Até a chegarmos à entrada das indústrias havia um longo caminho para se percorrer, a paisagem era uma das mais belas que já havia visto, muito verde, árvores por todo lado com flores belíssimas de várias cores, um paraíso.
Enquanto andávamos uma brisa suave tocava em nossa pele, também pude observar algumas borboletas voando livremente por toda a extensão do jardim, tinha em mim uma incrível sensação de liberdade.
Quando cruzamos os portões duas damas bem vestidas se juntou a nós.
- Alteza é uma honra tê-la aqui conosco. Disse uma delas, ela parecia bem jovem, mas tinha postura de dar inveja, usava saltos bem altos por que era de pequena estatura, nem mesma eu tinha tanta desenvoltura com eles, era um grande desastre com saltos.
- Obrigada, você quem é?
- Madame me chamo Sandy Stuart, sou eu quem vou mostrar toda a estrutura das indústrias para a senhora.
- Certo, por onde começamos?
- A senhora não deseja descansar um pouco da viajem? Preparamos uma sala especial para vossa Alteza.
- Ah sim, claro.
-Me acompanhe por favor.
A outra moça vinha ao lado de Adele elas conversavam sobre meus pais, pelo visto ela era conhecida, nossos soldados ficaram um pouco mais atrás na medida que viram que o lugar era seguro.
O lugar estava organizado mas tinha uma leve impressão de que parecia ter sido acabado de ser arrumado, algumas coisas ainda estavam fora de ordem, e também notei que Sandy esfregava uma mão na outra um sinal evidente de nervoso, mas por que uma vez que ela foi preparada para receber a família real?
Ela abriu a porta de uma sala, ela não era tão espaçosa quanto a do palácio, mas era aconchegante, um tom de pastel na parede, uma mesa no centro com duas cadeiras, e uma prateira com poucos livros, ao entrar senti meu nariz formigar, uma vontade de espirrar, devido a falta de ventilação do lugar, as janelas fechadas e o acúmulo de poeira, tomei a iniciativa de abrir aquelas cortinas.
- Alteza precisamos conversar, as coisas não vão nada bem. Ela disse enquanto fechava a porta.
Eu havia notado além do tom de sua voz, algumas partes da parede estavam com marcas de tiro, por isso que deixaram as janelas fechadas não queriam que fosse descoberto.
- O que está havendo? Perguntei intrigada.
- Estamos sendo atacados.
- Atacados? Mas por quem? E por qual motivo? Meu pai foi informado?
- Não madame, o Rei esteve aqui semana passada resolvemos não contar nada a ele porque pensamos que poderíamos controlar os ataques, pensamos que se tratava apenas de sem tetos, mas na verdade são rebeldes, e não sabemos ainda o que querem.
- Quando foi a última vez que atacaram?
- Ontem.
- O quê?
- Sim, eles gritavam pelo rei, destroem tudo pela frente, não sabemos mais o que fazer.
- Vocês não tem pista nenhuma de quem sejam?
- Não, temos apenas um comunicado que deixaram depois que partiram.
- Deixe- me ver.
Ela segue até a prateleira e pega um livro, dentro dele uma folha que me entrega. O papel apresentava várias manchas amareladas, nele haviam letras cortadas de revistas e jornais onde se formavam uma frase.
" Queremos Murchison de volta"
Assim como houve a união dos meus pais, também Murchison deixou de existir se tornando um só reino juntamente com Kalgoorlie, isso não partiu apenas dos meus pais, nossos ministros entraram em um consenso e todos concordaram, também o povo opinou e a grande maioria concordou.
- Não entendo o porque disso?
- Senhora muito menos eu, mas se não parar todos morreremos até que eles cheguem ao Rei.
- Você acha que eles podem voltar em breve?
- Sim. - ela responde cabisbaixa. - Ainda mais se eles tiverem informantes no nosso meio e eles saberem que a senhora esta aqui.
- Se eles ainda estão por perto não teremos tempo suficiente para fugir.
- Tem razão madame, eu sinto muito não ter contado antes.
- Não precisa de desculpar encontraremos uma solução para isso.
- A senhora não acha melhor informarmos o Rei?
- Não, quero mostrar ao meu pai que consigo resolver as coisas sozinha, que ele pode confiar em mim.
- Mas e se atacarem o que faremos?
- Deixe eles chegarem até nós, é o único meio de saber o que realmente querem.
Eu suava frio mas tentava não demonstrar meu medo, sabia que essa poderia ser uma grande forma de mostrar aos meus pais que estou pronta para assumir o reino, enquanto buscava encontrar alguma solução para o problema alguém bate na porta, era um dos soldados.
