CalebEla ainda estava perto. O gosto dos lábios dela ainda estava nos meus. O perfume ainda pairava no ar entre nós. Eu podia jurar que, se estendesse a mão, tocaria de novo aquele momento... mas Pamela deu um passo para trás.— Caleb, é melhor eu voltar a trabalhar. — A voz dela saiu baixa, firme, mas com uma rachadura que só quem ama reconhece.Meu peito apertou.— Por favor, Pamela... não vai.Ela virou de costas, os ombros tensos.— Por favor, Caleb, me deixa em paz. Por favor.Minha garganta travou. Mas eu não podia deixá-la sair assim. Não depois do que senti naquele beijo. Não depois do que carreguei calado por tanto tempo.— Pamela, eu tô apaixonado por você.Ela congelou no meio do caminho. E então se virou devagar. O olhar dela encontrou o meu com uma mistura de choque e descrença.— O quê?— Você me deixa louco — continuei, dando um passo na direção dela. — Completamente louco. E nem percebe que eu te amo.Ela piscou algumas vezes, como se tentasse assimilar. O tempo parou
CalebO pescoço dela cheirava a sabonete e desejo. Um cheiro limpo, quente, misturado com o vapor da banheira e a tensão que pairava entre nós desde o escritório. Encostei os lábios ali de novo, dessa vez com mais calma. Ela fechou os olhos, e senti o arrepio correndo pelo corpo dela.— Caleb... — sussurrou, quase sem força.— Eu tô aqui. — Minha voz saiu grave, baixa, quase como um sussurro em resposta ao dela.Meu nariz deslizou até a curva do ombro, enquanto minha mão subia devagar pela coxa dela debaixo d’água. Ela não me impediu. Ficou ali, respirando fundo, como se quisesse se entregar, mas ainda lutando com alguma coisa dentro dela.— Você é linda demais — murmurei contra sua pele. — Eu poderia passar horas só aqui... te sentindo.Ela virou o rosto, lentamente, até nossas bocas quase se tocarem. E, como se o mundo todo estivesse em silêncio, ela finalmente cedeu. Nossos lábios se encontraram, e o beijo foi calmo no começo, cheio de intenção. Um beijo de quem já se machucou ante
CalebO quarto ainda estava com aquele cheiro de sabonete misturado com o perfume da pele molhada da Pamela. A luz suave do abajur deixava tudo mais íntimo, quase como se o mundo lá fora não existisse. Fechei a porta devagar, e quando me virei, ela já estava deitada entre os lençóis brancos, os cabelos úmidos espalhados pelo travesseiro, os olhos me observando com algo entre expectativa e incerteza.Me aproximei devagar, como se aquele momento merecesse reverência. Pamela parecia uma miragem — pele quente, respiração calma, mas olhos intensos. Subi na cama e me deitei ao lado dela, passando a ponta dos dedos por seu braço, depois pelo contorno dos seus seios que ainda estavam parcialmente cobertos pelo lençol.— Você é linda demais — sussurrei, mais pra mim do que pra ela.Ela mordeu o canto dos lábios e fechou os olhos quando minha mão deslizou até sua cintura. Me aproximei mais, sentindo o calor do corpo dela colar no meu. Nossos rostos estavam próximos o suficiente pra eu sentir o
Acordei com a luz suave do sol filtrando pelas cortinas brancas. Por um segundo, pensei que tudo tivesse sido um sonho. O calor do banho, os beijos molhados, a forma como Caleb me olhava como se eu fosse o mundo dele… Tudo parecia bom demais pra ser real.Virei no colchão macio e encontrei o outro lado da cama vazio. O coração acelerou. Será que eu tinha imaginado tudo? Será que o toque dele, as palavras sussurradas no meu ouvido, o jeito como ele dizia que me amava… será que foi coisa da minha cabeça?Me sentei devagar, os lençóis ainda enrolados no meu corpo. Olhei ao redor. O quarto estava exatamente igual. Luxuoso. Limpo. Perfumado. Mas o silêncio me apertava o peito.Até que ouvi a maçaneta girar.A porta se abriu, e lá estava ele. Caleb Belmont. Usando apenas uma calça de moletom cinza, os cabelos levemente bagunçados, um sorriso preguiçoso nos lábios. Nas mãos, uma bandeja de café da manhã tão chique que parecia ter saído de um filme.— Bom dia, meu amor. Dormiu bem? — ele perg
