Receoso de que os Orleans conseguissem envolver Joana em suas tramoias, Maximiliano a buscou no quarto para partirem da fazenda, depois seguiu por todo canto chamando-a até uma empregada da mansão informar para que lado ela seguiu. Ao seguir pela lateral da casa que levava para os estábulos, a ouviu gritar e apressou o passo, preocupado com o que causaria as palavras carregadas de fúria de sua noiva. Surpreendeu-se ao ver Joana segurando um facão, a face avermelhada e carregada de determinação. E encheu-se de raiva ao ver Tarcísio chicoteando muito perto dela, ameaçando a integridade física dela e enchendo os belos olhos de medo. Venceu os últimos passos de distância em instantes e, colocando fim a qualquer intenção do capataz em machucar sua mulher, pousou sua arma nas costas dele. — Atreva-se a machuca-la e não viverá mais um dia — avisou com frieza. — Não quero machuca-la... Só tento fazer meu serviço... — Tarcísio disse com o suor frio empapando seu rosto. — Seu serviço é ass
Ao ter certeza da identidade do Gonzalez, que não se tratava de uma ilusão desesperada de sua mente, o rapaz largou o fardo de alfafa que levava para o estábulo e, se esquecendo do peão que estava de guarda para não deixar os presos fugirem, moveu-se em direção a Maximiliano. — Maximiliano?! Não acredito... — Parou sua tentativa de aproximação ao ter uma espingarda apontada em sua direção, junto com um aviso para não se mover. — Abaixe a arma — Maximiliano ordenou ao peão ameaçando Gilberto, a mão se movendo para a sua no coldre axilar. — Senhor, estou cumprindo minha função em não deixar os presos fugirem — o homem disse sem abaixar a arma, mas atento ao movimento do Gonzalez. — Esse preso é inocente e meu amigo — Maximiliano retrucou irritado. Temendo seu temperamento quando contrariado, Joana resolveu se intrometer. — Max... deixe comigo — pediu o tocando de leve nas costas, preocupada com o olhar assassino do noivo para o peão. Gilberto impressionou-se ao ver o capitão do Di
Joana gelou com a confusão do rapaz, claramente motivada por sua declaração de Maximiliano ser seu noivo. Olhou para Maximiliano, que parecia indiferente ao erro, e depois para Adriano, que encarava o rapaz com o cenho franzido. Pensando rápido, soltou uma risada. — Desculpe pelo engano, não deve ter sido atualizado da troca, não é? — Joana disse fazendo Maximiliano encará-la, perguntando-se se contaria a verdade. — Sou Joana, irmã de Dalila, a esposa do Adriano. — Voltou-se para Adriano ainda sorrindo amplamente. — Falei para o seu peão que sou irmã de sua esposa, isso deve ter levado Gilberto ao erro. Sabe como “todos” imaginavam que casaria com você. Inclusive quando voltei à cidade me perguntaram do “nosso” casamento. — Adicionou a mentira uma dose de risadinha divertida. — Algumas fofocas não correm tão rapidamente quanto deveriam. Joana reparou quando a expressão de Adriano suavizou, a confusão, dando lugar a um sorriso sem graça. Tranquilizada, entrelaçou seu braço ao de Max
Tendo credibilidade entre os funcionários da fazenda, Joana informou as ordens dadas por Adriano e acompanhou o noivo e Gilberto para a ala dos empregados, conseguindo um quarto com bicama e sem outro ocupante, de forma que poderiam conversar sem testemunhas. Maximiliano os deixou sozinhos por alguns minutos, enquanto buscava Donato e telefonava para os amigos do porto. Conseguindo um uniforme com os empregados da mansão, Joana o entregou para Gilberto trocar os farrapos que usava por peças limpas após o banho. Quando Maximiliano chegou junto com Donato, sentou ao seu lado na cama, entrelaçando seus dedos e os levando para junto de si, acariciando suas mãos unidas. Aguardando Gilberto voltar do banho, Donato puxou uma cadeira e sentou em frente do casal. Observou com indisfarçável interesse a forma com que Maximiliano a tratava, e o sorriso que ela endereçava ao Gonzalez, enquanto tentavam entender como Gilberto e Cristiano acabaram cumprindo uma condenação na fazenda. — Verifique
Com Donato ao seu lado, ao entrar no escritório de Adriano, Maximiliano o encontrou falando com Tarcísio, suas faces deixando transparecer apreensão e angústia. Erguendo o olhar para os recém-chegados, Tarcísio analisou Maximiliano com desprezo, recebendo o mesmo em retorno. Lamentava não ter notado que havia mais de um comparsa do Gonzalez na fazenda. Tinha que arranjar um jeito de se livrar de uma vez dele. Só com o contrabandista longe poderia retornar seus negócios escusos sem medo de ser descoberto. Pensou em que o celular, acomodado em seu bolso, com provas que acabariam com a estadia do Gonzalez. Mostraria as fotos primeiro para Kassandra. A viúva contava com sua fidelidade há mais tempo que Adriano. — Cadê o Cristiano? — Maximiliano cobrou o capataz, que desviou o olhar em silêncio, as mãos apertando a aba de seu chapéu. Voltou-se para Adriano, mas ele também adiava a resposta. — O que aconteceu? — Cristiano não regressou com os outros presos — Adriano por fim o atualizou.
