Depois da despedida de Max, voltei ao meu quarto, pela porta da casa da árvore que dava de frente para a sacada do nosso quarto.
Adele estava em sua cama completamente coberta, sabia que ela não estava dormindo ainda, mas não quis dar a ela explicações referente ao que ela acabara de ver para evitar mais possíveis problemas.
Nos levantamos ainda de madrugada não que a viagem fosse longa mas por uma questão de segurança segundo meus pais.
Prendi meus cabelos em um coque lateral com parte da franja solta, Sophie me preparou um vestido lilás bem confortável para a viagem.- Bom dia. Falei me virando para Adele que estava saindo do seu closet.
Ela estava perfeita, usava um vestido preto cumprido bem ajustado na cintura, os cabelos presos em um rabo de cavalo com cachos nas pontas.
- Bom dia. Respondeu seca.
- Del, você sabe que ele é só meu amigo, por favor não fique chateada comigo.
- Não existe amizade entre homem e mulher, de alguma parte sempre tem algum interesse.
- Lógico que existe amizade entre homem e mulher, por exemplo o Rei Philip ele é um grande amigo da mamãe.
Ela parou a conversa talvez digerindo o que eu acabei de lhe dizer.
- Tem razão mana, me perdoe.
Respirei aliviada, apesar de nossas diferenças eu não gostava de ficar brigada com Adele.
- Agora vamos papai deve estar nos esperando.
Descemos as escadas para o corredor de baixo, onde meus pais nos aguardavam.
Minha mãe estava toda orgulhosa das filhas, já meu pai apresentava um ar de preocupação.
- Não vai desistir agora né? Me virei para ele.
- Claro que não minha pequena, façam uma boa viagem e cuide bem de sua irmã.
- Eu é que vou acabar cuidando dela. Disse Adele interrompendo minha conversa.
Todos riram.
- Amo vocês, voltem logo. Disse a mamãe.
Confesso que nessa hora me bateu uma dor no peito, ter de deixar minha família para trás, nunca havíamos nos separado antes, em todos os lugares que visitamos íamos todos juntos.
Vi uma lágrima rolar sobre o rosto de minha mãe. Por impulso lancei as malas no chão eu lhe dei um abraço apertado.
- Também te amo.
- Não estão se esquecendo de nada né? Confirmou papai.
- Aé. Me lembrei de algo importante. - Esqueci uma coisa me dêem uns minutinhos.
Havia me esquecido de um papel onde tracei um roteiro dos lugares que deveríamos passar nas indústrias, eu tinha o posto em nosso guarda- roupa embaixo de algumas roupas.
Entrei no quarto abri a porta do guarda- roupa coloquei a mão no local onde eu botara o papel quando encontrei a ponta da folha senti que algo estava a prendendo, diante do medo de acabar rasgando o papel puxei algumas coisas que estavam por cima, dentre elas a agenda pessoal de Adele, pensei comigo mesma que seria falta de educação ler o que estaria escrito nela, porém minha curiosidade foi maior.
A capa era bem a cara dela, na cor rosa com um desenho de castelo, a agenda estava trancada com um cadeado bem pequenininho, mas a mesma deixou a chave pendurada no arame que prende as folhas.
Pensei mais uma vez se seria correto fazer isso mas acredito que no meu lugar ela faria a mesma coisa, então abri a agenda, abri em uma página cheia de rascunhos de poemas bem mal feitos, ela era péssima na escrita, isso porque não gostava de ler, ela preferia tocar, totalmente o meu oposto, não que eu gostasse de ler, mas me via na obrigação uma vez que meu pai me pedia as vezes para escrever cartas para alguns reinos.
- Aysha está demorando muito, não encontrou o que procurava? Gritou minha mãe.
- Estou indo dá pra esperar.
Folhei mais algumas folhas até parar em uma que chama minha atenção, mais precisamente falando sobre ontem.
- Aysha vamos os soldados estão esperando. Disse meu pai da porta.
Arregalei meus olhos, e rapidamente escondi atrás de mim a agenda de Adele.
- Sim meu pai, vamos.
Quando ele deu as costas enfiei dentro da bolsa a agenda juntamente com a folha que estava procurando.
