Não escolhi nascer em um berço real, mas quis o destino que fosse assim.
Além de ter o sangue real, sou também a futura sucessora ao trono, o que me acarreta cobranças e mais cobranças.Descobri o que o futuro me reservava, em uma bela tarde de outono, eu tinha apenas doze anos, e mal tinha noção do que isso simbolizava.
- Filha tem um minutinho para mim? Falou enquanto eu e Adele estávamos brincando de boneca, um momento raro, já que eu odiava brincar de bonecas, é que as vezes eu era obrigada uma vez que quase não tínhamos visitas, e amigos por perto.
- Sim mamãe.
Ela me levou para a casa da árvore, montada a pouco tempo pelo papai, que fica ao lado da janela do meu quarto, um lugar perfeito para meus escapes.
Nos sentamos ao chão, antes de começar ela respirou fundo.
- O que foi mamãe?
- Filha eu trouxe você até aqui por que eu preciso te contar algo.
- Pelo visto é bem sério o que a senhora tem pra me dizer. Falei segurando minhas próprias mãos que estavam bem frias.
Sem prévias ela chegou ao ponto me dando a notícia que mudaria minha vida para sempre.
- Bom, meu lugar ao trono tem um tempo determinado, e como mandam as leis quem será a próxima a ocupar o trono é você, filha você será a Rainha em meu lugar.
- Mas eu.. Parei digerindo aquelas informações. - Eu não quero isso, por que não pode ser Adele, ela é muito melhor do que eu em tudo.
- Você foi a primeira a nascer, as regras são essas, todo primogênito deve ser o sucessor ao trono.
- Tenho medo. Encolhi os joelhos segurando- os com as mãos.
Ela me puxou para si, me envolvendo em seus braços.
- Não precisa ter medo, estaremos aqui para te mostrar o que fazer.
- Mas e, se eu não conseguir?
- Meu amor, Deus não escolhe pessoas capacitadas, mas Ele capacita as que Ele escolheu, você ainda é muito nova, no tempo certo saberá o que fazer.
- A senhora tem razão.
- No início também pensei que era um bicho de sete cabeças, mas aos poucos fui aprendendo a lidar com as coisas, e hoje faço tudo com naturalidade.
- Bom acho que não deve ser tão ruim assim.
- Claro que não minha pequena.
- Adorei essa ideia de poder mandar em quem eu quiser, e mais vou criar uma lei onde as crianças não sejam obrigadas a irem para a aula de etiqueta.
- Não!! Também não é assim que as coisas funcionam Aysha, bom agora você não precisa se preocupar em leis tá, volte a brincar.
- Tá bom mamãe. Lhe dei um beijo e corri para dar a notícia a Adele.
No início pareceu bem fácil, a final eu era apenas uma criança, mas conforme o tempo passava, as pressões sobre mim só aumentavam, meu coração se apertava dentro do peito pelo simples fato de pensar que estava cada vez mais perto, eu não poderia ser quem eu queria, teria de ser o modelo de filha perfeita que eles esperavam de mim.
Meus pais criaram uma espécie de barreira sobre nós, meu primeiro contato com meninos depois de grande só se deu no nosso aniversário de quinze anos.
A festa foi feita no nosso jardim, madame Helena cuidou exclusivamente do nosso visual, escolhi um vestido perolado, era o mais discreto dentre as opções que nos foram dadas. Adele optou por um rosa pink, bem chamativo por sinal.
- Ai minhas vistas. Falei com as mãos sobre os olhos
- O que foi mana?
- É esse seu vestido, menina vai botar outra coisa.
- Sua boba. Falou me dando um tapa fraco no braço.
- Não ouse agradir a futura herdeira ao trono, se não irei mandar cortar a sua cabeça.
- Asyha, para. Falou toda mimosa
Revirei os olhos.- Estou brincando praga, sabe que eu te amo.
- Assim é melhor. Disse me abraçando.
- Menos querida, muito amor também não dá. Falei empurrando sua cabeça.
- Como vocês estão lindas. Disse a mamãe entrando no salão.
- Obrigada. Respondemos em uníssono.
Em seguida seguimos para o jardim onde a festa já estava acontecendo.
Quando pisamos os pés na grama, todos os olhares se voltaram para nós, Adele ficou corada, era muito tímida.
- Quero que fiquem a vontade meninas. Disse nossa mãe.
Consenti, e comecei a caminhar. Adele pegou o embalo e veio um pouco mais atrás.
Alguns Príncipes de províncias próximas estavam presentes, percebi que não tiravam os olhos de nós, parecíamos presas fáceis, e eles estavam prestes a atacar, não me deixei intimidar, continuei caminhando como se nada de mais estivesse acontecendo.
Também compareceram algumas princesas, minha irmã logo se juntou à elas, me deixando sozinha.
Cumprimentei alguns dos convidados, para não me passar de mal educada, mas confesso aquela gente era muito chata, rodeavam fazendo perguntas para depois chegar no ponto onde queriam " Quando vai se casar?" Eu tenho quinze anos, será que não entendem isso. Cansada de tanta ladainha, me sentei em um banquinho só observando o movimento.
- Com essa cara você vai acabar espantando os convidados.
Disse um dos convidados se assentando ao meu lado. Lancei um olhar para ver de quem se tratava.
- Não acredito. Pus as mãos sobre a boca.
Se tratava de Maxwell Wilkinson, filho do Rei Philip, um velho amigo da nossa família, Max sempre fazia parte do meu time nos jogos de futebol, quando éramos crianças, por que nenhum dos meninos queria ter uma menina no seu time.
- Nossa como você mudou.
Realmente estava bem diferente, que da última vez que nos vimos, sua feição de menino havia desaparecido, tinha agora traços fortes e marcantes, aliás bem parecidos com os do príncipe Philip, cabelos castanhos escuro, pele bem branquinha, olhos claros.
Estava vestido como um verdadeiro cavalheiro, como o tempo lhe fez tão bem.
- Você também está bem diferente. Disse Max com sorriso de lado.
- Não acho que mudei tanto.
- Acha isso, por que se vê todos os dias, mas quem não te vê com freqüência pode perceber as mudanças claramente, eu até diria o que mudou em você.
- Então me diga.
- Os detalhes do seu rosto se tornaram mais vivos, você cresceu alguns centímetros e o seu corpo tomou mais forma.
- Tá para, porque você está acabando comigo.
- Falei algo errado? Não quis te ofender.
- Vamos falar sobre outro assunto, como andam as coisas? Porque você não veio mais me ver, o que houve?
- Calma, uma pergunta de cada vez.
Ri jogando a cabeça para trás.
- Porque você não veio mais aqui?
- Fui estudar fora, nosso reino infelizmente não tem uma boa escola com o curso que eu queria.
- E como estão as coisas agora?
- Podemos dizer que estou pronto para governar, meu pai confia boa parte do reino em minhas mãos, algo que tenho feito muito bem, e estou à procura de uma noiva.
Tremi por dentro.
- Está procurando uma noiva?
- Sim ano que vem faço dezoito anos, meus pais já estão me cobrando muito isso.
- Adele está solteira. Falei meio sem jeito.
- O quê? Ele ergue uma das sombrancelhas.
- Ela é uma boa garota, e está sozinha.
- Ah, que bom. Respondeu meio desanimado.
- Falando nela. Apontei com a cabeça.
Adele vinha abraçada com papai, eles davam risadas e olhavam um para o outro fazendo gestos.
- Alteza. Maxwell se pôs a diante deles com uma breve reverência.
- Como vai Maxwell. Perguntou papai.
- Bem, obrigado. Depois virou para Adele. - Princesa. Disse fazendo uma reverência.
- Olá. Ela respondeu de uma forma meiga.
- Sua mãe está chamando é a hora dos parabéns.
Revirei os olhos, não queria ser tratada mais como criança, mas meus pais pareciam não deixar a gente crescer.
- Vamos. Respondi fraco e baixo.
- Por que está com essa cara querida? Perguntou papai, envolvendo seu braço ao redor da minha cintura enquanto estávamos andando.
- Nada.
- Eu te conheço, conte o que houve?
- Quero ter liberdade.
- O quê? Ele questinou pasmo.
- Pai, quero começar a exercer a minha função aqui no Reino, e mais quero poder sair para conhecer outros lugares e suas monarquias, quero conhecer outras pessoas, estou cansada de viver presa aqui.
