LEANDRAAquele päu mandado do Marquito já veio dar recado do Carioca pra eu sair do camarote, que ódio. Mas tudo bem, eu sei esperar a hora certa.Volto para a pista com a Vitória.Vitória foi quem me ajudou a vir morar na Penha, afinal, se eu não tivesse alguém conhecido aqui, eu jamais conseguiria.Ela era uma das amigas da Jéssica, minha irmã sempre falou dela e de uma outra amiga da pista, a Gisele. Essa Gisele eu procurei, mas ela não quis contato comigo, sonsa do carälho.A Jéssica colocou no e-mail tanto o contato dela, quanto da Vitória.Minha irmã sabia que ia morrer, hoje não tenho dúvidas disso, pois deixou um e-mail com mais de 10 páginas contando coisas que nunca tinha me falado, eu sabia apenas um pouco do que ela vivia aqui.— O que você foi fazer lá, tá maluca? — Vitória fala, puxando meu braço assim que me aproximo dela na pista novamente.— Maluca nada! Você acha que eu vim morar no Rio de Janeiro, morar na Penha, para simplesmente ficar olhando aquela sonsa
FernandaAcordo tendo um pesadelo com o Turco. Olho ao redor, não vejo meus amigos e me assusto.Escuto barulho do chuveiro.Corro até o quarto do Gabriel. Vejo que ele dorme tranquilamente e fico aliviada.Volto para meu quarto e sento na cama. Esfrego os olhos, enrolo meu cabelo e solto novamente.É muita informação em uma só noite para processar tudo.Chega mensagem da Dani querendo saber o que houve e se estou bem.Como ela já sabe que aconteceu algo?Mensagem também da Rebeca, avisando que está na casa do Andrey e que depois eles vêm aqui.Digito que estou bem e encaminho para elas.O barulho do chuveiro para, e logo o Felipe sai pela porta do banheiro. E nem de longe parecia o homem que a poucas horas atrás, matou a sangue frio alguém.Bom, nem tão frio assim, afinal, ele é esquentado pra caramba.Só pelo olhar dele, vejo que realmente agora era o Felipe quem estava na minha frente, e não o Carioca, dono do morro.Seu olhar apreensivo, mas sem o semblante perturbado
ÂngelaSaio do The Ritz-Carlton Hotel na capital chilena com algumas perguntas em mente.Se eu tivesse dito não às investidas do Jorge décadas atrás, como seria minha vida hoje?Será que Luciana ou a Marta estariam no meu lugar?Eu teria construído uma vida ao lado de Juninho?Muitas são as perguntas e a resposta é uma só: impossível saber.É impossível supor se uma decisão diferente teria mudado o destino, pois o passado não volta e cada um faz aquilo que julga ser o correto para si no momento.E agora, além dos presentes que levo do Chile para todos, levo também uma bagagem diferente, a bagagem emocional. Esta está voltando abarrotada de informações que precisei sair do Brasil para descobrir sobre coisas que aconteceram praticamente diante de meus olhos sem que eu percebesse.Tudo que ouvi, me deixou atordoada, mas me fez entender que a mentira é um veneno que mata lentamente. E descobrir tantas coisas que eu sequer imaginava que um dia aconteceram, me fez entender que, de n
CariocaMinha mãe já está no Brasil novamente, ela quer acompanhar a Fernanda em todas as consultas possíveis. Hoje, inclusive, é o dia dela fazer alguns exames.Tenho acompanhado as redes sociais dela, tudo normal. Finalmente a paz tá reinando entre nós.Achei que ela ia pirar com o fato presenciar a morte do Turco. Mas não, depois daquela noite nunca mais tocamos no assunto, melhor assim.Fernanda agora tá sempre ajudando na associação e tá felizona com isso.Não vejo a hora da barriga dela começar a crescer, quero acompanhar cada detalhe que não pude presenciar na gravidez do Gabriel.Meu celular toca, número privado outra vez.— Fala, porrä! — Já atendo sem paciência, número privado boa coisa não é.— Tá chegando a hora, Carioca! Nem quero mais a tua cabeça, quero a dela, da tua mulher! — Gargalha e desliga.Só essa semana já é a terceira ligação desse verme. É o Barreto, não tenho dúvida. Já perdi a conta de quantas ameaças ele fez nos últimos dias.Passo um rádio pro
