— Chegamos! — Valentina comemora assim que paramos em frente à uma bela casa, com música alta.
— Eu pensei que era uma festa só pros amigos mais próximos. — Alex comenta receoso.— E você acreditou? — Miranda comentou rindo.— Vamos, ainda temos que encontrar o Simon no meio de toda essa gente. — Alex segurou a mão de Miranda e os dois foram à nossa frente.A casa é bonita, tirando os copos de bebida espalhados por todos os lados e o cheiro forte de cigarro.Comecei a me sentir meio deslocado e me arrependi de ter vindo.
— Essa não foi uma boa ideia, acho melhor eu ir... eu nem conheço ninguém e...Tento dar meia volta, mas Valentina segura firme o meu braço, impedindo que eu ande.— Relaxa, Helinor, é só uma festa. Tirando os quatro, eu também não conheço ninguém aqui e o Simon é legal.Suspiro pesado. Talvez eu acabe me divertindo.Valentina segura minha mão e começa a me puxar pelo meio de todas as pessoas absortas em sua própria diversão.— Achei o Simon! — Ouço a voz de Miranda, e Valentina me arrasta até onde eles estão.— Simon! — A ruiva solta minha mão e corre até o garoto. Eles se abraçam e ela não para de sorrir. Está realmente feliz.— O tio Léo deixou você vir? — Ela o encara com o olhar de quem aprontou e ele entende na hora. — Ah... quebrou a regra de ir da escola direto pra casa. Você não muda, Valentina!Eles riem.Meu desconforto aumenta.— E você, quem é? — Eles finalmente parecem lembrar da minha existência. De novo.— Eu sou o Heitor... — Ele estende a mão e nós nos cumprimentamos. — Desculpa entrar assim na sua festa.— Quê isso, você já é praticamente da família, né? Já que é o novo namorado da Valentina...— Não somos namorados! — Valentina e eu respondemos em uníssono.— Ah... — Ele sorri. — Bom, qualquer amigo da Valentina é meu amigo, portanto, divirtam-se!....Esbarro em algumas pessoas tentando encontrar Valentina. Ela disse que ia pegar uma cerveja, há uma meia hora, e até agora não apareceu. Deve ter se perdido nessa casa enorme.Já estamos aqui há algumas horas. Até que está sendo divertido, os amigos dela são bem gentis e sabem como nos manter animados.Abro a porta de vidro que leva à parte de trás da casa e vejo Valentina conversando com um garoto que eu não conheço. Eles parecem bem próximos.Instantaneamente sinto uma raiva me consumir por inteiro. Não gosto da imagem dela me largando na festa pra vir ficar se divertindo com outro.O sol estava se pondo e a escuridão da noite começava a aparecer.— Valentina! — Chamo assim que chego perto deles.— O que é? — Ela responde irritada. Parece que eu atrapalhei algo.— Preciso falar com você. — Ignoro completamente o garoto ao seu lado, olhando fixamente pra ela.— Não pode ser depois? — Ela pergunta impaciente. — Eu estou ocupada agora.— É importante. — Respondo firme.— Me manda um email ou uma mensagem com o assunto e...— Valentina! — Digo um pouco mais ríspido.Ela suspira irritada.— Tudo bem, mas me dá alguns minutos. Acabei de fazer um novo amigo e meu pai me ensinou a não ser grossa com as pessoas e me despedir direito, então... — Ela faz um sinal com as mãos, me enxotando de lá.— Acho melhor eu ir. Obrigado pelo papo, Valentina. — O idiota fala antes de ir embora. Babaca.— Viu o que você fez? Acabou com a minha missão... não tinha nada melhor pra fazer? Estragar uma festa de criança, talvez...— Para de drama, aquele cara não serve pra você. Não sei o que viu nele. — Reviro os olhos, irritado.— Isso é ciúmes? — Ela arregala os olhos, rindo. — Acha que eu tava tendo um assunto romântico com ele?Claro que eu estou com ciúmes. A vontade que eu tenho é de pegar ela pelos ombros e dizer: "Você não faz ideia da bagunça que está fazendo na minha cabeça?"Ao invés disso, apenas solto uma longa respiração.— Olha, acho melhor eu ir embora. — Digo me virando pra ir.
— O quê? Logo agora? Ela protesta.Valentina acidentalmente esbarra em mim, perdendo o equilíbrio. Seguro ela pela cintura, prendendo meu corpo ao seu.Pela primeira vez, Valentina parece me enxergar de verdade. Ela não desviou o olhar, parece tão hipnotizada quanto eu. Os olhos dela eram tão azuis assim ontem?Droga, isso não vai acabar bem.— Valentina! — A garrafa de cerveja em minha mão caiu, e o líquido que tinha dentro molhou meus pés. Solto Valentina o mais rápido que posso, ainda a tempo de ver Miranda entrar pela porta. Respiro aliviado.— Amiga, funcionou... ele disse que quer falar comigo depois! — Miranda não esconde a felicidade. Seus olhos brilham. — Amiga, ele tá tão na sua! — Elas comemoram feito loucas e eu fico mais confuso ainda. — Eu vou lá, me deseja sorte! — Miranda volta pra dentro da casa, novamente me deixando sozinho com a ruiva.Que situação estranha. — Do que ela estava falando? — Me aproximo dela, mas não tanto. — Parece que ela acabou de conquistar o carinha que tava de olho. — Ela responde sem olhar pra mim. Sorrio levemente, tentando me sentir confort&a
— Acho melhor você dar meia volta e cair fora, ela não quer te ver nem pintado de ouro. — Me assusto com o quão direto Leonardo é. — Eu realmente preciso falar com ela. — A Valentina chegou em casa soltando fumaça, eu não sei o que aconteceu... Mas acho que foi sério, né? — É complicado. — Digo baixo. — Onde ela está agora? — Se trancou no quarto de caixas... ela já está lá há um bom tempo. Arregalo os olhos assustado. Não penso, apenas empurro Leonardo da minha frente e subo as escadas correndo, ignorando completamente os gritos de protesto dele. — VALENTINA! VALENTINA, ABRE ESSA PORTA! — Grito desesperado. Bato na porta incontáveis vezes, chamando o nome dela, mas não obtenho resposta nenhuma. — VALENTINA, EU SEI O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, ABRE ESSA PORTA, POR FAVOR! — Ei... o que está acontecendo, por que você tá gritando como um louco? — Leonardo se aproxima, preocupado. — Ela... eu não posso...
