Após algumas horas no escritório, Alejandro e Carlos se reuniram comigo para revisar as próximas etapas da luta contra os Carillo. O clima era de foco, mas também de alívio por estarmos juntos novamente, mesmo que por pouco tempo. Alejandro, como sempre, trazia sua postura estratégica, analisando cada detalhe enquanto Carlos, mais direto, focava nos possíveis ataques que poderiam surgir em retaliação.— Temos informações de que o ataque ao carregamento foi um golpe severo para eles. Eles perderam não apenas os produtos, mas também a confiança em suas rotas de transporte. No entanto, sabemos que não ficarão quietos. Precisamos nos preparar para uma resposta violenta — explicou Alejandro, traçando possíveis movimentos no mapa sobre a mesa.Enquanto eles discutiam, uma pergunta surgiu em minha mente, e não consegui segurar.— Alejandro, e minha cunhada? Como ela está? Ela está segura? — perguntei, olhando diretamente para ele.Alejandro suavizou a expressão, algo raro vindo dele.— Ela e
Com cuidado, virei-me na cama, mas ao olhar para o outro lado, percebi que Carlos não estava lá. Um misto de preocupação e curiosidade tomou conta de mim. Respirei fundo, ignorei a dor que insistia em pulsar no meu ombro, e me levantei devagar. No canto do quarto, uma pequena mesa de mogno abrigava algumas garrafas de uísque e copos de cristal. Caminhei até lá, peguei um copo e servi uma dose. Abrindo o frigobar, coloquei dois cubos de gelo, cujo tilintar quebrou o silêncio opressor do ambiente.Com o copo na mão, sentei-me na poltrona em frente à janela. O tecido macio da poltrona parecia oferecer um abraço reconfortante enquanto eu observava o jardim do palácio. Lá fora, o sol se punha, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. No gramado, crianças brincavam despreocupadas, suas risadas ecoando ao longe. Era uma visão que há muito tempo eu não via por aqui. Finalmente, o Palácio dos Mendez parecia ter voltado à vida.De repente, o som suave da porta se abrindo atrás de mim interrom
Senti meu rosto esquentar. As palavras me pegaram de surpresa, mas havia algo reconfortante em ouvir aquilo.— Apenas fiz o que era necessário — respondi, tentando manter a compostura, mesmo sentindo um orgulho secreto crescer dentro de mim.Alejandro me lançou um leve sorriso — raro, vindo dele —, deu um aceno breve e seguiu seu caminho para os aposentos.Carlos observou tudo em silêncio, mas quando olhei para ele, havia um brilho nos seus olhos. Ele sabia o quanto aquelas palavras significavam para mim.Quando voltamos para o palácio, Carlos parou na entrada do corredor que levava aos nossos quartos.— Preciso resolver algumas coisas antes de ficar com você — disse ele, inclinando-se para me beijar na testa. Sua voz era suave, mas firme, como sempre.Assenti, entendendo que ele carregava responsabilidades que não podiam ser ignoradas.Subi para o quarto e me joguei na cama. Estava exausta, mas o sono parecia distante. Fiquei olhando para o teto, ouvindo o silêncio ao meu redor, exce
A noite se foi como um sussurro no escuro, e quando abri os olhos, um raio dourado do amanhecer invadia o quarto pelas frestas da janela. O peso confortável do braço de Carlos sobre minha cintura era um lembrete da noite passada. Seus cabelos bagunçados caíam sobre a testa, e sua respiração era tão tranquila que me fez hesitar antes de me mover. Mas com cuidado, levantei seu braço e deslizei para fora da cama. Peguei uma toalha próxima e caminhei para o banheiro, tentando não fazer barulho.A água quente deslizou sobre minha pele, trazendo memórias vivas de nós dois juntos. A lembrança de seus toques e risadas enchia meu peito, e um sorriso teimoso escapou. Eu estava apaixonada. Isso era inegável e, ao mesmo tempo, aterrorizante. Mas, de repente, uma pontada no abdômen me fez dobrar o corpo. A dor era avassaladora, cortante, e eu me agarrei à pia, tentando me equilibrar. Olhei para baixo e vi o sangue escorrendo. Um pânico frio tomou conta de mim, e meus joelhos cederam, me levando ao
