu toque fosse suficiente para me manter forte.Ao cair da noite, Clara deu alta com a condição de que eu continua
Carlos suspirou, puxando uma cadeira para sentar mais perto de mim.— Nós não queríamos te excluir, Cristina. Só... só achamos que seria melhor lidar com isso sem te envolver diretamente, pelo menos por enquanto. — Ele olhou para mim, a preocupação nítida em seus olhos. — Você está grávida. Isso muda as coisas.— Muda o quê? — desafiei, estreitando os olhos. — A minha gravidez não muda quem eu sou, Carlos. Nem o que eu sou capaz de fazer.Houve um momento de silêncio tenso entre nós. Então, ele balançou a cabeça, um pequeno sorriso surgindo.— Você nunca muda, não é? Sempre tão teimosa. — Ele estendeu a mão, tocando meu ombro suavemente. — Tudo bem, Cristina. Você quer participar? Então participe. Mas quero que saiba que eu só fiz isso porque me importo com você.Eu não respondi imediatamente, deixando que suas palavras pairassem no ar por um momento. Depois, respirei fundo.— Carlos, se vamos lutar esta guerra, vamos lutar juntos. Mas nunca mais tome decisões sem mim. — disse, olhand
Quando todos os conselheiros saíram da sala, restamos apenas eu, Alejandro e Carlos. A tensão no ambiente havia diminuído, mas a sensação de que algo grandioso estava prestes a acontecer ainda pairava no ar. Sabíamos que o ataque ao cassino seria uma jogada arriscada, mas também era nossa chance de virar o jogo contra os Carrillo.Alejandro foi o primeiro a quebrar o silêncio.— Tudo está em andamento. Os homens confiáveis estão prontos, e temos os recursos necessários para agir com precisão. — ele falou enquanto olhava para os papéis com os detalhes da operação. — Mas, Cristina, você precisa confiar em nós para executar isso. Sua saúde...— Alejandro. — interrompi, minha voz firme. — Eu confio em você. E no Carlos. Mas confiar não significa me afastar. Eu preciso estar envolvida, mesmo que seja nos bastidores.Carlos cruzou os braços, inclinando-se contra a mesa. Seu olhar era de preocupação, mas também de compreensão.— Nós entendemos, Cristina. Mas Alejandro tem razão em um ponto:
A sala de reuniões estava em completo silêncio quando informei minha intenção de estar no local do ataque. Como sempre, Alejandro e Carlos se posicionaram contra, mas a reação dos demais membros do conselho foi inesperada.— A presença de Cristina no campo enviará uma mensagem. — disse Don Esteban, o mais velho e respeitado dos líderes. — Ela não precisa participar ativamente, mas saber que está lá reforça sua autoridade.— E inspira os homens. — acrescentou Javier, um dos mais jovens. — Eles lutarão com mais determinação, sabendo que ela está por perto.Carlos e Alejandro trocaram olhares. Sabiam que tinham perdido aquela batalha. No fim, Alejandro cedeu, mas com uma condição clara.— Tudo bem. Mas tomaremos todas as precauções. Sua segurança será prioridade absoluta.A reunião foi encerrada rapidamente, e os preparativos finais começaram.Após a decisão do conselho, Carlos e Alejandre não disseram mais nada, eles sabiam que agora, mais do que nunca eu iria participar do ataque. Depo