- É isso mesmo que você deseja?
- Sim.
- Seu pedido será atendido minha filha, talvez eu e sua mãe erramos em deixar vocês presas só aqui no palácio, pensamos muito na segurança de vocês mas acho que não tem mal nenhum em deixar vocês aprenderem um pouco sozinhas.
- Obrigada pai, eu te amo. Abracei sua cintura bem apertado.
Enquanto papai eu estávamos conversando meio de canto de olho pude ver que Adele ficou um pouco mais atrás com o príncipe Maxwell, eles conversavam com sorrisos no rosto, Adele um pouco tímida tapava a boca com as mãos, quando riam, de algum assunto que eu queria descobrir qual era, senti meus olhos marejarem, a final o que está havendo comigo?
Quando chegamos ao local onde foi preparado o banquete, fomos recebidas a palmas e a pedacinhos de papel luminoso, que grudavam tudo na nossa pele e cabelo, coisa chata, aquilo só podia ser ideia da mamãe.Adele pareceu adorar tudo, um sorriso estampado se formou em seu rosto, bom eu tentei sorrir mas o máximo que consegui foi um meio de lado.
A festa não durou muito tempo isso porque meus pais não queriam que ela se prolongasse até a noite, mas uma vez o cuidado extremo deles.
Aos poucos os convidados foram se aproximando para se despedirem.
Foi chegada a vez da família real Wilkinson, de Norseman. O rei Philip abraçou meu pai, já minhã mãe não parava de falar com madame Khristine.
Max se aproximou de mim.
- Espero poder vê- la mais vezes, quem sabe não voltamos a jogar futebol. Falou irônico.
Ri.
- Claro.
Depois se dirigiu a Adele.
- Foi um prazer te conhecer princesa.
- O prazer foi meu. (Adele)
A visita hoje de Max, me fez lembrar do quanto nossa infancia foi feliz.- Quem você escolhe para fazer parte do seu time Max?- Hun, acho que... A Aysha.- Não ela é uma garota. - Idai ela sabe dar bicudas, quero ela no meu time. Ele deu de ombros. -
Era a noite, estávamos todos reunidos na sala de estar, isso fazia parte da nossa rotina, nos assentamos ao redor da lareira para contar como foi o nosso dia, um ritual que minha mãe adorava fazer.Minha única avó madame Karoline Carther aquecia marshimellows, e destribuia entre todos, meus pais nunca me diziam o real motivo da ausência dos meus outros avós, sinto que me escondem algo, mas porque fariam isso?O som vindo do piano vinha das mãos de Adele, que tocava para nós, criando um ambiente propício para boas conversas, o problema é que eu não estava a fim como sempre.Mantinha meus olhos fixos em um livro de romance, que peguei hoje pela manhã, onde contava a história de uma jovem que assim como eu sonhava em ser livre. Não que eu gostasse de leituras, fazia isso para fugir dos interrogatórios da minha mãe.Meus pais ocupavam um dos so
O sono parecia ter fugido, essa hora eu já estaria dormindo se não fosse a tamanha ansiedade para o dia que finalmente irei sair das dependências do palácio, e também obviamente pela ausência de Adele no quarto, como gostaria de ser uma mosquinha só para saber o que está se passando em primeiro encontro com um garoto, não que me importe em saber como ela se saiu, mas por se tratar de Max, isso esta mexendo comigo de alguma forma, prometi para mim mesma dia de não me apaixonar por ele, mas toda vez que ele vem em minha mente sinto algo diferente, nunca senti algo assim.Como o sono não vinha de jeito nenhum aproveitei para ajudar Sophie a arrumar as malas talvez isso contribuísse para meu sono voltar.- Sophie sabe alguma coisa sobre o amor?- Infelizmente não madame, meus relacionamentos nunca dão certo, acho que não nasci para isso, mas por que a p
Depois da despedida de Max, voltei ao meu quarto, pela porta da casa da árvore que dava de frente para a sacada do nosso quarto.Adele estava em sua cama completamente coberta, sabia que ela não estava dormindo ainda, mas não quis dar a ela explicações referente ao que ela acabara de ver para evitar mais possíveis problemas.Nos levantamos ainda de madrugada não que a viagem fosse longa mas por uma questão de segurança segundo meus pais. Prendi meus cabelos em um coque lateral com parte da franja solta, Sophie me preparou um vestido lilás bem confortável para a viagem.- Bom dia. Falei me virando para Adele que estava saindo do seu closet.Ela estava perfeita, usava um vestido preto cumprido bem ajustado na cintura, os cabelos presos em um rabo de cavalo com cachos nas pontas.- Bom dia. Respondeu seca.- Del, você sabe que ele é só meu amigo, por favor não fique chateada co
