Paulo e Mariana, eram parceiros de dança há um bom tempo, já saíram juntos algumas vezes, mas só para curtir. Ao chegar na pista de dança, o DJ colocou ‘Diamonds’, Rihanna. Paulo adorou e puxou-a pela cintura, mas parou para afastar os seus cabelos do rosto, e encostou o queixo em seu ombro, mas não sem antes beijá-lo.
— Paulo, por favor, nós somos amigos, só isso! — reclamou Mariana.
— Você não pode culpar um homem por tentar, não é?
— Posso, principalmente porque esse homem já foi avisado de que não existe a mínima possibilidade de termos algo sério.
— Tudo bem! Então vamos só curtir o momento, certo?
— É claro, mas sem beijos e abraços. — reforçou Mariana.
— Ok. — concordou Paulo a contragosto.
De longe, Fernando irritava-se, cada vez mais, com a visão daquele homem colocando as mãos em Mariana, e beijá-la no ombro foi a gota d’água. Virou a dose de uísque de uma só vez, determinado a resolver o problema.
— Você me prometeu uma dança. Esqueceu, Mariana?
Paulo e Mariana pararam de dançar e olharam para Fernando.
— Quem é você? — perguntou Paulo.
— Não é da sua conta! — rosnou Fernando e, antes que Mariana falasse algo, puxou-a para si, dando as costas para Paulo que saiu atônito e constrangido.
—Alguém já te disse que é muito grosso? Não devia ter falado com ele desse jeito!
— Por que você estava dançando com ele?
— Porque ele é meu amigo. Me solta!
— Não, nós vamos terminar de dançar e não adianta tentar fugir, não vai conseguir.
— Me solta!
— Já disse que não.
— Se você não percebeu, essa música não é para dançar colado!
— É uma regra? Desculpe, mas não sou do tipo que segue regras de convenções sociais.
— Dá pra perceber que você é meio reizinho mandão, estou enganada ?
Mariana parou de se contorcer e resolveu ceder a dança. Fernando movia-se no ritmo da música e tinha que admitir que até que ele dançava bem. Resolveu então, provocá-lo, acompanhando o seu ritmo e adicionando uma boa pitada de sensualidade. Estavam numa briga de egos particular. Como ele era bem mais alto, Mariana precisava erguer a cabeça para fitá-lo nos olhos, sua respiração parecia que ia lhe fugir. Fernando também respirava forte, os lábios apertados, o desejo de beijá-la crescendo, então, com uma mão, segurou-a firme contra seu corpo e, com a outra, pegou o seu pescoço, sentiu a resistência dela, mas não desistiu, aproximando-se de sua boca. Mariana, fechou os olhos e, quando os lábios dele tocaram os seus, suspiros escaparam. Fernando entendeu esse gesto como um convite e continuou explorando sua boca. O corpo de Mariana estremeceu e, quanto mais ele a beijava, mais ela queria. Por fim, quando seus lábios se afastaram, permaneceram um bom tempo parados, olhos nos olhos, as mãos dele descendo até seus quadris, podia sentir o quão ele estava excitado.
— Você é sempre assim? — Mariana perguntou trêmula.
— Assim como? — perguntou em um sussurro.
— Dominador.
Fernando surpreendeu-se com a resposta.
— Eu não sabia que desejar algo era ser dominador.
— Desejar, não, mas tomar a força, sim.
— E o que eu estou tomando à força? — perguntou com um riso cínico.
— Você é um metido a besta e convencido! Que droga!
Mariana gritou empurrando-o com raiva e foi em direção à saída do bar sem olhar para trás. Seu corpo ardia e tremia, parecia febril. Precisava de ar, pois não conseguia respirar direito. Correu para a ponte, a brisa fria tocou o seu rosto, aliviando o calor. O tremor não passava, ainda tentava entender o que havia acontecido. Como era possível sentir-se tão atraída assim? Estava arquejante, como se tivesse participado de uma maratona, encostou-se na mureta, suspirou e curvou-se para frente, sentindo-se um pouco melhor. Fernando tinha o dom da sedução. Seu espírito é de um um caçador, forte, viril e decidido. Ele sabia exatamente o que queria e, pelo que percebeu, ele a desejava, assim como ela, e esse tipo de desejo é muito perigoso. Fechou os olhos, sentindo raiva de si mesma. Foi então que seus pensamentos foram abruptamente interrompidos, por um par de braços, fazendo-a pular de susto.