- Senhor Thomas, aconteceu alguma coisa?
- Sim madame encontramos mais algumas cartas. Disse meio receoso.
- A princesa está sabendo.
- Aqui diz sobre um novo ataque, e que eles querem o Rei.
- Meu Deus não consigo entender porque querem meu pai? Tudo está tão confuso pra mim, mas precisamos nos precaver, soldado reforce a segurança, e você Sophie encontre um lugar onde poderemos nos refugiar.
- Sim senhora. Ela responde saindo apressadamente.
O que dizem sobre gêmeos é a mais pura realidade Adele percebendo meu incômodo veio ver o que estava se passando, sentíamos quando a outra não estava bem.
- Aysha me diga porque está com essa cara, tem algo de errado acontecendo?
- Seremos atacados a qualquer momento.
- Meu Deus!! - disse com as mãos sobre a boca. - Temos que sair daqui.
- Não!!
- Mas se ficarmos poderemos morrer.
- Sophie foi encontrar um lugar para você se refugiar, eu ficarei aqui para saber o que querem.
- Aysha e se você morrer?
- Você assuma o trono em meu lugar.
- Eu te amo.
- Também te amo, agora vá.
Madame Sophie assim que encontrou um lugar veio nos buscar, ela veio acompanhada de mais três soldados.
- Vamos alteza.
- Leve Adele com você eu ficarei.
- O quê?! A senhora não pode ficar.
- Eu vou ficar, por favor siga minhas ordens.
Ela consentiu e saiu de mãos dadas com Adele para o abrigo que encontrara.
Fui rodeada por vários soldados todos bem armados, sabia que a qualquer momento poderíamos ser atacados, por dentro me sentia desolada, mas procurava não demonstrar isso do lado de fora, não havia me preparado para uma situação dessas antes, não tinha ideia nenhuma do que fazer, um dos soldados chefes me passava algumas orientações básicas.
Duas horas se passaram e nada, pensei na possibilidade de ser um trote ou talvez estivessem blefando. Mas ainda assim os soldados permaneciam firmes ao meu redor. Meus estômago fazia uns barulhos estranhos tamanha a fome que estava sentindo, me deixava um pouco constrangida.
- Alteza quer que eu busque algo para a senhora? Disse um dos soldados.
- Por favor. Respondo envergonhada.
Enquanto aguardava o soldado me trazer algo para comer percebi que alguém me olhava friamente, incomodada voltei os olhos rapidamente para pessoa, mas a mesma mantinha os olhos em mim, um arrepio passou pelo meu corpo, uma sensação estranha.
Se tratava do mesmo soldado que havia me barrado outro dia no celeiro, o mesmo que me impediu de falar com aquelas pessoas na entrada das indústrias, bem suavemente ele levou as mãos para trás das costas, um sinal, ele era um dos informantes. Depois disto tiros vindos da parte de fora que acabaram por estourar varias vidraças das janelas, também houve uma invasão, minha única reação foi correr, eles eram muitos, e apareciam de várias partes, usavam roupas de cor vermelha, alguns soldados vinham seguidos de mim, nossos soldados eram poucos a grande maioria ficava no palácio, outros dois a minha frente, por não conhecer o lugar isso dificultava ainda mais nossa fuga, jamais pensei que seria dessa forma.
Corremos em direção à um dos corredores, mas fomos surpreendidos por mais homens, eles tiraram a vida dos dois dos nossos soldados que estavam a minha frente, tive que dar meia volta para fugir, enquanto os outros soldados lutavam com os rebeldes, durante a fuga senti um forte impacto em uma das pernas enquando corria fui atingida.
Não dava mais para correr aquela dor ficava cada vez mais intensa, e estava perdendo muito sangue. Até que um dos homens me alcançou, segurou firme meu braço apontando sua arma em minha direção.
- Venha comigo Alteza. Dizia me puxando com certa força.
- Não consigo andar fui atingida. Reclamei para ele.
Ele me encarou por alguns segundos, depois fez uma espécie de assovio chamando um de seus homens, enquanto o outro me segurava, ele rasgou uma parte do meu vestido e amarrou na minha perna ferida para estancar o sangue.
Do lado de fora taparam meus olhos com uma venda, amarraram meus braços e me puseram em uma carruagem.
Não tinha ideia de para onde estariam me levando, nem de voltaria viva para contar a história, mas meu desejo era poder salvar minha família, ser digna de confiança.
Os homens não falaram nada durante o caminho, também não demorou muito para chegar, contei exatamente quanto tempo levou para chegar, foram quinze minutos, quando a carruagem parou um dos homens puxou a venda dos meus olhos bruscamente.
- Ai. Falei.