Abro meus olhos com dificuldade. Meu corpo dói pelo cansaço excessivo. Encaro a janela aberta e o vento fresco que entra no quarto, fazendo as cortinas se moverem. Já está quase amanhecendo e eu não dormi mais que duas horas. Passei a noite me remexendo na cama, sem conseguir esvaziar a mente. Meus pensamentos insistiam em ir pra uma única pessoa. Valentina. Me arrependo de ter sido tão duro com ela. Mas não vou pedir desculpas se ela também não se desculpar. Nós dois estamos magoados e, no momento, precisamos ficar o mais longe possível um do outro. A imagem dela me encarando com os olhos vidrados e a expressão magoada assombram minha mente toda vez que fecho os olhos. Não sei o que está acontecendo comigo.....Acordo de um pesadelo. Minhas mãos tremem descontroladas e meu corpo sua frio. Olho o re
— Esse foi o último. — Fecho o caderno e encaro a ruiva á minha frente.— Finalmente. Eu já estava com vontade de ir embora, achando que você tava só me enrolando. — Valentina se desencosta da porta e senta ao meu lado.— Você ficou aí me olhando enquanto eu fazia meus trabalhos atrasados por quase duas horas. — Arqueio a sobrancelha. — Fala logo o que você quer, ruivinha.Ela abre um sorriso travesso e seus olhos brilham de expectativa.— Eu sei que você ainda está meio deprimido... e não tiro sua razão, eu entendo. — Ela se explica rapidamente e eu assinto. — Mas é que vai ter uma festa na casa da Miranda hoje, é aniversário dela... e eu queria muito que você fosse comigo.— Você está me chamando pr
Não sei bem como me dei conta disso, eu apenas soube. Senti.Ela é tão doce. Tão gentil.E ao mesmo tempo tão irritante.Ela me enloquece como ninguém e me faz feliz com um simples sorriso.Quero estar perto dela o tempo todo, quero ser o seu porto seguro. Quero ser o melhor amigo dela, mas mais do que isso.Me sinto tonto com todos esses pensamentos de uma vez. E quando ela sorri pra mim no meio da música, eu entro em combustão.Solto a ruiva e começo a empurrar algumas pessoas á minha frente, saindo dali praticamente correndo.Respiro fundo quando chego ao que deduzo ser a parte de trás da casa. Não havia ninguém aqui, então eu me sentei na grama verdinha e bem aparada, tentando assimilar tudo o que aconteceu nos últimos minutos.— Achei você! — Ouço a voz dela atrás de mim. — O que aconteceu, você está bem? —
Encaro o computador á minha frente. O cursor pisca sem parar, esperando que eu comece a digitar. Mas nada sai.Suspiro, me dando por vencido. Não sei fazer um trabalho tão bom quanto a ruiva. Valentina se ofereceu pra fazer o trabalho, mas eu com o meu super ego, garanti que dava conta de fazer tudo sozinho. Agora estou aqui, numa tarde de Domingo, sem conseguir digitar uma palavra, quase desistindo.E é o que eu faço.Levanto da cadeira giratória e vou até a casa ao lado. Toco a campainha, nervoso pela ansiedade de ver a ruivinha.Não demora muito e a porta se abre, revelando uma Valentina de vestido de alcinhas florido. Ela sempre deixa uma mecha de cabelo fora do coque pra ficar enrolando o dedo, é uma mania que acredito que ela nem sabe que tem.— Ah... oi, Heitor. — Ela diz num tom seco, como se estivesse incomodada com a minha presença.— Oi... é que eu..
Não durmo bem naquela noite. Não consigo limpar a mente, meus pensamentos insistem em voltar pra ruiva. Por mais que me esforce, não consigo entender porque ela ficou tão indiferente em relação a mim de uma hora pra outra.Talvez ela só esteja com medo. Nossa conversa na outra noite pode ter deixado implícito o que eu sinto por ela. E há uma mínima chance dela sentir o mesmo. Valentina está fugindo dos seus sentimentos. Por isso ela estava tão tensa. Quando ela fica com medo, esconde suas reais emoções e age com indiferença.E eu preciso descobrir se é isso o que está acontecendo. Vou voltar a ser o playboyzinho pegador que a ruiva tanto critica.Valentina vai provar do próprio veneno.....Caminho calmamen
Os últimos raios de sol começam a desaparecer, dando lugar ao céu laranja quase rosa. Era uma bela paisagem. Toco a campainha, sentindo minhas mãos suarem.— Heitor, quanto tempo! — Leonardo me recebe com um grande sorriso. — Entra.Agradeço e entro.— Como vai, Léo? — Pergunto educadamente.— Salvando vidas. — Ele dá de ombros e eu rio. — Não sei se a Valentina te disse, mas eu vou viajar amanhã.— Sério? — Pergunto surpreso.— Vou passar um mês fora. É um programa do hospital. Vou pra esses campos de refugiados, eles precisam de ajuda médica.Leonardo é uma boa pessoa. Ele está sempre disposto a ajudar os outros, não importa quem seja. Val