9 anos e sete meses depois.
Porque Matthews precisava se esconder nesse fim de mundo eu não sei, mas após ignorar todos os meus advogados, eu decidi que eu mesma conseguirei aquela assinatura. A placar bem-vindo a Cordonelia estava cheia de lama, imagino que o prefeito nem se dá ao trabalho de melhorar a aparência do lugar para os turistas. Meus advogados me informaram que Matthews é sócio de uma empresa de construção aqui, é apenas isso o segura aqui, mas para um bilionário uma empresa de construção é troco de bala, não faz sentido Matthews a esconder aqui, ao menos que tenha mulher no meio.
Parei meu carro de frente ao rancho onde dizem que Matthews mora, vejo de longe uma casa grande e muito moderna para a região, havia apenas uma porteira, mas não havia ninguém para abri-la, olhei para os meus pés e o scarpin da gucci não merece ter esse tratamento. Mas minha outra opção é descer descalço, ou esperar alguém ver meu carro e abrir, mas isso pode demorar horas, e pretendo sair dessa cidade o mais rápido possível, preciso apenas da assinatura de Matthews, com os papéis em mãos eu nunca mais precisarei vê-lo. E sacrificar um gucci por isso é necessário, puxei o ar e abri a porta, mas recolhi meus pés, o fim daquele ícone é um sacrifício doloroso demais, fechei os olhos e decidi que era insuportável demais para mim, o chão estava lamacento, imagino que devido à chuva de ontem, então decidir que prefiro ficar com os pés cheios de lama a estragar essa obra de artes que está em meus pés e se não fosse tão raro de se encontrar esse modelo eu abriria mão dele com mais facilidade.
Coloquei meus pés no chão lamacento, o toque gelado e nojento me fez querer correr de volta pro carro, mas não o fiz, respirei fundo, não era o caminho é curto, e por sorte escolhi vir de vestido na medida do joelho, imagino o estrago que essa lama não faria. Retirar o pino da porteira, direi a Mathews que ele deve ao menos contratar alguém para isso, onde já se viu as visitas ter que fazer esse tipo de trabalho? E não é como se ele estivesse indo à falência, pelo que fiquei sabendo ele construiu sua própria fortuna e acredito que isso que mais enfureceu seu pai, Matthews se negou a aceitar o dinheiro da sua família, deixando claro que seus rendimentos devem vir direto para mim, algo que devo admitir foi muito bem-vindo já que meu pai nos deixou na miséria e devendo a todos.
Olhei para os meus pés, a lama estava até meus tornozelos, voltar a ver Matthews dessa maneira é no mínimo humilhante. Mas nada vai me atrapalhar, eu vou voltar com assinatura dele e por fim vou me livrar dos Belmontes de uma vez por todas, ao menos das comemorações anuais, porque Matthews me largou com família louca e controladora dele, e minha mãe simplesmente tinha dificuldade de dizer não aos convites.
“ Você é o mais próximo de uma filha que eles têm, seu marido não dá as caras anos, e o melhor é que agrade seus sogros”
A mesma ladainha todos os anos, e eu preferia ir do que ouvir minha mãe reclamando no meu ouvido.
“ Eles que te bancam Vanessa se não fosse o dinheiro deles onde você estaria?”
Há eu estaria em paz, porque carregar o sobrenome deles era um peso enorme, o dinheiro tem suas responsabilidades, e quando Matthews se foi todas as deles caíram sobre mim, fora ter virado a chacota da sociedade após saberem que fui abandonada na noite de núpcias.
“O casamento foi consumado?”
Foi a primeira pergunta que precisei responder quando seus pais perceberam que o filho não voltaria, e eu confirmei com a cabeça, a mentira se mantém até hoje, eles esperam ansiosos por minha menstruação, a esperança de um herdeiro era algo que os mantinham esperançosos como se eu fosse uma viúva. Não sei ao certo porque eles mesmo não foram atrás de Matthews, nunca entendi o que mantinha os Belmontes tão calmos, eles agiam como se Matthews estivesse morto, e eu não fiz questão de revivê-lo até um ano atrás. O contrato diz dez anos e se em dez anos não tivemos filhos a empresa será dividida igualmente para ambos, e com 50% da maior empresa de cosmético do país, a minha vida está feita e eu não vou precisar casar com nenhum velho rico para manter o meu padrão de vida, e não terei mais o peso do sobrenome dos Belmontes.Dirigir até a entrada da casa, alguns dos peões apareceram, um senhor baixinho e já de idade avançada se aproxima do meu carro, ele tira o chapéu quando se aproxima.