Ainda estava claro o dia, o lugar em que paramos como havia previsto era bem deserto, no meio de uma montanha, muitas árvores, um vento frio de arrepiar, também alguns cavalos e mais homens de vermelho. Um deles, bem jovem por sinal, além da vestimenta em vermelho usava uma boina preta com um símbolo antigo da cidade de Murchison, se aproximou.
- Alteza que honra recebê- la. Disse o homem com uma breve reverência.
- O que você quer?
- Calma, deixe-me apresentar primeiro, me chamo Karl Scoth de Murchison, ou melhor de Kalgoorlie agora.
- Diga o que você quer? Insisti.
- Queremos o que é nosso por direito.
- Você não está sendo claro para mim!?
- Deixe explicar então, desde que o Rei decidiu juntar as duas províncias, Murchison tem sido o mais prejudicado, enquanto Kalgoorlie recebe todo o mérito, nosso reino está na decadência.
- Isso não é verdade. Acabei o interrompendo.
- Eu tenho provas disso alteza, nós não queremos nada de Kalgoorlie apenas que o Rei nos devolva nossas terras.
- Isso não pode ser feito.
- Então ninguém será poupado.
- Eu imploro não faça nada contra a minha família.
- A escolha está em suas mãos.
- Me dê uma chance de falar com meu pai, sei que ele dará uma solução para esse problema.
- Segundo as escrituras eu seria o futuro sucessor ao trono, se não fosse a sua família, você ficará aqui e irá escrever para ele, caso ele concorde em desfazer essa união dos Reinos então você será livre do contrário será morta.
- Ah?
- Não estou brincando. Tome aqui um papel, quero que escreva a próprio punho para ele.
Estava com frio, com fome, e principalmente com saudade de casa. As horas pareciam não passar naquele lugar, queria ao menos poder falar com meus pais dizer que estou bem, a essa altura minha família provavelmente deveria já estar sabendo sobre meu desaparecimento, notícias ruins sempre correm mais rápido do que as boas.Me encolhi embaixo de uma árvore, na tentativa de me aquecer abrecei minhas próprias pernas com os braços. Fazia muito frio ali, e ainda mais por ser uma região montanhosa e ventava muito.Ainda pensava no que eu poderia escrever para meu pai, as razões apontadas por Karl não eram tão ruins assim, mas quando meus pais botam algo na cabeça não desistem fácil, talvez ele ceda de imediato por minha vida estar correndo perigo.- Coma isso. Disse Karl o líder dos rebeldes, estendendo algo enlatado.- O que é isso? Questionei.- Isso é o temos para sobreviver, se quiser algo melhor e
Os olhares daqueles homens de certo modo estavam me incomodando muito, tinha medo de algum momento em que Karl não estivesse, eles tentarem fazer algum mal a mim.Muitos pensamentos tomavam conta da minha cabeça, um deles ao fundo me dizia para fugir, senti meu coração se acelerar diante dessa sugestão o tanto quanto ariscada de mais, a resisti por um bom tempo, mas eu sabia quanto tempo levou para chegarmos até aqui, não havia ninguém por perto, Karl e seus homens estavam um pouco afastados, seria um bom momento para escapar.Olhei para os lados bem discretamente, e no instante em que ninguém estava olhando, dei no pé seguindo uma das trilhas da floresta, espero ter pegado a trilha certa. Eram tantos caminhos que parecia que eu estava em um labirinto.Um pouco distante do acampamento corri, como a fuga precisava ser rápida acabei deixando os calçados para trás isso dificultava ainda mais de correr, porém mesmo ferindo os pés
Minhas costas latejavam de tanta dor, e conforme a noite chegava mais difícil ficava suportar, como gostaria de poder tomar um banho quente nesse momento, e tomar um dos deliciosos chás que madame Stella preparava para nós todos os fins de tarde, como coisas tão simples nos fazem tanta falta, e na correria do dia a dia nem nos damos conta do que realmente vale a pena, sentia falta das conversas ao redor da lareira, da atenção da minha avó, das risadas do meu pai, e até das broncas de minha mãe, dentre todas essas faltas a que eu mais sentia naquele momento era a ausência de Max, aliás desde sua partida tenho me sentido com um pedaço vazio dentro de mim, é que eramos amigos inseparáveis na infância, juntos dividiamos muitas coisas, desde o lanche da tarde até os assuntos mais confidenciais, e eu queria dizer a ele o quanto sentia medo, sentia falta de seu abraço, milha
