Capítulo 4

Até a chegarmos à entrada das indústrias havia um longo caminho para se percorrer, a paisagem era uma das mais belas que já havia visto, muito verde, árvores por todo lado com flores belíssimas de várias cores, um paraíso.

Enquanto andávamos uma brisa suave tocava em nossa pele, também pude observar algumas borboletas voando livremente por toda a extensão do jardim, tinha em mim uma incrível sensação de liberdade.

Quando cruzamos os portões duas damas bem vestidas se juntou a nós.

- Alteza é uma honra tê-la aqui conosco. Disse uma delas, ela parecia bem jovem, mas tinha postura de dar inveja, usava saltos bem altos por que era de pequena estatura, nem mesma eu tinha tanta desenvoltura com eles, era um grande desastre com saltos.

- Obrigada, você quem é?

- Madame me chamo Sandy Stuart, sou eu quem vou mostrar toda a estrutura das indústrias para a senhora.

- Certo, por onde começamos?

- A senhora não deseja descansar um pouco da viajem? Preparamos uma sala especial para vossa Alteza.

- Ah sim, claro.

-Me acompanhe por favor.

A outra moça vinha ao lado de Adele elas conversavam sobre meus pais, pelo visto ela era conhecida, nossos soldados ficaram um pouco mais atrás na medida que viram que o lugar era seguro.

O lugar estava organizado mas tinha uma leve impressão de que parecia ter sido acabado de ser arrumado, algumas coisas ainda estavam fora de ordem, e também notei que Sandy esfregava uma mão na outra um sinal evidente de nervoso, mas por que uma vez que ela foi preparada para receber a família real?

Ela abriu a porta de uma sala, ela não era tão espaçosa quanto a do palácio, mas era aconchegante, um tom de pastel na parede, uma mesa no centro com duas cadeiras, e uma prateira com poucos livros, ao entrar senti meu nariz formigar, uma vontade de espirrar, devido a falta de ventilação do lugar, as janelas fechadas e o acúmulo de poeira, tomei a iniciativa de abrir aquelas cortinas.

- Alteza precisamos conversar, as coisas não vão nada bem. Ela disse enquanto fechava a porta.

Eu havia notado além do tom de sua voz, algumas partes da parede estavam com marcas de tiro, por isso que deixaram as janelas fechadas não queriam que fosse descoberto.

- O que está havendo? Perguntei intrigada.

- Estamos sendo atacados.

- Atacados? Mas por quem? E por qual motivo? Meu pai foi informado?

- Não madame, o Rei esteve aqui semana passada resolvemos não contar nada a ele porque pensamos que poderíamos controlar os ataques, pensamos que se tratava apenas de sem tetos, mas na verdade são rebeldes, e não sabemos ainda o que querem.

- Quando foi a última vez que atacaram?

- Ontem.

- O quê?

- Sim, eles gritavam pelo rei, destroem tudo pela frente, não sabemos mais o que fazer.

- Vocês não tem pista nenhuma de quem sejam?

- Não, temos apenas um comunicado que deixaram depois que partiram.

- Deixe- me ver.

Ela segue até a prateleira e pega um livro, dentro dele uma folha que me entrega. O papel apresentava várias manchas amareladas, nele haviam letras cortadas de revistas e jornais onde se formavam uma frase.

" Queremos Murchison de volta"

Assim como houve a união dos meus pais, também Murchison deixou de existir se tornando um só reino juntamente com Kalgoorlie, isso não partiu apenas dos meus pais, nossos ministros entraram em um consenso e todos concordaram, também o povo opinou e a grande maioria concordou.

- Não entendo o porque disso?

- Senhora muito menos eu, mas se não parar todos morreremos até que eles cheguem ao Rei.

- Você acha que eles podem voltar em breve?

- Sim. - ela responde cabisbaixa. - Ainda mais se eles tiverem informantes no nosso meio e eles saberem que a senhora esta aqui.

- Se eles ainda estão por perto não teremos tempo suficiente para fugir.

- Tem razão madame, eu sinto muito não ter contado antes.

- Não precisa de desculpar encontraremos uma solução para isso.

- A senhora não acha melhor informarmos o Rei?

- Não, quero mostrar ao meu pai que consigo resolver as coisas sozinha, que ele pode confiar em mim.

- Mas e se atacarem o que faremos?

- Deixe eles chegarem até nós, é o único meio de saber o que realmente querem.

Eu suava frio mas tentava não demonstrar meu medo, sabia que essa poderia ser uma grande forma de mostrar aos meus pais que estou pronta para assumir o reino, enquanto buscava encontrar alguma solução para o problema alguém bate na porta, era um dos soldados.

- Senhor Thomas, aconteceu alguma coisa?

- Sim madame encontramos mais algumas cartas. Disse meio receoso.

- A princesa está sabendo.

- Aqui diz sobre um novo ataque, e que eles querem o Rei.

- Meu Deus não consigo entender porque querem meu pai? Tudo está tão confuso pra mim, mas precisamos nos precaver, soldado reforce a segurança, e você Sophie encontre um lugar onde poderemos nos refugiar.

- Sim senhora. Ela responde saindo apressadamente.

O que dizem sobre gêmeos é a mais pura realidade Adele percebendo meu incômodo veio ver o que estava se passando, sentíamos quando a outra não estava bem.

- Aysha me diga porque está com essa cara, tem algo de errado acontecendo?

- Seremos atacados a qualquer momento.

- Meu Deus!! - disse com as mãos sobre a boca. - Temos que sair daqui.