— Cuidado! Você pode cair e se machucar!
— Ou então você pode me empurrar e dizer que eu caí.
— De forma alguma! O único lugar em que quero que você caia é nos meus braços! — prendeu-a contra a mureta, acabando com qualquer distância entre eles.
— Fernando, essa frase é meio brega, não acha? — riu nervosa e se virou, ficando de frente para ele.
— Você é muito crítica, sabia? — as mãos agora foram parar em sua cintura.
— O que você quer? Por que está me seguindo?
— Por que você está fugindo?
— Eu não estou fugindo!
— Claro que está! Já fugiu três vezes! Por que me empurrou e saiu correndo daquele jeito?
— Você não me respondeu.
— Nem você. Por que me chamou de dominador?
— Dominador não é aquele que domina, controla, manda e todos obedecem?
— Assim você me magoa. Vou sair da boate hoje com uma carga muito grande de adjetivos não muito agradáveis. — comentou rindo.
Mariana tentou se afastar, mas ele não permitiu.
— Você é louco, Fernando!
— Do que você tem medo? Do que nós dois estamos sentindo?
— Eu não estou sentindo nada! Eu nem te conheço direito!
— Mariana, há uma química entre nós dois, você sentiu isso e eu também.
— Você está delirando! — falou sussurrando.
— Não me provoque, mocinha, não negue, pois o que sua boca desmente o seu corpo confirma.
Os olhos dele escureceram e Mariana sentiu um calafrio na espinha. Colocou as palmas das mãos em seu peito tentando manter uma distância minimamente segura, mas ele a empurrou ainda mais contra a mureta.
— Acho melhor você parar de me provocar, pois não vou conseguir me controlar.
— E o que você faz quando perde o controle? — Mariana perguntou. A voz por um fio.
— Eu simplesmente me deixo levar pelo prazer, somente isso. Desde o primeiro momento em que te beijei, aqui mesmo na ponte, senti algo estranho e sei que você também, porque simplesmente não aceita e se rende?
— Me render? Não sabia que estávamos numa guerra e eu tinha que levantar a bandeira branca. E por que eu tenho que me render? Por que sou mulher? É isso?
— Porque eu já disse que quero você. Então, por que você não admite que sente desejo por mim?
— Porque não sinto!
Os olhos de Mariana brilharam. Estava enredada no jogo erótico de Fernando e isso a deixava ao mesmo tempo estimulada e preocupada. Sua cabeça parecia uma chaleira em ebulição, não conseguia parar de pensar nos prós e nos contras de um possível envolvimento com Fernando. Enquanto Mariana perdia-se em seu conflito interno, Fernando aproveitou a confusão em seus olhos e a beijou novamente, fazendo-a arquear o seu corpo para frente, buscando senti-lo. Levantou-a e a sentou na mureta. Mariana envolveu seus quadris com suas pernas e sentiu a sua ereção, não aguentou e soltou um gemido de prazer. Estava tão excitada que poderia se entregar ali mesmo, naquele momento, sem nenhum pudor, vergonha ou acanhamento.
— Eu quero você! — sussurrou Fernando.
— Não!
— Sim!
— Por favor...Fernando.
— Por favor, o quê? Sim ou não?
— Sim!
Ele forçou ainda mais a sua entrada, desceu uma das mãos e introduziu os dedos por baixo da saia chegando até a calcinha, acariciou a renda, pressionando sua entrada com o polegar. Mariana gemeu.
— Nossa! Como você está molhada! — gemeu Fernando. — Molhada pra mim, só pra mim.
Fernando afastou a renda e enfiou dois dedos, começando a lhe masturbar. Mariana levantou os braços e os colocou em torno do pescoço de Fernando, tomando-lhe a boca e sugando sua língua com força e avidez. Mariana entregou-se totalmente sentindo um prazer incontrolável que crescia no centro do seu sexo. A sensação foi tomando proporções incontroláveis até que deu um pequeno grito. Porra! Gozou! Fernando sentiu o prazer dela se derramar em suas mãos e sorriu feliz, porém não parou e continuou lhe beijando, sua língua explorando sem nenhum pudor, suas mãos agora estava em seus seios, acariciando-os enquanto sua boca descia por seu pescoço mordiscando, estavam tão entregues ao momento que não perceberam a presença de Luíza.
