Estava com frio, com fome, e principalmente com saudade de casa. As horas pareciam não passar naquele lugar, queria ao menos poder falar com meus pais dizer que estou bem, a essa altura minha família provavelmente deveria já estar sabendo sobre meu desaparecimento, notícias ruins sempre correm mais rápido do que as boas.
Me encolhi embaixo de uma árvore, na tentativa de me aquecer abrecei minhas próprias pernas com os braços. Fazia muito frio ali, e ainda mais por ser uma região montanhosa e ventava muito.
Ainda pensava no que eu poderia escrever para meu pai, as razões apontadas por Karl não eram tão ruins assim, mas quando meus pais botam algo na cabeça não desistem fácil, talvez ele ceda de imediato por minha vida estar correndo perigo.
- Coma isso. Disse Karl o líder dos rebeldes, estendendo algo enlatado.
- O que é isso? Questionei.
- Isso é o temos para sobreviver, se quiser algo melhor e
Os olhares daqueles homens de certo modo estavam me incomodando muito, tinha medo de algum momento em que Karl não estivesse, eles tentarem fazer algum mal a mim.Muitos pensamentos tomavam conta da minha cabeça, um deles ao fundo me dizia para fugir, senti meu coração se acelerar diante dessa sugestão o tanto quanto ariscada de mais, a resisti por um bom tempo, mas eu sabia quanto tempo levou para chegarmos até aqui, não havia ninguém por perto, Karl e seus homens estavam um pouco afastados, seria um bom momento para escapar.Olhei para os lados bem discretamente, e no instante em que ninguém estava olhando, dei no pé seguindo uma das trilhas da floresta, espero ter pegado a trilha certa. Eram tantos caminhos que parecia que eu estava em um labirinto.Um pouco distante do acampamento corri, como a fuga precisava ser rápida acabei deixando os calçados para trás isso dificultava ainda mais de correr, porém mesmo ferindo os pés
Minhas costas latejavam de tanta dor, e conforme a noite chegava mais difícil ficava suportar, como gostaria de poder tomar um banho quente nesse momento, e tomar um dos deliciosos chás que madame Stella preparava para nós todos os fins de tarde, como coisas tão simples nos fazem tanta falta, e na correria do dia a dia nem nos damos conta do que realmente vale a pena, sentia falta das conversas ao redor da lareira, da atenção da minha avó, das risadas do meu pai, e até das broncas de minha mãe, dentre todas essas faltas a que eu mais sentia naquele momento era a ausência de Max, aliás desde sua partida tenho me sentido com um pedaço vazio dentro de mim, é que eramos amigos inseparáveis na infância, juntos dividiamos muitas coisas, desde o lanche da tarde até os assuntos mais confidenciais, e eu queria dizer a ele o quanto sentia medo, sentia falta de seu abraço, milha
Meu Deus o que foi que eu acabei de fazer não sei se a ideia que tinha na cabeça seria ouvida, sabia apenas que ela comprometeria todo o futuro com quê havia um dia sonhado mas, foi a solução que encontrei em meio ao meu desespero, não suportaria passar mais um dia se quer naquele lugar.Ainda assim sabendo que essa atitude poderia me trazer sérios problemas, não importava por hoje basta, ninguém aparecia e a espera estava me deixando bem apreensiva, alguns minutos haviam se passado desde que ordenei ao soldado rebelde ir chamar Karl, e não havia nenhum sinal deles, ansiosa ficava a andar de um lado para o outro.- Sobre o que vocês conversaram ontem? Disse Sam surgindo de trás de uma das árvores.- Ai que susto. Ponho as mãos sobre o peito. - Ah é você. Não falamos nada de mais, porque?- Quero que você saiba que Karl é meu, se entrar no meu caminho eu acabo com você.- Mas eu não quero ficar com ele. Fiz pouco caso, dando de ombros. -
