Maximiliano estava sentado em uma pedra no começo da encosta quando viu Joana se aproximar olhando fixamente para o mar. Ergueu-se com uma palpitante vontade de abordar a jovem no exato momento em que algo caiu dela, que parou de andar e olhou para a areia. Curioso caminhou na direção dela, mas antes que a alcançasse Joana deixou suas sandálias na areia e seguiu devagar em direção as ondas. Parou ao lado das sandálias e de um objeto em uma joia com forma de rosa, as mãos plantadas nos quadris, observando-a sendo coberta pela água e aguardando o momento em que ela retornaria. Levou alguns segundos para reparar que algo não estava normal, e mais alguns para reparar que ela estava tempo demais embaixo da água. Dominado pela urgência e preocupação, se lançou no mar atrás dela, logo a encontrando se debatendo fracamente e a puxando para a superfície. — O que pretendia fazer, Joaninha? — Maximiliano interrogou encarando-a com severidade. Imediatamente zangada com o uso do apelido desdenh
Sentada próxima à lareira, usando um calção e camiseta emprestados por Maximiliano, Joana observava as próprias roupas secando enquanto bebericava o chocolate quente que ele lhe serviu. — Não parece seguro — mencionou observando o varal improvisado muito próximo das chamas flamejantes da lareira. — É só por alguns minutos — Maximiliano justificou sentando-se no chão, abaixo dela que ocupava a única poltrona do lugar. — O suficiente para que possa usá-las. Lamento não poder fazer muito pelo seu colar — disse apontando para a peça quebrada sobre a mesa. — É só um colar velho que eu deveria ter me desfeito há dias — disse com tristeza, algo que não passou despercebido por Maximiliano. — Não querendo parecer intrometido, mas o que te incomoda a ponto de se deixar levar pelo mar? Joana olhou para ele, que a fitava com os intensos olhos negros carregados de expectativa. Não queria falar sobre o fim de seu noivado, sobre Dalila namorar Adriano – o que talvez ele soubesse – e menos sobre
Quando chegaram em casa, Joana seguiu Dalila para o escritório do pai, decidida a confrontar a irmã sobre o que tinha com Maximiliano. — O que fazia na cabana do Maximiliano? — Joana cobrou ao ficarem sozinhas no cômodo. — A pergunta certa é o que “você” fazia lá? Ainda mais vestida assim — Dalila acrescentou apontando para as roupas masculinas que Joana usava. A acusação de Dalila encheu Joana de raiva e indignação. — Se vamos falar de trajes, que tal olhar para essa peruca tosca que está usando? — Joana disse apontando a irmã de cima a baixo com desprezo. — Confesse que tem algo com aquele homem. Que vai atrás dele quando devia estar com o homem que roubou de mim. Dalila bateu palmas gargalhando. — Esse é o problema, não é? Adriano me ama e você não suporta isso. — Vamos ver se vai te amar quando descobrir a sem vergonha que você é. Joana foi para a porta, decidida a contar a todos o que a Dalila fazia. Não podia permitir que sua família caísse em desgraça por causa dela, mas
— Que roupas são essas, Joana? — Sofri um acidente e Maximiliano me ajudou emprestando essas roupas — explicou sem graça. Dalila riu debochada. — Mamãe, está na cara que Joana mente sobre isso, assim como mente a meu respeito por ciúmes do meu namoro com Adriano. Joana engoliu em seco. — Confesso que senti muito ciúmes. Mas respeitei a vontade do Adriano, pois a felicidade dele é o mais importante — confessou encarando Dalila com raiva. — Mas você não o merece, e não permitirei que continue enganando-o dessa forma vil. — Joana, por favor, deve ter interpretado erroneamente o que viu. Não pode prejudicar sua irmã por causa de suspeitas — Carmem argumentou, não podendo acreditar que uma de suas filhas seria capaz de manchar a reputação da família. Com ar inocente, Dalila balbuciou de forma teatral: — Claro que entendeu mal as coisas. Maximiliano é só um amigo... — Um amigo que te busca de madrugada e entra em seu quarto com facilidade? Que te presenteia com pulseira de safiras