Até a chegarmos à entrada das indústrias havia um longo caminho para se percorrer, a paisagem era uma das mais belas que já havia visto, muito verde, árvores por todo lado com flores belíssimas de várias cores, um paraíso.Enquanto andávamos uma brisa suave tocava em nossa pele, também pude observar algumas borboletas voando livremente por toda a extensão do jardim, tinha em mim uma incrível sensação de liberdade.Quando cruzamos os portões duas damas bem vestidas se juntou a nós.- Alteza é uma honra tê-la aqui conosco. Disse uma delas, ela parecia bem jovem, mas tinha postura de dar inveja, usava saltos bem altos por que era de pequena estatura, nem mesma eu tinha tanta desenvoltura com eles, era um grande desastre com saltos.- Obrigada, você quem é?- Madame me chamo Sandy Stuart, sou eu quem vou mostrar toda a estrutura das indústrias para a senhora.- Certo, por onde começ
Estava com frio, com fome, e principalmente com saudade de casa. As horas pareciam não passar naquele lugar, queria ao menos poder falar com meus pais dizer que estou bem, a essa altura minha família provavelmente deveria já estar sabendo sobre meu desaparecimento, notícias ruins sempre correm mais rápido do que as boas.Me encolhi embaixo de uma árvore, na tentativa de me aquecer abrecei minhas próprias pernas com os braços. Fazia muito frio ali, e ainda mais por ser uma região montanhosa e ventava muito.Ainda pensava no que eu poderia escrever para meu pai, as razões apontadas por Karl não eram tão ruins assim, mas quando meus pais botam algo na cabeça não desistem fácil, talvez ele ceda de imediato por minha vida estar correndo perigo.- Coma isso. Disse Karl o líder dos rebeldes, estendendo algo enlatado.- O que é isso? Questionei.- Isso é o temos para sobreviver, se quiser algo melhor e
Os olhares daqueles homens de certo modo estavam me incomodando muito, tinha medo de algum momento em que Karl não estivesse, eles tentarem fazer algum mal a mim.Muitos pensamentos tomavam conta da minha cabeça, um deles ao fundo me dizia para fugir, senti meu coração se acelerar diante dessa sugestão o tanto quanto ariscada de mais, a resisti por um bom tempo, mas eu sabia quanto tempo levou para chegarmos até aqui, não havia ninguém por perto, Karl e seus homens estavam um pouco afastados, seria um bom momento para escapar.Olhei para os lados bem discretamente, e no instante em que ninguém estava olhando, dei no pé seguindo uma das trilhas da floresta, espero ter pegado a trilha certa. Eram tantos caminhos que parecia que eu estava em um labirinto.Um pouco distante do acampamento corri, como a fuga precisava ser rápida acabei deixando os calçados para trás isso dificultava ainda mais de correr, porém mesmo ferindo os pés
Minhas costas latejavam de tanta dor, e conforme a noite chegava mais difícil ficava suportar, como gostaria de poder tomar um banho quente nesse momento, e tomar um dos deliciosos chás que madame Stella preparava para nós todos os fins de tarde, como coisas tão simples nos fazem tanta falta, e na correria do dia a dia nem nos damos conta do que realmente vale a pena, sentia falta das conversas ao redor da lareira, da atenção da minha avó, das risadas do meu pai, e até das broncas de minha mãe, dentre todas essas faltas a que eu mais sentia naquele momento era a ausência de Max, aliás desde sua partida tenho me sentido com um pedaço vazio dentro de mim, é que eramos amigos inseparáveis na infância, juntos dividiamos muitas coisas, desde o lanche da tarde até os assuntos mais confidenciais, e eu queria dizer a ele o quanto sentia medo, sentia falta de seu abraço, milha