O sono parecia ter fugido, essa hora eu já estaria dormindo se não fosse a tamanha ansiedade para o dia que finalmente irei sair das dependências do palácio, e também obviamente pela ausência de Adele no quarto, como gostaria de ser uma mosquinha só para saber o que está se passando em primeiro encontro com um garoto, não que me importe em saber como ela se saiu, mas por se tratar de Max, isso esta mexendo comigo de alguma forma, prometi para mim mesma dia de não me apaixonar por ele, mas toda vez que ele vem em minha mente sinto algo diferente, nunca senti algo assim.
Como o sono não vinha de jeito nenhum aproveitei para ajudar Sophie a arrumar as malas talvez isso contribuísse para meu sono voltar.
- Sophie sabe alguma coisa sobre o amor?
- Infelizmente não madame, meus relacionamentos nunca dão certo, acho que não nasci para isso, mas por que a pergunta?
- Você acha que de uma amizade possa nascer um amor?
- Não só acho como tenho certeza, a senhora está gostando de algum amigo? Me desculpe a pergunta.
- Não, era só uma curiosidade.
Algum tempo depois Adele entra no nosso quarto, seu semblante estava bem pacífico, também aparentava estar um pouco avoada.
- Como foi? Pergunto.
- Muito melhor do que eu podia imaginar.
- E vocês falaram sobre o que?
- Sobre nós.
- Bom foi só isso.
- Amanhã a gente conversa sobre isso tá, agora eu preciso tomar um banho e dormir.
Sabia que esse amanhã nunca chegaria mas valeu a tentativa, algo nos seus olhos me dizia que houve muito mais que uma conversa entre eles, a segui com meus olhos enquanto ia ao banheiro.
Quando ela fechou a porta do banheiro, peguei um casaco que estava por cima de uma cadeira nosso quarto, de alguma forma eu precisava saber o que houve entre eles, precisava dizer algo para Max, olhei da janela do meu quarto para ver se os cavalos de Norseman ainda estavam no nosso jardim, pude ver o príncipe se aproximar de um deles.
Abri a porta e sai em disparada, desci as escadas o mais rápido de pude, durante o caminho acabei topando alguns objetos, mas continuei andando rapidamente, ao cruzar as portas do palácio, bem ofegante, vi partirem os cavalos da tropa de Norseman.
- Não, voltem aqui. Gritei frustada. - Max.
A carruagem continuou andando, mas alguém me ouviu, um dos condutores, e parou bruscamente, Max assustado colocou a cabeça para fora, a fim de ver o motivo de a carruagem ter parado, quando me viu desceu apressadamente.
- Está louca? O que veio fazer aqui?
Com um sentimento de perda gritando em meu peito, o abracei bem forte, ele ficou meio sem entender mas depois cedeu, e me envolveu em seus braços.
- O que foi meu anjo?
Ele nunca havia me chamado assim antes, estranhei essa maneira de ser chamada.
- Por que está me chamando assim?
- Qualquer garota gostaria de ser chamada assim, é um apelido carinhoso qual o problema?
- Você também chama assim outras garotas?
- Não Aysha, você é a única.
- Como chamou Adele?
- Ãh? Você está agindo muito estranha esses últimos dias, por que veio atrás de mim?
- Você não respondeu minha pergunta, como você chamou minha irmã hoje no jantar?
- Não me lembro, mas acho que foi pelo nome mesmo, Aysha o que está havendo.
- Estou precisando do meu amigo, é só isso, será que tem um tempo pra mim?
Ele abriu um sorriso de lado.
- Claro que eu tenho.
- Então vem comigo. O puxei pela mão até a casa da árvore.
Como era bom ter Max de volta, ninguém me entendia melhor do que ele, e a vovó claro, mas ele era diferente tínhamos idade bem próxima então falávamos praticamente a mesma língua, e eu não queria ir viajar sem antes falar com ele.
