Mariana adorava a cafeteria da Dália, os cafés eram maravilhosos e o espaço muito aconchegante, com uma decoração rústica e o grão moído na hora. Pediu um cappuccino, afinal, em todo drama um café é sempre bem-vindo. Sentou-se numa mesinha próxima da janela, para continuar vendo a chuva, o dia realmente tinha um tom bucólico. Observou o trânsito através da janela de vidro embaçada, a cidade mergulhada no caos. Se Luíza estivesse presente, com certeza perguntaria que filme faria referência a esse dia chuvoso, só para irritá-la. As pessoas fugiam da chuva como quem foge da própria sombra, escondem-se dentro das lojas, debaixo das bancas de revistas ou em minúsculas sombrinhas. O mundo girando rapidamente e ela mergulhada em suas lembranças. Considerava-se uma pessoa sem expectativas para o amor, contudo Luíza e, principalmente, Vívian não compreendiam e continuavam a lhe apresentar um pacote de homens que não acabava nunca. Escutou
Mariana pulou da cama atrasada! Esperava que o dia fosse mais tranquilo. O seguro ligou avisando que o carro só ficaria pronto no final da tarde, então, Uber de novo! Iniciou os atendimentos às 8h em ponto, receberia um novo paciente, às 9h, assim tirou cinco minutinhos de intervalo para tomar um café, mas teve que mudar de ideia, pois ouviu um burburinho na recepção e abriu a porta para ver o que era, deparando-se com um buquê de tulipas brancas. — A senhora é a Dona Mariana? — Sim, sou eu. — Confirmou. — Essas flores são para a senhora, assine aqui por favor. Recebeu as flores e assinou o comprovante. Entrou na sua sala seguida por uma trop
Acordou com o barulho do despertador que mais parecia um congo ecoando dentro da sua cabeça. Eram 9h da manhã e Mariana não estava nem um pouco empolgada para ir trabalhar. Ligou para a clínica e pediu para sua atendente remarcar os seus pacientes para o dia seguinte. Laura quase pirou, pois, de acordo com ela, não teria como encaixar tantos pacientes no mesmo dia. Desligou o telefone e deixou o pepino para ela resolver. Quando finalmente saiu do quarto, não encontrou as meninas. Tomou café e voltou para a cama. Rolou para um lado e para o outro, levantou, arrumou suas gavetas, leu, analisou alguns artigos, almoçou e quando deu por si já eram 18h. O celular tocou, era o Pedro. — Mariana, sou eu o Pedro. — Eu sei, reconheci a sua voz. — Você está melhor da enxaqueca? Mariana despertou assustada, como se alguém estivesse lhe observando. Olhou em volta, a porta estava fechada e silêncio total. O sono sumiu completamente, então, resolveu levantar e tomar um banho. Abriu a porta do quarto e caminhou em direção à cozinha, exatamente no momento em que Luíza saía do quarto. — Bom dia, Mariana! Quer dizer que perdi todas as chances, não é? — Bom dia! Não estou entendendo?— respondeu Mariana. — Querida, depois daquela demonstração de posse de ontem, resolvi tirar o meu cavalinho da chuva. — deu uma risada. — Então, como foi a sua noite? Tive a impressão de que ouvi uns gritos e gemidos, não? — Luíza! Será que você sempre tem que ser desagradável? Se você ouviu, sinto muito, ok? Agora, eu gostaria que você não saísse colocando Capítulo 10 - O pecado dorme ao lado
Mariana acordou com o barulho do celular tocando. — Bom dia! — falou sonolenta. — Bom dia! Te acordei? — Não, Pedro, eu já estava acordada, só com preguiça de levantar. Aconteceu algo? — Eu vou ter que viajar hoje e só volto na próxima semana, no caso, no sábado. — Mas hoje é domingo? — Sei, mas começo amanhã um cur
olada, sem vontade de falar. — Por favor, fale comigo. — pediu Fernando. Mariana levantou e Fernando a impediu de sair. — Como eu disse antes, eu te amo, e não vou desistir de você. Se precisar de um tempo pra digerir tudo isso eu entendo, mas não pense que vou abrir mão de nós dois. Mariana puxou o braço e foi embora. Chegou ao apartamento aos prantos, mas não chorou na frente dele, assim, estava orgulhosa de si mesma. Deitou-se no sofá e ficou pensando em tudo o que tinha acontecido. A semana foi um turbilhão de loucuras. Caminhou até a janela, a lua estava linda, brilhante e cheia de vida. Vívian tinha razão, precisava se divertir um pouco, arr
Acordaram abraçados, corpos entrelaçados, uma das mãos de Mariana repousando em seu peito, as batidas de seus corações tranquilas. Uma pancada forte na porta do quarto, seguida de um grito histérico, os trouxe de volta à vida. — Que merda é essa, Fernando? Fernando acordou sobressaltado reconhecendo a voz de Margô. Num gesto rápido, cobriu Mariana, que sentou na cama atordoada. — Desculpe, Fernando! Ela invadiu a casa e entrou em todos os quartos procurando por você. Não tive como impedi-la. — Vívian estava bastante irritada. — Vívian, eu que peço desculpas. Pode deixar que eu resolvo. Vívian saiu e fechou a porta do quarto.
Mariana passou o dia inteiro no quarto, bem como a noite. Fernando insistiu por horas implorando que abrisse a porta, assim como Luíza e Vívian. Ouviu discussões, gritos estressados, vozes conciliadoras, mas nada a fez mudar de ideia. Precisa se renovar, era uma pupa e, até virar borboleta, demoraria um pouco mais. O dia raiou, mais um dia. Levantou-se, olhou-se no espelho e se assustou, estava terrível. “Feliz aniversário, Mariana!” Tomou um bom banho, maquiou-se, caprichou para esconder todas as olheiras, escolheu um vestido branco estampado e uma sandália alta branca. Gostou do resultado, não parecia mais um corpo sem alma. Saiu do quarto e ao entrar na sala deparou-se com vários rostos preocupados, dentre eles, o de Fernando. — Bom dia! Desculpe ter preocupado todos vocês, mas eu já estou bem, ok? — evitou o olhar de Fernando. —Vou trabalhar, mais tarde nos vemos. Só para confirmar, a s
Acordou feliz e espreguiçou-se, virando-se de lado à procura de Fernando. Surpreendeu-se com um buquê de tulipas vermelhas. Mariana riu e sentou na cama. — Por que está rindo? — Fernando estava em pé na porta com uma bandeja de café da manhã. — Você tem uma cor de tulipa para cada ocasião? Qual o significado da tulipa vermelha? — Ela significa amor verdadeiro. E sim, eu tenho uma cor para cada ocasião. Essa é a nossa flor, a flor que representa o que eu sinto por você. — Por que tulipas? — Porque tulipa significa ‘amor perfeito’, já disse que você é minha tulipa. Desde o primeiro dia em que eu te vi, imaginei que seria assim, essa ambivalência de sentimentos, bonito, louco, triste, intenso, às vezes feio, ou seja, vermel