Por respeito à mulher que era como uma segunda mãe, Joana mordeu a parte interna dos lábios, fechando-os para conter as palavras amargas que subiam por sua garganta. — Bruno adoraria ter uma oportunidade — Kassandra insistiu. — Bruno é educado e bonito. Eu e seus pais aprovamos o interesse dele. Joana assentiu em concordância, o que fez Kassandra exultar. De fato Joana considerava Bruno um homem interessante, inteligente e bonito, claro, mas não a atraia, ao contrário, havia nele uma aura que a deixava insegura, fora os comentários inconvenientes que ora ou outra soltava. — Não quero e não vou me envolver com Bruno — pronunciou aborrecida pela madrinha empurrar Bruno sabendo de seu compromisso. — Ele não me atrai nem um pouco, e estou noiva. — Pense bem Joana. Será o melhor para todos, principalmente para você — Kassandra declarou de uma forma que soou quase uma velada ameaça. — Bruno não é rico, mas é próximo da nossa classe e saber se comportar em nosso meio social. Diferente do
Orlando de imediato moveu-se para barrar a passagem de Maximiliano ao segundo andar. Se o capitão do Diablo tivesse acesso aos quartos seria seu fim, pois no último deles, Margô se recuperava dos ferimentos que manchavam sua pele de oliva, frutos da violência dele. — Não tenho nenhum preso em minha propriedade. E nem a polícia deixo que vistorie minha propriedade sem um mandato — Orlando esbravejou determinado a impedi-lo de prosseguir. — Esse é o único lugar habitado nos arredores. Pode ter vindo em busca de ferramentas, abrigo ou comida. — Maximiliano examinou a expressão temerosa de Orlando com desconfiança ao completar devagar: — Talvez continue por aqui. Maximiliano moveu-se novamente para desviar de Orlando e subir aos quartos, mas teve o acesso barrado de novo. — Repito: aqui não estão. — Se recusa a prestar ajudar aos Orleans para recuperar um homem que trabalha nas terras deles? — O capitão questionou, usando o poder da família Orleans para convencer o outro. — Que os Or
De volta à fazenda, ao não encontrar os amigos, que continuavam na busca, Maximiliano foi para o quarto que dividia com Joana. Com uma incomum insegurança, devido à discussão que tiveram e em que admitia ter sido grosseiro demais, entrou no quarto. Ela estava sentada próxima à janela, o rosto voltado para fora, erguido para o céu pontilhado de pequenas luzes. Joana moveu o olhar ao ouvir o som da porta fechando e, diferente do que ele esperava, levantou-se e correu para abraça-lo. — Estava certo sobre minha madrinha... — ela disse com a voz embargada e o rosto afundado no peito dele. — Ela não liga... que Tarcísio maltrate... os empregados da fazenda... É tão horrível... — disse em meio ao choro, as mãos agarradas ao tecido de sua camisa. — Minha mãe tinha me dito... você também... mas pensei... Ela nunca foi má comigo... Toda força que manteve ao enfrentar a viúva, desmoronou quando entrou no quarto e recordou o que Maximiliano disse sobre ela viver em uma bolha, sendo manipulada p