Animado com a visita de Joana e confiando na palavra dela, prevendo a tramoia cercando-o, durante a visita de Donato, Maximiliano escreveu um bilhete rápido para que Beto definisse a rota da viagem próxima sem ele caso fosse condenado. Sabia que seu imediato entenderia sua intenção por trás do recado. Sem acreditar na justiça, sempre pendendo para o lado de seus inimigos, e certo de sua condenação iminente, deixava nas mãos do amigo o que deveria ser feito para libertá-lo. Sua decisão se firmou ao ouvir todas as acusações que Queiroz apresentou contra ele, junto com a informação que teria de aguardar todo o processo atrás das grades. Tendo se despedido de Joana antes de descer para falar com Maximiliano, Donato estava satisfeito por dar aos dois um momento de alívio e felicidade. Como acréscimo para as poucas doses de alegria recebida pelo Gonzalez, brindou seu protegido com as boas notícias do caso. — Demonstrei que seus papeis estão em ordem, de forma que as acusações de enriquec
Tendo sido chamado ao escritório de Queiroz, que se negou a ir até o dele como solicitou horas antes, o juiz Motta sentiu uma ponta de satisfação ao dar ao insuportável delegado a notícia que não seguiria com os processos de contrabando, prostituição e enriquecimento ilícito que tinham aberto contra Maximiliano. — Por quê? — O advogado Donato Herrera esteve no meu escritório com comprovantes, notas e diversos documentos fiscais que comprovam que os bens do Gonzalez e os valores bancários foram obtidos legalmente e declarados em nosso território. Portanto, retirei os embargos — explicou não se surpreendo com a raiva contorcendo-se em torno do delegado. — Não deveria ter permitido isso! — Queiroz bradou erguendo-se, o olhar furioso fixando-se no juiz. — Como pegarei a fortuna do Gonzalez agora? — Não posso prejudicar minha carreira passando por cima das provas apresentadas — justificou. Ajeitou-se na cadeira, preparando-se para outra onda de raiva que atingiria o delegado. — O advoga
Não se surpreendendo com a falta de cortesia de sua madrinha, que não a convidou a se sentar, mantendo-se em pé com ela na entrada da casa, Joana pediu com a voz carregada de uma confusa mescla de súplica e revolta: — Por favor, madrinha, prove que não tem culpa nas alegações falsas contra o Max e me ajude a libertá-lo. — Me ofende com essa acusação e pedido. — Juro que se me ajudar, quando necessitar farei o mesmo — Joana insistiu, mesmo sem poder dizer o motivo que levaria Kassandra a necessitar de sua ajuda no futuro. Torceu para sua madrinha atender seu pedido. Sabia que - mesmo que tivesse culpa - o apoio da Orleans para tirar Maximiliano da cadeia seria suficiente para acabar com o processo. E se sua madrinha o fizesse, se a ajudasse a conseguir a liberdade de Maximiliano, o convenceria a esquecer da vingança e as diversas provas dos crimes cometidos por Kassandra na fazenda e na cidade. Kassandra riu com pouco caso. Agora que toda verdade veio à tona, tornando os Orleans mo
Na casa dos Orleans, alegrando Kassandra, Adriano juntou-se a ela na sala de estar antes do jantar ser servido. Logo a alegria da viúva passou ao se dar conta que ele desejava fazer perguntas sobre Maximiliano. — Mamãe, quando Maximiliano esteve em Recanto Dourado ele a ameaçou para aceitar o noivado com Joana? — Sim. Prometeu guardar segredo se eu o aceitasse na família e mostrasse a todos minha aprovação dando a festa de noivado deles — confirmou incomodada por nem preso o Gonzalez sair da mente de Adriano. — Deveria ter recusado — Adriano cobrou aborrecido. Olhando para Shirley, que chegou horas antes em resposta ao seu chamado para servi-la enquanto estivesse em Sanmarino, ordenou que a empregada se retirasse. Quando a viu sair de seu campo de visão, resolveu que era hora de ser clara com seu filho. — A mais por trás da minha decisão e é hora de que saiba. — Serviu ao filho uma xícara de chá de limão que a empregada deixou para eles. — Maximiliano cobrou essa casa para manter
