Cansado, com uma forte dor de cabeça, Adriano permaneceu em seu quarto mesmo quando sua mãe o chamou para o café da manhã e depois para o almoço. Arrependido da noite anterior, enviou uma mensagem pedindo desculpas para Joana, mas ela não respondeu. Ligou e ela recusou a chamada. Decidiu dar tempo para ela se acalmar antes de tentar uma nova aproximação. — Filho, não pode passar o dia todo no quarto — Kassandra o repreendeu quando se negou a descer para o almoço. — Estou sem fome. — Tem de reagir, meu filho. — Preciso falar com Joana, mas tenho medo que se recuse a me ver se for ao trabalho dela. Kassandra fungou. — Tire-a de sua cabeça — pediu com aborrecimento crescente, suas palavras seguintes atingindo Adriano. — Agradeça que ela não fez queixa do seu ataque, pelo menos não até agora. Adriano se sentou. — Isso deve significar que me ama e se importa comigo. — Significa que, como todos dessa cidade, sabe que não permitiríamos que te processasse — Kassandra revidou. Poupou
Após as aulas de tiro, e Lucas partir deixando-a sozinha com Tereza, Joana sentou-se no primeiro degrau de três que levavam para a entrada da cabana, os olhos se perdendo no céu repleto de estrelas. — Sentirei falta daqui — comentou observando os pontilhados preenchendo a noite, ao fundo o som calmante das ondas. — Um dia voltará — Tereza a motivou sentando ao seu lado. — Acha mesmo? Tenho minhas dúvidas — retrucou abraçando suas pernas. — É minha melhor amiga, exijo que volte — Tereza brincou esperando diminuir a seriedade e tristeza nas feições de Joana. — Dessa última acusação é difícil o Maximiliano sair ileso. — Quando se é inocente, cedo ou tarde, se consegue provar. — Enfrentando um delegado corrupto e uma família capaz de tudo para condená-lo? — Joana questionou fitando a amiga com descrença. Tereza ficou em silêncio. Queiroz seria capaz de prender qualquer inimigo dos Orleans, inventando crimes ou qualquer desculpa para encarcera-lo por anos. E, no caso de Maximiliano,
De madrugada, dentro do Crista do Mar, os amigos de Maximiliano, juntamente com Joana, terminavam os últimos detalhes, definindo os horários e o local em que cada um do grupo teria de ficar, até serem surpreendidos por Margô, que atravessou a porta que separava a cozinha do salão. — O que todos vocês estão me escondendo? — Margô questionou. Observou a maioria com curiosidade, até olhar com animosidade em Joana. — Estão sempre trancados aos cochichos nos últimos dias. Quero saber o motivo. Sabendo que ela faria escândalo se não dissessem, Beto sanou sua dúvida. — Maximiliano irá fugir durante a transferência. — Quero ajudar também — a jovem se ofereceu ansiosa. — Sei atirar e posso ser útil. — Não pode ir — Beto disse, antecipando a reclamação dela. — Só atrapalhará. Erguendo o queixo, a jovem o encarou com desafio. — Eu vou ajudar na fuga com a permissão de vocês ou não — definiu lançando um olhar desafiante para todos, principalmente para Joana Ignorando o rancor persistente d
Retornando a cabana, ansiosa em estar novamente com o noivo, sem grades atrapalhando-os, Joana foi para o quarto, separar os poucos pertences que necessitaria para seguir Maximiliano pelo tempo que fosse necessário. No horário de seu almoço foi ao escritório de Donato, que fez outra tentativa para que mudasse de ideia e ficasse na segurança durante o resgate. — Mesmo disposta a segui-lo, ainda acho perigoso para uma jovem como você — preveniu, dando uma nova alternativa: — Fique em sua casa, em segurança. — Não se preocupe comigo — pediu com um sorriso tranquilo. — O grupo me colocou em uma posição segura, cuidando dos cavalos que usaremos depois que Maximiliano estiver livre. — Será arriscado ajudar no resgate e mais ainda permanecer escondida nas montanhas — Donato retrucou, colocando para fora a mesma dúvida que preenchia a mente dos demais desde que Joana insistiu em ir com eles. — Mesmo com toda precaução, correm diversos perigos e você não tem o preparo de Maximiliano e os ou
