Indignada com o noivado de Joana e ainda mais com a hospedagem de Maximiliano em sua casa, Kassandra foi à busca do filho. Mesmo com ele em reunião com Bruno Dutra, ansiosa em se livrar da presença do Gonzalez, entrou no escritório sem nem mesmo bater na porta. — Filho, preciso conversar seriamente com você a respeito do Gonzalez — exigiu sem a menor intenção de abandonar aquele cômodo sem uma definição que a agradasse. — Entendo seu anseio em atender ao pedido do seu falecido pai, mas creio que aceitar aquele bandido na família é castigo demais, não precisamos abrir as portas de nossa casa também. — Sente-se, mãe! Estou aqui com Bruno justamente para falar disso. Lançando um olhar curioso para o Dutra, Kassandra sentou-se como pedido e aguardou o que o filho tinha a dizer. — Sua preocupação é a mesma que a de Dalila e a minha. Apesar das boas lembranças, sei o quão é inadequado aceitar alguém, com o histórico dele, entre os nossos — Adriano comentou, acrescentando com claro desgo
Cumprido o combinado com Kassandra, Tarcísio levou o amigo de Maximiliano para longe da fazenda, o máximo que conseguia, trancando-o no porão do bar que tinha em sociedade com Queiroz e Orlando. Depois conversou com Orlando, esclarecendo os motivos de esconderem o prisioneiro ali e aumentarem a vigilância. — O deixaremos aqui por alguns dias, até que eu consiga outra fazenda para leva-lo. — Maldito! Quantos problemas mais esse bandido atrairá com sua chegada! Não entendo como seu patrão abrigou esse ladrão na fazenda. — Estalou os dedos e o pescoço tenso. — Não creio que dure muito tempo por lá. — Por que acha isso? — A senhora Kassandra quer que ele se vá. Está furiosa pela afilhada estar noiva do bandido. — Está certa! Aqui ele só nos atrapalha — Orlando reclamou ainda surpreso com a reviravolta do destino. Em um momento comemoravam o sumiço do Gonzalez, sua possível prisão, e no outro o bandido voltava como hóspede da mais rica fazenda da região. — Não deixe que esse desgraça
No almoço, como o combinado em seu escritório, Adriano iniciou o processo para mostrarem a Joana o erro que cometia. O primeiro passo foi fazer com que Bruno ocupasse a cadeira ao lado da jovem, de modo que pudesse ter acesso a Joana durante o almoço. A conversa seguia tensa, com a falta de seu sogro e o silêncio de sua sogra. Sentada a direita do filho, Kassandra falava apenas o necessário, o olhar se movendo para Maximiliano mais do que desejaria, sentado do outro lado de Joana. A presença dele a perturbava com recordações dolorosas. “Só de olhá-lo sinto raiva”, amargou vendo no jovem os traços do falecido pai dele. Como se ouvisse os pensamentos da eterna viúva, Maximiliano a encarou, forçando-a a desviar o olhar. — Que tal visitarmos a capital, mamãe? Ouvi que tem peças teatrais ótimas em cartaz, algumas que sei que gosta — Adriano sugeriu jovial, querendo manter o clima na mesa descontraído. — Agradeço. Quem sabe no futuro — respondeu com o olhar baixo. Aproveitando o tema,
Procurando tranquilizar sua mãe, que permanecia com medo de Maximiliano expor sua família, dentro do quarto ocupado pelos pais, Joana contou tudo que conversou com o noivo nas últimas horas, garantindo ao fim: — Ele ainda carrega muito rancor pelas traições que sofreu, mas tem bom coração e, se não contou nada até agora, creio que não contará mais — afirmou. Sabendo que a garantia de Joana era o compromisso que tinha com Maximiliano, Carmem lamentou desconsolada: — Se fosse bom, não estaria fazendo isso conosco — duvidou Carmem sentando-se perto da filha. — Teria perdoado sua irmã e não te obrigaria a casar com ele. — Não estou sendo obrigada a nada — Joana afirmou na defensiva. — Acredite ou não, o amo, ao ponto que meu medo não é a exposição se contar a verdade, mas que desista de casar comigo. A declaração exaltada de Joana fez Carmem observá-la atentamente. Concluiu que a filha ainda sofria pelo rompimento do noivado, de forma que se apiedava do Gonzalez e desprezava o perigo