Fui levada para uma sala ampla e esterilizada. A dor ainda pulsava no meu abdômen, mas agora era acompanhada por uma angústia crescente. Clara pediu que eu deitasse na maca e colocou as luvas com movimentos precisos, examinando-me com cuidado.— Cristina, isso é sério. — começou ela, ajustando o tom para algo mais delicado. — Você está sofrendo um aborto em andamento. Vou fazer uma ultrassonografia para verificar se o feto ainda está vivo ou se perdeu.Minha respiração ficou pesada. Um aborto? Um feto? As palavras dela ecoavam na minha mente enquanto a máquina era ligada. O gel frio tocou minha pele, e o silêncio na sala tornou-se ensurdecedor. Quando a tela do monitor se iluminou, Clara focou atentamente, ajustando o transdutor com perícia.— Espere... — ela murmurou, os olhos arregalados. — Ele ainda está aqui. O coração está batendo.Meu próprio coração quase parou. Olhei para a tela, e lá estava: uma pequena forma indistinta, mas viva, com um pulsar rítmico no centro. As lágrimas
Ele ficou em silêncio, me estudando com cuidado. Por fim, balançou a cabeça.— Você sempre foi forte, Cristina. Mais forte do que qualquer um de nós. Vamos encontrar um jeito. — Sua voz suavizou. — O que você quer que eu faça?— Quero que ninguém além de nós três saiba disso. Nem um murmúrio. Nem um boato. — Respondi firmemente, apontando para ele, Carlos e Clara, que acabava de voltar à sala.Alejandro assentiu, entendendo a gravidade do pedido.— Isso significa que você precisa ser ainda mais cuidadosa. Se for descansar, descanse longe de olhares curiosos. E se alguém começar a suspeitar, avise-me imediatamente. — disse ele, sua voz firme e pragmática como sempre.Clara também se aproximou, cruzando os braços.— Alejandro tem razão. Cristina, vou cuidar de você, mas preciso que siga as instruções à risca. Isso não é só sobre você agora. É sobre o bebê.Essas palavras me atingiram como um soco. Eu odiava pensar em vulnerabilidade, mas agora essa vida dentro de mim me prendia a ela. O
Passei a mão pelo rosto dele, uma carícia breve, mas carregada de significado.— Carlos, temos que ser cuidadosos. Essa é uma responsabilidade que não escolhi, mas... — pausei, tentando encontrar as palavras certas. — Já é minha. E nossa.Ele assentiu, mantendo a mão ali, como se quisesse sentir cada pequeno sinal de vida.O restante do dia passou devagar, mas também tranquilo. Clara insistiu que eu ficasse na clínica, tanto para monitoramento quanto para descanso. O ferimento no meu ombro foi tratado novamente, e ela fez questão de repetir a importância de repouso absoluto.Carlos não saiu do meu lado em momento algum. Ele parecia alheio a tudo, exceto a mim, e a sua presença constante, por mais irritante que eu normalmente achasse, era surpreendentemente reconfortante naquele momento. Nós conversamos pouco; a maior parte do tempo, ele apenas segurava minha mão, como se seu toque fosse suficiente para me manter forte.Ao cair da noite, Clara deu alta com a condição de que eu continua
Carlos suspirou, puxando uma cadeira para sentar mais perto de mim.— Nós não queríamos te excluir, Cristina. Só... só achamos que seria melhor lidar com isso sem te envolver diretamente, pelo menos por enquanto. — Ele olhou para mim, a preocupação nítida em seus olhos. — Você está grávida. Isso muda as coisas.— Muda o quê? — desafiei, estreitando os olhos. — A minha gravidez não muda quem eu sou, Carlos. Nem o que eu sou capaz de fazer.Houve um momento de silêncio tenso entre nós. Então, ele balançou a cabeça, um pequeno sorriso surgindo.— Você nunca muda, não é? Sempre tão teimosa. — Ele estendeu a mão, tocando meu ombro suavemente. — Tudo bem, Cristina. Você quer participar? Então participe. Mas quero que saiba que eu só fiz isso porque me importo com você.Eu não respondi imediatamente, deixando que suas palavras pairassem no ar por um momento. Depois, respirei fundo.— Carlos, se vamos lutar esta guerra, vamos lutar juntos. Mas nunca mais tome decisões sem mim. — disse, olhand