Capítulo 2.
Rhuan narrando. Embora eu seja o futuro rei de Solari, foram raras as vezes em que usei de qualquer autoridade para dar ordens. Mas aqui estou eu: tentando obrigar uma garota a ficar mais um pouco comigo. Apesar de ser muito linda, com o seus cabelos castanhos e olhos castanhos esverdeados, ela provavelmente não passa de uma jovem que não deve ter mais do que vinte anos de idade. Eu poderia a confundir com uma adolescente, mas os seus seios, dos quais não consigo tirar os olhos, deixam claro que se trata de uma mulher feita. Eu estava me sentindo sufocado no salão de baile e então, em determinado momento, um dos poucos minutos em que não estava dançando com uma das minhas pretendentes, encontrei uma maneira de fugir discretamente para fora das paredes que estavam se fechando a minha volta. Pelo menos, era a sensação que eu tinha. Então ela veio até mim e não faço ideia de onde surgiu. Apesar disso, não quero mais ficar sozinho com os meus pensamentos e a minha insatisfação com a minha vida, com o fato de que não posso escolher por mim mesmo a minha futura esposa. Ou melhor, não posso não escolher uma esposa. Eu cresci sabendo que teria que casar e ter herdeiros de um jeito ou de outro, porque nunca houve um rei sem a sua rainha ou um herdeiro para fins de sucessão. Ainda assim, uma pequena parte do meu cérebro, provavelmente a que veio com defeito, não consegue se conformar com essa verdade absoluta sobre quem sou. Eu vim até aqui para ficar sozinho, mas desde que senti o cheiro floral do seu perfume e os meus olhos encontraram os seus, que me lembram o oceano, não consigo parar de olhar e não posso desejar que vá embora, para ficar mais uma vez sozinho com a minha mente confusa. Então, dei uma ordem, mesmo sabendo que não tem o menor cabimento. No interior do palácio, há muitas mulheres belíssimas e loucas para se casarem comigo. Todas elas praticamente implorando com o olhar durante valsas intermináveis para que sejam escolhidas. O problema é que não consegui sentir nenhuma vontade de pedir qualquer uma delas em casamento. Na verdade, por mais belas e refinadas que sejam, as mulheres representam tudo aquilo do qual desejo fugir. É contraditório me sentir tão desesperado pela ideia de que estou praticamente sendo obrigado a me casar em nome das tradições e do meu desejo de um dia ser rei, afinal, nunca fui particularmente romântico e jamais sonhei com o dia em que encontraria a mulher da minha vida. Prático e criado para ser um homem frio, nunca fui tolo o suficiente para sonhar com uma princesa amada por mim, mas também nunca fui contra a ideia do amor. Só não o experimentei. Talvez no fundo, embora não tenha parado para analisar até agora, sempre tenha carregado a sensação de que, no final das contas, eu acabaria me casando com uma mulher por quem sentisse profundo apreço. Até com uma mulher por quem estaria apaixonado. Mas o amor, ou a paixão, nunca fez parte do jogo nos meus trinta e seis anos de vida. Provavelmente é tarde demais para procurar por algo que nunca tive e que nunca terei. Todos os devaneios são apenas bobagens, porque, quando deitar a cabeça no travesseiro e acordar amanhã cedo, a realidade continuará sendo a mesma, e talvez até mesmo já esteja comprometido com uma daquelas mulheres. — Você está bem? Não sei quanto tempo fiquei perdido em pensamentos, mas, quando volto a prestar atenção na garota parada na minha frente, fico contente por perceber que a minha ordem foi atendida, mesmo quando não deveria ter dado. — Desculpa… Eu não queria ter dito aquilo. — Não precisa se desculpar, afinal, você é o príncipe herdeiro. Eu sou apenas… — Quem é você? — questiono. De repente, percebo quão diferente essa cena é. Para começar, não deveria estar aqui. Essa garota, que está com os pés descalços e não vestindo nada além de uma camisola fina e virginal, também não deveria estar na minha frente. Uma garota descalça. Uma garota com camisola branca. Uma garota que provavelmente não é nada