Caminhamos então sentido a casa da árvore, durante o caminho percebi que ainda não havia soltado minha mão da dele, estava um pouco a sua frente, nesse curto espaço de tempo não mencionam nenhuma palavra sequer, quando chegamos ao local onde a árvore estava soltamos nossas mãos, senti minhas bochechas queimarem quando ele deslizou bem devagar a sua mão da minha.
- Anda vamos não temos muito tempo. Falei.
Subimos a escada de corda que dava para a casinha, ele foi na frente e me ajudou no final da escada, em seguida nos assentamos em um pequeno tapete ao chão.
- Então o que você tem pra me dizer? Perguntou sem rodeios.
- Amanhã estou indo para Thonson, vou passar uns dias lá resolvendo algumas coisas referente ao nosso reino, estou com medo de algo dar errado, e acabar quebrando a confiança do meu pai.
- Você não precisa ter medo, confie em si mesma que tudo dará certo, sei que você é capaz. Disse Max olhando nos meus olhos, era uma maneira de me passar segurança.
- Obrigada Max.
- Sinto que não era só isso que você tinha para me falar.
Como ele me conhecia, uma linha de expressão se formou em seu rosto, enquanto tentava descobrir o que mais eu escondia para falar.
- Era só isso? Insistiu.
- Não.
- Então me diga?
- Você escolheu Adele para ser sua noiva?
Ele abre um sorriso malicioso.
- O que foi? Pergunto visivelmente irritada com seu riso.
- Eu já escolhi uma noiva, mas o problema é que ela não me escolheu.
- Ãh? Como assim?
- Deixa pra lá, mas respondendo sua pergunta Adele e eu estamos nos conhecendo ainda é bem cedo para saber se poderemos ser noivos.
Tive de segurar um respiro de alívio que veio imediatamente seguida a sua resposta.
- Não vou deixar pra lá, quem é a sua escolhida? Você não pode enganar minha irmã se tem alguém na cabeça.
- Acho que você não deve saber por enquanto.
- Eu imploro Max, amigos não guardam segredos uns dos outros, eu te conto um meu aí ficamos quites, beleza?
Ele riu.
- Tá então conta você primeiro.
- Não, e se eu contar e você não falar nada depois.
- Acho que você não tem segredo nenhum e só está me enrolando.
- Eu tenho sim.
- Então conta.
- Não, só se você falar quem é a sua escolhida.
Ele respirou fundo.
- Falando sério não posso te contar agora.
- Meu primeiro beijo foi com o príncipe Nicholas, pronto falei agora conta o seu.
- O quê? Ele ficou pasmo com o que acabara de ouvir.
- Sim, foi no Natal.
- Você gosta dele?
Percebi uma leve alteração em seu tom de voz.
- Um segredo por um segredo, não revelo mais nada se você não me contar o seu.
- Ela não era ninguém, agora se me der licença está tarde e eu preciso ir.
- Max fique, por favor.
- Está bem eu fico mais me conte como foi que aconteceu isso?
- Isso o quê? O beijo? Foi horrível ele não sabe beijar.
Ele riu nessa parte.
- E você sabia?
- Filho eu nasci sabendo. Dei uma piscadela.
Ele gargalhou.
- Porque está rindo, você por acaso sabe?
- Claro que eu sei.
Minha vez de cair na gargalhada.
- Quem foi a primeira garota que você beijou?
- Quem está aí em cima.
- Aysha?
Olhei para baixo para ver quem estaria me chamando, provavelmente isso era coisa de Adele ela debe ter contado para meus pais da minha ausência.
- Oi mãe estou indo.
- Tem alguém ai com você?
Se eu falasse que Max estava comigo ela iria encher minha paciência até meus cinqüenta anos. Ri sozinha.
- Não, estou falando comigo mesma algum problema nisso?
Ela me incarou como se eu estivesse ficando louca.
- Ash. Chamou Max.
- Cala a boca. Me virei para ele.
Ele apontou para a janela, era tarde Adele tinha nos visto da janela do meu quarto. Ela fechou a janela do quarto com força quando olhei para ela.
- Acho melhor você ir mesmo.
- Aysha. Gritou mais uma vez minha mãe.
- Estou indo. Gritei de volta.
