Matthews
Hoje teremos o almoço em família do domingo, o que gosto da Família Oliveira são essas coisas, eles arrumam desculpas para se verem, não existe qualquer necessidade de todos se reunirem aos domingos, mas todos sempre estão aqui, e como eu os adotei como família sempre sou bem-vindo, mas a verdade é que praticamente mora aqui, gosto de ser mimado por dona Suzane e por seu Aurélio, os dois ficaram com a síndrome do ninho vazio quando os garotos seguiram seus caminhos e eu fiquei aqui recebendo todo o amor e carinho que eles tem para dá, bem que agora com a chegada dos netos eles têm sido uns pais um tanto descuidados, mas os perdoou porque Marquinho e Maya são duas crianças maravilhosas, e Marquinho é meu afilhado. Eu aprendi a amar essa família desde que Marcos me trouxe aqui, eles não se importam em perguntar nada, simplesmente me aceitaram como amigo de Marcos e se ele confiava em mim, eles confiavam, algo que nunca aconteceria em minha família, temos que duvidar de todos e de qualquer um, quando se tem tanto dinheiro as pessoas são falsas e ambiciosas, e capazes de tudo para tirar um pedaço do que você tem.
Eu percebi o quanto isso era real quando vi o que os pais de Vanessa foram capaz de fazer, e tudo apenas por dinheiro, o olhar amedrontado dela, naquela noite, o medo evidente de ter que se deitar com alguém que ela não amava, me fez ver o quanto podre pode ser a sociedade. Eles a embrulham e me deram sua filha apenas para não perder o status, mas acredito que a pior parte de tudo foi depois perceber que Vanessa era como eles, ela permaneceu em seu status de esposa abandonada, utilizando meu nome é meu status para se sobressair.Olhei para a escrivaninha o pedido de divórcio de seu advogado e junto a ele um bilhete. Em nove anos foi como se eu nunca tivesse insistido para ela, mas perto de acabar o contrato rapidamente ela achou o caminho até mim. É para ri, se ela acha que vai se livrar de mim tão fácil assim e ficar com o dinheiro e com a possibilidade de ser casar com qualquer idiota rico que ela achar, está muito enganada, ela quis meu nome não foi? Pois, bem, vai ficar com ele até quando eu quiser, pegue o bilhete novamente.
“ Não entendo o que tá acontecendo? Apesar do seu abandono eu tenho sido uma boa esposa, sempre mantive seu nome intacto, mas agora que peço que me liberte desse casamento que ambos sabemos não ter fundamento se nega?Sejamos sinceros, esse arranjo foi apenas uma transição de
negócios e agora que temos a possibilidade de nos libertar você se nega, me diga o que quer?Estou aberta a negociações, ambos sabemos que o fim desse casamento é bom para os dois, espero uma resposta até o final de fevereiro.”
Estamos agora no começo de março, e obviamente outra carta deve está chegando, e devo admitir que tenho me divertido com as inúmeras propostas que seus advogados tem me feito, mas o que me intriga ainda mais é a ausência da interferência da minha família. Como Vanessa os convenceu que isso é uma boa ideia? Ainda mais que com o divórcio ela abocanha metade da empresa, meu pai prefere morrer a deixar metade da empresa para filha do infeliz que quase deixou a empresa na miséria. Então a única opção é que eles não saibam e ela esteja fazendo tudo por debaixo dos panos, com toda a certeza isso, ela é uma mulher ardilosa.
Por anos a vida dela me fascinou, nunca mais a encontrei, mas já vi muitas vezes de longe a vi se tornando uma mulher espetacular, meu pai deixou ela trabalhar na empresa e aos poucos ela foi ganhando força e imagino que não foi fácil tendo a fama do pai como sombra.
Escuto uma batida na porta e uma vozinha doce do outro lado me chamar.
“Padrinho abre para mim, por favor”
Abrir a porta para olhar Marquinho, o pequeno entra rápido para o meu quarto.“ Vou me esconder aqui”Ele fala indo para debaixo da cama, e não demorou muito para Liz vim andando pelo corredor, ela sorrir quando me ver de pé na porta.