parecida com todas as mulheres que estão loucas pela minha atenção na noite de hoje. É por isso que não quero que ela se afaste agora. É por ela não ser como as outras que estou desesperado para manter a sua atenção em mim, apenas um pouco mais. Como eu poderia me sentir de outra forma, se é a primeira vez que vejo uma mulher que não está caindo aos meus pés? — Elena. — Eu sei que o seu nome é Elena. Mas preciso que me diga de onde você veio, e porque está fugindo de mim dessa forma. — Vai ter que descobrir, Vossa Alteza — o seu tom é provocativo, e eu sinto uma fisgada gostosa no meu pau, porque não é todos os dias que lido com uma mulher como ela. A garota é despreocupada, jovem e linda. Há certo mistério sobre a sua identidade, e não me refiro ao nome, que me faz querer ficar um pouco mais e descobri tudo a seu respeito. — Eu posso tentar fazer isso, desde que não fuja mais de mim. — Eu não quero atrapalhar a noite do seu baile. Você realmente deveria estar no salão, tentando escolher a sua princesa. Não sou ninguém para merecer o seu tempo e muito menos sua atenção — diz. No tom da sua voz, não sinto traços de sentimento de inferioridade, é apenas como se ela estivesse expondo um fato, o que me deixa ainda mais curioso para descobrir tudo a seu respeito. — O que eu mais quero agora é um pouco da sua atenção. Você não negaria um pedido do seu príncipe, negaria? — Uma ordem? — Apenas um pedido. Quando ela abre o sorriso, sinto como se estivesse levando um soco no estômago e não sei explicar a razão de isso estar acontecendo. Jamais senti algo parecido com o frio na barriga e o nervosismo de agora. Mas o seu sorriso morre quando nós dois ouvimos sons, sons de passos, como se alguém estivesse fazendo um passeio no jardim em formato de labirinto. Ágil, seguro o seu pulso e a puxo para o meu corpo. Quando os nossos peitos colidem, o calor da sua pele me faz sentir arrepios de prazer e não entendo como posso estar tão sensível a uma desconhecida, quando dancei com diversas mulheres mais cedo. Na verdade, eu estive com tantas mulheres sexualmente que não poderia contar nos dedos das mãos e nem dos pés. Diversão discreta, embora nunca tenha realmente conseguido ser discreto o suficiente, era o meu nome. Mas agora estou reagindo fisicamente a uma pequena garota, como se eu fosse o maldito virgem e não um homem experiente de trinta e seis anos. — A gente precisa sair daqui… — Segurando-a pela cintura agora, abaixo a cabeça, porque a garota é muito mais baixa do que eu, e sussurro no seu ouvido. Não sei se está com frio, ou se o arrepio na sua pele é por causa da mesma reação que estou tendo à sua presença. Tesão. Desejo físico inexplicável e incomparável. — É melhor você voltar… Elena quer fugir, mas ainda desejo ficar um pouco com ela. Será apenas uma fuga da realidade em um momento de desespero. Simplesmente não consigo me conter. Há algo nessa garota que me enfeitiça e, em vez de fugir e me agarrar ao controle que sempre tive sobre as minhas palavras e ações, me agarro a chance de ficar um pouco mais ao seu lado. Mesmo que seja apenas mais alguns minutos, porque ela conseguiu afrouxar o nó em volta da minha garganta, apenas com a sua presença doce. — Vem comigo. Quero te levar a um lugar. — Abraçado a sua cintura, começo a caminhar em direção ao salão de esgrima. Elena vem comigo sem fazer nenhuma resistência. Apesar das suas palavras, vejo no seu olhar que quer estar comigo tanto quanto eu quero estar com ela. Estou levando-a para um lugar onde nós não seremos interrompidos por ninguém e não sei qual é a finalidade de tudo isso, mas vou descobrir quando chegarmos. Estou me agarrando a qualquer chance de passar por essa noite sem ter um colapso. Ou sem fazer algo que desagradará o rei. Incapaz de me afastar da garota, abro a porta do salão de esgrima e ligo as luzes. A baixinha não esconde a surpresa quando seus olhos se arregalam enquanto varrem o lugar. É um simples salão, que é grande o suficiente para