Antes de seguir para o trabalho, Joana passou no escritório de Donato, pedir que conseguisse o visto no tempo mais curto possivél. — O visto deve sair em dois meses — Donato explicou fitando intensamente a pálida jovem. — Entreguei o pedido e todo o necessário, logo poderá fazer suas malas para estudar em Portugal — ele incentivou na esperança de conseguir uma reação de felicidade da jovem. — Obrigada... — murmurou desviando o olhar e deixando o advogado preocupado com sua falta de empolgação. Donato suspirou com frustação e fitou com pesar a jovem, ainda sentada e de cabeça baixa, apertando as mãos. Era óbvio que a viagem não animava Joana como era de se esperar diante de tanta ansiedade em partir. — Sei pai me explicou o que houve com... hum, seu compromisso, por isso entendo seus motivos para querer partir da cidade — disse preocupado com a palidez e tristeza dela. — Porque não me diz como possa ajuda-la, sem ser auxiliando em seu visto? Saiba que encontrará sempre um amigo com
Algumas quadras dali, conversando com sua mãe, Adriano puxou o assunto para seu relacionamento com a amante de Maximiliano, sua intenção de querer seguir para o próximo passo. — Está muito empolgado — Kassandra indicou com tristeza. Ainda não se conformava de perder Joana. — Tem certeza que quer isso, sem conhecê-la bem? — Conheço o suficiente — Adriano retrucou apaixonado. — A amo e a quero para mim o quanto antes. Inclusive irei visita-la daqui a pouco. Ainda com uma ponta de esperança de que o filho mudasse de ideia, recordou: — Não me contou o que conversou com Joana quando a viu após o rompimento — sondou a viúva. — Só trocamos saudações educadas. Joana continua muito silenciosa e tímida. Bem diferente da vivacidade da irmã — salientou apaixonado. Sem opção, e não querendo entrar em conflito, Kassandra forçou-se a sorrir em aprovação. Adriano parecia ter sido hipnotizado por Dalila e isso não era bom. Queria que o filho fosse governado pela razão, mas pelo jeito ele puxou ao
Depois de se certificar que seu navio, o Diablo, estaria pronto para mais uma aventura em alto mar, a mais importante de sua vida, Maximiliano convidou Lucas e Beto para beber no bar Crista do Mar em comemoração a nova vida que teria dali em diante. Os três adentraram o recinto, já impregnado pelo cheiro de álcool, cigarro e suor, e procuraram uma mesa vazia, porém, como todas se encontravam ocupadas, sentaram nos bancos próximos ao grande balcão. — Três cervejas na minha conta Cristiano. — Rosa, prepare três canecas de cerveja para o capitão Gonzalez — Cristiano ordenou para a jovem que contratou para ajuda-lo no bar. — Tudo o que quiser, meu capitão — consentiu a jovem com um sorriso sensual antes de se afastar para encher as canecas de bebida. Ao retornar para entregar o pedido, a mulher se inclinou diante de Maximiliano de forma que esse visse o vale entre seus seios. — Pelo jeito a moça quer te oferecer mais que cerveja — Beto brincou lhe dando uma cotovelada. Maximiliano n
Retornando de sua inspeção das terras, Adriano entrou na mansão da fazenda Recanto Dourado com pressa. Precisava tomar um bom banho e ir para Sanmarino visitar os Savoia como combinado no dia anterior. Sentia a felicidade tomar conta de seu corpo só em imaginar que dentro de horas veria Dalila novamente. — Vejo que está contente querido — comentou Kassandra ao recepciona-lo. — Sim — confirmou Adriano ao enlaçar a cintura da mãe e rodopiar em uma dança desengonçada. Esta, por sua vez, riu com a empolgação do filho. — Vou somente tomar um banho e depois... — Riu feliz. — Depois irei visitar os Savoia para ver a minha Dalila. — Pelo jeito seu interesse nela só fez aumentar nos últimos meses — Kassandra disse com um sorriso falso, fazendo, como sempre, um esforço enorme para ocultar a tristeza pela perda da nora perfeita. — Quero pedir a mão de Dalila ainda hoje — informou apaixonado. — Podíamos esperar mais dois ou três meses, para que se acabem as fofocas do termino de seu noivado c