— Estou atrapalhando? — a pergunta saiu com um tom irritadiço.
— Graças a Deus! — gemeu Mariana.
— Salva pelo gongo, pelo menos, por enquanto. — Fernando falou num tom de desagrado. Demorou um pouco para se afastar, tentando se recuperar. Ficou tenso e, em seguida, praguejou. — Droga! Te espero no bar. Você não vai fugir, depois vamos para outro lugar. — deu um beijo na sua testa e, por fim, respondeu à pergunta de Luíza com o mesmo tom.
— Não, Luíza, não atrapalha de forma alguma. — passou por ela e foi em direção à boate.
— Você fez de propósito, não foi? — falou Luíza irritada, assim que Fernando afastou-se.
— Fiz de propósito o quê? Por que a irritação?
— Não se faça de idiota, Mariana! Você sabe sobre o que eu estou falando. Você me deu ele numa bandeja de prata, esqueceu Salomé?
— Por que está tão histérica? Luíza, eu não vou brigar com você por causa de um homem! Ele veio atrás de mim, ok?
— Por que não mandou ele embora?
— Eu tentei! Agora eu tenho que me justificar?
— Tem sim!
— Não, eu não tenho!
Mariana afastou-se e passou por Luíza sem dizer mais nada. Retornou à boate, disposta a pegar sua bolsa e ir direto para casa. Ao chegar à mesa, só encontrou Vívian e ficou feliz.
— Mariana, onde você estava? — perguntou Vívian preocupada— Luíza procurava por você.
— Procurou tanto que me encontrou na ponte. Chegou justamente no momento em que Fernando e eu estávamos nos beijando e fazendo algo mais. Ela está um pouco histérica. — Mariana falou triste.
— Ai meu Deus! O que foi que aconteceu? -— exclamou Vívian. — E você gostou?
— Do quê? Do que eu fiz com o Fernando ou da histeria da Luíza?
— É claro que foi o que você fez com o Fernando. — confirmou Vívian.
— Ai, Vívian, eu sou uma mulher sem vergonha! Eu gozei! — Mariana falou num tom envergonhado. — Meu Deus! Em que nível eu cheguei, deixar um desconhecido me masturbar numa ponte, com várias testemunhas.
— Amiga! Que bom que eu vivi para ouvir isso da sua boca!— exclamou Vívian sorrindo. — Não é um conto do Marquês de Sade, mas serve.
— Vívian, Marquês de Sade era barra pesada. Perto dele, eu sou mamão com açúcar, poderia até me classificar como uma vadia mamão com açúcar. — falou estressada. — Gente, o que eu estou dizendo? Brincando com uma das minhas melhores amigas, sobre o fato de eu ter me tornado uma vadia.
— Mamão com açúcar! Não esqueça — brincou Vívian.
— Tá! Uma vadia mamão com açúcar! Acho melhor ir embora, antes que Luíza apareça atropelando todo mundo. A noite já foi agitada o bastante.
— Você vai deixar de se divertir por causa das infantilidades da Luíza?
— Não é só por isso, vou embora antes de fazer alguma besteria bem maior!
— Como transar com o Fernando? Amiga, estamos no século 21, nenhuma mulher é mais obrigada a negar os desejos que sente! Se quer ir pra cama com ele da primeira vez, é um direito seu! São adultos.
— Agradeço o conselho pervertido, mas vou embora!
— E o Fernando? Não vai falar com ele? Afinal, vadia…
—Vívian!
— Desculpa, eu quis dizer amiga. — sorriu. — Afinal, amiga, ele te deu um orgasmo, diante disso, o homem merece um mínimo de consideração, não acha?
— Não! Vou embora sem me despedir, dá um beijo no Marcelo. Estou indo. Nos vemos amanhã.