chamar atenção, mas imagino que a sua surpresa seja por causa da decoração sofisticada. Decorado com tons de azul e branco, o ambiente é agradável para que os meus irmãos e eu possamos fazer os nossos treinamentos com espadas. Mesmo quando éramos crianças, gostávamos de brincar de nos escondermos aqui. Às vezes, quando quero realmente ficar sozinho, ainda venho a esse lugar, sento-me em uma das cadeiras acolchoadas e tenho o meu tempo de paz, nem que seja só por um minuto. Quem está de fora, deve supor que a vida de um príncipe é como nos contos de fadas, mas a verdade é que não é nada tão doce e romântico como nas histórias de ficção. O rei tem vários deveres para cumprir com o seu povo, faz o trabalho que vai desde ir até a casa dos seus súditos, quando acontece algo que necessita da sua interferência, passa pela parte prazerosa de dar grandes eventos e termina com afazeres tediosos que dizem respeito à administração de todo o reino. Como futuro rei, cabe a mim ser o braço direito do meu pai, enquanto os meus irmãos mais novos, embora também tenham códigos de condutas para cumprirem, têm mais liberdade para determinar como preencher as horas dos seus dias. — Por que nós estamos aqui? — Eu não queria que fôssemos pegos sozinhos. Seria um escândalo muito grande, não acha? — Sim, seria. Imagina o que diria a imprensa se o príncipe herdeiro fosse flagrado com uma plebeia na noite em que deveria estar escolhendo a sua futura esposa? A informação de que é uma plebeia não me surpreende, afinal, se fosse da nobreza, ela seria uma das mulheres no salão de festa, tentando chamar a minha atenção. Ainda assim, tenho a impressão de que há algo a mais e que Elena não é apenas uma plebeia entre tantas. — Nós dois não queremos um escândalo, não é? — Jamais. — Elena dá uma risadinha, e eu sinto vontade de beijar sua boca e nunca mais parar. A garota é linda de uma forma que me deixa tonto, mas vi e estive com muitas mulheres bonitas, então não faço ideia do que essa garota tem que me deixa tão mexido com ela. — Vamos sentar? — Aponto para a fileira de cadeiras, Elena apenas balança a cabeça em concordância. Apesar de todas as aulas que tive sobre como ser um cavalheiro, não posso deixar de secar a bunda da garota linda, uma bunda redondinha e que faz as minhas mãos coçarem pela vontade de apertar. Nós dois nos sentamos lado a lado e, por um instante, ficamos nos encarando sem dizermos nada um para o outro. — Quantos anos você tem? — Acho importante perguntar. — Dezoito — fala. Por alguma razão, a resposta deixa as suas bochechas mais rosadas. — Você ainda é muito jovem… — começo, mas me impeço de continuar a frase, porque Elena deve saber que tenho o dobro da sua idade. Não que isso realmente importe, pois, ao sairmos daqui, há o risco de nunca mais nos vermos. Antes que eu tenha a chance de começar uma conversa para a conhecer um pouco mais, sinto meu aparelho celular vibrando no meu bolso. Penso em ignorar, mas o meu senso de dever fala mais alto e o pego em minhas mãos. Alteza, o senhor não deveria estar fugindo hoje. a sua ausência está sendo notada e não tenho mais desculpas para dar em seu nome. Leio a mensagem do Nicolas, o secretário do papai. Ele é o braço direito do rei e não sai do seu lado, mas também é aquele que está sempre atrás de mim, cobrindo os rastros de destruição que deixo pelo caminho sempre que saio da linha. Não me orgulho disso, mas não conseguiria agir de outra forma, quando são esses momentos de escapadas que fazem com que eu me sinta minimamente vivo. Não poderia ser diferente, quando na maior parte do tempo sou todo sobre protocolos e cumprir meus deveres. Em mim, há um vazio que não sei como explicar, mas sinto que saberei quando encontrar o que estou inconscientemente buscando. Diga para todos que tive um contratempo, que fui até a casa de um súdito em um vilarejo mais distante. Insinue que não sabe se conseguirei voltar antes do final do baile. Eu poderia ter encontrado uma desculpa