DaniDepois da noite em que eu e o Eduardo transamos, eu nem sei dizer qual é a nossa relação. Ele tem dormido todas as noites aqui, mas não foi em todas que rolou algo entre nós. Isso não acontecia antigamente, ele dormia raramente em casa e confesso que eu estou gostando muito, mas ao mesmo tempo, sei que é arriscado ele dormir sempre no mesmo lugar.Logo após a morte do Turco, Eduardo veio com um papo de que o Turco já me conhecia, eu desconversei, óbvio.Falei que ele me conhecia dos bailes que eu frequentava aqui na Penha antes de mudar para cá, o que não deixa de ser verdade, porém, omiti o fato de já ter ficado com ele. Só a Fernanda é quem sabe, então não tem como o Eduardo descobrir. Minha amiga jamais contaria e morto não fala.Estou deitada no sofá, assistindo uma série, já é um pouco tarde da noite. De repente, Eduardo chega.— Dani, eu quero trocar uma ideia com você! — ele fala, sentando no sofá, colocando minhas pernas em seu colo.— Fala, Eduardo!— Eu quero fic
FernandaFoi tão emocionante fazer o exame para ver meu bebê com minha sogra e meu marido acompanhando, mesmo que ele estivesse atrás da tela de um celular, afinal, na gestação do Gabriel foi tudo totalmente diferente. É tanta felicidade que não cabe no meu peito.No retorno da clínica até a Penha, um carro nos perseguiu, mas Robertão soube agir com rapidez e inteligência. Essa loucura que é viver ao lado do Felipe está se tornando a minha rotina.Andrey disse que tem um assunto importante para falar comigo, mas sei que essa biba é muito exagerada, então fui até a loja ver o que ele quer.— Minha gostosa, cadê essa barriga do novo verdadeiro que ainda não apareceu, hein? — ele diz, todo empolgado assim que cheguei na loja.— Andrey, está muito no comecinho ainda, mas logo essa barriguinha já começa a apontar. — falo, enquanto ele passa a mão, acariciando minha barriga.— Só imagino como o todo poderoso do Carioca deve estar bobo, não é não Fernandinha?— Você não faz ideia do q
CariocaTroquei mais uma vez meus números de telefone, nunca fico muito tempo com os mesmos, todo cuidado é pouco.Hoje não durmo em casa com minha mulher, embora eu quisesse muito. Vou dormir em uma das minhas outras casas e aproveitar pra fazer uma ronda de madrugada, quero ver os vapor e os soldados na atividade, comércio de drogas é que nem conveniência de posto de gasolina, funciona 24 horas por dia, o faturamento não para. E eu pegar qualquer coisa errada, serão cobrados.Dando uma geral de moto pelo morro, vejo alguns vapor meio desatentos, de conversinha, já dou um esporro neles.Durante o dia, vou chamar o chefe da segurança pra passar essa visão. Quero trocar alguns soldados de posição, tem que ser disciplina total.Terminei ronda muito tarde e fui dormir com o dia quase amanhecendo.Acordo algumas horas depois quando o sol já tava alto.Passo no bar do Juarez, peço um café forte e faço um lanche rápido. Hoje tô cheio de pica pra resolver.Quem traz o meu pedido é aq
DaniEstou com Marcelinho, tranquilamente na minha casa quando alguém bate à porta. Atendo e era Josefa, a senhora que trabalha na casa da Fernanda.Ela estava muito aflita, falando descontroladamente, com o Gabi no colo e me pediu para deixar ele aqui. Fiquei assustada e perguntei o que estava acontecendo. Josefa me disse que era alguma coisa entre o Carioca e a Fernanda, e que queria deixar o Gabriel comigo para voltar lá, pois estava com medo de que algo acontecesse.Peguei o Gabi no colo na mesma hora e disse para ela voltar rapidamente para a casa da Fernanda. Sabemos que o Carioca é um louco e pode fazer alguma coisa. A minha casa e a da Fernanda são muito próximas, então Josefa estaria lá em poucos minutos.Ligo para o Eduardo e peço para ele ver se pode fazer alguma coisa, ninguém segura o Carioca quando está descontrolado.Mando várias mensagens para a Fernanda e tento ligar, mas todas as tentativas são sem sucesso. Mais ou menos 1 hora e meia depois, ela aparece aqui em