Mariana se despediu, pegou a bolsa e caminhou em direção à saída sem olhar para ninguém. Quando se aproximava da porta, esbarrou num homem e, ao virar-se para pedir desculpas, empalideceu. Parado, olhando diretamente para ela, Henrique, a última pessoa que gostaria de ver em todo o mundo! Sentiu suas pernas tremerem, o ar lhe faltou, tinha certeza de que estava branca igual a um fantasma. Ficaram se encarando, por alguns segundos, um observando o outro, num silêncio mortal, até que Henrique fez menção de falar, mas Mariana balançou a cabeça negativamente e deu-lhe as costas. Sentiu a raiva tomar conta do seu ser, enquanto caminhava até a saída, o choro preso na garganta. Não gostou de saber que a presença dele ainda a afetava dessa maneira. A porta de saída parecia inalcançável e, quando finalmente pensou que conseguiria atravessá-la, eis que Fernando aparece na sua frente.
— Fugindo?
— Não é da sua conta! — respondeu grosseiramente.
— Calma! Você está bem? — Fernando a segurou em seus braços tentando tranquilizá-la.
— Fernando, desculpa! Por favor, eu só preciso ir embora, senão vou surtar! E não, não estou fugindo! Agora, saia da minha frente, por favor.
— Aconteceu alguma coisa? Você discutiu com a Luíza?
Mariana parou e olhou para Fernando com raiva.
— Você é tão convencido! Por acaso esperava que eu me estapeasse com a Luíza por sua causa ou talvez uma briga na lama, vestindo um fio dental fosse o ideal pra você? — deu uma risada irônica.
— Eu não quis dizer isso! Eu só perguntei, porque senti um mal-estar entre vocês duas na ponte. Mas, confesso que imaginar você de biquíni fio dental e suja de lama, me agrada bastante.
— Você é terrível! Fica longe de mim! — Mariana olhou para a praia que ficava a alguns metros da boate e resolveu caminhar.
— Não! Andar na praia nesse horário é muito perigoso! Vamos para outro lugar?
— Para onde? Para a sua cama?
— Adoraria levar você pra cama e trepar até cansar, mas não com você nesse estado.
Mariana não respondeu e continuou caminhando, tirou os sapatos, enfiou os pés na areia, caminhou até a beira da praia e sentiu a água fria tocar os seus pés. Respirou fundo e tentou raciocinar direito. Com tantas boates na cidade, por que cargas d’água Henrique tinha que aparecer justamente nessa? O canalha já estava com outra mulher, queria gritar e mandá-lo para o inferno. Tudo de ruim que havia passado voltou e lhe atropelou com tudo. Estava muito enjoada, pois só de vê-lo o seu estômago revirou.
Fernando chegou devagar e puxou-a para si. Mariana se deixou abraçar. Naquele momento, precisava desesperadamente de um colo. Não aguentou e chorou, ficaram assim por um bom tempo, em silêncio, ouvindo somente os seus soluços, o som do mar, tendo a lua como testemunha. Mariana levantou o rosto e encontrou a boca carnuda de Fernando, entreaberta e extremamente convidativa. O beijo foi suave e sensual, o desejo brotando novamente e cada pequena célula de seu corpo pedindo, gemendo, implorando para que ele a possuísse ali mesmo. Ofegante e inebriado de prazer, Fernando, afastou-a bruscamente.
— É melhor pararmos, Mariana! Se formos mais adiante, não vou conseguir parar.
— Eu não quero que pare!
— Mariana, o que aconteceu? Aquele homem na boate disse alguma coisa pra você? Ele te ofendeu?
— Fernando, eu não quero falar sobre isso,
— Você está visivelmente decepcionada com alguma coisa. Vamos para outro local, um lugar mais tranquilo, temos uma plateia ao nosso redor, já percebeu?
— Por que o repentino pudor? Você não se incomodou em nenhuma das vezes que me beijou e muito menos na ponte quando me fez gozar.
Fernando sorriu tranquilo.
— Você estava linda quando gozou.
Mariana ficou vermelha.
— Fernando…
— Mariana, eu quero muito você, mas tenha certeza de que eu não aceito ser o prêmio de consolação de ninguém!
— Como assim? O que quer dizer com prêmio de consolação?
— O que é um prêmio de consolação? É aquilo que te consola na ausência do seu verdadeiro objeto de desejo, estou enganado? Não é você a psicóloga aqui?