melhor? Poderia. O meu pai acreditará nas minhas palavras ou desistirá da sua missão? A resposta é não para as duas perguntas. Mas hoje realmente não sou capaz de fazer o que ele quer e ainda assim ter certeza de que fiz a escolha certa. Talvez eu só precise de mais uns dias. Príncipe Rhuan, esse não é o momento para fugas. Eu preciso disso, Nicolas. Nós dois sabemos que não posso fugir, mas ainda posso adiar por mais alguns dias. Você poderia trazer uma garrafa de vinho para mim no salão de esgrima? O que o senhor faz aí? Leio Apenas pensando. Envio. Sozinho? Em qualquer outra situação, um simples secretário não teria o direito de fazer perguntas tão pessoais, mas Nicolas, que tem idade para ser o meu pai, é uma espécie de amigo para mim. A verdade é que ele já cobriu as minhas costas mais vezes do que eu poderia contar nos dedos. Mesmo quando não peço, está sempre tentando consertar as minhas burradas. Não quer dizer que essa amizade é apenas benefícios, pois, da mesma forma como me protege, o homem se sente no direito de me dar conselhos e fazer perguntas que as vezes não quero responder. Você não gostaria de saber a resposta. Envio, com um sorriso no rosto. — Eu estou atrapalhando? — Elena questiona, olhando de mim para o aparelho na minha mão. — Era o meu secretário. Ele mandou uma mensagem para avisar que estão sentindo a minha falta no baile. — É melhor você ir... — Quando a garota se levanta, para mais uma vez tentar fugir, sei que quer estar aqui, mas tem medo demais para admitir, seguro o seu pulso e a puxo com mais força do que deveria, fazendo com que caia sentada diretamente no meu colo. Quando Elena olha para o meu rosto com seus enormes olhos castanhos esverdeados arregalados, o seu corpo também fica tenso junto ao meu. Então, quando o calor do seu corpo e o cheiro de morango no seu cabelo me atingem com a força de um soco, passo lentamente o braço em volta da sua cintura e seguro-a firme, para que não saia de cima de mim. Eu me sinto bem dessa forma. Também quero que se sinta. — Não permitirei que você fuja por medo. Sei que quer ficar comigo. — Você não me conhece… — sussurra quando o seu corpo começa a relaxar, e posso apostar que é contra sua vontade. — Mas você me conhece, e sabe que eu seria incapaz de te machucar. — Por que é o príncipe? — Porque não faço mal para garotinhas com sorrisos perfeitos e olhos cor de floresta. Acima de tudo, não faço mal para garotas cuja boca quero muito beijar. — Você está… me fazendo perder o controle. Sei que é completamente errado estar aqui, mas não tenho mais forças para tentar fugir. É tudo o que eu sempre quis, Rhuan. Eu não sei lidar com a forma sexy, e ao mesmo tempo doce, como o meu nome sai da sua boca. Sinto vontade de morder seus lábios, a ponto de tirar sangue e em seguida acariciar. Essa menina faz isso comigo e mal a conheço. Sinto tudo o que não pude sentir por aquelas mulheres no baile. Também não sei o que quis dizer com a última frase sobre eu ser tudo o que sempre quis, e não tentarei a desvendar agora, porque, no momento, tudo o que quero fazer é sentir intensamente. Preciso esquecer de quem sou, e algo me diz que essa garota é a única pessoa capaz de fazer isso por mim. — Me dê apenas essa noite — peço. Apesar do meu tom de voz ser calmo, o meu olhar está implorando para que diga sim. — Apenas essa noite — ela fala, e eu aceno. Agora, o meu coração está disparado de contentamento e expectativa. É como se eu fosse um adolescente experimentando sentimentos pela primeira vez. Quando enfio o nariz no seu pescoço cheiroso, Elena se acomoda melhor sobre as minhas pernas e meu pau protesta dentro da calça, louco para ficar livre para a sua buceta. — Não se sinta pressionada a fazer nada que não queira. Aprecio o que está me dando essa noite, mas não significa que tem que haver sexo. Eu só… basta ter você aqui para conversar, para me ouvir e me deixar te ouvir. Tenho que me obrigar a ser certeiro com as palavras, porque realmente não quero que