NOITE DE BAILE: Japah O morro tá frenético hoje, tô dando uma geral de moto em cada ponto, as biqueiras a todo vapor. As pessoas vão chegando e muitas compram droga antes mesmo do baile começar. Armamento fortalecido, faturamento lá no alto, é só sucesso. Minha última parada é em frente a quadra, onde muitos soldados fazem a segurança. Paro a moto e fico escorado nela, quase sentado. Um carro preto chega, era o Turco. Ele desce e vem em minha direção. Sujeito mais indigesto, vontade de meter uma bala nos cornos dele. — Fala Japah, tranquilidade? — Por enquanto tudo na paz! — respondo, fazendo o toque com ele, o encarando — Tem um fino aí? — Ele pergunta. Esse cara acha que vai dividir um beck comigo? Tá se enganando legal. — Pô, não tenho! Mas pede aí pra um dos soldados. — respondo, desviando o olhar do dele. Ele concorda com a cabeça, chama um dos soldados que tá mais perto e pede. Logo tá na mão dele, que acende e puxa pra mente. — E a tua mulher tá bem? —
TARDE ANTES DO BAILE:CariocaTô felizão com a gravidez da Fernanda, dessa vez vou poder acompanhar tudo.Por ligação, marquei com o hacker que o LC indicou, ele viria até a Penha justamente hoje que tem baile a noite e o morro fica uma loucura o dia todo. Mas durante a semana ele não poderia vir, pois trabalha em uma grande empresa de tecnologia e informática.Certamente ele não costuma subir em favela pra fazer esse tipo de serviço, mas pela grana que eu vou pagar, quem não viria?Quando conversamos por telefone, ele me adiantou que eu precisaria ter o aparelho em mãos pra fazer o que era preciso. Isso não seria um problema, afinal, a Fernanda não fica o tempo todo com o telefone.Assim que ele chega na contenção, sou avisado pelo rádio, Marquito já tava ciente que ele viria. Ordeno pra trazerem ele até o escritório da boca.Ele entra, nos cumprimentamos rapidamente e logo ele tira um notebook da mochila.— Sem nada de câmera aqui, não! — Já mandei a letra pra ele, afinal, e
CariocaAssim que chegamos na quadra, muitos olhos nos observavam, mas nenhuma novidade, todos sabem que ela é a minha mulher.Fernanda foi pro camarote ficar com a mulher do LC e o amigo delas. Normal, eu tenho coisas pra resolver.Esse baile pelo jeito vai ser quente, em todos os sentidos.Assim que chegamos na quadra, recebo mensagem do Japah. Mando ele vir embaixo do camarote.Meu irmão tá boladão com o Turco e olha que o Japah sempre foi mais o tranquilo entre nós dois. Mas ele é muito observador, se ele acha que tem algo errado é porque tem. Não preciso nem ir atrás, basta ficar atento.Turco é meu fornecedor de armas há alguns anos, mas negócio é negócio, vida pessoal é vida pessoal e as coisas precisam ficar separadas. Ninguém chega na minha comunidade fazendo bagunça, não, aqui tem organização. Só que eu vou dar a corda pra ele se enforcar, logo ele cai.Vou pro camarote, Turco já havia chegado e pelo jeito tá doidão. A noite mal começou e ele já tá no pique. Olho vidr
CariocaTô aqui conversando com os parças, mas sempre de olho no Turco, já percebi que ele não tira o olho da Fernanda. Ele tá alucinado, usando todo tipo de porcaria, erva foi só pra abrir a noite, o cara já bebeu muito, usou pó e até MD, ele tá doidão.Eu tô só na minha erva pura e meu whisky de lei, bebendo na postura. Hoje não é uma noite pra extravasar, tenho que ficar de olho na minha morena e mais ainda no Turco. Ele tá se achando esperto, vai ter o que merece.LC se aproxima, tava atrás da mulher dele. Ele contou que ela tá bolada com ele por causa de piranha, isso é normal nesse meio que a gente vive, a maioria sempre se joga. E a fiel tem que ter postura e serenidade, ser mulher de bandido não é fácil.— E as ameaças pararam? — LC pergunta.— Nada, aquele verme sempre liga de algum número restrito falando merda e agora com a gravidez da Fernanda tô maluco com isso, ninguém vai tocar nela, ninguém.LC já tinha me parabenizado pela gravidez no início da noite quando cheg
