Sendo arrastada por Adriano para longe do hospital, Joana deixou-se levar por imaginar que ele queria escutar mais a respeito da prova que apresentou. Também por isso entrou no carro dele, só se preocupando quando ele deu partida. — Aonde iremos? — Joana questionou colocando o cinto de segurança. — Para um lugar em que possamos conversar sem interferências — Adriano respondeu. — Quero que conte tudo a respeito do caso de Maximiliano com Dalila. Você é a única que teve a decência de expor a verdade, mesmo que tardiamente. Acompanhando o Orleans em um tenso silêncio, Joana viu a paisagem da cidade ser trocada pela encosta, até ele parar a poucos metros da praia, em uma área que costumavam ir no tempo de namoro. — Lembra-se quando ficávamos aqui, conversando por horas? Olhando as ondas do mar, Joana recordou que de sua parte poucas palavras eram proferidas, ali ou em qualquer parte que iam, ela ficava horas escutando-o narrar seus planos futuros e nunca era escutada sobre os próprios
Superado o susto, Joana plantou as mãos nos ombros de Adriano e o empurrou para longe, o que não foi muito, visto que estavam presos dentro do carro. — Nunca mais faça isso — exigiu esfregando o dorso da mão nos lábios, para deixar evidente que desaprovou o beijo. — Você é um homem casado e estou noiva. Acreditando que a única motivação para Joana rejeitar seu beijo fosse os valores morais, Adriano aprovou a atitude dela. De novo se martirizou por trocar uma mulher honesta por outra que se oferecia descaradamente para outro homem, ao ponto de rasgar as próprias roupas para convencê-lo a ser seu amante. — Tudo bem. Aguardarei meu divórcio sair, para sermos livres e retomarmos nosso compromisso de onde parou. — Adriano, não me entendeu. Amo Maximiliano e me casarei com ele — frisou com todo o amor que sentia pelo noivo, mas Adriano parecia não a ouvir. — Não precisa mais me proteger. Eu que farei isso, garantindo que aquele sujeito pague por seus crimes, por abusar de você, do amor
Seguindo as indicações do grupo, Gabriel deixou uma carta de demissão com a governanta da mansão e arrumou as malas para partir para a cidade. O pen drive era sua maior e última missão na fazenda, cumprida com sucesso quando o passou para Maximiliano. Teve receio que estivesse perdido, após a prisão do Gonzalez, mas Beto ligou garantindo que o capitão entregou o objeto para o grupo antes de ser levado por Queiroz. Agora estava incumbido de uma nova para ajudar o grupo a libertar Maximiliano. Mas para isso necessitaria abandonar o emprego atual e contar com a sorte. Tinha tido uma enorme dose de sorte ao, em vez de abandonar o local do encontro, permanecer no lugar e gravar a conversa de Maximiliano e Dalila. Agiu seguindo as indicações do capitão, registrar todos os movimentos dos Orleans, mesmo os que parecessem desnecessários ou envolvessem pessoas do grupo. Sua decisão mostrou-se acertada e o grupo usaria para ajudar o Gonzalez em uma acusação. O problema eram as outras. Batidas
Era fim de tarde quando Donato bateu na porta da cabana de Maximiliano e Joana. A jovem, ansiosa por notícias do noivo, despejou perguntas e mais perguntas sobre Maximiliano assim que colocou os olhos no Herrera. Compreendendo a angústia dela, Donato explicou que ainda não tivera chance de visita-lo, pois foi primeiro atrás do juiz para ler as atas da ordem expedida contra o Gonzalez. — Perdão por não ter vindo antes para acalmar suas dúvidas, mas precisei falar com o Juiz Motta e ler linha por linha das acusações contra o Maximiliano. Assim definirei a defesa — explicou após sentar-se na diminuta cozinha e aceitar chá e biscoitos oferecidos por ela. Passou para Joana que mandou incluírem o vídeo a queixa de agressão sexual. O alívio da jovem só diminuiu quando o advogado informou que existiam outras acusações, piores e que exigiriam provas que ele ainda não tinha. — Como percebe, o caso é delicado e precisarei de muitas informações para liberta-lo das outras alegações. — De onde