Caso tivesse dúvidas sobre seus sentimentos por Dalila, elas se esvaneceriam após ver a antiga amante aos beijos com o marido. Em outros tempos, quando idealizava Dalila para esposa, tiraria a arma do coldre e plantaria uma bala entre os olhos do Orleans, pelo atrevimento de colocar as mãos nela. Flagrar Adriano beijando Dalila só causou um leve desconforto, por interromper o casal, e uma ligeira sensação de vazio, com a qual estava acostumado desde a morte dos seus familiares, antes de pensar em Joana. Conversando com Donato, que levaria em alguns minutos para Sanmarino, para prosseguir na procura de seus amigos e na legalização que pediu, afundou os dedos no bolso da calça, em que o bilhete entregue por Paula residia, dividido entre confrontar a ex-amante ou ignorar seu chamado. Havia também um terceiro motivo que o movia em direção ao encontro, tinha certeza que Dalila sabia as verdadeiras intenções do marido ao convidar ele e Joana para passarem aquela semana na fazenda. Desacr
Semioculto pela vegetação, Tarcísio sorria, saboreando sua descoberta. Apesar dos problemas causados por Maximiliano Gonzalez, da conversa infrutífera com Iago Savoia, que partiu do Salão fugindo de suas perguntas a respeito do noivado de Joana, aquele era seu dia de sorte. Estacionava sua caminhonete no pátio quando viu Maximiliano caminhar apressado pela lateral da mansão. Motivado pelo interesse do que levava o Gonzalez naquela direção, e pensando em aproveitar qualquer oportunidade de se livrar dele, levando a mão ao revólver em sua cintura o seguiu discretamente até o jardim dos fundos. Não obteve uma oportunidade de mata-lo sem levantar suspeitas, mas conseguiu algo muito mais interessante. Bem a sua frente, a uma distância em que podia escutar cada palavra proferida, estavam Maximiliano e a nova senhora Orleans, e o que falavam resolvia o enigma sobre o estranho noivado de Joana com o Gonzalez. Passada a surpresa em descobrir que Maximiliano Gonzalez fora - ou ainda era - a
Tendo se separado de sua mãe, para ampliar o campo de busca por Dalila, Joana acabou adiando sua missão ao ser abordada por Adriano pedindo para conversarem. Sendo escoltada até o escritório de Adriano, a esperança de Joana da conversar ser curta, para voltar a procura de Dalila – e também de Maximiliano - se esvaneceu. O comportamento polido e distante do fazendeiro, diferente do costumeiro tratamento cordial e alegre, foi o primeiro indicio que não gostaria do andamento daquela conversa. — Maximiliano nasceu em um ambiente distinto do nosso e desconhece as regras do nosso meio. Mas você não, Joana. Deve lembrar-se que qualquer associação íntima com um homem de reputação duvidosa pode macular nossas famílias — ele pronunciou com se fosse seu pai. Embora, Iago fosse frio ao lembrá-la de suas falhas e, mesmo severa, a voz do Orleans estava compassiva, semelhante à de sua mãe. — Compreende que cometerá um erro casando com ele? De queixo erguido, diferente da forma que foi ensinada, r
Desistindo de procurar Dalila – e confirmar se estava com Maximiliano, Joana afastou-se da mansão, deixando-se levar pelas pernas, a mente longe, pensando na conversa com Donato e ruminando a anterior com Adriano. Compreendia os receios do advogado, por isso somente o tranquilizou. O problema residia mais na que teve com o Orleans. Como ele ousava dizer o que ela podia ou não fazer? Questionava-se ignorando tudo e todos por seu caminho, as mãos abrindo e fechando, os passos pesados. Era insano Adriano, justo ele que a rejeitou, querer que o obedecesse. Passou pelo jardim florido da lateral da mansão, olhando rapidamente para o enorme carvalho que se destacava no local. Por muito tempo aquele tinha sido seu canto favorito, com vegetação bem cuidada, bonito, tranquilo e protegido do sol. Gostava de sentar ali por horas, ler romances ou ouvir o canto dos pássaros enquanto o dia se esvaia calmamente. Foi naquele local, embaixo daquele carvalho, que romantizou seu compromisso com Adrian