Subimos as escadas em direção a sala de reunião que ficava no segundo andar, estava de mãos dadas com a minha mãe, meu pai seguia na frente acompanhado por Karl e seus homens.- Mana!! Ouço Adele gritar no fim do corredor, ela vem correndo ao meu encontro. - Nunca mais faça isso, senti muito sua falta. Disse com um abraço apertado.- Jamais pensei que diria isso mas também senti sua falta.- Ah não, para tudo, eu não ouvi direito, repete pra mim, sentiu o quê?- Esquece o que eu disse.- Quem são estes? Falou baixo olhando a nossa volta.- São os rebeldes que me sequestraram.- E o que eles estão fazendo aqui? Porque trouxe eles com você?- Não foi eu quem os trouxe, na verdade estão aqui para falar com nosso pai.- Tudo bem não importa, o mais importante é que você está viva.- Sabe me dizer se mais alguém sabe do ocorrido?- Não, papai não contou nada a ninguém,
Todo o tempo que havia passado fora, me fez refletir melhor sobre o tipo de pessoa em quê estava me tornando, até o dia do sequestro o trono era para mim, um lugar que eu queria distância mas estava disposta a realmente dar o meu melhor, depois da traição dos meus pais nada mais tem sentido, e estou disposta a dar o meu lugar aos rebeldes.O dia estava lindo, e com a nova estação novas flores, e de todas as cores, o céu de tão azul parecia mais uma tela pintada pelas mãos de Deus, me sentei a grama olhando toda a extensão daquele jardim, tinha o desejo de passar o resto da manhã ali, mas quando meus olhos passaram pelas portas do palácio avistei o pai de Karl se aproximando.Arrumei minha postura a medida que ele chegava mais perto.- Bom dia alteza, como a senhora está?- Estou bem, obrigada.- Confesso que me espantou um pouco a posição que teve ontem, mas admiro que mesmo tão jovem a madame sabe tomar boas decisões.<
Na manhã seguinte me levantei um pouco antes de Adele, vesti algo formal e fui até a sala de madame Lorenza, ela era responsável pela imagem da família real, sempre quando algo acontecia conosco que desrespeitasse aos interesses do povo ela divulgava através de uma nota para em seguida ser posto no jornal oficial.Bati na porta duas vezes e entrei.- Madame?- Olá alteza que honra recebê-lá em minha sala. Sente-se por favor. - Falou puxando a cadeira, e em seguida se sentou. - Em quê posso ser útil?- Madame preciso que você faça uma nota de casamento.- O quê? Ela arregalou os olhos.- Faça uma nota dizendo que a herdeira ao trono escolheu um marido e irá se casar.- Minha nossa, eu posso saber quem seria o sortudo alteza?- O senhor Karl Scoth.- Os Scoth de Murchison?- Sim, algum problema nisso? Não entendi o seu espanto.- Me perdoe alteza, farei o qu
Não tenho certeza do que ocorreu na noite anterior e de como fui parar em meu quarto, tenho uma vaga lembrança de estar com Karl no jardim e uma sensação estranha da qual não sei de onde vem, também me recordo vagarosamente dele ter me segurado em seus braços para me levar para o quarto, só eu havia passado dos limites naquela noite.Tantas coisas passavam pela minha cabeça, tive medo de ter aberto a boca além do que devia.Desci as escadas para tomar o café na companhia da minha família, pois alguns dos convidados ficaram hospedados no palácio devida a festa ter durado quase a noite inteira, e eles moravam bem longe, quis fazer uma média.A mesa estava posta, minha boca se encheu d'agua quando meus olhos viram aquela diversidade de opções, embora tenhamos condições para fazermos mais vezes, não era de costume ter a mesa cheia, isso porque nem sempre tínhamos tempo para comer juntos.Meus pais ainda não tinham descido, na mesa só estav
Karl me acompanhou até meu quarto sua companhia me fazia bem, parecia que nos conhecíamos a anos, eu não tinha receio nenhum em contar a ele sobre meus medos, inseguranças, sabe quando você sabe que pode confiar em uma pessoa, e pensar que quase morri em suas mãos não faz mas nenhum sentido tudo aquilo, estar conhecendo o verdadeiro Karl que é completamente diferente daquele cara marrento, assustador, encontrei um novo amigo, alguém com quem posso contar, agora sei por que Samantha havia se apaixonado por ele, me sentia segura ao seu lado.- Eu estou pensando em dar uma volta conheço uns lugares legais aqui na cidade, se estiver cansada de ficar aqui.- Mas e a Samantha?- Nós brigamos outra vez.- Ah não eu estou atrapalhando tudo entre vocês.- Isso não é culpa sua Aysha.- Claro que é, mas porque vocês brigaram?- Ela acha que algo está acontecendo entre nós, está com ciúme.- Karl voc