Chegando a sua casa, Adriano aguardou Tarcísio retornar de alguma função que sua mãe ordenou para conversar com o capataz e Kassandra. Enfurnado no escritório, Adriano recordava tudo que aconteceu desde que colocou os olhos em Dalila e desfez seu noivado original com Joana. Como nos últimos meses tudo que ouvia ao seu redor eram reclamações, lamúrias e recriminações, recordou numa mescla de raiva e aborrecimento. Tinha sido burro, ingênuo e manipulável por pessoas que amava e admirava. Dalila usando o charme e atrativos para tirá-lo do caminho correto, enquanto o traia pelas costas. As queixas, os conselhos e indiretas de Kassandra, a respeito do modo que atendia sem pensar duas vezes os pedidos de Dalila, incluindo mudar-se para Sanmarino sem a companhia deles. O desgosto empapava sua garganta ao pensar em todas as vezes que ofereceu sua amizade ao Gonzalez, como o quis ao seu lado na administração de Recanto Dourado, como se ofereceu para ser padrinho de casamento dele, de form
Lucas explicou o que o grupo definiu, detalhando que tinham pensado nisso após o recebimento do vídeo e a comunicação de Donato sobre os demais crimes, que claramente tinham sido forjados pelo delegado Queiroz. — Se o delegado foi capaz de falsificar a assinatura do capitão, será capaz de colocar algo na bebida ou comida do capitão para mata-lo sem deixar vestígios — Lucas justificou. — Então decidimos enviar alguém do grupo para trabalhar na prisão e ficar de olho nele. — E estão contratando? — Joana questionou impressionada e agradecida com a iniciativa do grupo em prol da segurança de Maximiliano. — Não. Mas Beto conhece o rapaz que cuida da limpeza interna e da alimentação dos guardas noturnos. Pensamos em pagá-lo para se demitir, assim criando a vaga que necessitamos — explicou e, orgulhoso dele e do grupo por corresponderem à confiança do capitão, anunciou: — Cristiano recomendou que aproveitássemos Gabriel, pois é o único do grupo que o Queiroz desconhece. — Gabriel trabalha
Ansiosa, mergulhada em pensamentos e olhando a todo o momento as horas no celular, Joana deu um sobressalto com as batidas na porta. A voz de Tereza chamando-a a fez correr para atender a porta. — Tê, que felicidade que atendeu meu chamado. Fechando a porta da cabana, Joana indicou para Tereza a poltrona da sala para ela se sentar. — Achou que não viria? — Ter sua amizade mesmo após me tornar o alvo preferido do repúdio da cidade foi surpreendente — Joana comentou desanimada. — Mas temi perde-la depois do que aconteceu ontem... O que você e toda cidade viram... — Nunca me importei com a opinião alheia e não precisa me dar satisfação ou explicações — Tereza a salvou em meio ao gaguejar envergonhado, segurando as mãos de Joana entre as suas para transmitir conforto. — Sinto muito pelo que aconteceu. Os culpados são Dalila e Maximiliano, não você — falou revoltada com a ousadia dos amantes em trair sua amiga em plena festa de noivado. — Já planejava vir oferecer minha ajuda no que pr
Dentro do bar Crista do Mar, durante a madrugada, o grupo de Maximiliano se reunia a espera de Joana e a solução que afirmou ter para facilitar a contratação de Gabriel. Usando agasalho com capuz e sendo escoltadas por Beto, Joana e Tereza entraram pela porta dos fundos, para não despertar o interesse dos curiosos do porto. No interior com forte cheiro de álcool, os amigos de Maximiliano olharam ao mesmo tempo para a jovem a poucos passos de Joana. Uma estranha para a maioria deles, mas Lucas a reconheceu de suas andanças próximo a prisão e conversas com alguns oficiais. — Você trabalha para o Queiroz, não é? — É... Sim... — Tereza disse insegura por causa de toda violência que diziam que aqueles homens eram capazes. Mesmo com Joana tendo garantido que eram gentis, tinha dificuldade de acreditar, principalmente com aquele homem de quase dois metros encarando-a com desconfiança e velada ameaça. — Tereza Braga é minha amiga de infância, uma pessoa da minha completa confiança — Joan