Capítulo três
Desde criança, Rhea sonhava em ter uma família. Ter filhos, um casamento estável e feliz, e acima de tudo, ela sonhava em ter uma casa confortável.
A pequena Rhea D'onson, sempre passava horas e horas imaginando o seu futuro perfeito. Sua casa dos sonhos e sua esposa linda e amável.
Ela imaginava, nos mínimos detalhes, uma casa grande. Com o chão e o teto todo revestido de madeira, uma lareira para o inverno, uma piscina não tão grande para as crianças ( ou criança) e por último, mas não menos importante : Uma biblioteca particular.
Com a ajuda de Melanie, aquilo tudo foi possível. E ela conseguiu realizar tudo aquilo que um dia sonhara. Mas estar diante da porta da casa que um dia foi o lar das duas, era extremamente desconfortável.
Até mesmo tocar a campainha e esperar alguém atender aquela porta de madeira, era um grande incômodo:
- Quem é? - Perguntou uma voz familiar, tentando olhar através do espelho mágico.
- Sou eu... -Respondeu Rhea, com a voz embargada.
A porta se abriu e Melanie fez uma cara de insatisfação ao ver sua ex esposa na porta de sua casa. Não importava o quanto ela dissesse que não queria vê-la, Rhea sempre dava uma desculpa para aparecer:
- Precisamos conversar, Melanie.
- Eu não tenho nada para falar como você... Mas.. Entre.
A mulher de cabelos lisos e negros adentrou o seu antigo lar, com um leve aperto no coração. Estar ali, em um lugar que lhe trouxe tanta felicidade, era muito nostálgico:
- Onde está Joanne?
- Acabou de dormir! - Respondeu Melanie, ao fechar a porta. - Então eu já lhe peço para não fazer barraco, como na última vez.
- Não se preocupe, Mel.
- Para você é Melanie, Rhea. Já passou a época em que tivemos alguma intimidade.
- Tudo bem, olha, por que quer o divórcio? - Perguntou Rhea, se aproximando.
- Não está óbvio?
- Melanie, eu sei que eu fiz burrada durante o nosso relacionamento, mas... Temos umas família.
- Burrada? - Riu Melanie, debochada - Burrada foi quando você esqueceu a data do nosso aniversário de casamento. O que você fez eu não chamaria de burrada.
- E o que foi que eu fiz?
- Você acabou comigo, cada dia você me matava aos poucos, Rhea. - Respondeu Melanie, com lágrima nos olhos. - Você me traía com várias garotas mais novas, você me menosprezava, mentia compulsivamente...
- Eu-Eeu me arrependi de tudo isso, eu lhe pedi desculpas. Melanie, eu te amo.
- E eu te desculpei, Rhea. Deus.. Eu te desculpei na mesma hora, pois o rancor só iria fazer mal à mim mesma.
- E então?
- Isso não anula toda a dor que você me fez sentir...
- Melanie, eu sint..
- Eu preferia ter dado todo o amor que te dei, para uma outra pessoa.
Como alguém que toma um choque ou descobre algo extremamente ruim, Rhea ficou paralisada após ouvir aquela frase.
Automaticamente sua mente a levou em várias memórias de uma vez, enquanto estava ali, de frente para Melanie. Por não estar preparada, uma enorme e dolorosa dor de cabeça explodiu.
Mas ao cair no chão, ela se deu conta de que as mágoas de sua ex esposa eram um pouco piores do que ela poderia ter imaginado. Pois Melanie nem se dignou em ajudá-la a se levantar do chão.
A morena se ergueu sozinha sem dizer uma palavra sequer, foi até a cozinha da sua antiga casa e tomou um copo d'água, e depois subiu as escadas até o quarto de sua filha.
A pequena Joanne estava deitada em sua cama, coberta por inúmeros bichos de pelúcia. Ao ver Rhea abrindo a porta, ela sorriu enquanto arqueava as sobrancelhas. De fato ela já estava com enormes saudades :
- Mamãe!
- Oi, minha pequena!
