Era a noite, estávamos todos reunidos na sala de estar, isso fazia parte da nossa rotina, nos assentamos ao redor da lareira para contar como foi o nosso dia, um ritual que minha mãe adorava fazer.
Minha única avó madame Karoline Carther aquecia marshimellows, e destribuia entre todos, meus pais nunca me diziam o real motivo da ausência dos meus outros avós, sinto que me escondem algo, mas porque fariam isso?
O som vindo do piano vinha das mãos de Adele, que tocava para nós, criando um ambiente propício para boas conversas, o problema é que eu não estava a fim como sempre.
Mantinha meus olhos fixos em um livro de romance, que peguei hoje pela manhã, onde contava a história de uma jovem que assim como eu sonhava em ser livre. Não que eu gostasse de leituras, fazia isso para fugir dos interrogatórios da minha mãe.
Meus pais ocupavam um dos sofás em um clima único entre eles. Mas não demorou muito para mamãe começar.
- Aysha vi você falando com o príncipe Maxwell na festa.
- Ele também falou com Adele. - A interrompi. - O que há de errado em conversar com garotos? Ergui uma das sombrancelhas.
- Quero dizer que seria ótimo se escolhesse ele. Disse Mamãe com sorriso doce.
Revirei os olhos.
- Ele é só meu amigo, não estou procurando um marido agora, ainda tenho muito tempo para escolher um, e mais não quero que vocês interfiram na minha escolha.
Meus pais ficaram boquiabertos com a minha resposta.
- Você não pode falar assim com nossos pais Aysha. Disse Adele se levantando do piano.
- Estou cansada de todos quererem mandar em mim, sou madura suficiente para fazer minhas próprias escolhas.
Me levantei e segui para meu quarto, o livro que estava lendo ficou no sofá.
- Aysha volte aqui. Minha mãe gritou.
Continuei andando sem olhar para trás. Mas pude ouvir a última palavra de minha mãe.
- Essa menina está cada vez mais difícil.
- É essa fase da adolescência, vai passar. Disse vovó.
Subi as escadas correndo entrei em meu quarto e fechei a porta.
Não muito tempo depois a vovó veio atrás de mim. Ela deu duas batidas na porta e entrou.
- Oi posso falar com você? Perguntou.
- Sim. Me assentei na cama. - Sente- se vovó.
- Querida não trate seus pais assim, eles só querem o seu bem.
- Sou uma moça, sei me cuidar sozinha.
- Eu sei que sabe mas, tenha paciência eles fazem isso porque querem o melhor para você, me fale você não está chateada só com isso o que mais aconteceu?
- Ah, vó, não é nada.
- É o rapaz?
- Claro não. Neguei.
- Aysha meu amor não minta para mim. Ela ergueu meu queixo com mão.
- Sim, ele está procurando uma noiva.
- Está gostando dele?
- Não!! Eu só não quero perder meu amigo para uma menina.
Ela riu.
- O que tem de engraçado nisso?
- Nada querida, mas amigos também tem direito de serem felizes.
- Não o meu amigo.
Ela riu.
- Vem aqui. - ela bateu as mãos sobre as pernas.
Me deitei no seu colo, enquanto ela me fazia um cafuné acabei pegando no sono.
De manhã acordei com Sophie nossa dama de companhia abrindo as janelas do quarto.
- Bom dia Alteza. Ela disse ainda de um lado para o outro.
- Bom dia.
Me levantei e fui direto para o banheiro. Depois de um banho quente botei um vestido azul claro de mangas, prendi uma parte dos cabelos deixando um pouco solto.
Meus pais estavam na mesa acompanhados de Adele, e da vovó. Me sentei ao lado de Adele.
- Bom dia família.
- Bom dia. Disseram em uníssono.
- Filha não me esqueci daquilo que você me pediu, tenho uma missão para você, assim que terminarmos o café passe na minha sala.
Um sorriso se formou em meu rosto.
- Sério?
Ele confirmou com a cabeça.
Pela primeira vez meu pai confiaria algo referente ao reino em minhas mãos, me senti importante, quem parecia não ter gostado muito era Adele, que me olhava de canto de olho.
Depois da terminar minha refeição acompanhei papai até a sua sala, ele abriu a porta e eu entrei.