- Não!!

- Mas se ficarmos poderemos morrer.

- Sophie foi encontrar um lugar para você se refugiar, eu ficarei aqui para saber o que querem.

- Aysha e se você morrer?

- Você assuma o trono em meu lugar.

- Eu te amo.

- Também te amo, agora vá.

Madame Sophie assim que encontrou um lugar veio nos buscar, ela veio acompanhada de mais três soldados.

- Vamos alteza.

- Leve Adele com você eu ficarei.

- O quê?! A senhora não pode ficar.

- Eu vou ficar, por favor siga minhas ordens.

Ela consentiu e saiu de mãos dadas com Adele para o abrigo que encontrara.

Fui rodeada por vários soldados todos bem armados, sabia que a qualquer momento poderíamos ser atacados, por dentro me sentia desolada, mas procurava não demonstrar isso do lado de fora, não havia me preparado para uma situação dessas antes, não tinha ideia nenhuma do que fazer, um dos soldados chefes me passava algumas orientações básicas.

Duas horas se passaram e nada, pensei na possibilidade de ser um trote ou talvez estivessem blefando. Mas ainda assim os soldados permaneciam firmes ao meu redor. Meus estômago fazia uns barulhos estranhos tamanha a fome que estava sentindo, me deixava um pouco constrangida.

- Alteza quer que eu busque algo para a senhora? Disse um dos soldados.

- Por favor. Respondo envergonhada.

Enquanto aguardava o soldado me trazer algo para comer percebi que alguém me olhava friamente, incomodada voltei os olhos rapidamente para pessoa, mas a mesma mantinha os olhos em mim, um arrepio passou pelo meu corpo, uma sensação estranha.

Se tratava do mesmo soldado que havia me barrado outro dia no celeiro, o mesmo que me impediu de falar com aquelas pessoas na entrada das indústrias, bem suavemente ele levou as mãos para trás das costas, um sinal, ele era um dos informantes. Depois disto tiros vindos da parte de fora que acabaram por estourar varias vidraças das janelas, também houve uma invasão, minha única reação foi correr, eles eram muitos, e apareciam de várias partes, usavam roupas de cor vermelha, alguns soldados vinham seguidos de mim, nossos soldados eram poucos a grande maioria ficava no palácio, outros dois a minha frente, por não conhecer o lugar isso dificultava ainda mais nossa fuga, jamais pensei que seria dessa forma.

Corremos em direção à um dos corredores, mas fomos surpreendidos por mais homens, eles tiraram a vida dos dois dos nossos soldados que estavam a minha frente, tive que dar meia volta para fugir, enquanto os outros soldados lutavam com os rebeldes, durante a fuga senti um forte impacto em uma das pernas enquando corria fui atingida.

Não dava mais para correr aquela dor ficava cada vez mais intensa, e estava perdendo muito sangue. Até que um dos homens me alcançou, segurou firme meu braço apontando sua arma em minha direção.

- Venha comigo Alteza. Dizia me puxando com certa força.

- Não consigo andar fui atingida. Reclamei para ele.

Ele me encarou por alguns segundos, depois fez uma espécie de assovio chamando um de seus homens, enquanto o outro me segurava, ele rasgou uma parte do meu vestido e amarrou na minha perna ferida para estancar o sangue.

Do lado de fora taparam meus olhos com uma venda, amarraram meus braços e me puseram em uma carruagem.

Não tinha ideia de para onde estariam me levando, nem de voltaria viva para contar a história, mas meu desejo era poder salvar minha família, ser digna de confiança.

Os homens não falaram nada durante o caminho, também não demorou muito para chegar, contei exatamente quanto tempo levou para chegar, foram quinze minutos, quando a carruagem parou um dos homens puxou a venda dos meus olhos bruscamente.

- Ai. Falei.

Ainda estava claro o dia, o lugar em que paramos como havia previsto era bem deserto, no meio de uma montanha, muitas árvores, um vento frio de arrepiar, também alguns cavalos e mais homens de vermelho. Um deles, bem jovem por sinal, além da vestimenta em vermelho usava uma boina preta com um símbolo antigo da cidade de Murchison, se aproximou.

- Alteza que honra recebê- la. Disse o homem com uma breve reverência.

- O que você quer?

- Calma, deixe-me apresentar primeiro, me chamo Karl Scoth de Murchison, ou melhor de Kalgoorlie agora.

- Diga o que você quer? Insisti.

- Queremos o que é nosso por direito.

- Você não está sendo claro para mim!?

- Deixe explicar então, desde que o Rei decidiu juntar as duas províncias, Murchison tem sido o mais prejudicado, enquanto Kalgoorlie recebe todo o mérito, nosso reino está na decadência.

- Isso não é verdade. Acabei o interrompendo.

- Eu tenho provas disso alteza, nós não queremos nada de Kalgoorlie apenas que o Rei nos devolva nossas terras.

- Isso não pode ser feito.

- Então ninguém será poupado.

- Eu imploro não faça nada contra a minha família.

- A escolha está em suas mãos.

- Me dê uma chance de falar com meu pai, sei que ele dará uma solução para esse problema.

- Segundo as escrituras eu seria o futuro sucessor ao trono, se não fosse a sua família, você ficará aqui e irá escrever para ele, caso ele concorde em desfazer essa união dos Reinos então você será livre do contrário será morta.

- Ah?

- Não estou brincando. Tome aqui um papel, quero que escreva a próprio punho para ele.


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