sinta que me deve alguma coisa somente por estar aqui. Óbvio que eu adoraria comer a sua bucetinha doce, mas a respeito de uma forma que não saberia como explicar, considerando que acabei de conhece-la. É apenas uma desconhecida, mas algo me diz que essa garota é especial e que existem poucas como ela. — Tudo bem… — Elena fala somente. Lutando contra a atração, começamos a conversar de maneira confortável, como se fôssemos amigos há muitos anos. Em nenhum momento, Elena menciona algo mais relevante sobre a sua vida, mas gosta de ouvir os meus impasses e também as alegrias de ser quem sou. Conto sobre os meus medos e a garota ouve sem sentir a necessidade de fazer comentários vazios. Mas não se trata apenas dos meus dramas, porque também aprecio ouvir suas histórias, que condizem com as vivências de uma garota de dezoito anos de idade, que tem uma vida inteira pela frente. Elena tem objetivos. Ela quer se formar na universidade e se tornar professora de crianças no futuro. Não fico surpreso quando revela a vontade de se casar e ter filhos com o homem que ama. Quando a garota menciona o tal homem, sinto uma pontada de ciúme, mas, no fim, se trata apenas de uma possibilidade. A própria diz que ainda não encontrou a tal pessoa. Tudo isso é uma grande hipocrisia da minha parte. Não posso me sentir dessa forma, porque, de qualquer forma, não há qualquer chance para nós dois em plena luz do dia, mesmo se for o que queremos. É a realidade de quem nós somos, e não há nada que possa mudar isso. Depois de mais ou menos trinta minutos, Nicolas finalmente b**e na porta do salão de maneira discreta. Tiro Elena com cuidado das minhas pernas e vou pegar a garrafa de vinho que pedi. Ao entregar a garrafa nas minhas mãos, o homem não perde a chance de me dar um breve sermão. Eu apenas abro um sorriso para ele e aceno, antes de voltar para a garota, que está sentada em uma das cadeiras com o olhar perdido. Quando percebe que estou me aproximando novamente, volta o seu lindo rosto em minha direção e sorri de uma forma que faz o meu coração apertar no peito. Essa garota é perfeita e tudo sobre ela me deixa curioso e tentado a desvendá-la, mas prefiro ignorar esses sentimentos para aproveitar os nossos momentos juntos. Talvez o atrativo dela seja basicamente o mistério e o fato de conseguir fazer com que eu esqueça de quem sou. Amanhã, toda essa cena terá sido apenas um sonho, então nós dois seguiremos em frente, apenas com as lembranças que talvez não possamos apagar jamais. Tem que ser assim. Eu preciso que seja assim. — Você aceita uma taça? — questiono, ao sentar-me ao seu lado. Ela hesita por um momento, mas acaba acenando positivamente. Realmente a fim de cometer loucuras, abro a garrafa de vinho e bebo direto do gargalo, em vez de servir uma taça. Então, sendo observado atentamente pela mulher mais linda de todas, e que está me atraindo de uma forma inédita, levo a garrafa até a sua boca e ela bebe um pequeno gole. Elena faz uma pequena careta, mas termina de beber com um sorriso no rosto. Pergunto-me se é a primeira vez que está ingerindo bebida alcoólica, mas descarto a possibilidade imediatamente, porque acredito que teria me dito se fosse o caso. Acabei de conhecer Elena, mas ela não parece ser o tipo de garota que faz coisas contra a própria vontade, apenas para agradar a terceiros. Para a minha própria condenação, não posso deixar de olhar quando a garota passa lentamente a língua pelos lábios, em uma tentativa de limpar a umidade que o gargalo da garrafa deixou. Acompanho o movimento da sua língua, e quando o seu olhar encontra o meu, um olhar esfomeado, e que talvez nem ela sabe que pode ser tão sexy na forma de me devorar com os olhos, não posso controlar a reação do meu corpo. O meu pau endurece dolorosamente, e termino dizendo as palavras que vinha guardando para mim desde o momento em que coloquei os meus olhos em cima da mulher perfeita. — Eu posso te beijar, Elena? Diga que sim e me tire desse tormento. Preciso