Capítulo dois
O celular tocava freneticamente em cima da escrivaninha, ao lado da cama de Rhea. Por azar de quem estava ligando, ela tinha o sono pesado. Não acordava nem que estivesse acontecendo um terremoto.
Mike, seu irmão mais velho, ao contrário dela, acordava por qualquer motivo. Qualquer um, mesmo. Ele que já estava acordado fazia algumas horas, ouviu o celular da irmã tocar e foi ver quem era.
Ele entrou sorrateiro e pegou o iphone de Rhea e o atendeu, enquanto fechava a porta do quarto:
- Alô? Aqui é Mike D'onson falando.
- Senhor D'onson, aqui é Jake Preston, advogado da senhorita Crosby!
- Ah.. Sim.. Pode falar, senhor Preston.
- A audiência para o divórcio da senhorita Crosby será nessa sexta-feira, as 11 da manhã. - Disse Jake Preston - É de extrema importância que a senhorita D'onson compareça.
- Ela vai estar lá! - Respondeu, Mike.
- Espero que sim! Obrigado pela atenção. - Disse Jake - Passar bem, senhor D'onson.
Ao desligar o celular, Mike ficou pensando em várias maneiras de contar para Rhea que Melanie tinha pedido o divórcio definitivo, sua irmã já estava sofrendo muito e ele achou que aquilo poderia ser demais para ela.
Porém, se ele não contasse, algo pior poderia acontecer. E Rhea poderia perder a guarda de sua filha de apenas 5 anos de idade. A menina dos olhos de Rhea se chamava Joanne, nascida em outubro de 2011. Ela era de libra e um tanto parecida com Melanie, pois a mesma a gerou na primeira tentativa para terem uma filha.
- Quem era no telefone, Mike? - Perguntou Rhea, de braços cruzados.
- Ah.. É...
- Não minta para mim, ou eu volto no tempo só para atender esse celular.
- Você usa esse dom para tudo, né?! - Disse Mike, irritado - Isso é chato.
- Fala logo!
- Era o advogado da Melanie!
- Advogado?
- O advogado disse que você tem uma audiência sexta-feira. - Respondeu Mike, sério - Ela pediu o divórcio.
- Ela o que?! - Perguntou Rhea, já com os olhos cheio d'água. É claro que aquilo foi uma pergunta retórica. Ela tinha ouvido muito bem o que seu irmão estava dizendo, mas não podia acreditar que a mulher que ela tanto amava não queria mais estar ao seu lado. Dividir sua vida com ela. Era muito doloroso saber disso.
Rhea limpou as lágrimas e foi direto para seu quarto, entrou dentro do seu closet e começou a se vestir:
- Olha, eu sei o que você vai fazer, Rhea. Ficar voltando no tempo não vai adiantar nada! - Disse Mike, enquanto observava sua irmã. - Sua mente está exausta e você vai acabar morrendo.
- E o que você tem a ver com isso?
- Eu sou seu irmão! Eu me preocupo com você, Rhea.
- Eu não posso ficar parada aqui, sem fazer nada. Vendo a Melanie cometer erros e acabar com as nossas vidas.
- Ela está seguindo em frente! - Exclamou Mike - E é isso o que você deveria fazer, também.
- Eu a amo!
- Você teve a sua chance.
- Está errado, irmão. Eu faço as minhas próprias chances.
- Ah, claro! Deus te dá um dom e você o desperdiça tentando concertar os erros que você cometeu! - Disse Mike, enfatizando o "você".
Rhea se sentiu atingida com aquilo que seu irmão acabará de dizer e ela não conseguiu responde-lo nem que sua vida dependesse daquilo. Então, ela respirou fundo e pegou as chaves de sua moto, seu capacete e desceu até a garagem.
Depois de pegar sua moto, ela saiu em disparada até o consultório de sua melhor amiga.
Donatella Striker, se assustou quando Rhea entrou em sua sala chorando desesperadamente.
A psiquiatra correu e a abraçou tentando entender o que tinha acontecido mas sua amiga estava totalmente incontrolável :
- Sente-se aqui! - Disse Dona, apontando para um sofá. - Vou pegar uma xícara de chá para você.
- Eu não quero chá, quero um whisky. - Disse Rhea - Tem um no seu armário.
- Como...? Aí, eu nem vou discutir com você, agora.
A psiquiatra pegou um copo e colocou duas doses e entregou para a amiga, que bebeu aquilo como se fosse água.
- Vai me contar o que aconteceu?
-... Dona... É possível que eu volte no tempo e reviva ele todo de novo? -Perguntou Rhea - Quer dizer, até hoje eu só revivo algumas horas e depois volto para a realidade, mas nunca revivi ele todo, por dias, anos...
- Bom, possível é! Mas a verdade é que você não sabe o que isso pode lhe causar.
- Como assim?
- Por exemplo, se você volta no tempo e revive ele novamente, como se a sua realidade hoje não tivesse existido, pode ocorrer uma mudança nos fatos e você pode ficar louca.
- Melanie pediu o divórcio...
- E a sua ideia é voltar no tempo e consertar todos os erros que você cometeu?
- Exatamente! - Exclamou Rhea.
- É perigoso! Você tem muitas coisas a perder, caso isso não dê certo.
- Tipo o que?
- Sua filha! - Respondeu, Donatella - E se você alterar o passado e Joanne não nascer? Você vai conseguir conviver com isso?
- Eu.. E-Eu tenho que tentar, Dona. Não posso perder a Melanie.
- Você sabe que eu sou sua melhor amiga...
- Você vai me apoiar, não vai?
-... Eu não posso apoiar, Rhea. - Respondeu Donatella, encarando sua amiga. - Mas também não posso te impedir. Faça o que tem que fazer.