ÂngelaComo é bom vir ao Chile, como é bom viajar pelo mundo. É sempre uma experiência única e marcante conhecer novas pessoas, novas culturas e outros costumes.Viajar é ótimo, mas quando se pode unir a outros interesses, é melhor ainda.Assim que cheguei ao hotel, rapidamente fiz contato com o detetive chileno que o investigador brasileiro havia me indicado. Segundo informações, ele é o melhor daqui.O detetive e eu marcamos para o dia seguinte, ele já havia recebido todas informações sobre quem deveria procurar.Faço contato com algumas agências de turismo, quero fazer alguns passeios, aliando deveres com diversão.Na manhã seguinte, após um delicioso café da manhã no hotel, fui visitar o Museu Nacional de Bellas Artes, que é encantador. E o almoço foi em um restaurante próximo, onde eu havia marcado com o detetive.Ele chega exatamente no horário marcado. Pontualidade é uma qualidade que me agrada muito.Após os cumprimentos, ele pede a foto que havia solicitado ao investigador br
LEANDRAAquele päu mandado do Marquito já veio dar recado do Carioca pra eu sair do camarote, que ódio. Mas tudo bem, eu sei esperar a hora certa.Volto para a pista com a Vitória.Vitória foi quem me ajudou a vir morar na Penha, afinal, se eu não tivesse alguém conhecido aqui, eu jamais conseguiria.Ela era uma das amigas da Jéssica, minha irmã sempre falou dela e de uma outra amiga da pista, a Gisele. Essa Gisele eu procurei, mas ela não quis contato comigo, sonsa do carälho.A Jéssica colocou no e-mail tanto o contato dela, quanto da Vitória.Minha irmã sabia que ia morrer, hoje não tenho dúvidas disso, pois deixou um e-mail com mais de 10 páginas contando coisas que nunca tinha me falado, eu sabia apenas um pouco do que ela vivia aqui.— O que você foi fazer lá, tá maluca? — Vitória fala, puxando meu braço assim que me aproximo dela na pista novamente.— Maluca nada! Você acha que eu vim morar no Rio de Janeiro, morar na Penha, para simplesmente ficar olhando aquela sonsa
FernandaAcordo tendo um pesadelo com o Turco. Olho ao redor, não vejo meus amigos e me assusto.Escuto barulho do chuveiro.Corro até o quarto do Gabriel. Vejo que ele dorme tranquilamente e fico aliviada.Volto para meu quarto e sento na cama. Esfrego os olhos, enrolo meu cabelo e solto novamente.É muita informação em uma só noite para processar tudo.Chega mensagem da Dani querendo saber o que houve e se estou bem.Como ela já sabe que aconteceu algo?Mensagem também da Rebeca, avisando que está na casa do Andrey e que depois eles vêm aqui.Digito que estou bem e encaminho para elas.O barulho do chuveiro para, e logo o Felipe sai pela porta do banheiro. E nem de longe parecia o homem que a poucas horas atrás, matou a sangue frio alguém.Bom, nem tão frio assim, afinal, ele é esquentado pra caramba.Só pelo olhar dele, vejo que realmente agora era o Felipe quem estava na minha frente, e não o Carioca, dono do morro.Seu olhar apreensivo, mas sem o semblante perturbado
ÂngelaSaio do The Ritz-Carlton Hotel na capital chilena com algumas perguntas em mente.Se eu tivesse dito não às investidas do Jorge décadas atrás, como seria minha vida hoje?Será que Luciana ou a Marta estariam no meu lugar?Eu teria construído uma vida ao lado de Juninho?Muitas são as perguntas e a resposta é uma só: impossível saber.É impossível supor se uma decisão diferente teria mudado o destino, pois o passado não volta e cada um faz aquilo que julga ser o correto para si no momento.E agora, além dos presentes que levo do Chile para todos, levo também uma bagagem diferente, a bagagem emocional. Esta está voltando abarrotada de informações que precisei sair do Brasil para descobrir sobre coisas que aconteceram praticamente diante de meus olhos sem que eu percebesse.Tudo que ouvi, me deixou atordoada, mas me fez entender que a mentira é um veneno que mata lentamente. E descobrir tantas coisas que eu sequer imaginava que um dia aconteceram, me fez entender que, de n