Obedecendo as indicações dos amigos de Maximiliano, Joana colocou calça, tênis e blusa de manga comprida em tons escuros, e usou uma bolsa para colocar algumas poucas peças de roupas para ela e o noivo e itens de higiene. Prendendo o longo cabelo em um coque baixo, juntou-se a Margô, Beto e Lucas no carro que os levariam ao local da emboscada, cada um com sua própria função dali em diante. Mesmo tendo estado presente na maior parte da definição da fuga, e aparecer no ponto de encontro, Donato não seguiria para o resgate. Ficaria em casa, focado em juntar tudo que necessitariam caso fossem incriminados na fuga, e também separava os relatórios contra a viúva Orleans para mostrar ao novo juiz em breve. Sua última contribuição foi pedir para Beto e Lucas protegerem Joana. Em questão de minutos, com Lucas dirigindo como um louco pelas estradas esburacadas, chegaram ao ponto de encontro. Joana e Margô mudaram de lugar com Baltasar e Gilberto, cuidando dos dois cavalos que levariam Maximil
Soltando palavrões e comandos para pararem, Queiroz atirava e se escondia como podia. Sabia que tinham vários e agradecia sua providência de carregar muita munição para aquela viagem. Isso compensava o fato que o guarda que escolheu mostrou-se um completo inútil diante do ataque dos criminosos. — Parem imediatamente! — Queiroz urrou dando um tiro na direção da cabeça de Maximiliano. O tiro acertou o tronco de uma árvore, bem ao lado de Maximiliano. Pego de surpresa, Maximiliano escondeu-se, armou-se e procurou a fonte do barulho, vendo Queiroz agachando-se atrás de um objeto grande que não soube bem o que era. A escuridão tornava-se maior naquela parte com mata fechada. Em meios aos tiros, cascos se aproximando fez Queiroz buscar a fonte, vendo dois animais se movimentarem na direção em que estava. Antes que pudesse se mover e sair do caminho, um animal trombou no outro e uma pessoa caiu ao seu lado, o brilho de uma arma rolando para longe, deixando claro que era outro dos crimino
Desesperada com a ameaça indo para seu noivo, assim que o frio aço deixou sua pele, Joana fez um rápido movimento para frente e depois empurrou o corpo para trás com toda força, caindo sobre o delegado. A reação inesperada da jovem fez Queiroz se desequilibrar e o dedo, tenso no gatinho, terminando por aperta-lo. O som do disparo reverberou pelas paredes, junto com um urro de dor. ~*~ Quando ouviu os tiros e saiu em disparada para ajudar Maximiliano, Margô só pensava em proteger o amor de sua vida a qualquer custo. Mas, ao ver uma oportunidade de também se livrar da rival, jogou seu cavalo contra o de Joana, causando a queda e captura dela. Encheu o coração de satisfação ao ver Joana acabar servindo de escudo para o covarde delegado Queiroz. Coberta pelo ódio e ressentimento, por Joana ameaçar casar com Maximiliano, longe de se apiedar pela jovem ficar na mira do delegado, Margô ansiou pelo momento em que Queiroz estourasse a cabeça de sua rival. A rendição de Maximiliano, e o pe
Ao chegarem ao carro, torcendo para Lucas e Beto conseguirem chegar ao esconderijo e ajudarem Maximiliano com a ferida, Cristiano mandou todos entrarem no carro, olhando aborrecido para a mata a espera de Margô. Quando a jovem enfim apareceu, gritou irritado: — Entre logo que não estou com paciência. — Queria seguir com Maximiliano — a jovem disse com voz embargada e olhos mergulhados em lágrimas. — Lucas cuidará do ferimento — Gilberto disse para tranquilizar a amiga. — Nada disso teria acontecido se não tivesse jogado o cavalo em cima da Joana — Baltasar indicou. Assim como os demais não acreditava se tratar de um acidente inocente. — Que culpa tenho se ela não sabe cavalgar — Margô retrucou furiosa pelos amigos se colocarem contra ela. — Como disse Beto: reze para Maximiliano acreditar nessa versão — Cristiano recomendou. Se afastando por uma trilha alternativa, de modo a evitar a guarda de Sanmarino caso o policial que estava com Queiroz tivesse chamado por ajuda, Cristiano