— A culpa é sua, ele acha que pode andar por aí se escondendo, já disse para ele que tem momentos que a brincadeira perde a graça. — Liz fala entrando no quarto, eu até tentaria ajudá-lo, mas ele precisa melhorar a performance dele e se continuar assim nunca será tão bom quanto eu.
— Não seja má Liz, irá desmotiva-lo assim. — Ela revirou os olhos.
— Então fica você o dia inteiro procurando por uma criança e depois venha falar comigo. — Ela se abaixa para procurá-lo debaixo da cama.
— Não vale mamãe, não me deixou me esconder direito. — Ele fala saindo obviamente chateado, o pequeno não chega a ter sequer um metro de altura, mas fala tão bem e é tão esperto que se duvida ter apenas dois anos e sete meses.
— Porque não cuida do seu afilhado por um final de semana em? — Liz pergunta obviamente cansada.
— Eu cuido ou você acha que quando ele vem ficar com os avôs eu não estou junto.
— Assim não vale. — Liz fala pegando o menino pelos braços. — Seu tio está trazendo a Maya, você disse que está com saudade dela….
— Vou junto com vocês. — Falei, estou faminto e o cheiro da comida de Leonor tem me torturado amanhã toda.
Desci as escadas e família toda estava reunida, havia uma paz estranha em saber que eles estavam bem, não é como se eu não amasse a família que Deus me deu, mas os (Oliveiras) são tão de verdade, Marquinho correu para perto de Bianca louco para ver a priminha, Marcos estava sentado em uma poltrona tomando uísque, enquanto Luan estava parado admirando sua esposa, Leila logo veio em minha direção.
— Se ficar ouvindo música alta até tarde da noite irei soca-lo. — Ela é a irmã mais nova dos garotos temos apenas cinco anos de diferença, dona Leonor é louca que eu e Leila nos relacionamos e eu me torne membro da família oficialmente, porém Marcos já ameaçou minha vida mais vezes do que posso contar.
— E o que fazia acordada até as 3h da manhã Leila? — Perguntei já sorrindo, ela me olhou irritada.
— Você sabe que te odeio não sabe. — Ela não me odeia, Leila me adotou como irmão assim que eu cheguei e eu adotei como irmã também, algo que deixa sua mãe muito chateada, mas meu coração já estava ocupado quando conheci Leila e o dela também, ambos rejeitados e jogados fora. Mas combinamos nos casar se com quarenta anos não conseguimos ninguém melhor.
— Tem que parar de ser obcecada por mim Leila, já disse que entre nós nada pode acontecer, nada, Marcos me mataria.— Falei rindo e ela me pisa no meu pé com tudo.
— Acha mesmo que quero ficar ouvindo suas músicas de gosto duvidoso? — Ela fala se afastando, Leila é uma mulher de muita personalidade além de linda, um pequeno espetáculo de mulher devo admitir. Seus cabelos cacheados e negros são cheios e ao contrário dos irmãos seus cabelos são negros como de Suzane e tem olhos verdes como uma esmeralda, uma pena ela não conseguir se enxergar.
A campainha tocou e vi Bianca indo atender, caminhei para em direção de Maya ela tem apenas dois meses, não tive coragem de pegá-la no colo ainda, mas Marquinho é um homem bem melhor que eu e estava sentado em um sofá assegurando, Maya quase não cabia em seu colo, Liz precisava segurá-la junto com ele, mas ele sorria para ela. Percebi que alguém entrou com Bianca e virei para ver quem era para a minha completa surpresa é ela.
— Vanessa?! — Ela continua sendo a mulher mais linda que tive o azar de conhecer, seus cabelos loiros estavam soltos, ela usa um vestido vermelho tipo tubinho colado em seu corpo. Mas algo não combinava em nada com ela, estava com os pés sujos de lama.— Mudei tanto assim? — Ela pergunta sorrindo, ela sabia que não o tempo foi bom e generoso com Vanessa, seus olhos azuis feitos diamantes brilham, havia uma maldade ali tão evidente e tão fascinante, como explicar que ainda sou maluco por essa mulher?— Me perdoem por interromper essa reunião de família, mas soube que meu marido estava aqui.