PamelaA vida gosta de me lembrar que não sou a protagonista de um conto de fadas. Meu “príncipe” veste terno sob medida, tem olhos que enxergam a alma e uma arrogância que me faz querer socá-lo… ou beijá-lo.Caleb Belmont. O homem que me tira do sério há três anos, desde que virei sua secretária. Ele me testa, me provoca e parece esperar que eu surte e peça demissão. Mas eu preciso desse emprego.O problema não é o trabalho exaustivo ou as horas extras, e sim o fato de que meu coração dispara sempre que ele passa. Odiá-lo deveria ser fácil, mas toda noite me pego imaginando como seria sentir suas mãos em mim.Talvez essa obsessão tenha a ver com minha vida em casa. Desde que meu pai morreu, sustento minha madrasta, Flávia, e minha meia-irmã, Valentina. Flávia finge que ainda vivemos no luxo, enquanto Valentina acha que meu trabalho é só uma fase antes de eu "casar com um homem rico".Mal sabem elas que o único homem rico na minha vida é Caleb Belmont. E ele jamais olharia para mim des
CalebO sol invadia a sala de jantar da mansão Belmont como um lembrete cruel de que aquele café da manhã não seria apenas uma refeição. Sentado à mesa impecavelmente posta, tentei focar no aroma do café, no pão fresco… qualquer coisa que me distraísse do olhar controlado do meu pai.Bernardo Belmont, mesmo aos 68 anos, parecia mais uma estátua de comando do que um homem comum. Sempre ereto, sempre vestindo um terno perfeitamente alinhado — até dentro de casa. Ele nunca relaxava. Nunca deixava de ser o patriarca. Minha mãe, Vitória, estava ao seu lado. Linda, elegante, com aquele ar quase etéreo que ela mantinha mesmo depois dos sessenta. Mas ali, ao lado dele, parecia sempre uma coadjuvante resignada.Do outro lado da mesa, meu irmão Nicolas mal prestava atenção. Magro, distraído, vivia no próprio mundo, mexendo no celular como se aquilo tudo não o envolvesse. E, até aquele momento, eu achava que não envolvia mesmo.Então, veio o golpe: — Você precisa se casar, Caleb. Está na hora de
PamelaCheguei em casa exausta. O salto alto parecia mais cruel hoje, talvez porque eu tenha passado boa parte do dia andando de um lado para o outro no escritório, tentando ignorar o fato de que meus olhos insistiam em buscar Caleb Belmont. Era frustrante. Um homem como ele não deveria existir no ambiente de trabalho. Eu larguei minha bolsa no sofá e me joguei na cadeira da mesa de jantar, sentindo meus ombros caírem. O escritório, sem ele, parecia vazio, sem graça. Apenas pilhas de papéis, reuniões intermináveis e aquela máquina de café que parecia cuspir água suja em vez de café de verdade. Mas, quando Caleb estava lá, tudo ganhava um brilho diferente — ou talvez fosse só o jeito que ele usava aqueles ternos perfeitamente ajustados. — Preciso parar com isso — murmurei, balançando a cabeça enquanto me levantava. Fui para a cozinha e comecei a preparar algo simples. Ninguém ia fazer isso por mim. Flávia e Valentina não mexiam um dedo sequer. A diarista limpava, mas não cozinhav
PamelaSentei-me à minha mesa no escritório, a cabeça cheia de pensamentos que não me deixavam concentrar no trabalho. A pilha de documentos à minha frente parecia uma montanha intransponível. Meu olhar vagava pelas letras sem realmente processá-las. Tudo o que ecoava na minha mente eram as palavras de Flávia da noite anterior: "Nos salve da ruína."Suspirei, sentindo o peso da decisão que parecia inevitável.— Droga — murmurei para mim mesma, girando a caneta entre os dedos. — Vou ter que me casar.A realidade da situação era tão absurda que quase dava vontade de rir. "Casar para salvar a família", parecia algo saído de um romance barato, não da minha vida real.E com quem? Com Nicolas Belmont. Um garoto. Ele era mais novo que eu e, de todas as pessoas no mundo, seria meu futuro marido.Passei a mão pelo rosto, frustrada. Pensar nisso fazia tudo parecer ainda mais surreal. A pior parte? Ser cunhada de Caleb Belmont.Caleb.Deixei a caneta cair sobre a mesa e me encostei na cadeira. U