Seguimos para o pátio onde a carruagem nos aguardava, também haviam alguns guardas dentre eles aquele que me barrou no celeiro uns dois dias atrás.
Com a cabeça erguida, estufei o peito e olhei bem na cara do soldado ao lado de meu pai mostrando um ar autoritário.
Por uma questão de respeito todos se curvaram diante da nossa presença.
- Bom dia. Disse meu pai.
O general abriu a porta da carruagem e Adele e eu entramos, da janela enquanto estávamos saindo dei um último adeus para o papai que até o momento havia se mostrado forte mas sua fragilidade logo apareceu foi só ultrapassarmos os portões que o vi pondo as mãos sobre o rosto provavelmente estaria enxugando algumas lágrimas.
Na nossa frente estavam alguns soldados montados em cavalos, olhar o reino do lado de fora das grades do palácio trazia um ar de liberdade, como gostaria de poder ir cavalgando deve ser a melhor sensação do mundo.
Olhei para Adele tentando descobrir o que ela estaria pensando, pensei em puxar assunto qualquer mas clima entre nós estava péssimo.
- Você conhece ele muito bem né?
Perguntou Adele quebrando o silêncio.- Porque está me fazendo está pergunta? Ergui uma das sombrancelhas.
- Ele me pediu para escrever uma carta, eu não sou tão boa com as palavras quanto você, e eu quero imprecioná- lo por favor você pode me ajudar?
- Mas é claro. Sorri sem jeito. - Como você quer que eu comece a carta?
- Não sei, você pode escrever o que quiser desde de que fique perfeita. - Em seguida se abaixou. - Deixe- me pegar uma folha aqui. - disse Adele abrindo uma de suas malas que estavam do dentro da carruagem. - Aqui está.
- Obrigada. Respondo pegando a folha e uma caneta.Foi então que comecei a escrever, na verdade nem sabia por onde começar eu nunca havia escrito uma carta de amor antes, me deixei levar por meus próprios sentimentos, e acabei me lembrando da primeira vez em que encontrei Max.
Querido...
Sempre tive a certeza de que a primavera é a estação mais linda do ano, mas ter conhecido você agora fez esta estação ficar ainda mais bela. Céu claro, brisa suave e você ao meu lado, fazem este período ainda mais prazeroso para mim.
Se na primavera a natureza desabrocha e revela toda a sua força, saiba que eu acabo de receber a melhor e a maior de todas as revelações: o meu amor por você que acabara de florecer.
A primavera não admite a hipótese de nuvens carregadas no céu, e esta primavera não vai permitir que o cinza predomine em meu coração, pois sinto-me renascida graças à sua companhia. Sinto-me mais bonita e vejo você mais bonito a cada dia.
Meu amor, pensar em você me faz lembrar das mais belas flores e o seus olhos me trazem a mais perfeita paz, a mesma que o céu trasmite nessa época ...
Um doce beijo
- O que você achou dela?
- Ficou perfeita, de onde você tira tanta inspiração?
- Pior que nem eu sei, deve ter sido do livro que estava lendo.
- Isso é lindo, obrigada mana, assim que chegarmos irei pedir para um dos soldados entregar para mim.
Sorri e voltei meu rosto para a janela.
A viagem como havia previsto não demorou muito, o lugar parecia bem aconchegante, simples mas aconchegante, a única coisa grandiosa naquele lugar eram as indústrias, ao redor muitas árvores, pequenas casas, algumas pessoas curiosas se aproximaram com a nossa chegada.
- Vossa Majestade. Alguns gritavam.
- Pegue em nossa mão. Outros.
Enquanto estávamos descendo da carruagem, aquele povo me chamou a atenção, nunca fui tão bem recebida, bom não com todo esse afeto, queria sentir aquilo de perto, foi então que decidi ir na direção daquele povo.
Uma criança veio correndo e abraçou minhas pernas, não pude conter um sorriso.
- Olá amor como você se chama? Me abaixei na frente da pequena garotinha.
- Oi alteza me chamo Mel. Disse com uma voz doce.
- Mel?
- Sim, Mel de Melissa. Explicou.
Ri.
- Entendi, foi um prazer te conhecer Mel.
- Por favor volte para sua mãe. Disse o soldado em um tom de voz autoritário, aliás o mesmo soldado que me barrou esses dias.