— Fernando, eu já disse que não quero falar sobre isso! Sinto que esteja se sentindo assim, não foi a minha intenção.
— Por que não quer falar sobre o homem na boate?
— Porque faz parte do meu passado e eu já rasguei e queimei essas páginas há muito tempo.
— Não me parece que você resolveu isso.
— Fernando, quer saber, vamos esquecer tudo isso, foi visivelmente um erro. Eu vou para casa.
— Mariana…
— Fernando, não tente me entender, ok?
— Eu vou te levar em casa, não vou te deixar ir embora sozinha!
— Eu não quero! — pegou a sandália que havia jogado na areia e passou rapidamente por Fernando, que lhe chamou várias vezes, porém ela o ignorou.
— Pode parar! — Fernando alcançou-a. — Eu não vou deixar você ir embora desse jeito! — puxou-a de encontro aos seus braços.
— Me solta!
— Não! Eu não vou soltar!
— Eu não vou pedir de novo!
—E o que você pretende fazer?
Fernando perdeu a paciência e calou a sua boca dando-lhe outro beijo. Mariana irritada o mordeu, mas Fernando não a soltou e, mesmo sentindo o gosto de sangue, continuou a beijá-la, ignorando a sua raiva. Quando finalmente o beijo terminou, ele falou:
— Nós vamos para o meu apartamento.
— Não!
— Não é um pedido, não tem negociação. — Fernando não esperou a resposta, pegou uma de suas mãos e saiu puxando-a.
— Fernando, eu prefiro ir para o meu apartamento. — falou com voz trêmula.
—Tem certeza disso? — Fernando ainda duvidava com uma das sobrancelhas levantadas.
— Absoluta, vamos? — não foi preciso perguntar mais nada, foram em direção ao carro de Mariana.
Mariana abriu a bolsa, procurando a chave para abrir a porta, sua mão tremia ao colocá-la na fechadura. Fernando sorriu, achando a sua reação deliciosa e provocante. Pôs sua mão sobre a dela e ajudou-a a girar a chave. Mariana sentia-se pueril, como se fosse perder a virgindade, estava estranhamente nervosa, e seu corpo não apresentava resistência nenhuma às investidas de Fernando, ao contrário, lhe impulsionava em direção ao prazer. Acendeu a luz, jogou a bolsa no console ao lado da porta, suspirou, agora não tinha mais volta. Caminhou até o som, permanecendo de costas, e colocou ‘Caught out in the rain’, Beth Hart. Parou um instante e deixou a música subir lentamente pelo seu corpo, envolvendo-a numa nuvem de tesão, erotismo e luxúria. Fernando percebeu seu nervosismo, o tremor e os suspiros que ressaltam um cer
Mariana acordou com um gosto estranho na boca e o mundo girando. Nunca mais na vida beberia! Espreguiçou-se um pouco, aproveitando o macio da cama e quando esticou o braço tocou num peito forte e musculoso. Tateou um pouco mais e virou imediatamente a cabeça, dando de cara com um corpo inteiro pelado em sua cama. Tomou um grande susto! Escorregou devagarinho até a beirada da cama e levantou em silêncio, relembrando o que havia acontecido e quanto mais lembrava, mais ficava vermelha. Ao levantar a cabeça, viu que Fernando havia acordado, e olhava-a com cobiça e desejo, adorando o fato de ela estar nua. Conseguiu desviar do olhar, procurando rapidamente por algo para se cobrir e pegou uma toalha minúscula jogada na poltrona ao seu lado. Nesse instante, ouviu a voz rouca e melodiosa de Fernando. — Bom dia! Por que o repentino pudor? — perguntou com um largo sorriso. Mariana não respondeu e olhou
Mariana entrou no carro e ao chegar à rua, observou que o tempo estava nublado, torcia para que não chovesse, mas, na hora em que parou de pensar, começou a chover. Para completar, a chuva veio com o pacote completo: trovão, vento e raio. Estendeu a mão para conectar o celular e colocar uma música para relaxar um pouco, pois o caminho seria longo, quando, de repente, o carro parou de funcionar. Brincadeira! Estava distante de casa e não podia voltar a pé e pedir ajuda. Ligou para Luíza, depois para Vívian e nenhuma das duas atendeu o telefone. Encostou a cabeça no volante e pensou no inconveniente da situação. Ligou a sinaleira e a loucura atrás do seu carro foi geral, nunca ouviu tanta buzina. A sorte é que o carro parou próximo da calçada, assim não atrapalha tanto o trânsito. Resolveu se acalmar e ligar para o seguro, o jeito seria esperar. Depois de duas horas e muita chuva, o seguro apareceu e levou o carro. Agora, a maratona seria conseguir um t
