Os últimos raios de sol começam a desaparecer, dando lugar ao céu laranja quase rosa. Era uma bela paisagem. Toco a campainha, sentindo minhas mãos suarem.
— Heitor, quanto tempo! — Leonardo me recebe com um grande sorriso. — Entra.
Agradeço e entro.
— Como vai, Léo? — Pergunto educadamente.
— Salvando vidas. — Ele dá de ombros e eu rio. — Não sei se a Valentina te disse, mas eu vou viajar amanhã.
— Sério? — Pergunto surpreso.
— Vou passar um mês fora. É um programa do hospital. Vou pra esses campos de refugiados, eles precisam de ajuda médica.
Leonardo é uma boa pessoa. Ele está sempre disposto a ajudar os outros, não importa quem seja. Val
Não precisei que os gritos raivosos de dona Wanda me acordassem na Segunda-feira. Levantei da cama já desperto, e muito adiantado.Tive tempo de me arrumar com calma e tomar café da manhã com minha mãe, que estava radiante. Me despedi dela e saí de casa, já sabendo que tinha uma certa ruiva me esperando no outro lado da rua.Valentina olha fixamente pro celular, ela parece distraída. Me aproximo devagar e puxo o celular de suas mãos, fazendo ela soltar um gritinho de susto.— Desse jeito, você vai ser assaltada, ruivinha. — Rio do olhar mortal que ela me lança.— Você não tem medo de morrer não, né, Helinor? — Ela abre um sorriso irônico. Seus olhos estão mais brilhantes hoje.Apenas sorrio.— Acho melhor nós irmos. — Entrego seu celular e ela revira os olhos, me seguindo até a moto.....<
— Vai, Helinor, acorda! — Ouço uma voz distante. Ignoro e continuo de olhos fechados, sentindo o sono me dominar.Minha mãe deve estar me chamando pra acordar e ir me arrumar. Mas, essa voz é muito calma pra ser a dela, e do jeito que dona Wanda é, ela já teria me jogado da cama.E eu só conheço uma pessoa que me chama de Helinor.Abro os olhos assustado e dou de cara com Valentina sentada na beira da minha cama. Ela abre um sorriso meigo ao me ver acordado.— Olha só, a Bela adormecida finalmente acordou! — Reviro os olhos e coço a cabeça, confuso.— O que você faz aqui tão cedo? E como entrou na minha casa? — Levanto da cama, procurando meu celular.— Vim te buscar, vou te levar num lugar.Encontro meu ce
Observo a paisagem correr pela janela do carro. As luzes da cidade piscam freneticamente, dando uma sensação de movimento, e eu me concentro nisso.Há algumas horas atrás, eu estava em casa, encharcado, e discutindo com o advogado. Pedi que ele doasse todo o dinheiro pra quem realmente precisa. Pedi que ele fosse embora, e me deixasse em paz.Mas o tal de Connor não desistiu. De tanto ele insistir, eu acabei cedendo e fui fazer as malas.Minha mãe quis vir comigo, mas eu a convenci que era melhor não. Não quero que ela sofra por causa desse assunto. Já sou bem crescido, e posso resolver meus problemas sozinho. Me manti firme, embora por dentro eu estivesse desesperado.E assim, vim parar aqui. Passeando por Seattle, pra saber o que tanto meu papai deixou pra mim.— Já estamos chegando. — Connor comenta. — Você vai ficar em um dos apartamentos que eram de seu pai.
Estaciono o carro em frente ao prédio. O vento frio bate contra o meu rosto, fazendo-me estremecer. Eu preciso sair daqui o mais rápido possível, ou então enlouquecerei.Entro no prédio como um furacão. Aperto o botão do elevador inúmeras vezes, como se isso fosse fazer ele chegar mais rápido. Desisto e subo as escadas correndo, extravasando um pouco da raiva que só aumentava a cada passo que eu dava.Chego ao meu apartamento e pego minha mala em questão de segundos, saindo desse lugar o mais rápido possível. Eu não fico mais nenhum minuto aqui.ALGUMAS HORAS ANTES...Eu nunca havia estado em um tribunal antes. As cores marrom misturadas com um vermelho vinho, as cadeiras de madeira crua, tudo formal e intimidador demais, estavam me sufocando.&nb
Me pego pensando em como a vida dá voltas. Há alguns meses atrás, eu provavelmente estava em uma balada, ficando com várias garotas sem me prender a ninguém, partindo corações.Valentina mexeu comigo desde a primeira vez que nos vimos. Seu olhar desafiador, suas respostas afiadas, e suas provocações só fizeram com que eu me aproximasse ainda mais dela.— Tá pensando em quê? — Sua voz curiosa me desperta dos meus pensamentos.— Em nós. — Vejo ela corar e sorrio. Linda! — Pra onde estamos indo.— Como assim? — Ela põe uma garfada de panqueca na boca e me encara com aqueles olhos azuis grandes e brilhantes.— Vamos andar por aí de mãos dadas, ser fofos um com o outro...? — Pergunto confuso.&m
Uma semana.Uma semana desde o dia em que eu pedi a ruiva em namoro. Nos últimos dias, eu pude experimentar diferentes graus de felicidade. Estar com ela é a melhor parte do meu dia. Na verdade, passamos quase o dia inteiro juntos.Sem contar as vezes em que eu saio de fininho e vou pra casa dela no meio da noite. Sei que Valentina possui feridas que ainda não cicatrizaram completamente. Mas ela está feliz. Eu sei que está. E eu faria qualquer coisa pra manter essa felicidade.— Adivinha quem eu vou levar ao baile. — A voz do meu melhor amigo me desperta dos meus pensamentos.— Hã... a Nicole do grupo de dança? — Chuto. Um aceno de cabeça, negando. — A Sarah, líder de torcida? — Mais uma negação. — Ah! A Ellen nadadora!— Digo convicto, tendo certeza que acertei.
— Eu tava pra cavar um buraco no chão e me enterrar. — Valentina reclama enquanto subimos as escadas. — Que vergonha, meu Deus.— Não sei porque. A minha mãe já deixou bem claro que gosta de você. — Dou de ombros.— O problema não é ela gostar ou não de mim. É que foi muito constrangedor ela deixando você dormir aqui. — Ela se encosta na parede. — Parecia que ela tava dizendo: "Vão lá e acasalem".Rio e me aproximo. Enlaço minhas mãos em sua cintura, fazendo com que andemos em sincronia.— Você está muito tensa. — Afasto uma mecha de cabelo do seu pescoço, deixando a pele dela exposta. — Eu posso resolver isso.— Não é má ideia. — Ela suspira, enquanto abre a porta e entramos no seu quarto.Em um único movimento, eu puxo seu corpo pra perto.— Você fica linda toda corada assim.— Morta de vergonha? — Ela ironiza, revirando os olhos.
— Aqui está, meu bem. — Valentina me entrega dois convites, me dando um beijo na bochecha em seguida.Sorrio bobo com o gesto.— Do baile?— Aham. — Ela concorda. — Só falta um mês pra gente se formar. Passou tão rápido.Sorrio involuntariamente. Esse foi um ano de muitos acontecimentos. Meu pai morreu, eu fiquei milionário da noite pro dia, e também descobri meu verdadeiro amor.— Para de me olhar assim, você só falta babar com esse sorriso de garotinho. — Ela ama esse meu sorriso.— Esse? — Sorrio com charme, e ela suspira.— Ai, Helinor... você é tão fofo quando quer. — Os olhos dela brilham ao me chamar assim. Eu amo. Só ela pode me chamar assim... somente ela.