JapahAté agora eu só vi meu filho por fotos e vídeos, e não vejo a hora de ter ele em meus braços, mostrar que eu sou o pai dele.A casa sem a Dani é um silêncio gritante, e se não fosse minha mãe estar dormindo aqui durante essas noites, eu nem ficaria aqui. Porque mesmo a Dani não estando aqui fisicamente, ela tá em todo canto. O cheiro dela tá em tudo, e olhar o closet sem as coisas dela, dói pra caralho. A Dani faz uma falta que eu nem tinha ideia que fazia.Eu não fui um bom homem pra ela, sei bem disso. Ela sempre foi uma mulher leal e fiel, e eu sou um fudid0 que não soube retribuir isso. E tudo que eu queria era ela e o Marcelinho aqui comigo agora.Depois de longos e intermináveis dias, a Dani saiu da CTI e eu já posso respirar aliviado.Logo eu que não acreditava nessas paradas de oração e tal, em um momento de desespero, pedi a Deus pela vida dela e do meu filho. E o mais surpreendente, é que fui atendido.Ligo pra minha mãe por chamada de vídeo, quero e preciso ver
ÂngelaEstou a caminho da Penha no banco traseiro do carro que está sendo conduzido pelo Robertão, carro este que não fica em nenhum momento sem observação após a explosão do outro. Durante o período que estou no hospital, três homens fazem a minha segurança, enquanto Robertão e mais um deles vigiam o carro. Não podemos mais cometer erros.Seu Reginaldo, pai da Dani, conversou comigo. Ele disse que nunca aprovou o relacionamento dela com o Eduardo, e como mãe, eu o entendo, afinal, qual pai ou mãe iria aprovar a filha se relacionar com um traficante procurado pela justiça?Mas ele me disse que está compreendendo mais, pois Dani e Eduardo têm um filho agora. Ele apenas teme pela segurança da filha e do neto. Prometi a ele que nada acontecerá com a Dani, nem com o Marcelinho.O Eduardo, desde muito jovem, seguiu os passos do Jorge, assim como o Felipe. Eu gostaria muito que eles largassem essa vida, com o dinheiro que temos, poderíamos viver confortavelmente em qualquer país, sem
Dani— Daniela, minha filha, você está certa desta decisão? — Meu pai pergunta.— Tô sim, pai! Os últimos meses foram de muita reflexão. Embora eu ame o Eduardo, não posso continuar aceitando certas coisas.— Você sabe que eu sempre fui contra você morar naquele lugar, minha casa está sempre de portas abertas para você e para meu neto, você sabe disso. Mas por segurança, eu acharia melhor você ficar em um local de difícil acesso.— Eu já tinha pensado nisso, pai! O Eduardo não vai aceitar que eu não volte para a Penha e vai mandar alguém vir atrás de mim. Eu vou para um flat, pelo menos por enquanto. Eu tenho um dinheiro guardado e também tenho a renda da loja, que por sinal, o Andrey está comandando sozinho com a ajuda da funcionária que contratamos.— Não pensa em trabalho agora, minha filha! Mas você tem certeza que ir para um flat é seguro mesmo?— Pai, o Eduardo pode ser um bandido, mas não faria nenhuma maldade comigo — Não estou falando dele, filha!— Está falando do q
CariocaChamo o Robertão para uma conversa, vou colocar ele na função que eu tinha em mente desde o início, ele vai fazer a segurança da Fernanda. Eu quero alguém assim com a postura dele. Um cara centrado, calado e que não tenha nenhum conhecimento da vida dela, nem da nossa história, afinal, ele nunca viveu aqui e não sabe quase nada do nosso passado, é uma pessoa neutra.Quero que o Robertão cuide de cada passo que ela der. A Fernanda corre perigo e nunca se sabe quando um X9 pode estar infiltrado até mesmo no morro. De hoje em diante ele vai ser o segurança particular dela.— Então é isso, Robertão, durante o dia você faz toda segurança dela, todo lugar que ela for aqui no morro, você vai também. A noite ela sempre tá em casa, aí os seguranças noturnos se encarregam.— E fora do morro, Carioca?— Pra ela sair do morro, só com minha autorização. Entendido?— Entendido!— Qualquer ligação, atitude ou aproximação suspeita, eu quero ficar sabendo! — falo e ele ouve atento.—
ÂngelaAssim que saio com meu carro da casa do Felipe, vejo o Robertão próximo ao portão. Meu carro tem películas escuras nos vidros e ele não pode me ver, mas eu o vejo e percebo que ficou olhando para meu carro. Preciso tirar essas ideias insanas da minha cabeça, que nem sei de onde surgiram. Robertão é mais jovem que eu e é funcionário do meu filho, isso seria uma loucura.Vou para meu apartamento. Amanhã cedo tenho um encontro com uma vizinha da mãe da Susana, a única pessoa que aceitou falar algo, em troca de algum dinheiro, é claro.Os advogados estão atrás do mesmo que eu, porém, às vezes precisamos usar de outros meios para chegarmos no objetivo, e foi o que eu fiz, coloquei um detetive particular para investigar. Meus filhos não sabem, é claro, só contarei após ter descoberto algo concreto.Essa vizinha aceitou falar o que sabe, porém, ela quer em um local público e discreto. Eu também prefiro assim. Iremos nos encontrar em uma cafeteria e eu irei acompanhada dos seguranç
FernandaNa manhã seguinte, acordo um pouco mais cedo do que o habitual e animada para ir com o Andrey, conhecer a tal associação da comunidade. Antes de ir, ligo para a Dani e ela me diz que dará alta no outro dia e que inclusive, voltará para a Penha. Andrey e eu ficamos muito felizes.Chegando na associação, vejo que é uma pequena sede, um pouco precária, mas tudo muito organizado e bonitinho. Converso com o presidente e a sua esposa, que são as pessoas que comandam o local.Eles sabem que sou esposa do Felipe, aliás, a comunidade inteira parece me conhecer. Pergunto a eles como tudo funciona por ali e eles vão me explicando o tipo de ajuda que tentam fornecer aos moradores mais humildes da comunidade.Ali, são oferecidos serviços de doação de cestas básicas, medicações, de roupas, material escolar e também encaminhamento para consultas no postinho de saúde. As intenções e as ideias são boas, mas ainda acho que poderia ser melhor.Ficamos um tempo conversando, eles me relatara
CariocaMeu sobrinho já tá na Penha e o Japah tá feliz demais, e eu fico feliz pelo meu mano também, filho é a melhor coisa na vida. Só espero que ele tome um pouco de juízo agora, porque ele andou fazendo merda das grandes.Dei uma passada rápida na casa dele pra conhecer o moleque, e na moral? É a cara dele, a nossa genética é boa mesmo.Minha mãe me contou que falou com uma vizinha da Susana, ou da mãe dela, não sei ao certo. Senhora Ângela sempre metendo o louco, mas resolve as paradas.Essa coisa ficou na minha cabeça, tem uma grande chance então do filho da Susana ser meu mesmo. Eu nem toquei ainda nesse assunto com a Fernanda, mas os advogados estão tentando descobrir pra onde a mãe da Susana foi, porque eu preciso fazer esse teste de DNA.Meu celular cheio de mensagem de piranha, incluindo daquela mina do bar que não se contentou em não ter conseguido me dar. Azar dela, tô casado, acabou a putariä.Apago todas as mensagens, porque se a Fernanda ver, sei que dá problema,
Comemoração na casa da Dani acontecendo, todos muito felizes e animados.Rebeca e Andrey estão dentro da piscina, enquanto Dani e Fernanda estão deitadas nas espreguiçadeiras debaixo do guarda-sol.Ângela e Josefa observam de longe, mais afastadas, sentadas debaixo do guarda-sol. Ângela bebe seu drink caro, enquanto Josefa toma sua cervejinha.Josefa não era uma simples funcionária, era mais do que isso. Elas ali, naquele momento, não eram patroa e empregada, mas sim, duas amigas. Josefa sempre foi muito leal a família, e Ângela, que valorizava muito isso, sabia retribuir.— Josefa, porque você não experimenta esse drink? Está uma delícia, você vai gostar, prova só um pouquinho? — Ângela diz.— Ah, não, eu não gosto dessas bebidas finas de gente rica, não. Eu gosto mesmo é da minha cervejinha bem gelada! — Josefa fala, mostrando a lata de cerveja e as duas sorriem.Ângela balança a cabeça em negativo e levanta seu óculos de sol, enquanto observa seus filhos, noras, netos e amig