Vanessa
Todos me encaravam, Matthews ficou pálido, como se estivesse de fato vendo um fantasma, senti uma alegria genuína me tomando, não sabia como seria prazeroso encontrá-lo assim, havia algo divertido em tudo isso.
— Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Uma moça de cabelos cacheados e cheios de um olhar penetrante me perguntou, ela é tão bonita ou até mais do que a que abriu a porta, mas parecia ser bem mais jovem até mais jovem do que eu.
— Sim, isso mesmo. — Ela me olhou de cima a baixo, logo senti minhas bochechas queimarem, eu estou descalça com os pés cheios de lama. — Me perdoem por me apresentar assim….
— Não precisa se preocupar. — Ela fala e volta seu olhar para Matthews. — Porque largou esse espetáculo de mulher e se meteu nesse fim do mundo Matthews? — Ela perguntou de maneira divertida, vi que tinha uma liberdade com ele, uma a qual eu nunca tive mesmo sendo casada há dez anos.
— Eu….
Ele parecia perdido, como se tivesse perdido a fala.
— Ela conseguiu calar a boca dele, já te amamos Vanessa. — Um homem alto fala, ele é muito bonito e se parece tanto com a garota que me encarava quanto com outro homem que estava um pouco mais distante de nós.
— Não seja mal Marcos, acho que a Vanessa? — Uma mulher me pergunta de maneira gentil com toda a certeza é a mãe do homem em questão.
— Sim, Vanessa. — Respondi de maneira rápida, o desconforto começou a me tomar
— Deve ter feito uma longa viagem para encontrar Matthews, acho que devemos levá-la para um dos quartos de hóspedes, o que acha? Pode tomar um banho e depois Matthews e você podem conversar em paz, não se preocupe mandarei meus filhos para a casa deles.
— Eu não arredo o pé daqui até Vanessa contar todos os podres que esse patife esconde. — O homem fala e Matthews o encara como se quisesse soca-lo ali mesmo.
— Eu e Vanessa conversamos a sós em meu quarto, e aí de quem colocar o ouvido da porta para ouvir. — Ele fala em um tom ameaçador, mas seu olhar está fixo na garota de cabelos cacheados, o recado era para ela obviamente. — Pode me acompanhar Vanessa.
— Sim, é o melhor. — A senhora fala de maneira gentil. — Por acaso trouxe malas, gostaria que a leve para o quarto para poder se trocar?
Devo está em um estado deplorável, pois a senhora existe para tomar um banho.
— Não pretendo demorar muito tempo. — Segurei a alça da minha bolsa, eu só quero uma coisa e nunca mais precisarei pisar os pés aqui.
— Mesmo assim, o melhor é tomar um banho e comer alguma coisa. — Ela fala de maneira gentil, algo estranho em meu vindo do mundo, as pessoas não são gentis com desconhecidos nem com conhecidos a não ser que vão receber algo em troca. — O almoço já está ficando pronto, pedirei que levem ao quarto de Matthews, já você Matthews o melhor é ir comigo até o escritório, Liz levará Vanessa até seu quarto.
— Claro Suzane. — Matthews rapidamente tirou seu olhar ameaçador, ele a respeita, mas o porquê?
— Liz! — Uma mulher que segurava o menino loiro sorriu.
— Claro madrinha, venha comigo Vanessa, estará mais segura comigo, pode confiar. — Ela fala vindo até minha direção e mostrando a escada. — Fique com seu pai.
Ela olhou para o menino o colocando no chão, Matthews seguiu a mulher mais velha, não dirigindo qualquer palavra para mim.
— Meu padrinho está encrencado? — Ele pergunta para a mãe mais me olhando, ela apenas sorri.
— Não seja alcoviteiro Marcos! — E o menino dá de ombros, ela se vira para mim. — Venha comigo.
E eu a seguir senti todos os olhares sobre mim, mas ninguém disse nada, uma curiosidade me tomou por completo, obviamente eu estava diante de uma família, mas Matthews não parecia ter qualquer envolvimento com nenhuma das mulheres que estavam na sala, então o que ele faz aqui? Todos parecem conhecer pouco ou quase nada dele, a curiosidade ao meu respeito era quase palpável.
Assim que viramos o corredor e ninguém mais fosse nos ouvir Liz se virou para mim, e deu um sorriso sem jeito.— De verdade é a esposa de Matthews? — Ele nunca tinha falado de mim, enquanto eu levei o peso do seu nome e a vergonha de ser uma esposa sem marido, ele nunca me mencionou para ninguém.
— Sim, nos casamos há mais de 09 anos.
— Tudo isso? — Ela parece pensativa. — Eram muito novos, imagino que por isso ele foi embora, ou foi você que o abandonou?
— Ele foi embora. — Então ela me deu aquele olhar triste que por anos eu recebi.
— Não se preocupe, eu não o amava, nunca o amei, nosso casamento foi por conveniência, por isso quero o divórcio já que nosso contrato logo vai acabar.