Meu Deus o que foi que eu acabei de fazer não sei se a ideia que tinha na cabeça seria ouvida, sabia apenas que ela comprometeria todo o futuro com quê havia um dia sonhado mas, foi a solução que encontrei em meio ao meu desespero, não suportaria passar mais um dia se quer naquele lugar.Ainda assim sabendo que essa atitude poderia me trazer sérios problemas, não importava por hoje basta, ninguém aparecia e a espera estava me deixando bem apreensiva, alguns minutos haviam se passado desde que ordenei ao soldado rebelde ir chamar Karl, e não havia nenhum sinal deles, ansiosa ficava a andar de um lado para o outro.- Sobre o que vocês conversaram ontem? Disse Sam surgindo de trás de uma das árvores.- Ai que susto. Ponho as mãos sobre o peito. - Ah é você. Não falamos nada de mais, porque?- Quero que você saiba que Karl é meu, se entrar no meu caminho eu acabo com você.- Mas eu não quero ficar com ele. Fiz pouco caso, dando de ombros. -
Subimos as escadas em direção a sala de reunião que ficava no segundo andar, estava de mãos dadas com a minha mãe, meu pai seguia na frente acompanhado por Karl e seus homens.- Mana!! Ouço Adele gritar no fim do corredor, ela vem correndo ao meu encontro. - Nunca mais faça isso, senti muito sua falta. Disse com um abraço apertado.- Jamais pensei que diria isso mas também senti sua falta.- Ah não, para tudo, eu não ouvi direito, repete pra mim, sentiu o quê?- Esquece o que eu disse.- Quem são estes? Falou baixo olhando a nossa volta.- São os rebeldes que me sequestraram.- E o que eles estão fazendo aqui? Porque trouxe eles com você?- Não foi eu quem os trouxe, na verdade estão aqui para falar com nosso pai.- Tudo bem não importa, o mais importante é que você está viva.- Sabe me dizer se mais alguém sabe do ocorrido?- Não, papai não contou nada a ninguém,
Todo o tempo que havia passado fora, me fez refletir melhor sobre o tipo de pessoa em quê estava me tornando, até o dia do sequestro o trono era para mim, um lugar que eu queria distância mas estava disposta a realmente dar o meu melhor, depois da traição dos meus pais nada mais tem sentido, e estou disposta a dar o meu lugar aos rebeldes.O dia estava lindo, e com a nova estação novas flores, e de todas as cores, o céu de tão azul parecia mais uma tela pintada pelas mãos de Deus, me sentei a grama olhando toda a extensão daquele jardim, tinha o desejo de passar o resto da manhã ali, mas quando meus olhos passaram pelas portas do palácio avistei o pai de Karl se aproximando.Arrumei minha postura a medida que ele chegava mais perto.- Bom dia alteza, como a senhora está?- Estou bem, obrigada.- Confesso que me espantou um pouco a posição que teve ontem, mas admiro que mesmo tão jovem a madame sabe tomar boas decisões.<
Na manhã seguinte me levantei um pouco antes de Adele, vesti algo formal e fui até a sala de madame Lorenza, ela era responsável pela imagem da família real, sempre quando algo acontecia conosco que desrespeitasse aos interesses do povo ela divulgava através de uma nota para em seguida ser posto no jornal oficial.Bati na porta duas vezes e entrei.- Madame?- Olá alteza que honra recebê-lá em minha sala. Sente-se por favor. - Falou puxando a cadeira, e em seguida se sentou. - Em quê posso ser útil?- Madame preciso que você faça uma nota de casamento.- O quê? Ela arregalou os olhos.- Faça uma nota dizendo que a herdeira ao trono escolheu um marido e irá se casar.- Minha nossa, eu posso saber quem seria o sortudo alteza?- O senhor Karl Scoth.- Os Scoth de Murchison?- Sim, algum problema nisso? Não entendi o seu espanto.- Me perdoe alteza, farei o qu
Não tenho certeza do que ocorreu na noite anterior e de como fui parar em meu quarto, tenho uma vaga lembrança de estar com Karl no jardim e uma sensação estranha da qual não sei de onde vem, também me recordo vagarosamente dele ter me segurado em seus braços para me levar para o quarto, só eu havia passado dos limites naquela noite.Tantas coisas passavam pela minha cabeça, tive medo de ter aberto a boca além do que devia.Desci as escadas para tomar o café na companhia da minha família, pois alguns dos convidados ficaram hospedados no palácio devida a festa ter durado quase a noite inteira, e eles moravam bem longe, quis fazer uma média.A mesa estava posta, minha boca se encheu d'agua quando meus olhos viram aquela diversidade de opções, embora tenhamos condições para fazermos mais vezes, não era de costume ter a mesa cheia, isso porque nem sempre tínhamos tempo para comer juntos.Meus pais ainda não tinham descido, na mesa só estav