Momentos depois, os dois homens eram recepcionados pela empregada e guiados até a sala de estar, onde a família Savoia os aguardava para o jantar com ansiedade. — Boa noite! — Adriano cumprimentou antes de apresenta-los ao seu amigo. — Esse é meu amigo Bruno Dutra. Após cumprimentar Iago e Carmem, Bruno se dirigiu à Dalila com seu costumeiro tratamento galanteador. — Como está a mais linda das mulheres? Dalila riu diante do elogio. — Oh! Sempre tão gentil, fico feliz em revê-lo, Bruno! Adriano não gostou da intimidade que o amigo falou com ela, mas disfarçou o desagrado para não aborrecer os donos da casa. Naquele momento Joana apareceu na sala de jantar e Iago a chamou para apresenta-la a visita. Mesmo vestida com roupas mais discretas e sisudas que as usadas por Dalila, Bruno admirou a beleza da face serena da jovem, achando-a mais bonita que a irmã. Os olhos claros pareciam um céu em dia ensolarado. Impactado exclamou: — É uma honra conhecê-la! — Digo o mesmo — Joana devol
Livre do noivo e dos pais, Dalila se retirou para seu quarto, aproveitando que todos estariam dormindo para escapar sorrateiramente de novo. Com Joana na casa tinha que ter cuidado redobrado, por isso trancou seu quarto, seguiu devagar até o portão dos fundos e, encoberta pelas sombras, fugiu rumo à cabana de Maximiliano pra alertá-lo. Ainda arranjaria uma forma de encontra-lo após conseguir se casar com Adriano, mas primeiro teria de conta-lhe sobre seu relacionamento, algo que por enquanto preferia evitar. Não via motivos para estragar o pouco tempo que tinham com detalhes sem importância, que quebrariam o clima de sedução que os rodeava em cada encontro e podiam culminar com o fim antes do momento. Quando Adriano enfim a pedisse em casamento contaria e, como Maximiliano a desejava com loucura, talvez conseguisse convence-lo a permanecer como seu amante. A porta estava destrancada, então entrou sem se anunciar na cabana iluminada apenas pela luz da lua que passava pelas frestas da
No café da manhã, Joana permaneceu em silêncio, esfarelando o pão com os dedos, sem absorver nada que via ou ouvia ao seu redor. Carmem observava com preocupação o comportamento introspectivo de Joana nos últimos dias. Ela não tocava em nada que havia para comer, nem mesmo o suco tomou mais que um gole. Lamentava perceber que, mesmo que negasse, a filha sofria pelo fim do noivado. — Joana, meu bem, insisto que não deve abandonar a cidade só por causa do que houve com o Adriano. — Carmem! — Iago encarou a esposa com o semblante fechado, um alerta de que não gostava da intromissão constante dela. Porém a esposa não se conteve. — Não é justo que se castigue por causa... — Conteve-se olhando de lado para Dalila, que também parecia estranha naquela manhã. Não querendo aumentar o desconforto familiar, decidiu que era melhor não mencionar o namoro da mais nova. — Você sempre sonhou em formar uma família aqui em Sanmarino, do nosso lado. — Esse sonho acabou! — Joana pronunciou ao se leva
Maximiliano estava sentado em uma pedra no começo da encosta quando viu Joana se aproximar olhando fixamente para o mar. Ergueu-se com uma palpitante vontade de abordar a jovem no exato momento em que algo caiu dela, que parou de andar e olhou para a areia. Curioso caminhou na direção dela, mas antes que a alcançasse Joana deixou suas sandálias na areia e seguiu devagar em direção as ondas. Parou ao lado das sandálias e de um objeto em uma joia com forma de rosa, as mãos plantadas nos quadris, observando-a sendo coberta pela água e aguardando o momento em que ela retornaria. Levou alguns segundos para reparar que algo não estava normal, e mais alguns para reparar que ela estava tempo demais embaixo da água. Dominado pela urgência e preocupação, se lançou no mar atrás dela, logo a encontrando se debatendo fracamente e a puxando para a superfície. — O que pretendia fazer, Joaninha? — Maximiliano interrogou encarando-a com severidade. Imediatamente zangada com o uso do apelido desdenh
