Pela manhã, os raios solares entraram por entre as frestas da janela, e iluminaram o casal abraçado, ainda adormecido. Ela apertou os olhos, se remexendo preguiçosamente e então, acordou assustada, procurando pelo celular, preocupada em estar atrasada para o trabalho.
Saltou da cama, ao ver que se aproximava das 8h00 da manhã e correu para o banheiro, pegando a primeira coisa que encontrou no chão: uma camisa masculina.Contudo, sua reação acabou desencadeando uma ainda mais nervosa nele, que correu, mesmo sem roupas, para ampará-la.– Você está bem? - perguntou preocupado, claramente temendo que ela tivesse se arrependido da noite anterior.– Estou - Manoela murmurou, sem entender a aflição dele. – Estou atrasada também.Havia tomado banho às pressas e tentava escovar os dentes enquanto falava com ele. Retornou para o quarto, se vestindo ainda naquela maratona e rapidamente correu para a cozinha, preparando um rápido café da manhã.A operação entrou em andamento e Eliot se preparou para executar o mandado de prisão. Estacionou o carro descaracterizado diante da mansão e rapidamente entrou no local - desta vez, não estava acompanhado pela companheira. Mostrou a documentação aos seguranças e irrompeu pelas portas de madeira maciça. Subiram a escadaria no salão principal, que dava para o gigantesco primeiro andar e parou alguns segundos antes de entrar no escritório, sendo segurados pela governanta que parecia preocupada em perder o emprego por causa disso. Dentro do escritório, Caroline encarava o pai com um semblante extremamente sério. Havia acabado de chegar, sozinha, pensando consigo mesma que aquela poderia ser sua última chance de confrontá-lo antes que Viktor decidisse se iria continuar o casamento, ou não. – Quando o senhor descobriu a verdade sobre os negócios dessa família? - perguntou, ignorando a clara irritação no rosto dele. – Mas de que merd* você está fal
Depois de interrogar o “suspeito” por algumas poucas horas, Eliot não perdeu tempo, logo se encontrando ao esquadrão de choque. Era a hora de prender Tiranus. Enquanto vestia seu colete e colocava as proteções, ouvia as últimas informações sobre a invasão, concordando com tudo. A ação seria rápida e precisa, de forma que nenhum erro poderia ser cometido. – Esse cara deve estar armado até os dentes – um dos policiais disse de dentro de um carro blindado. – Também estaremos! – Eliot afirmou sério, instigando coragem nos outros. Então, pegou seu fuzil, passou a bandoleira em volta do pescoço e acenou positivamente para o motorista. Chegaram ao esconderijo de Tiranus com a noite, aproveitando a chuva forte e os trovões para esconder o barulho dos carros. Foi relativamente fácil se livrarem dos primeiros olheiros, e quase não trocaram tiros. O grupo principal seguiu galpão adentro, em meio ao escuro, ouvindo sons que
Quase religiosamente, Javier visitava Bryan no hospital. Mal o horário de visita começava e lá estava ele. Mas dessa vez, não carregava flores, e sim, uma cesta volumosa de frutas e guloseimas. Colocou sobre a mesa de madeira branca e ficou alguns minutos fitando o rapaz que tentava fazer alguns movimentos com as pernas. Exercício que cessou ao ver o recém-chegado. Tentou se sentar - com dificuldade por causa dos músculos doloridos -, e sorriu meio sem jeito. – Precisa de fisioterapia – Javier murmurou, mais para si, enquanto observava as pernas do outro. – Os músculos estão muito atrofiados. – Ah… hum… certo. – Bryan concordou, ainda mais confuso. Coçou a nuca, olhando para os lados, nervoso e então, tornou a encarar o antigo colega com um semblante incerto. – Não quero ser grosseiro, mas por que você está aqui? - perguntou, soltando enfim, a pergunta que tanto o afligia desde que havia acordado do coma. – Tenho esse direito, até fui interrogado por sua culpa – Javier responde
Atraente, másculo e milionário. Assim era descrito Viktor Yakovich, o rosto russo que estampava as capas da Forbes e os gigantes telões da Times Square. Mas isso não tinha nada a ver com Caroline, ou pelo menos era o que ela pensava enquanto caminhava pela avenida movimentada. Quando finalmente chegou em sua casa, depois de um longo dia de trabalho, tirou o casaco de inverno e o pendurou no cabideiro enquanto se despia dos sapatos que apertavam seus pés. Soltou um suspiro de alívio e seguiu para a cozinha pensando no que deveria preparar para o jantar. Tudo normal. Se não fosse aquele mau pressentimento que a perseguia desde que havia acordado pela manhã. Contudo, a mulher não pôde pensar muito sobre isso, pois, de repente, tiros ecoaram próximo, e num instante, a porta pela qual acabara de passar foi ao chão num estrondo. Caroline arregalou os olhos, assombrada, pouco antes de correr escada acima, rezando para não ser ouvida, e numa decisão impensada, entrou no sótão, puxando a es