- Espere ela sair e você vai. Disse para Max.
Ele confirmou com a cabeça.
Ficamos quietos até eu ter certeza de que ela já havia ido. Olhei novamente para baixo, e como minhas suspeitas ela não estava mais lá embaixo.
- Boa sorte amanhã meu anjo.
- Obrigada.
- Nos vemos em breve. beijou minha bochecha.
- Sim, ah mais uma coisa. - segurei sua mão antes dele partir. - Você ainda me deve um segredo.
Um sorriso seu escapou fácil.
- Tchau.
Depois da despedida de Max, voltei ao meu quarto, pela porta da casa da árvore que dava de frente para a sacada do nosso quarto.Adele estava em sua cama completamente coberta, sabia que ela não estava dormindo ainda, mas não quis dar a ela explicações referente ao que ela acabara de ver para evitar mais possíveis problemas.Nos levantamos ainda de madrugada não que a viagem fosse longa mas por uma questão de segurança segundo meus pais. Prendi meus cabelos em um coque lateral com parte da franja solta, Sophie me preparou um vestido lilás bem confortável para a viagem.- Bom dia. Falei me virando para Adele que estava saindo do seu closet.Ela estava perfeita, usava um vestido preto cumprido bem ajustado na cintura, os cabelos presos em um rabo de cavalo com cachos nas pontas.- Bom dia. Respondeu seca.- Del, você sabe que ele é só meu amigo, por favor não fique chateada co
Até a chegarmos à entrada das indústrias havia um longo caminho para se percorrer, a paisagem era uma das mais belas que já havia visto, muito verde, árvores por todo lado com flores belíssimas de várias cores, um paraíso.Enquanto andávamos uma brisa suave tocava em nossa pele, também pude observar algumas borboletas voando livremente por toda a extensão do jardim, tinha em mim uma incrível sensação de liberdade.Quando cruzamos os portões duas damas bem vestidas se juntou a nós.- Alteza é uma honra tê-la aqui conosco. Disse uma delas, ela parecia bem jovem, mas tinha postura de dar inveja, usava saltos bem altos por que era de pequena estatura, nem mesma eu tinha tanta desenvoltura com eles, era um grande desastre com saltos.- Obrigada, você quem é?- Madame me chamo Sandy Stuart, sou eu quem vou mostrar toda a estrutura das indústrias para a senhora.- Certo, por onde começ
Estava com frio, com fome, e principalmente com saudade de casa. As horas pareciam não passar naquele lugar, queria ao menos poder falar com meus pais dizer que estou bem, a essa altura minha família provavelmente deveria já estar sabendo sobre meu desaparecimento, notícias ruins sempre correm mais rápido do que as boas.Me encolhi embaixo de uma árvore, na tentativa de me aquecer abrecei minhas próprias pernas com os braços. Fazia muito frio ali, e ainda mais por ser uma região montanhosa e ventava muito.Ainda pensava no que eu poderia escrever para meu pai, as razões apontadas por Karl não eram tão ruins assim, mas quando meus pais botam algo na cabeça não desistem fácil, talvez ele ceda de imediato por minha vida estar correndo perigo.- Coma isso. Disse Karl o líder dos rebeldes, estendendo algo enlatado.- O que é isso? Questionei.- Isso é o temos para sobreviver, se quiser algo melhor e
Os olhares daqueles homens de certo modo estavam me incomodando muito, tinha medo de algum momento em que Karl não estivesse, eles tentarem fazer algum mal a mim.Muitos pensamentos tomavam conta da minha cabeça, um deles ao fundo me dizia para fugir, senti meu coração se acelerar diante dessa sugestão o tanto quanto ariscada de mais, a resisti por um bom tempo, mas eu sabia quanto tempo levou para chegarmos até aqui, não havia ninguém por perto, Karl e seus homens estavam um pouco afastados, seria um bom momento para escapar.Olhei para os lados bem discretamente, e no instante em que ninguém estava olhando, dei no pé seguindo uma das trilhas da floresta, espero ter pegado a trilha certa. Eram tantos caminhos que parecia que eu estava em um labirinto.Um pouco distante do acampamento corri, como a fuga precisava ser rápida acabei deixando os calçados para trás isso dificultava ainda mais de correr, porém mesmo ferindo os pés