sentir o gosto da sua boca.Capítulo 3.Elena narrando.Eu sei que o meu erro começou no momento em que vi o príncipe no labirinto, não consegui resistir e fui atrás dele. Então, o erro continuou quando permiti que conversasse comigo e o segui até esse salão. Mas o meu maior erro foi olhar dentro da sua alma e perceber traços de vulnerabilidade, quando se mostrou um homem muito diferente daquele que apresenta para todos.Se eu era apaixonada pelo Rhuan que era apenas um príncipe que via de longe e tentava chamar sua atenção, não sei como classificar o que estou sentindo agora, estando tão próxima dele, tendo permissão para enxergar as rachaduras da sua alma.A sua vulnerabilidade me quebra. O sorriso genuíno, que é diferente daquele ensaiado de quando acena para a população, deixa o meu coração aquecido e faz o meu corpo reagir.A verdade é que estou cometendo um erro atrás do outro, mas não consigo voltar atrás. Não consigo parar de errar, afinal, estou tendo o que sempre quis e o que acreditei que nunca pode
Capítulo 4.Rhuan narrando.Apesar do peso das responsabilidades, nunca fui o tipo de pessoa que tem problemas para dormir, mas não lembro qual foi a última vez que tive um sono tão tranquilo e pesado. Dormi como se não houvesse nenhuma preocupação no mundo para mim, como se não tivesse abandonado a minha responsabilidade para viver uma aventura com a bela desconhecida.Então, enquanto começo a ficar consciente de fato, um sorriso rasgado e sonolento surge na minha boca, quando lembro de como ontem à noite, e durante toda madrugada, fui feliz. Elena… Minha linda Elena, jovem e doce demais para alguém como eu. Com o seu corpo e sua bucetinha quente e apertada, ela me fez sentir prazer de uma forma como nunca havia sentido, e não foi por falta de experiência. As melhores fodas que experimentei foram com ela, e não foi apenas pelo sexo em si, mas pela conexão física tão forte e pela paixão que experimentei, de uma forma que senti que poderia passar a minha vida inteira transando com
Capítulo 5.Elena narrando.MOMENTOS ANTES Quando saí dos seus braços ainda durante a madrugada, fui com o corpo completamente dolorido, depois de ter sido usado até a exaustão, mas com vontade de ficar um pouco mais. Porém, cheia de pressa e com medo de que alguém pudesse nos pegar em flagrante, me dei ao trabalho de pegar apenas a minha camisola e, olhando de um lado para o outro, voltei para o meu quarto no palácio.Tudo o que eu queria era tomar banho e me deitar com o sorriso mais do que satisfeito no rosto, porque jamais considerarei o fato de ter entregado minha virgindade para o homem por quem sempre fui apaixonada um erro. Mas, antes de entrar no meu quarto, fui surpreendida pela minha mãe, que me olhou com desconfiança e quis saber por que eu havia desaparecido durante o baile e por que não atendi a porta quando ela bateu. Inventei uma desculpa sobre como estava com dor de cabeça e queria dormir. Quanto a porta trancada, justifiquei que não queria correr o risco de ter n
Capítulo 6.Elena narrando.Um mês depois...— Um cappuccino com caramelo — falo, e coloco a bebida que o cliente pediu no balcão. Antes de pegar o copo, o homem que tem por volta de quarenta anos me olha demoradamente atrás do balcão e joga uma piscada para mim. Apesar da insistência da minha mãe em me ajudar financeiramente, porque o que ela recebe como governanta do palácio é o suficiente para mantê-la e ainda guardar na poupança, que segundo a própria foi feita justamente para suprir as minhas necessidades quando eu me tornasse adulta, não permito que me sustente por inteiro, afinal, sou capaz de trabalhar para me manter e não ser um peso para ela.Então, para que Juana não fique chateada, porque a conheço e sei que realmente ficaria, permito apenas que me ajude com a mensalidade da faculdade, mas pago por todo resto, como moradia, comida e contas. Para que dê tudo certo no final do mês, preciso trabalhar no período da noite como garçonete. Na parte da manhã, vou para a univer
