Capítulo 03

Vanessa

Todos me encaravam, Matthews ficou pálido, como se estivesse de fato vendo um fantasma, senti uma alegria genuína me tomando, não sabia como seria prazeroso encontrá-lo assim, havia algo divertido em tudo isso. 

— Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Uma moça de cabelos cacheados e cheios de um olhar penetrante me perguntou, ela é tão bonita ou até mais do que a que abriu a porta, mas parecia ser bem mais jovem até mais jovem do que eu.

— Sim, isso mesmo. — Ela me olhou de cima a baixo, logo senti minhas bochechas queimarem, eu estou descalça com os pés cheios de lama. — Me perdoem por me apresentar assim….

— Não precisa se preocupar. — Ela fala e volta seu olhar para Matthews. — Porque largou esse espetáculo de mulher e se meteu nesse fim do mundo Matthews? — Ela perguntou de maneira divertida, vi que tinha uma liberdade com ele, uma a qual eu nunca tive mesmo sendo casada há dez anos.

— Eu….

Ele parecia perdido, como se tivesse perdido a fala. 

— Ela conseguiu calar a boca dele, já te amamos Vanessa. — Um homem alto fala, ele é muito bonito e se parece tanto com a garota que me encarava quanto com outro homem que estava um pouco mais distante de nós. 

— Não seja mal Marcos, acho que a Vanessa? — Uma mulher me pergunta de maneira gentil com toda a certeza é a mãe do homem em questão. 

— Sim, Vanessa. — Respondi de maneira rápida, o desconforto começou a me tomar

— Deve ter feito uma longa viagem para encontrar Matthews, acho que devemos levá-la para um dos quartos de hóspedes, o que acha? Pode tomar um banho e depois Matthews e você podem conversar em paz, não se preocupe mandarei meus filhos para a casa deles.

— Eu não arredo o pé daqui até Vanessa contar todos os podres que esse patife esconde. — O homem fala e Matthews o encara como se quisesse soca-lo ali mesmo.

— Eu e Vanessa conversamos a sós em meu quarto, e aí de quem colocar o ouvido da porta para ouvir. — Ele fala em um tom ameaçador, mas seu olhar está fixo na garota de cabelos cacheados, o recado era para ela obviamente. — Pode me acompanhar Vanessa. 

— Sim, é o melhor. — A senhora fala de maneira gentil. — Por acaso trouxe malas, gostaria que a leve para o quarto para poder se trocar?

Devo está em um estado deplorável, pois a senhora existe para tomar um banho.

— Não pretendo demorar muito tempo. — Segurei a alça da minha bolsa, eu só quero uma coisa e nunca mais precisarei pisar os pés aqui.

— Mesmo assim, o melhor é tomar um banho e comer alguma coisa. — Ela fala de maneira gentil, algo estranho em meu vindo do mundo, as pessoas não são gentis com desconhecidos nem com conhecidos a não ser que vão receber algo em troca. — O almoço já está ficando pronto, pedirei que levem ao quarto de Matthews, já você Matthews o melhor é ir comigo até o escritório, Liz levará Vanessa até seu quarto.

— Claro Suzane. — Matthews rapidamente tirou seu olhar ameaçador, ele a respeita, mas o porquê?

Liz! — Uma mulher que segurava o menino loiro sorriu.

— Claro madrinha, venha comigo Vanessa, estará mais segura comigo, pode confiar. — Ela fala vindo até minha direção e mostrando a escada. —  Fique com seu pai. 

Ela olhou para o menino o colocando no chão, Matthews seguiu a mulher mais velha, não dirigindo qualquer palavra para mim.

Meu padrinho está encrencado? — Ele pergunta para a mãe mais me olhando, ela apenas sorri.

— Não seja alcoviteiro Marcos! — E o menino dá de ombros, ela se vira para mim. — Venha comigo. 

E eu a seguir senti todos os olhares sobre mim, mas ninguém disse nada, uma curiosidade me tomou por completo, obviamente eu estava diante de uma família, mas Matthews não parecia ter qualquer envolvimento com nenhuma das mulheres que estavam na sala, então o que ele faz aqui? Todos parecem conhecer pouco ou quase nada dele, a curiosidade ao meu respeito era quase palpável.

Assim que viramos o corredor e ninguém mais fosse nos ouvir Liz se virou para mim, e deu um sorriso sem jeito.

— De verdade é a esposa de Matthews? — Ele nunca tinha falado de mim, enquanto eu levei o peso do seu nome e a vergonha de ser uma esposa sem marido, ele nunca me mencionou para ninguém.

— Sim, nos casamos há mais de 09 anos.

— Tudo isso? — Ela parece pensativa. — Eram muito novos, imagino que por isso ele foi embora, ou foi você que o abandonou?

— Ele foi embora. — Então ela me deu aquele olhar triste que por anos eu recebi.

— Não se preocupe, eu não o amava, nunca o amei, nosso casamento foi por conveniência, por isso quero o divórcio já que nosso contrato logo vai acabar. 

— Entendo, mesmo assim é triste, eu abandonei o meu marido no altar e não tem nada nesse mundo que eu me arrependa mais do que isso, mas quando somos jovens fazemos besteira. — Ela fala de maneira gentil. — Então pretende desistir dele sem nem ao menos tentar? Matthews é uma pessoa boa apesar de dar medos às vezes.

— Como o conhece, quero dizer, vocês parecem uma família que seu filho o chamou…

— De padrinho, sim, é verdade, Matthews é o melhor amigo do meu marido, e ele consegue ser bem chato, então por livre e espontânea pressão demos nosso filho como afilhado para ele. — Ela sorri e abre uma porta. — Ele adotou a família de Marcos, e nunca diz qualquer coisa sobre seu passado, por isso o espanto de todos, quando entrou na sala se declarando esposa dele. — Eu sorrir.

— Se não tivesse descalço teria sido uma entrada e tanto não seria? — Ela sorriu.

— Acredite em mim, sua entrada foi ótima, se tivesse jogando algo nele seria perfeito. — Ela ri. — Sou professora de teatro, o drama me toma.

— Seria uma cena inesquecível.— Falei me lembrando do olhar assustado e do rosto pálido de Matthews.

— Sim, seria, mas tenho certeza que sua chegada nos trará muita alegria, se puder perturbá-lo bastante antes de ir, serei muito grata. 

— Na verdade, pretendo ir embora em breve.

— Se ele quisesse o divórcio tenho certeza que não estaria aqui, não acho que sua estadia será tão breve quanto pensa. — Ela tem razão. — Vou pedir que tragam sua mala, e irei segurá-lo por 40 minutos, espero que seja o suficiente para um banho e para pensar no que vai dizer.

— É sim. — E então eu entrei no quarto e ela fechou a porta, e pela primeira vez em nove anos eu estou no quarto de Matthews Belmonte .

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