— Entendo, mesmo assim é triste, eu abandonei o meu marido no altar e não tem nada nesse mundo que eu me arrependa mais do que isso, mas quando somos jovens fazemos besteira. — Ela fala de maneira gentil. — Então pretende desistir dele sem nem ao menos tentar? Matthews é uma pessoa boa apesar de dar medos às vezes.
— Como o conhece, quero dizer, vocês parecem uma família que seu filho o chamou…
— De padrinho, sim, é verdade, Matthews é o melhor amigo do meu marido, e ele consegue ser bem chato, então por livre e espontânea pressão demos nosso filho como afilhado para ele. — Ela sorri e abre uma porta. — Ele adotou a família de Marcos, e nunca diz qualquer coisa sobre seu passado, por isso o espanto de todos, quando entrou na sala se declarando esposa dele. — Eu sorrir.
— Se não tivesse descalço teria sido uma entrada e tanto não seria? — Ela sorriu.
— Acredite em mim, sua entrada foi ótima, se tivesse jogando algo nele seria perfeito. — Ela ri. — Sou professora de teatro, o drama me toma.
— Seria uma cena inesquecível.— Falei me lembrando do olhar assustado e do rosto pálido de Matthews.
— Sim, seria, mas tenho certeza que sua chegada nos trará muita alegria, se puder perturbá-lo bastante antes de ir, serei muito grata.— Na verdade, pretendo ir embora em breve.
— Se ele quisesse o divórcio tenho certeza que não estaria aqui, não acho que sua estadia será tão breve quanto pensa. — Ela tem razão. — Vou pedir que tragam sua mala, e irei segurá-lo por 40 minutos, espero que seja o suficiente para um banho e para pensar no que vai dizer.
— É sim. — E então eu entrei no quarto e ela fechou a porta, e pela primeira vez em nove anos eu estou no quarto de Matthews Belmonte .
Matthews Como ela é capaz disso? Depois de tanto tempo eu ainda me sinto o patinho feio, o garoto magricelo sem jeito, enquanto ela é o lindo cisne, “longe demais para você Matthews”, eu me sinto perdido enquanto todos nos encaram, obviamente absorvidos pela curiosidade, por mais que ame essa família, nunca quis revelar meu passado, quando se é um Belmonte as coisas se complicam, o dinheiro se torna assunto. O medo de descobrir o que aqueles que amo podem mudar quando souberem que o herdeiro Belmonte está sobre o seu teto sempre me consumiu, mesmo eu sabendo que os Oliveiras não são esse tipo de gente, mas uma coisa eu aprendi há muito tempo, as pessoas mudam quando o dinheiro entra ou sai. — Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Leila perguntou de maneira despretensiosa, mas seu olhar seguiu dos pés a cabeça de Vanessa, ela é boa demais em intimidar ao mesmo tempo que é gentil. Uma arte que vejo Suzane fazer com facilidade. — Sim, isso mesmo. — Vanessa fala, com as boche
VanessaNão demorou nem cinco minutos e alguém bateu na porta, quando abri apenas minha mala estava ali, seja lá quem a deixou queria ir depressa, coloquei a mala para dentro do quarto. O lugar é limpo e claro, não havia nada que dissesse que Matthews vivia aqui, a única coisa fora do lugar era alguns papéis em sua escrivania, me senti tentada em ir até lá e ler suas correspondências, para mim Matthews é um grande mistério, desde que se foi naquela noite, não voltou a me procurar, seus pais não mencionaram seu nome, não sei direito que desculpa ele deu a eles. Decidir ir tomar um banho, a lama já estava seca e começava cair pelo chão, não me dei conta mais provavelmente sujei onde pisei. O banho foi rápido, o medo de Matthews entrar a qualquer momento me deixou desconfortável, mas Liz prometeu que me daria quarenta minutos e ela não parece ser do tipo que quebra promessas. Coloquei uma roupa mais confortável, um vestido longo e florido que não me deixaria mal vestida,mas ainda falt
Matthews Quando saí do escritório estavam todos à minha espera, e pelo olhar deles o meu sobrenome já havia entrado na roda, o pai de Marcos sempre estava alheio a tudo, mas agora me encarava, eles queriam saber uma história a qual eu não estou afim de contar. “ Matthews Belmonte, único herdeiro da família Belmont sumiu logo após seu casamento com Vanessa Casteli, família e amigos não falam sobre o assunto, sua então esposa Vanessa Belmont diz que ela irá assumir o lugar do marido, porém nem mesmo ela nos diz o que aconteceu”. Marcos lê em voz alta algum artigo em seu celular e então ele mostra uma foto minha ainda muito novo, a foto do dia do meu casamento. Puxei o ar e eu poderia soca-lo, mas não era hora para isso. — Vocês não se metam nisso. — Falei indo em direção à cozinha. — Claro vossa majestade. — Marcos fala, mas indo atrás de mim. — Não passou por sua cabeça em nenhum momento me dizer que é é bilionário? — Marcos, quando nos conhecemos, eu pedi sem perguntas, e