Capítulo 7.Rhuan narrando.— Finalmente o meu irmão foi fisgado! — Ignácio fala em tom de provocação, ao dar um tapinha no meu ombro. Mas ele não está errado, realmente fui fisgado. Pelos motivos errados, mais fui. Fisgado e sem ter como fugir. — Continue me provocando, idiota. Mas não se esqueça de que a sua hora vai chegar. A sua também, Javier. — Claro que vai, mas não antes de você colocar a coleira oficial no pescoço. Por enquanto, é apenas um ensaio — Ignácio continua.Eu e os meus irmãos estamos no jardim do palácio. Não o que é em formato de labirinto, sim o que fica na parte de trás da construção, que geralmente é usado para eventos mais formais e oficiais, como noivados e cerimônias de casamentos. Aqui, tudo o que se vê é verde. Grama verde e bem-cuidada. Árvores frutíferas e que trazem certa doçura e melancolia a tudo o que acontece nesse local. É quase mágico, mas não há nada mágico no que está acontecendo hoje, é tudo sobre dever e praticidade. Hoje é o meu noivad
Capítulo 8.Elena narrando.Dois anos depois...— Amiga, você tem certeza de que é normal? — Eu não deveria achar o desespero da minha prima engraçado, mas como poderia segurar? Há mais de um ano, estou exercendo a função de mãe solo, então me acostumei de certa forma com cada susto que minha pequena princesa dá em mim.Mas não posso negar que é completamente cômico perceber o quanto outras pessoas ficam apavoradas com algo que é corriqueiro para mim.— Prima, está tudo certo. Você sabe que bebês choram, não sabe? Não é sempre que eles ficam calminhos e doces — falo, ao sair da cozinha e sentar ao seu lado no sofá com a mamadeira na mão.— Eu sei que essas coisinhas fofas gostam de abrir o berreiro de vez em quando, mas faz muito tempo que a Mirella está chorando sem parar. Olha só como as bochechas dela estão vermelhas…— Ela está enjoada por causa dos dentes que estão nascendo. Minha bebê está sentindo muito a gengiva, e às vezes nem mesmo os mordedores e os remédios que passo no l
Capítulo 9.Rhuan narrando.— Você sabe que está mais do que pronto, filho — o rei fala, ao dar um tapinha no meu ombro, enquanto fazemos uma caminhada pelas terras que ficam em volta do palácio. Ele tem o costume de fazer as caminhadas todos os dias pela manhã. São recomendações médicas por causa da sua saúde, afinal, aos sessenta e oito anos, Otávio não é mais nenhuma criança.No meu caso, vim apenas para acompanhá-lo, porque meus exercícios físicos se restringem a andar à cavalo e praticar esgrima, embora até hoje precise me esforçar para não ficar com uma ereção bizarra todas as vezes em que entro naquele salão. Ainda guardo as lembranças que preferia esquecer, mas, mesmo depois de dois anos, lembro dos detalhes de tudo o que aconteceu naquele lugar. — Estou pronto, papai — falo o que ele precisa ouvir. — Além do mais, está mais do que na hora de acontecer. Apesar de aparentemente estar com medo de falar, como eu se ainda fosse aquele Rhuan que fugia apenas com a simples menç
Capítulo 10.Elena narrando.Duas semanas depois...— Pode falar — digo ao telefone. Estou surpresa desde o momento em que meu chefe disse que tinha alguém no telefone querendo falar comigo. Além de o aparelho ter se tornado apenas um item de decoração, afinal, quem usa telefone hoje em dia, ninguém nunca me ligou no trabalho.As pessoas que poderiam estar precisando de mim, minha tia e minhas primas, estiveram comigo mais cedo. — Aqui é o Otávio. — Ouço a voz masculina do outro lado da linha. — Otávio? Eu não conheço nenhum Otávio… nenhum além do… rei Otávio? — Engasgo. Por que o rei em pessoa estaria me ligando? Meu coração dispara e minha mão começa a ficar suada. — Sim, minha criança, você está falando com o rei — o tom da sua voz é quase paternal. — Vossa Majestade, algum problema? — Não sei como dizer isso, mas sua mãe se sentiu mal… De repente, sinto como se as paredes desse lugar estivessem se fechando a minha volta. Minha mãezinha… — Ela está… — Foi apenas um sust