VanessaTodos me encaravam, Matthews ficou pálido, como se estivesse de fato vendo um fantasma, senti uma alegria genuína me tomando, não sabia como seria prazeroso encontrá-lo assim, havia algo divertido em tudo isso. — Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Uma moça de cabelos cacheados e cheios de um olhar penetrante me perguntou, ela é tão bonita ou até mais do que a que abriu a porta, mas parecia ser bem mais jovem até mais jovem do que eu.— Sim, isso mesmo. — Ela me olhou de cima a baixo, logo senti minhas bochechas queimarem, eu estou descalça com os pés cheios de lama. — Me perdoem por me apresentar assim….— Não precisa se preocupar. — Ela fala e volta seu olhar para Matthews. — Porque largou esse espetáculo de mulher e se meteu nesse fim do mundo Matthews? — Ela perguntou de maneira divertida, vi que tinha uma liberdade com ele, uma a qual eu nunca tive mesmo sendo casada há dez anos. — Eu….Ele parecia perdido, como se tivesse perdido a fala. — Ela conseguiu cal
Matthews Como ela é capaz disso? Depois de tanto tempo eu ainda me sinto o patinho feio, o garoto magricelo sem jeito, enquanto ela é o lindo cisne, “longe demais para você Matthews”, eu me sinto perdido enquanto todos nos encaram, obviamente absorvidos pela curiosidade, por mais que ame essa família, nunca quis revelar meu passado, quando se é um Belmonte as coisas se complicam, o dinheiro se torna assunto. O medo de descobrir o que aqueles que amo podem mudar quando souberem que o herdeiro Belmonte está sobre o seu teto sempre me consumiu, mesmo eu sabendo que os Oliveiras não são esse tipo de gente, mas uma coisa eu aprendi há muito tempo, as pessoas mudam quando o dinheiro entra ou sai. — Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Leila perguntou de maneira despretensiosa, mas seu olhar seguiu dos pés a cabeça de Vanessa, ela é boa demais em intimidar ao mesmo tempo que é gentil. Uma arte que vejo Suzane fazer com facilidade. — Sim, isso mesmo. — Vanessa fala, com as boche
VanessaNão demorou nem cinco minutos e alguém bateu na porta, quando abri apenas minha mala estava ali, seja lá quem a deixou queria ir depressa, coloquei a mala para dentro do quarto. O lugar é limpo e claro, não havia nada que dissesse que Matthews vivia aqui, a única coisa fora do lugar era alguns papéis em sua escrivania, me senti tentada em ir até lá e ler suas correspondências, para mim Matthews é um grande mistério, desde que se foi naquela noite, não voltou a me procurar, seus pais não mencionaram seu nome, não sei direito que desculpa ele deu a eles. Decidir ir tomar um banho, a lama já estava seca e começava cair pelo chão, não me dei conta mais provavelmente sujei onde pisei. O banho foi rápido, o medo de Matthews entrar a qualquer momento me deixou desconfortável, mas Liz prometeu que me daria quarenta minutos e ela não parece ser do tipo que quebra promessas. Coloquei uma roupa mais confortável, um vestido longo e florido que não me deixaria mal vestida,mas ainda falt
Matthews Quando saí do escritório estavam todos à minha espera, e pelo olhar deles o meu sobrenome já havia entrado na roda, o pai de Marcos sempre estava alheio a tudo, mas agora me encarava, eles queriam saber uma história a qual eu não estou afim de contar. “ Matthews Belmonte, único herdeiro da família Belmont sumiu logo após seu casamento com Vanessa Casteli, família e amigos não falam sobre o assunto, sua então esposa Vanessa Belmont diz que ela irá assumir o lugar do marido, porém nem mesmo ela nos diz o que aconteceu”. Marcos lê em voz alta algum artigo em seu celular e então ele mostra uma foto minha ainda muito novo, a foto do dia do meu casamento. Puxei o ar e eu poderia soca-lo, mas não era hora para isso. — Vocês não se metam nisso. — Falei indo em direção à cozinha. — Claro vossa majestade. — Marcos fala, mas indo atrás de mim. — Não passou por sua cabeça em nenhum momento me dizer que é é bilionário? — Marcos, quando nos conhecemos, eu pedi sem perguntas, e