VanessaEle me encarou e eu fiquei ali, sem saber ao certo para onde ir, então puxei o ar, eu não iria me estressar com ele, fui até a minha mala e comecei a aguardar as coisas. Sinto quando a mão dele para a minha, o calor da sua mão me faz estremecer, olho para ele, estava uma distância pequena de mim, meu coração acelera e sei que estou corando, feito uma colegial. — Já tarde, fique essa noite, irei dormir em outro quarto. — Ele fala de maneira calma, ainda o sol se mostrava, mas logo a noite cairia. — Não preciso de seus favores. — Falei afastando a mão dele, mas ele se manteve no mesmo lugar. — Vanessa! — A forma como meu nome saiu de seus lábios, me fez desarmar. — Não tá tão tarde, acabamos de almoçar, não corro perigo algum voltando agora. — Ele dá de ombros. — Fique, acho que posso mudar de ideia ou não, mas só saberá se ficar, e aqui é o melhor lugar do mundo. — Ele sorriu. — Realmente gosta desse lugar? — Matthews já conheceu o mundo é difícil de acreditar que
Matthews Ela estava tão bonita e possivelmente foram as doses de vinho que me deram coragem de falar aquilo. Arrumei minha postura e sorrir, ela apenas revira os olhos, mas ainda fica com as bochechas coradas, e o que devo admitir me deixa com mais vontade de perturbá-la, nunca imaginei que eu fosse capaz de falar com ela assim, mas a idade ao menos me serviu para ter coragem.— Venha! — Falei dando a mão para ajudá-la a levantar. — Acho que nunca alimentei patos. — Ela fala abrindo um sorriso tímido e envergonhado, Vanessa possivelmente nunca alimentou qualquer coisa além dela mesma. — Não é tão difícil, vamos logo já já começa o crepúsculo. — Tudo bem, mas promete que não será constrangedor lá fora?— Vanessa constrangida algo que eu achei que morreria sem ver. — Ela revira os olhos. — Não os conheço e com toda a certeza estou fora da minha zona de conforto, por sorte aprendi o português, mas não sei ao certo se eles me entendem. — De fato Vanessa tem o sotaque bem presente,
VanessaA forma como Matthews me olha às vezes me deixa sem graça, como se ele realmente me enxergasse, e não só a beleza que os demais viam, ele realmente me enxerga como eu sou, fiz o que ele pediu e alimentei os patos nada prazeroso, não faz sentido algum fazer isso se tem pessoas que são pagas para fazê-lo. — Você não vem?— Perguntei, só estava fazendo isso por ele, ao menos ele tinha que participar. — Claro, estou indo. — Ele falou pegando a ração na mão e vindo em minha direção. — Eu passo horas aqui. — Matthews se tornou um velho chato. — Aqui me traz paz, consegue sentir?— Paz?— Eu sinto paz comprando bolsas e sapatos e não alimentando patos. — Claro, eu também sinto uma paz. — Acha que se adaptaria a essa vida? — Não, por Deus essa vida não é para mim, mas preciso agradá-lo. — Acho algo difícil de se imaginar, mas tudo é questão de adaptação. — Ponto para ela, não seria tão fácil. — Sempre pensei em você como uma patricinha mimada. — Sorrir, com toda a certeza
MatthewsVanessa tá sendo gentil, o que a possibilidade de uma anulação não faz? Mas se ela quiser entrar no jogo não serei eu a impedi-la. Preciso mantê-la por perto ao menos até eu decidir o que farei sobre esse casamento, anular o casamento não seria possível, mas posso ao menos levar a justiça e me negar a cumprir o acordo até que o juiz tome uma decisão, e com bons advogados, posso prolongar isso para o resto da vida. — Pensa em ter filhos, Vanessa? — Talvez seus filhos pudessem ver a cor do meu dinheiro. — Na verdade não, pretendo ser a CEO da empresa, não terei tempo para crianças.— Ela fala sem sequer pensar na possibilidade. — Se tiver 50% da empresa a decisão ainda não será sua. — Falei deixando ela pensar sobre o assunto. — A decisão só seria minha se eu tivesse os 100% da empresa, além de ter que convencer os investidores que eu sou a melhor opção.— Com 100% a possibilidade é maior, porque eles sabem que não terá uma briga de interesse, a empresa se torna estável. —
VanessaQuando ele me segurou na escada senti meu coração acelerar, além do medo da possível queda conseguir sentir seu corpo musculoso sobre o meu, estávamos tão perto. — Sempre está segura perto de mim, Amore-mio. — Ele enfim fala em italiano, de forma carinhosa, me fazendo sentir uma certa ternura. — Não me chame assim! — Eu o repreendi, iremos nos separar em breve e aquela química entre nós não deveríamos estar acontecendo. — Tudo bem. — Ele fala se afastando, e minha vontade era é de retornar aos seus braços, mas não me humilharia pedindo. — Mas não me respondeu, porque tanta pressa para se livrar de mim Vanessa? Nós temos três meses para o fim do contrato. — Só não temos o porque adiantar o inevitável. — Falei dando de ombros, o divórcio é a única certeza que tenho, não posso passar o resto da vida casada com um homem que mora em outro país. Ele continuou andando em direção ao quarto, apenas o seguiu em silêncio, ignorando o que eu tinha sentido alguns segundos antes