Sentada próxima à lareira, usando um calção e camiseta emprestados por Maximiliano, Joana observava as próprias roupas secando enquanto bebericava o chocolate quente que ele lhe serviu. — Não parece seguro — mencionou observando o varal improvisado muito próximo das chamas flamejantes da lareira. — É só por alguns minutos — Maximiliano justificou sentando-se no chão, abaixo dela que ocupava a única poltrona do lugar. — O suficiente para que possa usá-las. Lamento não poder fazer muito pelo seu colar — disse apontando para a peça quebrada sobre a mesa. — É só um colar velho que eu deveria ter me desfeito há dias — disse com tristeza, algo que não passou despercebido por Maximiliano. — Não querendo parecer intrometido, mas o que te incomoda a ponto de se deixar levar pelo mar? Joana olhou para ele, que a fitava com os intensos olhos negros carregados de expectativa. Não queria falar sobre o fim de seu noivado, sobre Dalila namorar Adriano – o que talvez ele soubesse – e menos sobre
Quando chegaram em casa, Joana seguiu Dalila para o escritório do pai, decidida a confrontar a irmã sobre o que tinha com Maximiliano. — O que fazia na cabana do Maximiliano? — Joana cobrou ao ficarem sozinhas no cômodo. — A pergunta certa é o que “você” fazia lá? Ainda mais vestida assim — Dalila acrescentou apontando para as roupas masculinas que Joana usava. A acusação de Dalila encheu Joana de raiva e indignação. — Se vamos falar de trajes, que tal olhar para essa peruca tosca que está usando? — Joana disse apontando a irmã de cima a baixo com desprezo. — Confesse que tem algo com aquele homem. Que vai atrás dele quando devia estar com o homem que roubou de mim. Dalila bateu palmas gargalhando. — Esse é o problema, não é? Adriano me ama e você não suporta isso. — Vamos ver se vai te amar quando descobrir a sem vergonha que você é. Joana foi para a porta, decidida a contar a todos o que a Dalila fazia. Não podia permitir que sua família caísse em desgraça por causa dela, mas
— Que roupas são essas, Joana? — Sofri um acidente e Maximiliano me ajudou emprestando essas roupas — explicou sem graça. Dalila riu debochada. — Mamãe, está na cara que Joana mente sobre isso, assim como mente a meu respeito por ciúmes do meu namoro com Adriano. Joana engoliu em seco. — Confesso que senti muito ciúmes. Mas respeitei a vontade do Adriano, pois a felicidade dele é o mais importante — confessou encarando Dalila com raiva. — Mas você não o merece, e não permitirei que continue enganando-o dessa forma vil. — Joana, por favor, deve ter interpretado erroneamente o que viu. Não pode prejudicar sua irmã por causa de suspeitas — Carmem argumentou, não podendo acreditar que uma de suas filhas seria capaz de manchar a reputação da família. Com ar inocente, Dalila balbuciou de forma teatral: — Claro que entendeu mal as coisas. Maximiliano é só um amigo... — Um amigo que te busca de madrugada e entra em seu quarto com facilidade? Que te presenteia com pulseira de safiras
Antes de seguir para o trabalho, Joana passou no escritório de Donato, pedir que conseguisse o visto no tempo mais curto possivél. — O visto deve sair em dois meses — Donato explicou fitando intensamente a pálida jovem. — Entreguei o pedido e todo o necessário, logo poderá fazer suas malas para estudar em Portugal — ele incentivou na esperança de conseguir uma reação de felicidade da jovem. — Obrigada... — murmurou desviando o olhar e deixando o advogado preocupado com sua falta de empolgação. Donato suspirou com frustação e fitou com pesar a jovem, ainda sentada e de cabeça baixa, apertando as mãos. Era óbvio que a viagem não animava Joana como era de se esperar diante de tanta ansiedade em partir. — Sei pai me explicou o que houve com... hum, seu compromisso, por isso entendo seus motivos para querer partir da cidade — disse preocupado com a palidez e tristeza dela. — Porque não me diz como possa ajuda-la, sem ser auxiliando em seu visto? Saiba que encontrará sempre um amigo com