Mariana adorava a cafeteria da Dália, os cafés eram maravilhosos e o espaço muito aconchegante, com uma decoração rústica e o grão moído na hora. Pediu um cappuccino, afinal, em todo drama um café é sempre bem-vindo. Sentou-se numa mesinha próxima da janela, para continuar vendo a chuva, o dia realmente tinha um tom bucólico. Observou o trânsito através da janela de vidro embaçada, a cidade mergulhada no caos. Se Luíza estivesse presente, com certeza perguntaria que filme faria referência a esse dia chuvoso, só para irritá-la. As pessoas fugiam da chuva como quem foge da própria sombra, escondem-se dentro das lojas, debaixo das bancas de revistas ou em minúsculas sombrinhas. O mundo girando rapidamente e ela mergulhada em suas lembranças. Considerava-se uma pessoa sem expectativas para o amor, contudo Luíza e, principalmente, Vívian não compreendiam e continuavam a lhe apresentar um pacote de homens que não acabava nunca. Escutou
Mariana pulou da cama atrasada! Esperava que o dia fosse mais tranquilo. O seguro ligou avisando que o carro só ficaria pronto no final da tarde, então, Uber de novo! Iniciou os atendimentos às 8h em ponto, receberia um novo paciente, às 9h, assim tirou cinco minutinhos de intervalo para tomar um café, mas teve que mudar de ideia, pois ouviu um burburinho na recepção e abriu a porta para ver o que era, deparando-se com um buquê de tulipas brancas. — A senhora é a Dona Mariana? — Sim, sou eu. — Confirmou. — Essas flores são para a senhora, assine aqui por favor. Recebeu as flores e assinou o comprovante. Entrou na sua sala seguida por uma trop
Acordou com o barulho do despertador que mais parecia um congo ecoando dentro da sua cabeça. Eram 9h da manhã e Mariana não estava nem um pouco empolgada para ir trabalhar. Ligou para a clínica e pediu para sua atendente remarcar os seus pacientes para o dia seguinte. Laura quase pirou, pois, de acordo com ela, não teria como encaixar tantos pacientes no mesmo dia. Desligou o telefone e deixou o pepino para ela resolver. Quando finalmente saiu do quarto, não encontrou as meninas. Tomou café e voltou para a cama. Rolou para um lado e para o outro, levantou, arrumou suas gavetas, leu, analisou alguns artigos, almoçou e quando deu por si já eram 18h. O celular tocou, era o Pedro. — Mariana, sou eu o Pedro. — Eu sei, reconheci a sua voz. — Você está melhor da enxaqueca? Mariana despertou assustada, como se alguém estivesse lhe observando. Olhou em volta, a porta estava fechada e silêncio total. O sono sumiu completamente, então, resolveu levantar e tomar um banho. Abriu a porta do quarto e caminhou em direção à cozinha, exatamente no momento em que Luíza saía do quarto. — Bom dia, Mariana! Quer dizer que perdi todas as chances, não é? — Bom dia! Não estou entendendo?— respondeu Mariana. — Querida, depois daquela demonstração de posse de ontem, resolvi tirar o meu cavalinho da chuva. — deu uma risada. — Então, como foi a sua noite? Tive a impressão de que ouvi uns gritos e gemidos, não? — Luíza! Será que você sempre tem que ser desagradável? Se você ouviu, sinto muito, ok? Agora, eu gostaria que você não saísse colocando Capítulo 10 - O pecado dorme ao lado
Mariana acordou com o barulho do celular tocando. — Bom dia! — falou sonolenta. — Bom dia! Te acordei? — Não, Pedro, eu já estava acordada, só com preguiça de levantar. Aconteceu algo? — Eu vou ter que viajar hoje e só volto na próxima semana, no caso, no sábado. — Mas hoje é domingo? — Sei, mas começo amanhã um cur