VanessaEle me encarou e eu fiquei ali, sem saber ao certo para onde ir, então puxei o ar, eu não iria me estressar com ele, fui até a minha mala e comecei a aguardar as coisas. Sinto quando a mão dele para a minha, o calor da sua mão me faz estremecer, olho para ele, estava uma distância pequena de mim, meu coração acelera e sei que estou corando, feito uma colegial. — Já tarde, fique essa noite, irei dormir em outro quarto. — Ele fala de maneira calma, ainda o sol se mostrava, mas logo a noite cairia. — Não preciso de seus favores. — Falei afastando a mão dele, mas ele se manteve no mesmo lugar. — Vanessa! — A forma como meu nome saiu de seus lábios, me fez desarmar. — Não tá tão tarde, acabamos de almoçar, não corro perigo algum voltando agora. — Ele dá de ombros. — Fique, acho que posso mudar de ideia ou não, mas só saberá se ficar, e aqui é o melhor lugar do mundo. — Ele sorriu. — Realmente gosta desse lugar? — Matthews já conheceu o mundo é difícil de acreditar que
Matthews Ela estava tão bonita e possivelmente foram as doses de vinho que me deram coragem de falar aquilo. Arrumei minha postura e sorrir, ela apenas revira os olhos, mas ainda fica com as bochechas coradas, e o que devo admitir me deixa com mais vontade de perturbá-la, nunca imaginei que eu fosse capaz de falar com ela assim, mas a idade ao menos me serviu para ter coragem.— Venha! — Falei dando a mão para ajudá-la a levantar. — Acho que nunca alimentei patos. — Ela fala abrindo um sorriso tímido e envergonhado, Vanessa possivelmente nunca alimentou qualquer coisa além dela mesma. — Não é tão difícil, vamos logo já já começa o crepúsculo. — Tudo bem, mas promete que não será constrangedor lá fora?— Vanessa constrangida algo que eu achei que morreria sem ver. — Ela revira os olhos. — Não os conheço e com toda a certeza estou fora da minha zona de conforto, por sorte aprendi o português, mas não sei ao certo se eles me entendem. — De fato Vanessa tem o sotaque bem presente,
VanessaA forma como Matthews me olha às vezes me deixa sem graça, como se ele realmente me enxergasse, e não só a beleza que os demais viam, ele realmente me enxerga como eu sou, fiz o que ele pediu e alimentei os patos nada prazeroso, não faz sentido algum fazer isso se tem pessoas que são pagas para fazê-lo. — Você não vem?— Perguntei, só estava fazendo isso por ele, ao menos ele tinha que participar. — Claro, estou indo. — Ele falou pegando a ração na mão e vindo em minha direção. — Eu passo horas aqui. — Matthews se tornou um velho chato. — Aqui me traz paz, consegue sentir?— Paz?— Eu sinto paz comprando bolsas e sapatos e não alimentando patos. — Claro, eu também sinto uma paz. — Acha que se adaptaria a essa vida? — Não, por Deus essa vida não é para mim, mas preciso agradá-lo. — Acho algo difícil de se imaginar, mas tudo é questão de adaptação. — Ponto para ela, não seria tão fácil. — Sempre pensei em você como uma patricinha mimada. — Sorrir, com toda a certeza
MatthewsVanessa tá sendo gentil, o que a possibilidade de uma anulação não faz? Mas se ela quiser entrar no jogo não serei eu a impedi-la. Preciso mantê-la por perto ao menos até eu decidir o que farei sobre esse casamento, anular o casamento não seria possível, mas posso ao menos levar a justiça e me negar a cumprir o acordo até que o juiz tome uma decisão, e com bons advogados, posso prolongar isso para o resto da vida. — Pensa em ter filhos, Vanessa? — Talvez seus filhos pudessem ver a cor do meu dinheiro. — Na verdade não, pretendo ser a CEO da empresa, não terei tempo para crianças.— Ela fala sem sequer pensar na possibilidade. — Se tiver 50% da empresa a decisão ainda não será sua. — Falei deixando ela pensar sobre o assunto. — A decisão só seria minha se eu tivesse os 100% da empresa, além de ter que convencer os investidores que eu sou a melhor opção.— Com 100% a possibilidade é maior, porque eles sabem que não terá uma briga de interesse, a empresa se torna estável. —