Nós não tínhamos permissão de entrar no seu escritório, à não ser se fôssemos chamados ou se tivéssemos algo importante para tratar, meu grande momento finalmente chegou.
- Por favor sente- se. Disse Papai.
- Estou curiosa o que o senhor quer de mim?
- Você fará uma viagem para Thonswn um pequeno vilarejo nas redondezas do Reino onde temos fábricas produzindo alimentos, quero que me traga um relatório de produtividade, e do andamento dos processos.
- Sei como devo fazer.
- Sua irmã também vai com você.
- O quê? Não, não quero que ela vá.- Ela já foi uma vez comigo sabe muito bem aonde fica, e como funciona.
Revirei os olhos, mas aceitei, essa era a oportunidade que precisava para mostrar ao meu pai que sou capaz de me virar sozinha.
- Ok, ela vai comigo.
- Vocês partirão amanhã de manhã.
- Obrigada pai, não sei como agradecer.
- É simples só não me desaponte, não sabe como foi difícil convencer sua mãe a deixar vocês irem.
- Não irei desapontá- lo prometo.
Lhe dei um beijo na bochecha e sai.
Hoje era domingo, o dia estava perfeito, bom estava perfeito até o momento em que vi Adele com uma carta em suas mãos.
- De quem e essa carta?
- Ela e para mim, pare de ser curiosa.
- Por acaso ela é do Max?
- Não é da sua conta.
- E claro que é dele, me deixa ver. Tomei das maos dela o envelope.
- Não. ela gritou
Minhas suspeitas foram confirmadas, a carta que estava em suas mãos era de Max, meu coração se partiu juntamente com o aquele papel quando Adele puxou de volta para si o papel.
- Olha o que você fez?! ela gritou
- O que está havendo aqui? minha mae perguntou se aproximando.
- Foi essa menina. Adele aponta o dedo na minha direção.
Sai correndo diante da acusação de Adele, e tambem porque eu nao chorava na frente de ninguém. Corro em direção ao Jardim, mas expecificamente ao celeiro onde nossos cavalos estão. Lanço meus braços no pescoço de Lua chorando muito, enxugo as lágrimas, abro a cela, monto em seu lombo e saio cavalgando.
No último portão um dos guardas me barrou.
- Aonde a senhorita está indo.
Provavelmente ele era novo, não me reconheceu como sua soberana, também quem me reconheceria naquelas condições em que eu estava.
- Sou a princesa não devo satisfações.
- Você a princesa me poupe sua componesa barata, sabe que esse cavalo pertence a família Real e você não pode montar nele.
- Escuta aqui você tá surdo? Eu sou Aysha a princesa, e vou aonde eu quiser.
Ele gargalhou.
- Moça já chega de brincadeira, por favor devolva o cavalo e volte para seus afazeres.
Fiz cara de tédio.
Desci do cavalo.
- Senhor David Spesher. - Li o seu distintivo. - Não tem ninguém brincando aqui, estou falando muito sério eu sou a princesa me deixe sair.
- Majestade? Um outro soldado se aproximou.
- Olá senhor Brendan, por favor diga para seu companheiro ter mais modos com a Realeza.
- Me desculpe Alteza, não reconheci a senhora.
Revirei os olhos.
- Perdoe ele Alteza ele é novo por aqui, ainda está se habituando.
- Tudo bem, está perdoado.
Depois do nervoso que aquele guarda havia me feito passar, até desisti da ideia de sair, voltei com Lua para a cela, me despedi dela com um beijo em sua fronte.
Na volta ao palácio, os criados estavam pondo a mesa do almoço, decido almoçar em meu quarto.Passei a tarde inteira lendo um livro, o mesmo que tentei começar a ler na noite passada antes de mamãe me fazer seus interrogatórios.
Ler me fazia viajar, enquanto não poderia ir muito longe do palácio, me contentava em fugir apenas em minha imaginação.
Mas tarde voltei a sentir fome, desci rumo a cozinha do palácio, passando pelo salão principal, vi um homem em pé admirando os retratos de nossa família, ele mantém uma postura ereta com os braços para trás, anda elegantemente seguindo a posição dos retratos.
Me aproximei da porta bem devagar tentando descobrir de quem se tratava, dei alguns passos com meus olhos fixos no convidado, nesse momento uma das criadas passa pelo meio do corredor ela estava um pouco distraída com várias bandejas nas mãos que dificultavam um pouco sua visão, de repente sinto o impacto e o forte barulho das bandejas caindo ao chão.