- Não te dei ordens para tratar a garota assim. Me pus de pé e encarei o soldado.
- Senhora pela sua segurança precisamos ir. Ele continuou firme.
- Eu gostaria de conhecer meu povo.
- O rei nos orientou para levá-las direto para as indústrias.
- Mas ele não está aqui, e na ausência dele você deve se submeter a mim.
- Sim senhora mas ficarei para garantir sua segurança.
- Ok.
Ver toda aquela gente vibrando com a minha presença me deu ainda mais incentivos para amar ser a futura herdeira ao trono, sentir todo aquele calor humano das pessoas pegando em minhas mãos, alguns abraços roubados.
Sabia que ali era meu lugar, junto com o povo, ninguém melhor do quê o povo.
Até a chegarmos à entrada das indústrias havia um longo caminho para se percorrer, a paisagem era uma das mais belas que já havia visto, muito verde, árvores por todo lado com flores belíssimas de várias cores, um paraíso.Enquanto andávamos uma brisa suave tocava em nossa pele, também pude observar algumas borboletas voando livremente por toda a extensão do jardim, tinha em mim uma incrível sensação de liberdade.Quando cruzamos os portões duas damas bem vestidas se juntou a nós.- Alteza é uma honra tê-la aqui conosco. Disse uma delas, ela parecia bem jovem, mas tinha postura de dar inveja, usava saltos bem altos por que era de pequena estatura, nem mesma eu tinha tanta desenvoltura com eles, era um grande desastre com saltos.- Obrigada, você quem é?- Madame me chamo Sandy Stuart, sou eu quem vou mostrar toda a estrutura das indústrias para a senhora.- Certo, por onde começ
Estava com frio, com fome, e principalmente com saudade de casa. As horas pareciam não passar naquele lugar, queria ao menos poder falar com meus pais dizer que estou bem, a essa altura minha família provavelmente deveria já estar sabendo sobre meu desaparecimento, notícias ruins sempre correm mais rápido do que as boas.Me encolhi embaixo de uma árvore, na tentativa de me aquecer abrecei minhas próprias pernas com os braços. Fazia muito frio ali, e ainda mais por ser uma região montanhosa e ventava muito.Ainda pensava no que eu poderia escrever para meu pai, as razões apontadas por Karl não eram tão ruins assim, mas quando meus pais botam algo na cabeça não desistem fácil, talvez ele ceda de imediato por minha vida estar correndo perigo.- Coma isso. Disse Karl o líder dos rebeldes, estendendo algo enlatado.- O que é isso? Questionei.- Isso é o temos para sobreviver, se quiser algo melhor e
Os olhares daqueles homens de certo modo estavam me incomodando muito, tinha medo de algum momento em que Karl não estivesse, eles tentarem fazer algum mal a mim.Muitos pensamentos tomavam conta da minha cabeça, um deles ao fundo me dizia para fugir, senti meu coração se acelerar diante dessa sugestão o tanto quanto ariscada de mais, a resisti por um bom tempo, mas eu sabia quanto tempo levou para chegarmos até aqui, não havia ninguém por perto, Karl e seus homens estavam um pouco afastados, seria um bom momento para escapar.Olhei para os lados bem discretamente, e no instante em que ninguém estava olhando, dei no pé seguindo uma das trilhas da floresta, espero ter pegado a trilha certa. Eram tantos caminhos que parecia que eu estava em um labirinto.Um pouco distante do acampamento corri, como a fuga precisava ser rápida acabei deixando os calçados para trás isso dificultava ainda mais de correr, porém mesmo ferindo os pés
Minhas costas latejavam de tanta dor, e conforme a noite chegava mais difícil ficava suportar, como gostaria de poder tomar um banho quente nesse momento, e tomar um dos deliciosos chás que madame Stella preparava para nós todos os fins de tarde, como coisas tão simples nos fazem tanta falta, e na correria do dia a dia nem nos damos conta do que realmente vale a pena, sentia falta das conversas ao redor da lareira, da atenção da minha avó, das risadas do meu pai, e até das broncas de minha mãe, dentre todas essas faltas a que eu mais sentia naquele momento era a ausência de Max, aliás desde sua partida tenho me sentido com um pedaço vazio dentro de mim, é que eramos amigos inseparáveis na infância, juntos dividiamos muitas coisas, desde o lanche da tarde até os assuntos mais confidenciais, e eu queria dizer a ele o quanto sentia medo, sentia falta de seu abraço, milha
