Acordou feliz e espreguiçou-se, virando-se de lado à procura de Fernando. Surpreendeu-se com um buquê de tulipas vermelhas. Mariana riu e sentou na cama.
— Por que está rindo? — Fernando estava em pé na porta com uma bandeja de café da manhã.
— Você tem uma cor de tulipa para cada ocasião? Qual o significado da tulipa vermelha?
— Ela significa amor verdadeiro. E sim, eu tenho uma cor para cada ocasião. Essa é a nossa flor, a flor que representa o que eu sinto por você.
— Por que tulipas?
— Porque tulipa significa ‘amor perfeito’, já disse que você é minha tulipa. Desde o primeiro dia em que eu te vi, imaginei que seria assim, essa ambivalência de sentimentos, bonito, louco, triste, intenso, às vezes feio, ou seja, vermel
Faz quase dois meses que Fernando viajou e até agora não retornou. Ligava todos os dias, mas Mariana recusava-se a atendê-lo. As suas mensagens eram apaixonadas e desesperadas. Nunca pensou que sentiria tanta falta das brigas, do seu cheiro, dos beijos, das tulipas e, principalmente, do seu amor. Desde a sua partida saía à noite todos os dias, sua alma, como diriam os grandes poetas do passado, transbordava de dor. Estava cansada de tudo e de todos. A porta do seu quarto foi aberta subitamente, atrapalhando os seus pensamentos. — Mariana, pode se levantar agora! Eu já estou de saco cheio desse drama mexicano, como bem diz Marcelo. O Fernando está em Portugal, mas a vida continua! Levanta agora! Vamos beber, chorar e superar o sofrimento. — falou Vívian. — Não! Eu não quero! — Cinco minutos, na sala! —
Tirando os quatro dias que Fernando ficou para o casamento de Vívian, fazia cinco meses que estava em Portugal. Mariana resolveu deixar tudo o que tinha acontecido para trás e viver uma nova vida. Quando Fernando foi embora, na mesma semana fez alguns exames e descobriu que estava grávida. Deixou claro para Luíza e Vívian que, por enquanto, não contaria nada para ele, pois Margô estava prestes a ter o bebê, decidindo, assim, o rumo que Fernando daria à sua vida. Dessa forma, não queria ser outro problema em sua vida. Após o trabalho, marcou um happy hour com suas amigas, na cafeteria ao lado da clínica. — Mariana, parece que o parto da Margô vai ser essa semana. O que vai fazer se o bebê não for dele? — pergunt
Estavam sobre o mesmo teto há um mês, mas Mariana mal lhe dirigia a palavra. Era obrigada a ir para o trabalho com um motorista, sem direito a sair para nenhum lugar, pois precisava se cuidar. Às vezes, conseguia driblá-lo e encontrava-se com Vívian e Luíza. Chegou do trabalho em torno das 18h e Fernando já estava em casa, sentado na varanda bebendo e conversando ao celular. Passou por ele e foi direto para o seu quarto. Tomou um banho demorado, entrou no closet e escolheu um vestido azul claro, leve com detalhes florais na barra, longo e com gola reta. Estava cansada e o banho contribuiu para lhe deixar sonolenta, então decidiu deitar um pouco antes de jantar. Recostou-se nos travesseiros e dormiu. Já eram 19h e nada de Mariana sair do quarto, Fernando resolveu então verifi
Chegou a casa às 17h em ponto, já estava com o motorista contratado por Fernando, era um senhor muito gentil e solícito. Ele lhe ajudou a tirar suas tralhas do carro, pois estava organizando um novo evento na clínica. Entrou em casa agitada, visto que Fernando tinha lhe dito que iriam a um jantar de negócios num dos hotéis e assim que passou pela sala, ele a aguardava com uma cara de poucos amigos. — Você esqueceu do nosso compromisso? — Não, mas eu tinha uma reunião com um provável sócio da clínica, lembra? Eu falei pra você. Desculpe! — Lembro e quero conhecê-lo, mas agora corra que você só tem 30 minutos! — Eu não posso me arrumar em 30 minutos! Olha, já que não pode se atrasar, você vai na frente e eu vou depois com mais tranquilidade.
Mariana acordou confusa e aturdida, suas mãos e pés amarrados, além disso, sentia muita dor de cabeça. Sentou-se e tentou identificar o local em que estava e reconheceu o ambiente, era o seu apartamento, mexeu-se um pouco mais e esbarrou em alguém que gemeu. — Droga! O que foi que aconteceu! Era Luíza, que se recostou na parede. — Luíza, você está bem?— perguntou Mariana preocupada. — Acho que sim. E você? Afinal, o que está acontecendo? — Eu fui sequestrada quando saía pra me encontrar com o Fernando. E você? — Eu abri a porta para um carinha que chamei pra almoçar, daí deixei ele entrar e, quando dei as costas
Sentiu um leve beijo no rosto, abriu os olhos e viu Fernando, com um olhar preocupado. — Bom dia, meu amor! Está se sentindo bem? — Acho que sim. — sentiu um incômodo na barriga e percebeu que estava com um monitor fetal. Tentou sentar, mas sentiu uma dor no quadril do lado esquerdo. — Melhor não se mexer, você está muito machucada. E a cabeça? — Doendo. Estou me sentindo como se tivessem me passado num moedor de carne, muito dolorida. Aqui dentro parece um parquinho de diversão, ele não para de se mexer. Por que o monitor? O bebê não está bem? — O bebê está bem, mesmo com os machucados, mas os batimentos cardíacos estavam muito acelerados, então o médico está monitorando, você tem que ficar tranquila.
A visão do mar, sem falar do pôr do sol, na Ponte dos Ingleses, é simplesmente inesquecível. Mariana tinha estado ali, naquele mesmo lugar, várias vezes em sua vida, mas não se cansava de contemplá-los. Encostou-se na mureta, abriu os braços e deixou que as gotas de água tocassem o seu rosto, como num ritual de benção e proteção. Respirou fundo e permitiu que o ar oxigenasse os seus pulmões, diminuindo, assim, a ansiedade. Hoje faz exatamente dois anos que Henrique a abandonou grávida, dessa forma, mais uma vez, prendia-se aos devaneios do passado, do que foi e do que poderia ter sido. Lá, no fundo de seu inconsciente, o desejo reprimido e latente pulsava por liberdade, aspirando viver num mundo de infinitas possibilidades. Há muito que varrera para o lado de fora de seu coração, toda e qualquer possibilidade de amor, assim, relacionamentos nem pensar. Precisava se proteger, teria que se acostumar com a solidão. Lembrou-se, de repente, de uma fr
Fernando foi a uma cafeteria próxima da boate e aguardou o tempo para poder entrar e encontrar o seu amigo. Até aquele momento, não conseguia entender o motivo de ter aceitado o convite para conhecer uma de suas amigas, soava meio desesperado, pior do que entrar num site de namoro, não era fã de encontros desse tipo, mas, por consideração, resolveu topar. Lembrou-se da mulher da ponte, fazia muito tempo que não sentia uma atração tão forte e principalmente por alguém desconhecido. Tudo foi tão rápido que surpreendeu-se com o seu próprio comportamento, já que não era um homem impulsivo, ao contrário, era extremamente controlado. A visão da sua boca carnuda e vermelha, bem como dos seios, deixou-o excitado e acabou beijando-a sem que ela permitisse, aspecto que poderia até ser considerado como assédio. Balançou a cabeça tentando livrar-se dos pensamentos eróticos que povoavam sua mente, irritou-se pelo fato de não ter ido a