Capítulo 04

Matthews

Como ela é capaz disso? Depois de tanto tempo eu ainda me sinto o patinho feio, o garoto magricelo sem jeito, enquanto ela é o lindo cisne, “longe demais para você Matthews”, eu me sinto perdido enquanto todos nos encaram, obviamente absorvidos pela curiosidade, por mais que ame essa família, nunca quis revelar meu passado, quando se é um Belmonte as coisas se complicam, o dinheiro se torna assunto. O medo de descobrir o que aqueles que amo podem mudar quando souberem que o herdeiro Belmonte está sobre o seu teto sempre me consumiu, mesmo eu sabendo que os Oliveiras não são esse tipo de gente, mas uma coisa eu aprendi há muito tempo, as pessoas mudam quando o dinheiro entra ou sai.

— Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Leila perguntou de maneira despretensiosa, mas seu olhar seguiu dos pés a cabeça de Vanessa, ela é boa demais em intimidar ao mesmo tempo que é gentil. Uma arte que vejo Suzane fazer com facilidade. 

— Sim, isso mesmo. — Vanessa fala, com as bochechas coradas, fazendo meu coração acelerar.. — Me perdoem por me apresentar assim….

— Não precisa se preocupar. — Leila fala e me encarando, ela iria escavar até ver os ossos. — Porque largou esse espetáculo de mulher e se meteu nesse fim do mundo Matthews?

— Eu….

Eu senti meu coração acelerar, nunca achei que encontraria Vanessa novamente, eu evitei isso ao máximo.

— Ela conseguiu calar a boca dele, já te amamos Vanessa. — Marcos fala, ele sempre é  tão exibido.

— Não seja mal Marcos, acho que a Vanessa? — Suzane interrompe Marcos, a única pessoa no mudo a qual ele respeita

— Sim, Vanessa. — Ela seu nome, suas bochechas ainda coradas

— Deve ter feito uma longa viagem para encontrar Matthews, acho que devemos levá-la para um dos quartos de hóspedes, o que acha? Pode tomar um banho e depois Matthews e você podem conversar em paz, não se preocupe mandarei meus filhos para a casa deles. — Suzane é um anjo, esses abutres nem parecem ser filhos dela.

— Eu não arredo o pé daqui até Vanessa contar todos os podres que esse patife esconde. — Marcos fala novamente em um tom de gozação, eu posso soca-lo? Suzane ficará horrorizada, mas me perdoará, ela entende que seu filho merece um soco ou dois às vezes.

— Eu e Vanessa conversamos a sós em meu quarto, e aí de quem colocar o ouvido da porta para ouvir. — Eu precisava resolver isso somente com ela, sem meus odiosos espectadores. — Pode me acompanhar Vanessa?

— Sim, é o melhor. — Suzane fala de maneira gentil. — Por acaso trouxe malas, gostaria que as leve para o quarto para poder se trocar?

Suzane queria que Vanessa se sentisse bem em sua casa, uma qualidade que me fez ficar e ficar até eles me darem um quarto.

— Não pretendo demorar muito tempo. — Vanessa segura a bolsa, onde posso apostar que tem uma cópia do divórcio.

— Mesmo assim, o melhor é tomar um banho e comer alguma coisa. — Suzane nunca deixaria alguém ir embora de sua casa de barriga vazia, Vanessa parece estranhar essa hospitalidade, em nosso mundo isso não acontece. — O almoço já está ficando pronto, pedirei que leve ao quarto de Matthews, já você Matthews o melhor é ir comigo até o escritório, Liz levará Vanessa até seu quarto.

— Claro Suzane. — Imagino que Vanessa esteja de fato cansada, e com toda certeza deve está maluca para tirar a lama de seus pés?

Liz! — Suzane fala, e me sinto aliviado apesar de Liz ser um tagarela, ela ao menos sabe respeitar o espaço alheio, algo que nenhum filho de Suzane é capaz.

— Claro madrinha, venha comigo Vanessa, estará mais segura comigo, pode confiar. — E a verdade é que não tão segura, mas dos males o menos pior. — Fique com seu pai.

Ela fala para Marquinho, Suzane já ia a caminho do escritório e eu fui junto, ela me pediria que explicasse, porém, não quero falar sobre isso, e por mais que eu tenha criado um respeito e um carinho por ela, há coisas sobre meu passado que prefiro que fique oculto dessa família.

Ela se sentou na cadeira do escritório, e sorriu.

— E sempre te faço a mesma pergunta por anos. — Ela revira os olhos. — Nunca achei que a resposta fosse tão entediante.

— Não fugi de Vanessa, nem tenho envolvimento com a máfia italiana, a Suzane já te disse que devia parar de fantasia sobre minha vida, deve escrever um livro.

— Bobagem, eu lá tenho idade para virar escritora, agora me diga uma coisa, por acaso ama? — E eu poderia apostar toda a minha fortuna que Suzane já tinha a resposta.

— Eu já fui apaixonado por ela, essas paixãozinha de adolescência. 

— Essas são as piores. — Ela sorriu. — Não se preocupe, temos um acordo, cuida dos meus meninos e eu não exigirei nada de ti.

— Devia me pagar por fora, seus filhos me dão muito trabalho. — Falei rindo e ela revirou os olhos. 

— Um dia me contará a sua história?

E te tirar a diversão sobre eu ser um Dom muito poderoso. — Quando ela veio me dizer que achava que eu pertencia à máfia italiana eu ri até minha barriga doer. — Mas logo não será segredo, imagino que Liz já tirou essa informação de Vanessa, eu sou o herdeiro dos Belmontes.

Suzane pareceu pensar por uma eternidade, e imagino que fazendo as ligações do meu nome com as diversas marcas que minha família tem.

Belmontes, não são os donos….. — Ai meu Deus!

— Sim, eu sei. — Eu ri com os olhos arregalados dela, mas ela puxou o ar e voltou para sua postura impecável.

— Não te farei mais perguntas, mas não posso dizer que meus filhos não farão. — Ela sorriu.

— Com toda a certeza farão. — Ela deu de ombros.

— Pedirei que te deem privacidade e que se comportem enquanto Vanessa está aqui.

— A senhora é um anjo. — Ela sorri e revira os olhos.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo