Dani— Daniela, minha filha, você está certa desta decisão? — Meu pai pergunta.— Tô sim, pai! Os últimos meses foram de muita reflexão. Embora eu ame o Eduardo, não posso continuar aceitando certas coisas.— Você sabe que eu sempre fui contra você morar naquele lugar, minha casa está sempre de portas abertas para você e para meu neto, você sabe disso. Mas por segurança, eu acharia melhor você ficar em um local de difícil acesso.— Eu já tinha pensado nisso, pai! O Eduardo não vai aceitar que eu não volte para a Penha e vai mandar alguém vir atrás de mim. Eu vou para um flat, pelo menos por enquanto. Eu tenho um dinheiro guardado e também tenho a renda da loja, que por sinal, o Andrey está comandando sozinho com a ajuda da funcionária que contratamos.— Não pensa em trabalho agora, minha filha! Mas você tem certeza que ir para um flat é seguro mesmo?— Pai, o Eduardo pode ser um bandido, mas não faria nenhuma maldade comigo — Não estou falando dele, filha!— Está falando do q
CariocaChamo o Robertão para uma conversa, vou colocar ele na função que eu tinha em mente desde o início, ele vai fazer a segurança da Fernanda. Eu quero alguém assim com a postura dele. Um cara centrado, calado e que não tenha nenhum conhecimento da vida dela, nem da nossa história, afinal, ele nunca viveu aqui e não sabe quase nada do nosso passado, é uma pessoa neutra.Quero que o Robertão cuide de cada passo que ela der. A Fernanda corre perigo e nunca se sabe quando um X9 pode estar infiltrado até mesmo no morro. De hoje em diante ele vai ser o segurança particular dela.— Então é isso, Robertão, durante o dia você faz toda segurança dela, todo lugar que ela for aqui no morro, você vai também. A noite ela sempre tá em casa, aí os seguranças noturnos se encarregam.— E fora do morro, Carioca?— Pra ela sair do morro, só com minha autorização. Entendido?— Entendido!— Qualquer ligação, atitude ou aproximação suspeita, eu quero ficar sabendo! — falo e ele ouve atento.—
ÂngelaAssim que saio com meu carro da casa do Felipe, vejo o Robertão próximo ao portão. Meu carro tem películas escuras nos vidros e ele não pode me ver, mas eu o vejo e percebo que ficou olhando para meu carro. Preciso tirar essas ideias insanas da minha cabeça, que nem sei de onde surgiram. Robertão é mais jovem que eu e é funcionário do meu filho, isso seria uma loucura.Vou para meu apartamento. Amanhã cedo tenho um encontro com uma vizinha da mãe da Susana, a única pessoa que aceitou falar algo, em troca de algum dinheiro, é claro.Os advogados estão atrás do mesmo que eu, porém, às vezes precisamos usar de outros meios para chegarmos no objetivo, e foi o que eu fiz, coloquei um detetive particular para investigar. Meus filhos não sabem, é claro, só contarei após ter descoberto algo concreto.Essa vizinha aceitou falar o que sabe, porém, ela quer em um local público e discreto. Eu também prefiro assim. Iremos nos encontrar em uma cafeteria e eu irei acompanhada dos seguranç
FernandaNa manhã seguinte, acordo um pouco mais cedo do que o habitual e animada para ir com o Andrey, conhecer a tal associação da comunidade. Antes de ir, ligo para a Dani e ela me diz que dará alta no outro dia e que inclusive, voltará para a Penha. Andrey e eu ficamos muito felizes.Chegando na associação, vejo que é uma pequena sede, um pouco precária, mas tudo muito organizado e bonitinho. Converso com o presidente e a sua esposa, que são as pessoas que comandam o local.Eles sabem que sou esposa do Felipe, aliás, a comunidade inteira parece me conhecer. Pergunto a eles como tudo funciona por ali e eles vão me explicando o tipo de ajuda que tentam fornecer aos moradores mais humildes da comunidade.Ali, são oferecidos serviços de doação de cestas básicas, medicações, de roupas, material escolar e também encaminhamento para consultas no postinho de saúde. As intenções e as ideias são boas, mas ainda acho que poderia ser melhor.Ficamos um tempo conversando, eles me relatara
CariocaMeu sobrinho já tá na Penha e o Japah tá feliz demais, e eu fico feliz pelo meu mano também, filho é a melhor coisa na vida. Só espero que ele tome um pouco de juízo agora, porque ele andou fazendo merda das grandes.Dei uma passada rápida na casa dele pra conhecer o moleque, e na moral? É a cara dele, a nossa genética é boa mesmo.Minha mãe me contou que falou com uma vizinha da Susana, ou da mãe dela, não sei ao certo. Senhora Ângela sempre metendo o louco, mas resolve as paradas.Essa coisa ficou na minha cabeça, tem uma grande chance então do filho da Susana ser meu mesmo. Eu nem toquei ainda nesse assunto com a Fernanda, mas os advogados estão tentando descobrir pra onde a mãe da Susana foi, porque eu preciso fazer esse teste de DNA.Meu celular cheio de mensagem de piranha, incluindo daquela mina do bar que não se contentou em não ter conseguido me dar. Azar dela, tô casado, acabou a putariä.Apago todas as mensagens, porque se a Fernanda ver, sei que dá problema,
Comemoração na casa da Dani acontecendo, todos muito felizes e animados.Rebeca e Andrey estão dentro da piscina, enquanto Dani e Fernanda estão deitadas nas espreguiçadeiras debaixo do guarda-sol.Ângela e Josefa observam de longe, mais afastadas, sentadas debaixo do guarda-sol. Ângela bebe seu drink caro, enquanto Josefa toma sua cervejinha.Josefa não era uma simples funcionária, era mais do que isso. Elas ali, naquele momento, não eram patroa e empregada, mas sim, duas amigas. Josefa sempre foi muito leal a família, e Ângela, que valorizava muito isso, sabia retribuir.— Josefa, porque você não experimenta esse drink? Está uma delícia, você vai gostar, prova só um pouquinho? — Ângela diz.— Ah, não, eu não gosto dessas bebidas finas de gente rica, não. Eu gosto mesmo é da minha cervejinha bem gelada! — Josefa fala, mostrando a lata de cerveja e as duas sorriem.Ângela balança a cabeça em negativo e levanta seu óculos de sol, enquanto observa seus filhos, noras, netos e amig
DaniVoltei para a Penha e confesso que estar na minha casa é ótimo, não há lugar melhor do que o nosso lar.Meu pai ligou no outro dia após minha alta querendo saber onde eu estava, afinal, ele havia ido ao hospital me visitar e eu não estava mais lá. Ele não fazia ideia que eu teria alta naquele dia.Falei apenas que estou em um lugar seguro e ele deduziu que eu poderia ter voltado para a Penha. Não sei se gostou muito da ideia, mas por tudo que a Ângela me contou a respeito das ameaças, realmente aqui é o lugar mais seguro para meu filho ficar. Não gostei de mentir para o meu pai, mas sei que é preciso, pelo menos por enquanto. É tão triste saber que não podemos confiar em ninguém e até dele eu desconfio agora.Me emocionei ao ver o Eduardo conhecer o Marcelo, foi um momento único e inesquecível, combinamos que ele não moraria aqui conosco, essa foi minha condição para não ir morar em um flat. Quero a separação e ele vai ter que entender, e por enquanto ele está respeitando a m
ÂngelaApós ouvir o que a Josefa contou, eu fiquei sem rumo, nada do que ela continuou falando depois, eu assimilei.Tomo o restante do drink em um único gole, que pareceu ser uma água suja de tão indigesto que foi. Mas não era a bebida que estava indigesta e sim, as palavras da Josefa sobre Marta.— Josefa, essa Marta e o pai do Lucas eram casados no papel? — Foi a única coisa que consegui perguntar a ela.— Que nada! Só juntaram as roupas e as escovas de dentes! — Josefa responde e assim eu pude confirmar que havia uma maneira de saber se a Marta mãe do Lucas era a mesma Marta que eu conhecia bem, aquela que fingia ser minha amiga.No outro dia, logo cedo ligo para o Luís e passo por alto as informações, ele é de extrema confiança e trabalha conosco há muitos anos. Ele tem as informações básicas sobre todos que trabalham com meus filhos em cargos de confiança como o Lucas, então com o nome completo dele, seria fácil solicitar uma segunda via da certidão de nascimento, que é alg