Minhas costas latejavam de tanta dor, e conforme a noite chegava mais difícil ficava suportar, como gostaria de poder tomar um banho quente nesse momento, e tomar um dos deliciosos chás que madame Stella preparava para nós todos os fins de tarde, como coisas tão simples nos fazem tanta falta, e na correria do dia a dia nem nos damos conta do que realmente vale a pena, sentia falta das conversas ao redor da lareira, da atenção da minha avó, das risadas do meu pai, e até das broncas de minha mãe, dentre todas essas faltas a que eu mais sentia naquele momento era a ausência de Max, aliás desde sua partida tenho me sentido com um pedaço vazio dentro de mim, é que eramos amigos inseparáveis na infância, juntos dividiamos muitas coisas, desde o lanche da tarde até os assuntos mais confidenciais, e eu queria dizer a ele o quanto sentia medo, sentia falta de seu abraço, milha
Meu Deus o que foi que eu acabei de fazer não sei se a ideia que tinha na cabeça seria ouvida, sabia apenas que ela comprometeria todo o futuro com quê havia um dia sonhado mas, foi a solução que encontrei em meio ao meu desespero, não suportaria passar mais um dia se quer naquele lugar.Ainda assim sabendo que essa atitude poderia me trazer sérios problemas, não importava por hoje basta, ninguém aparecia e a espera estava me deixando bem apreensiva, alguns minutos haviam se passado desde que ordenei ao soldado rebelde ir chamar Karl, e não havia nenhum sinal deles, ansiosa ficava a andar de um lado para o outro.- Sobre o que vocês conversaram ontem? Disse Sam surgindo de trás de uma das árvores.- Ai que susto. Ponho as mãos sobre o peito. - Ah é você. Não falamos nada de mais, porque?- Quero que você saiba que Karl é meu, se entrar no meu caminho eu acabo com você.- Mas eu não quero ficar com ele. Fiz pouco caso, dando de ombros. -
Subimos as escadas em direção a sala de reunião que ficava no segundo andar, estava de mãos dadas com a minha mãe, meu pai seguia na frente acompanhado por Karl e seus homens.- Mana!! Ouço Adele gritar no fim do corredor, ela vem correndo ao meu encontro. - Nunca mais faça isso, senti muito sua falta. Disse com um abraço apertado.- Jamais pensei que diria isso mas também senti sua falta.- Ah não, para tudo, eu não ouvi direito, repete pra mim, sentiu o quê?- Esquece o que eu disse.- Quem são estes? Falou baixo olhando a nossa volta.- São os rebeldes que me sequestraram.- E o que eles estão fazendo aqui? Porque trouxe eles com você?- Não foi eu quem os trouxe, na verdade estão aqui para falar com nosso pai.- Tudo bem não importa, o mais importante é que você está viva.- Sabe me dizer se mais alguém sabe do ocorrido?- Não, papai não contou nada a ninguém,
Todo o tempo que havia passado fora, me fez refletir melhor sobre o tipo de pessoa em quê estava me tornando, até o dia do sequestro o trono era para mim, um lugar que eu queria distância mas estava disposta a realmente dar o meu melhor, depois da traição dos meus pais nada mais tem sentido, e estou disposta a dar o meu lugar aos rebeldes.O dia estava lindo, e com a nova estação novas flores, e de todas as cores, o céu de tão azul parecia mais uma tela pintada pelas mãos de Deus, me sentei a grama olhando toda a extensão daquele jardim, tinha o desejo de passar o resto da manhã ali, mas quando meus olhos passaram pelas portas do palácio avistei o pai de Karl se aproximando.Arrumei minha postura a medida que ele chegava mais perto.- Bom dia alteza, como a senhora está?- Estou bem, obrigada.- Confesso que me espantou um pouco a posição que teve ontem, mas admiro que mesmo tão jovem a madame sabe tomar boas decisões.<