E as duas ficaram ali, por horas, rindo e brincando até Rhea esquecer o que acabará de ouvir de Melanie. Estar ao lado de sua filha lhe trazia uma imensa felicidade, tanta que algumas vezes, Rhea voltava no tempo só pra reviver o dia do nascimento de Joanne. O que para ela foi o melhor dia de sua vida.
Ao cair da noite, Rhea fez com que Joanne dormisse em seu colo, depois a colocou em sua cama e a cobriu com os inúmeros bichos de pelúcia, novamente.
A morena olhava como se desejasse ardentemente que aquilo não fosse uma despedida: - Vai ficar tudo bem, meu amor! - Ela dizia baixo, enquanto acariciava os cabelos de Joanne.
Irritada com a demora, Melanie subiu até o quarto de Joanne e abriu a porta, exigindo que Rhea fosse embora, pois já estava ficando muito tarde:
- Você não precisa me tratar assim! - Exclamou Rhea enquanto descia as escadas ao lado de Melanie.
- Eu não preciso te tratar de forma alguma, Rhea. Então não peça para que eu seja gentil com você.
- Não estou pedindo para que seja gentil comigo, só para que não me prive de ver minha filha.
- Não vou! Desde que o juiz decrete isso.
- O QUE? -Disse Rhea, alterando a voz - VOCÊ VAI TENTAR TIRAR A GUARDA DELA DE MIM?
- Vou!
- Você não pode fazer isso, ela é minha filha!
- Eu não quero que ela passe por tudo o que eu passei, estando ao seu lado, Rhea D'onson.
- Melanie, eu sei que errei com você. Mas ela é minha filha, é diferente. - Disse Rhea, tentando pegar na mão de Melanie. - Eu sinto muito.
- Não sinta. Porque eu, se Deus quiser, vou me livrar de você. - Respondeu Melanie, encarando os olhos de Rhea - E então eu vou..
E Rhea a beijou, segurando a cintura de Melanie o mais forte que conseguiu junto ao seu corpo. Para a sua surpresa, Melanie não revidou, não gritou, não tentou escapar do beijo. Muito pelo contrário, parecia que aquilo ainda a acalmava, como acontecia antes.
- Eu vou consertar tudo, Melanie. - Disse Rhea, após o beijo inesperado. - Eu te amo e sei que você ainda me ama.
- Eu.. Eu..
- Eu vou consertar tudo, não se preocupe...
Capítulo quatroNa privacidade de seu quarto, todo revestido com um papel de parede azul escuro, Rhea escrevia alguns lembretes antes de voltar ao tempo. Algumas coisas a quais ela fez errado da primeira vez e que em hipótese alguma, poderia fazer novamente.Algumas anotações eram tão doloridas que ela mal conseguia conter as lágrimas ao se lembrar de tudo aquilo! - Não posso errar de novo! - Disse Rhea,em voz alta.Com os pensamentos em sua cabeça, ela foi até a janela para dar uma olhada no céu e nas estrelas. De certa forma, ela estava com medo mas pelo o outro lado, a sensação de que ela poderia consertar tudo, lhe alegrava.Mike, seu irm&
Rhea tentava se lembrar dos mínimos detalhes enquanto dirigia sua Harley com Melanie na garupa,tudo deveria ser perfeito e não haver um misero erro sequer. Ou tudo poderia ir para os ares.Já Melanie, ela estava curtindo cada segundo abraçada com aquela garota tão incontrolávelmente atraente e misteriosa. Apesar de ter uma sensação estranha em seu peito, tudo o que ela queria era que aquela noite fosse memorável. Rolasse um beijo ou algo assim :- ESSA É A VELOCIDADE MÁXIMA QUE ESSA MOTO FAZ? - gritou Melanie, perto do ouvido de Rhea. A motoqueira sorriu, enquanto acelerava gradativamente.- TEM CERTEZA DE QUE VOCÊ QUER QUE EU CORRA?- ME SURPREENDA, D'