Capítulo trêsDesde criança, Rhea sonhava em ter uma família. Ter filhos, um casamento estável e feliz, e acima de tudo, ela sonhava em ter uma casa confortável.A pequena Rhea D'onson, sempre passava horas e horas imaginando o seu futuro perfeito. Sua casa dos sonhos e sua esposa linda e amável.Ela imaginava, nos mínimos detalhes, uma casa grande. Com o chão e o teto todo revestido de madeira, uma lareira para o inverno, uma piscina não tão grande para as crianças ( ou criança) e por último, mas não menos importante : Uma biblioteca particular.Com a ajuda de Melanie, aquilo tudo foi possível. E ela conseguiu realizar tudo
Capítulo quatroNa privacidade de seu quarto, todo revestido com um papel de parede azul escuro, Rhea escrevia alguns lembretes antes de voltar ao tempo. Algumas coisas a quais ela fez errado da primeira vez e que em hipótese alguma, poderia fazer novamente.Algumas anotações eram tão doloridas que ela mal conseguia conter as lágrimas ao se lembrar de tudo aquilo! - Não posso errar de novo! - Disse Rhea,em voz alta.Com os pensamentos em sua cabeça, ela foi até a janela para dar uma olhada no céu e nas estrelas. De certa forma, ela estava com medo mas pelo o outro lado, a sensação de que ela poderia consertar tudo, lhe alegrava.Mike, seu irm&
Rhea tentava se lembrar dos mínimos detalhes enquanto dirigia sua Harley com Melanie na garupa,tudo deveria ser perfeito e não haver um misero erro sequer. Ou tudo poderia ir para os ares.Já Melanie, ela estava curtindo cada segundo abraçada com aquela garota tão incontrolávelmente atraente e misteriosa. Apesar de ter uma sensação estranha em seu peito, tudo o que ela queria era que aquela noite fosse memorável. Rolasse um beijo ou algo assim :- ESSA É A VELOCIDADE MÁXIMA QUE ESSA MOTO FAZ? - gritou Melanie, perto do ouvido de Rhea. A motoqueira sorriu, enquanto acelerava gradativamente.- TEM CERTEZA DE QUE VOCÊ QUER QUE EU CORRA?- ME SURPREENDA, D'
No banheiro, abraçada com a privada enquanto tentava vomitar para ver se aquele enjôo todo passasse, Rhea ainda se perguntava quem era aquele garoto estranho que à observava do sofá. Como ele poderia saber o que aconteceu?Ao dar descarga e escovar os dentes, para tirar aquele gosto amargo da boca, a motoqueira sentou no sofá ao lado e tentou se lembrar ao máximo, afim de descobrir alguma coisa. Algo à intrigava. Nada fazia algum sentido para ela:- Posso perguntar? Como você sabe o que aconteceu comigo? - Perguntou Rhea, ao garoto.- É um pouco complexo... Mas para resumir, Striker me mandou atrás de você.- Donatella te mandou? O que? Mas como ela poderia.. Vo
As sirenes ecoavam por todo o lugar, um barulho irritante de pessoas gritando e correndo para lá e para cá. Um fugitivo estava em fuga pelos canos do esgoto da maior prisão de Hong Kong :- PEGUEM ELE! - Gritava um dos guardas da prisão, enquanto os outros se apressavam para ocupar todas as saídas possíveis.- VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ESCAPAR!E eles estavam certos, era impossível escapar! Tudo estava ocupado, e as saídas ocupadas por guardas altamente armados até os dentes, pois a prisão era de segurança máxima :- Ora, Ora, Ora! - Disse o chefe de segurança, ao perceber que o fugitivo não tinha mais escapatória. - Parece que você não tem para onde ir!
A única coisa que Bear sabia sobre San Francisco, era a famosa ponte da cidade. Então, foi nela que ele se concentrou e apareceu reluzente, como um clarão. Caindo no meio dos carros que buzinavam, enquanto se desviavam dele.Ao avistar um táxi, Bear fez sinal para que ele parasse, meio que se jogando em sua frente.O rapaz mexicano que dirigia, começou à xinga-lo em sua língua natal, o que Bear não fez nem questão de saber do que se tratava.O mesmo entrou pela porta de trás, e por um segundo esqueceu que estava na América e falou com o motorista em chinês :- Me desculpe, eu não falo sua língua! -Disse o mexicano em inglês.- M
10 segundos atrás :- Oi! - disse Rhea, batendo na porta da cozinha de Melanie. A mesma estava tomando um chá quando foi pega de surpresa. Não esperava ver Rhea ali. - Espero não ter sido invasiva.- Está tudo bem. - respondeu Melanie, sem graça - O que veio fazer aqui?- Estava passando por perto e decide perguntar se você não estaria interessada em ir ao cinema comigo hoje.- Han... Me desculpe, Rhea, é que eu combinei de sair com uma pessoa, hoje.- O que? - Rhea perguntou, indignada. Mas antes que Melanie pudesse responder, um clarão tomou conta da sala de estar, e uma garota, de cabelos lisos e
O sol da tarde raiava, ardendo a pele branca de Rhea. Sem uma brisa de vento, sequer. A garota corria dentre um labirinto feito de árvores e arbustos. Pulando os obstáculos feitos de pedras, com toda sua agilidade, ela ultrapassava qualquer coisa que estivesse em sua frente :- Eu não consigo, monge. É impossível encontrar a saída daqui. - Rhea dizia, alto.- Lembre-se, Rhea D'onson, esse labirinto está dentro de sua mente. Você só o projetou. - O monge respondia, através da mente de Rhea.- Se essa é a minha cabeça... Eu devo ser a pessoa mais confusa que existe.- Essa é a coisa mais sensata que você disse até agora, Rhea D'onson.