- Ai. Falo passando a mão sobre meu braço, que sofreu um arranhões.
- Estão bem?
Logo reconheci de quem vinha a
aquela voz.- Max? O que está fazendo aqui? Ah não, não precisa responder eu já sei, você veio por causa da Adele, você até escreveu para ela.
- Por que está falando desse jeito? Não foi você que me falou dela?
- Tem razão, falei mesmo...
- Está com ciúme Aysha? Disse se achegando mais perto me interrompendo de falar.
Por segundo me perdi no brilho dos seus olhos azuis.
- Hein? Ele disse ainda mais perto.
- Claro que não. Empurro seu peito. - Fique com ela.
- É isso mesmo que você quer? Sua resposta não me é convincente.
- Sim, você é só meu amigo, nada além disso.
Ele balançou a cabeça umas duas vezes concordando.
- Então se me der licença vou jantar com ela.
- Claro, toda.
Assim que ele deixa o salão, sinto uma lágrima rolar meu rosto, a enxugo antes que alguém a pudesse ver.
O sono parecia ter fugido, essa hora eu já estaria dormindo se não fosse a tamanha ansiedade para o dia que finalmente irei sair das dependências do palácio, e também obviamente pela ausência de Adele no quarto, como gostaria de ser uma mosquinha só para saber o que está se passando em primeiro encontro com um garoto, não que me importe em saber como ela se saiu, mas por se tratar de Max, isso esta mexendo comigo de alguma forma, prometi para mim mesma dia de não me apaixonar por ele, mas toda vez que ele vem em minha mente sinto algo diferente, nunca senti algo assim.Como o sono não vinha de jeito nenhum aproveitei para ajudar Sophie a arrumar as malas talvez isso contribuísse para meu sono voltar.- Sophie sabe alguma coisa sobre o amor?- Infelizmente não madame, meus relacionamentos nunca dão certo, acho que não nasci para isso, mas por que a p
Depois da despedida de Max, voltei ao meu quarto, pela porta da casa da árvore que dava de frente para a sacada do nosso quarto.Adele estava em sua cama completamente coberta, sabia que ela não estava dormindo ainda, mas não quis dar a ela explicações referente ao que ela acabara de ver para evitar mais possíveis problemas.Nos levantamos ainda de madrugada não que a viagem fosse longa mas por uma questão de segurança segundo meus pais. Prendi meus cabelos em um coque lateral com parte da franja solta, Sophie me preparou um vestido lilás bem confortável para a viagem.- Bom dia. Falei me virando para Adele que estava saindo do seu closet.Ela estava perfeita, usava um vestido preto cumprido bem ajustado na cintura, os cabelos presos em um rabo de cavalo com cachos nas pontas.- Bom dia. Respondeu seca.- Del, você sabe que ele é só meu amigo, por favor não fique chateada co
Até a chegarmos à entrada das indústrias havia um longo caminho para se percorrer, a paisagem era uma das mais belas que já havia visto, muito verde, árvores por todo lado com flores belíssimas de várias cores, um paraíso.Enquanto andávamos uma brisa suave tocava em nossa pele, também pude observar algumas borboletas voando livremente por toda a extensão do jardim, tinha em mim uma incrível sensação de liberdade.Quando cruzamos os portões duas damas bem vestidas se juntou a nós.- Alteza é uma honra tê-la aqui conosco. Disse uma delas, ela parecia bem jovem, mas tinha postura de dar inveja, usava saltos bem altos por que era de pequena estatura, nem mesma eu tinha tanta desenvoltura com eles, era um grande desastre com saltos.- Obrigada, você quem é?- Madame me chamo Sandy Stuart, sou eu quem vou mostrar toda a estrutura das indústrias para a senhora.- Certo, por onde começ
Estava com frio, com fome, e principalmente com saudade de casa. As horas pareciam não passar naquele lugar, queria ao menos poder falar com meus pais dizer que estou bem, a essa altura minha família provavelmente deveria já estar sabendo sobre meu desaparecimento, notícias ruins sempre correm mais rápido do que as boas.Me encolhi embaixo de uma árvore, na tentativa de me aquecer abrecei minhas próprias pernas com os braços. Fazia muito frio ali, e ainda mais por ser uma região montanhosa e ventava muito.Ainda pensava no que eu poderia escrever para meu pai, as razões apontadas por Karl não eram tão ruins assim, mas quando meus pais botam algo na cabeça não desistem fácil, talvez ele ceda de imediato por minha vida estar correndo perigo.- Coma isso. Disse Karl o líder dos rebeldes, estendendo algo enlatado.- O que é isso? Questionei.- Isso é o temos para sobreviver, se quiser algo melhor e