No banheiro, abraçada com a privada enquanto tentava vomitar para ver se aquele enjôo todo passasse, Rhea ainda se perguntava quem era aquele garoto estranho que à observava do sofá. Como ele poderia saber o que aconteceu?Ao dar descarga e escovar os dentes, para tirar aquele gosto amargo da boca, a motoqueira sentou no sofá ao lado e tentou se lembrar ao máximo, afim de descobrir alguma coisa. Algo à intrigava. Nada fazia algum sentido para ela:- Posso perguntar? Como você sabe o que aconteceu comigo? - Perguntou Rhea, ao garoto.- É um pouco complexo... Mas para resumir, Striker me mandou atrás de você.- Donatella te mandou? O que? Mas como ela poderia.. Vo
As sirenes ecoavam por todo o lugar, um barulho irritante de pessoas gritando e correndo para lá e para cá. Um fugitivo estava em fuga pelos canos do esgoto da maior prisão de Hong Kong :- PEGUEM ELE! - Gritava um dos guardas da prisão, enquanto os outros se apressavam para ocupar todas as saídas possíveis.- VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ESCAPAR!E eles estavam certos, era impossível escapar! Tudo estava ocupado, e as saídas ocupadas por guardas altamente armados até os dentes, pois a prisão era de segurança máxima :- Ora, Ora, Ora! - Disse o chefe de segurança, ao perceber que o fugitivo não tinha mais escapatória. - Parece que você não tem para onde ir!
A única coisa que Bear sabia sobre San Francisco, era a famosa ponte da cidade. Então, foi nela que ele se concentrou e apareceu reluzente, como um clarão. Caindo no meio dos carros que buzinavam, enquanto se desviavam dele.Ao avistar um táxi, Bear fez sinal para que ele parasse, meio que se jogando em sua frente.O rapaz mexicano que dirigia, começou à xinga-lo em sua língua natal, o que Bear não fez nem questão de saber do que se tratava.O mesmo entrou pela porta de trás, e por um segundo esqueceu que estava na América e falou com o motorista em chinês :- Me desculpe, eu não falo sua língua! -Disse o mexicano em inglês.- M
10 segundos atrás :- Oi! - disse Rhea, batendo na porta da cozinha de Melanie. A mesma estava tomando um chá quando foi pega de surpresa. Não esperava ver Rhea ali. - Espero não ter sido invasiva.- Está tudo bem. - respondeu Melanie, sem graça - O que veio fazer aqui?- Estava passando por perto e decide perguntar se você não estaria interessada em ir ao cinema comigo hoje.- Han... Me desculpe, Rhea, é que eu combinei de sair com uma pessoa, hoje.- O que? - Rhea perguntou, indignada. Mas antes que Melanie pudesse responder, um clarão tomou conta da sala de estar, e uma garota, de cabelos lisos e
O sol da tarde raiava, ardendo a pele branca de Rhea. Sem uma brisa de vento, sequer. A garota corria dentre um labirinto feito de árvores e arbustos. Pulando os obstáculos feitos de pedras, com toda sua agilidade, ela ultrapassava qualquer coisa que estivesse em sua frente :- Eu não consigo, monge. É impossível encontrar a saída daqui. - Rhea dizia, alto.- Lembre-se, Rhea D'onson, esse labirinto está dentro de sua mente. Você só o projetou. - O monge respondia, através da mente de Rhea.- Se essa é a minha cabeça... Eu devo ser a pessoa mais confusa que existe.- Essa é a coisa mais sensata que você disse até agora, Rhea D'onson.
Não demorou muito para que Morelli reaparecesse na sala onde Melanie estava dormindo. A loira saiu do quarto e andou pelo corredor até encontrar Rhea sentada ao chão, abraçada com suas próprias pernas, soluçando de tanto chorar.- Você está bem? - Morelli perguntou, mesmo sabendo a resposta.- Onde você a deixou?- Na casa dela. - Respondeu Morelli, sentando ao chão, também. - Não se preocupe, o monge Jehtró garantiu que ela estaria em segurança.- Comigo longe... Tenho certeza disso.- Posso perguntar uma coisa?- Isso já é