Saindo do trabalho, no lugar de ir direto por sua casa, Tereza pedalou determinada e ansiosa para a cabana em que sua amiga, Joana Savoia, residia. Sabia que acabaria recebendo uma bronca dos pais, por chegar atrasada. Porém seria menor e menos calorosa que a que exigiram que mantivesse distância de Joana, e isso logo após o anúncio do noivado dela com o Gonzalez. Com a prisão do Gonzalez, como previsto ouviu broncas maiores e mais ferrenhas. Imaginava que cumpririam a ameaça de ser j**a-la na rua se soubessem do acordo que fez com o grupo de Maximiliano. Mas pouco se importava com broncas e ameaças. Joana sempre esteve ao seu lado e estaria ao lado dela enquanto desejasse. E alugar uma casa, saindo do domínio dos pais sem ser para casar, parecia uma nova e empolgante aventura. Joana atendeu assim que escutou sua voz. A abraçou com todo carinho e conforto que a amiga necessitaria naquele momento tão difícil. — Ai, Tereza, não imagina o quanto sua visita sempre me faz bem — Joana de
Imaginando o quanto Queiroz estava com raiva de Maximiliano, ao ponto de indica-lo como assassino de um familiar, Joana respondeu com angústia a pergunta de Tereza: — Não, não sabia. O conhecia? Tereza confirmou. — Passava muito lá na prisão. Odioso como o Queiroz e o Tarcísio. Os três sempre estavam unidos quando algo de ruim acontecia na cidade e arredores. Encarava todas as mulheres como pedaços de carne — comentou com uma careta de enojo. — Na época que prenderam o pessoal daquele bar que estivemos ontem ele foi muitas vezes a prisão junto com o Tarcísio. Luiz me disse certa vez que o Queiroz o ajudava a conseguir garotas para um negócio que tinha. — Deve ser para o prostíbulo que afirmaram ser do Max — Joana concluiu, vendo ali mais uma prova que o delegado agiu ativamente na criação de crimes que apontou serem de Maximiliano. — O envolvimento do Tarcísio com eles pode indicar que minha madrinha está mesmo envolvida nas acusações contra o Max — Joana opinou, lembrando-se das d
Cumprindo acordo feito com o grupo, Gabriel foi à cadeia para conseguir a vaga de serviços gerais. No mesmo dia recebeu a resposta confirmando que podia iniciar o trabalho naquela mesma noite. Mesmo com medo, por se tratar de se infiltrar num lugar repleto de policiais, no horário indicado chegou à prisão de Sanmarino. Ao passar pelos portões, para iniciar seu turno, foi levado até o homem de serviços gerais do turno anterior. Desde o princípio o colega de trabalho deixou claro que só estava ali por ser obrigado por um guarda, com ordens de acompanha-lo pela instalação e explicar o que teria de fazer. E o fez de má vontade resmungando o tempo todo sobre a irresponsabilidade do funcionário que partiu antes de passar suas funções. Surpreendeu-se ao descobrir que, embora a construção fosse imponente do lado de fora, por dentro era pequena, com poucas celas e ambientes. O pátio ocupava grande parte do terreno, mas tinha somente quatro carros de patrulha, três deles que estavam nas ruas d
Ao notar que o carrinho passou da nona cela e vinha até a que ocupava, Maximiliano ergueu o olhar da rodinha quebrada para o homem arrastando o trambolho emperrado. Ocultou a euforia ao se dar conta de quem era, mesmo quando o guarda, acompanhando as entregas, retornou a sua posição próxima à entrada do piso inferior, deixando claro que a cela dele não seria aberta para a entrega da refeição como foi feito com as anteriores. Observando as costas do guarda se afastando, Gabriel passou primeiro duas garrafinhas de água. — Beba uma agora, para que não fiquem duas na cela — pediu a meia voz. Sedento, Maximiliano a esvaziou em instantes e a passou discretamente, enquanto Gabriel usava o corpo para ocultar. — O que faz aqui? — Terminei meu trabalho na fazenda e aceitei uma nova missão — Gabriel respondeu entregando uma marmita. — Garantir que cumpra a promessa que me fez. Maximiliano deu um meio sorriso. — Nada me deixará mais feliz. — Olhou para além do corredor, sem ver o guarda. O