Os olhares daqueles homens de certo modo estavam me incomodando muito, tinha medo de algum momento em que Karl não estivesse, eles tentarem fazer algum mal a mim.Muitos pensamentos tomavam conta da minha cabeça, um deles ao fundo me dizia para fugir, senti meu coração se acelerar diante dessa sugestão o tanto quanto ariscada de mais, a resisti por um bom tempo, mas eu sabia quanto tempo levou para chegarmos até aqui, não havia ninguém por perto, Karl e seus homens estavam um pouco afastados, seria um bom momento para escapar.Olhei para os lados bem discretamente, e no instante em que ninguém estava olhando, dei no pé seguindo uma das trilhas da floresta, espero ter pegado a trilha certa. Eram tantos caminhos que parecia que eu estava em um labirinto.Um pouco distante do acampamento corri, como a fuga precisava ser rápida acabei deixando os calçados para trás isso dificultava ainda mais de correr, porém mesmo ferindo os pés
Minhas costas latejavam de tanta dor, e conforme a noite chegava mais difícil ficava suportar, como gostaria de poder tomar um banho quente nesse momento, e tomar um dos deliciosos chás que madame Stella preparava para nós todos os fins de tarde, como coisas tão simples nos fazem tanta falta, e na correria do dia a dia nem nos damos conta do que realmente vale a pena, sentia falta das conversas ao redor da lareira, da atenção da minha avó, das risadas do meu pai, e até das broncas de minha mãe, dentre todas essas faltas a que eu mais sentia naquele momento era a ausência de Max, aliás desde sua partida tenho me sentido com um pedaço vazio dentro de mim, é que eramos amigos inseparáveis na infância, juntos dividiamos muitas coisas, desde o lanche da tarde até os assuntos mais confidenciais, e eu queria dizer a ele o quanto sentia medo, sentia falta de seu abraço, milha
Meu Deus o que foi que eu acabei de fazer não sei se a ideia que tinha na cabeça seria ouvida, sabia apenas que ela comprometeria todo o futuro com quê havia um dia sonhado mas, foi a solução que encontrei em meio ao meu desespero, não suportaria passar mais um dia se quer naquele lugar.Ainda assim sabendo que essa atitude poderia me trazer sérios problemas, não importava por hoje basta, ninguém aparecia e a espera estava me deixando bem apreensiva, alguns minutos haviam se passado desde que ordenei ao soldado rebelde ir chamar Karl, e não havia nenhum sinal deles, ansiosa ficava a andar de um lado para o outro.- Sobre o que vocês conversaram ontem? Disse Sam surgindo de trás de uma das árvores.- Ai que susto. Ponho as mãos sobre o peito. - Ah é você. Não falamos nada de mais, porque?- Quero que você saiba que Karl é meu, se entrar no meu caminho eu acabo com você.- Mas eu não quero ficar com ele. Fiz pouco caso, dando de ombros. -
Subimos as escadas em direção a sala de reunião que ficava no segundo andar, estava de mãos dadas com a minha mãe, meu pai seguia na frente acompanhado por Karl e seus homens.- Mana!! Ouço Adele gritar no fim do corredor, ela vem correndo ao meu encontro. - Nunca mais faça isso, senti muito sua falta. Disse com um abraço apertado.- Jamais pensei que diria isso mas também senti sua falta.- Ah não, para tudo, eu não ouvi direito, repete pra mim, sentiu o quê?- Esquece o que eu disse.- Quem são estes? Falou baixo olhando a nossa volta.- São os rebeldes que me sequestraram.- E o que eles estão fazendo aqui? Porque trouxe eles com você?- Não foi eu quem os trouxe, na verdade estão aqui para falar com nosso pai.- Tudo bem não importa, o mais importante é que você está viva.- Sabe me dizer se mais alguém sabe do ocorrido?- Não, papai não contou nada a ninguém,