Caroline encarou a mala à sua frente, tentada.Contudo, para a surpresa de sua gêmea, num impulso abrupto, abriu a porta e saltou para fora do carro, correndo a esmo pela rua escura. Quando finalmente suas pernas cederam, sentou-se numa calçada qualquer e todo o peso da situação recaiu sobre seus ombros juntamente às lágrimas.Sem dinheiro, sem casa para voltar, sem parentes… era ninguém.Estava tão perdida em seus pensamentos que não percebeu alguém se aproximando por suas costas, gritou assustada ao ter seus cabelos agarrados e se debateu tentando se soltar, mas não conseguiu impedir seu algoz de nocauteá-la.Algum tempo se passou e quando acordou, estava amarrada a uma cadeira, tonta e sentindo um gosto de sangue na boca. Não conseguia ver nada, seus olhos pareciam estar vendados, mas podia ouvir passos de alguém se aproximando.– Você é burra pra caralh*, hein… – Uma voz masculina debochou fazendo Carline estremecer ao reconhecer como sendo um dos homens que havia invadido sua cas
Não era um encontro de casal como Caroline havia imaginado. Ao invés disso, foram a um um evento de gala. Os olhos esverdeados da jovem observavam ao redor, tentando reconhecer alguma pessoa por baixo daquelas máscaras, mas não precisou de muito para perceber que tratava-se de advogados, médicos e políticos famosos. Ficou curiosa, se perguntando que tipo de situações os uniriam naquele lugar. Então, a fixa caiu: acordos ilegais. Parecia bem óbvio na verdade. A música mudou e a orquestra iniciou outra melodia indicando que mais um convidado havia chegado. Ergueu a cabeça, e se deparou com um homem no topo da escadaria. Alto, másculo, seus cabelos loiros, quase brancos destacando-se da máscaras e terno inteiramente negros. Era Viktor, tão bonito que a fazia esquecer todos os motivos pelos quais não deveria se casar com um desconhecido. “Se recomponha, Caroline.” Pensou consigo mesma, e tentou se distrair aceitando uma taça de champanhe de um garçom que passava. Caroline tornou a enc
Quando Caroline acordou, estava num quarto branco que logo reconheceu como sendo de um hospital. Ergueu o corpo meio atordoada, arfou sentindo dor e então tocou seu tórax vendo que estava todo enfaixado. Foi nesse momento que percebeu a presença de Eduardo, sentado numa cadeira ao lado da cama, com a cabeça pendendo para a frente.– Eduardo… – Chamou baixinho, ouvindo sua voz soando rouca.Quando ele ergueu a cabeça, um nó se formou na garganta de Caroline ao perceber os curativos e queimaduras em seu rosto e pescoço, podendo imaginar que não eram as únicas partes do corpo naquele estado. Parecia desolado.– Cadê a Meredith… ? Questionou baixinho, mesmo que temesse a resposta.– Ela se foi… – Eduardo respondeu depois de um tempo em silêncio.– O que? Caroline questionou chocada, não podia acreditar no que ouvia, mas logo seu rosto se contorceu numa expressão de tristeza. – Oh meu Deus…Antes que pudesse fazer mais perguntas, ela o viu saindo do quarto sem dizer nada, ele nem mesmo ten
A quinta sinfonia de Beethoven tocava no toca-discos enquanto Caroline perdia-se em pensamentos, sentada numa poltrona confortável, a casa em completo silêncio. Era estranho estar no lugar de sua gêmea, se sentia culpada, como se estivesse roubando a vida que a outra havia perdido.“Você queria tanto fugir disso… “ Pensou consigo mesma, sentindo um aperto angustiante no peito, mas dizia a si mesma que era o melhor a fazer.Observou ao redor, quadros de família adornavam os cômodos luxuosos, mas sem vida. Inicialmente, havia imaginado que a estranheza que sentia com os pais era por não conseguir enganá-los, porém, logo percebeu que, na verdade, eles eram apenas estranhos, sem proximidade ou carinho.O que só a fazia se perguntar ainda mais sobre ela mesma. Havia sido sequestrada?Provavelmente achavam que estivesse morta, mas era estranho como não havia fotos ou sequer tocavam no assunto.De repente, um arrepio escorreu por sua coluna quando ouviu uma voz feminina conhecida:“Você pen