Meu Deus o que foi que eu acabei de fazer não sei se a ideia que tinha na cabeça seria ouvida, sabia apenas que ela comprometeria todo o futuro com quê havia um dia sonhado mas, foi a solução que encontrei em meio ao meu desespero, não suportaria passar mais um dia se quer naquele lugar.Ainda assim sabendo que essa atitude poderia me trazer sérios problemas, não importava por hoje basta, ninguém aparecia e a espera estava me deixando bem apreensiva, alguns minutos haviam se passado desde que ordenei ao soldado rebelde ir chamar Karl, e não havia nenhum sinal deles, ansiosa ficava a andar de um lado para o outro.- Sobre o que vocês conversaram ontem? Disse Sam surgindo de trás de uma das árvores.- Ai que susto. Ponho as mãos sobre o peito. - Ah é você. Não falamos nada de mais, porque?- Quero que você saiba que Karl é meu, se entrar no meu caminho eu acabo com você.- Mas eu não quero ficar com ele. Fiz pouco caso, dando de ombros. -
Subimos as escadas em direção a sala de reunião que ficava no segundo andar, estava de mãos dadas com a minha mãe, meu pai seguia na frente acompanhado por Karl e seus homens.- Mana!! Ouço Adele gritar no fim do corredor, ela vem correndo ao meu encontro. - Nunca mais faça isso, senti muito sua falta. Disse com um abraço apertado.- Jamais pensei que diria isso mas também senti sua falta.- Ah não, para tudo, eu não ouvi direito, repete pra mim, sentiu o quê?- Esquece o que eu disse.- Quem são estes? Falou baixo olhando a nossa volta.- São os rebeldes que me sequestraram.- E o que eles estão fazendo aqui? Porque trouxe eles com você?- Não foi eu quem os trouxe, na verdade estão aqui para falar com nosso pai.- Tudo bem não importa, o mais importante é que você está viva.- Sabe me dizer se mais alguém sabe do ocorrido?- Não, papai não contou nada a ninguém,
Todo o tempo que havia passado fora, me fez refletir melhor sobre o tipo de pessoa em quê estava me tornando, até o dia do sequestro o trono era para mim, um lugar que eu queria distância mas estava disposta a realmente dar o meu melhor, depois da traição dos meus pais nada mais tem sentido, e estou disposta a dar o meu lugar aos rebeldes.O dia estava lindo, e com a nova estação novas flores, e de todas as cores, o céu de tão azul parecia mais uma tela pintada pelas mãos de Deus, me sentei a grama olhando toda a extensão daquele jardim, tinha o desejo de passar o resto da manhã ali, mas quando meus olhos passaram pelas portas do palácio avistei o pai de Karl se aproximando.Arrumei minha postura a medida que ele chegava mais perto.- Bom dia alteza, como a senhora está?- Estou bem, obrigada.- Confesso que me espantou um pouco a posição que teve ontem, mas admiro que mesmo tão jovem a madame sabe tomar boas decisões.<
Na manhã seguinte me levantei um pouco antes de Adele, vesti algo formal e fui até a sala de madame Lorenza, ela era responsável pela imagem da família real, sempre quando algo acontecia conosco que desrespeitasse aos interesses do povo ela divulgava através de uma nota para em seguida ser posto no jornal oficial.Bati na porta duas vezes e entrei.- Madame?- Olá alteza que honra recebê-lá em minha sala. Sente-se por favor. - Falou puxando a cadeira, e em seguida se sentou. - Em quê posso ser útil?- Madame preciso que você faça uma nota de casamento.- O quê? Ela arregalou os olhos.- Faça uma nota dizendo que a herdeira ao trono escolheu um marido e irá se casar.- Minha nossa, eu posso saber quem seria o sortudo alteza?- O senhor Karl Scoth.- Os Scoth de Murchison?- Sim, algum problema nisso? Não entendi o seu espanto.- Me perdoe alteza, farei o qu