— Boa tarde moça! — Ele fala de maneira cordial. — Essa propriedade é dos (Oliveiras), a senhorita deve ter errado a porteira.
— Oliveiras? — Algum advogado falou esse sobrenome tão comum.
— Sim, a não ser que seja amiga da menina Leila, essas que ela fez em Paris….
Ele sorriu, parecendo que entendeu tudo e então deu de ombros.
— É amiga de Leila?
— Na verdade, eu busco por Matthews. — O homem abre um sorriso.
— Há sim, o menino Mathews está lá dentro, venha comigo, a família toda está reunida hoje. — O homem fala de bom humor, achei sua abordagem calorosa e pouco profissional, já que ele estava me levando para casa sem nem ao menos perguntar meu nome, então olha para os meus pés. — Mil perdões, eu que fico na porteira, mas como não esperávamos visitas, decidimos almoçar cedo, estava com fome sabe, e o menino que troca comigo, está doente.
— Não tem problemas, se tiver um lugar para ….
E ele já estava batendo na porta.
— Alguém irá atendê-la, eu vou cuidar das minhas coisas. — Ele estende sua mão suja para mim, me senti constrangida de não pegar e então estendi a minha rezando que tenha algum lugar para poder lavar a mão depressa.
A porta se abriu e uma mulher exuberante abriu, ela parece que saiu de alguma capa de revista, ela sorrir, seus cabelos negros caem sobre seu ombro, seus olhos são de um verde vivo. — Como posso ajudá-la? — Olhei para meus pés, eu não poderia aparecer assim, não quando Matthews está com uma mulher dessa, me senti constrangida, mas também não posso sair dali sem sua assinatura.— Eu poderia falar com Matthews Belmonte ? — A mulher me olha pensativa e então sorri.
— Então esse é sobrenome daquele cretino, pode entrar talvez possa nos dizer alguma verdade sobre esse mentiroso. — Ela abre mais a porta e quando caminho um pouco pelo corredor me deparei com uma sala cheia de gente, puxei o ar e arrumei minha postura, não é uma lama nos pés que vai me fazer perder a classe.
— Vanessa?! — Matthews pergunta confuso, posso sentir o choque em seus olhos.
— Mudei tanto assim? — Ele tinha mudado muito, agora estava com músculos e seus cabelos que antes eram rebeldes, estavam devidamente penteados, Matthews agora é um homem, e está longe da aparência do moleque que me abandonou a nove anos atrás.. — Me perdoem por interromper essa reunião de família, mas soube que meu marido estava aqui.
MatthewsHoje teremos o almoço em família do domingo, o que gosto da Família Oliveira são essas coisas, eles arrumam desculpas para se verem, não existe qualquer necessidade de todos se reunirem aos domingos, mas todos sempre estão aqui, e como eu os adotei como família sempre sou bem-vindo, mas a verdade é que praticamente mora aqui, gosto de ser mimado por dona Suzane e por seu Aurélio, os dois ficaram com a síndrome do ninho vazio quando os garotos seguiram seus caminhos e eu fiquei aqui recebendo todo o amor e carinho que eles tem para dá, bem que agora com a chegada dos netos eles têm sido uns pais um tanto descuidados, mas os perdoou porque Marquinho e Maya são duas crianças maravilhosas, e Marquinho é meu afilhado. Eu aprendi a amar essa família desde que Marcos me trouxe aqui, eles não se importam em perguntar nada, simplesmente me aceitaram como amigo de Marcos e se ele confiava em mim, eles confiavam, algo que nunca aconteceria em minha família, temos que duvidar de todos e d
VanessaTodos me encaravam, Matthews ficou pálido, como se estivesse de fato vendo um fantasma, senti uma alegria genuína me tomando, não sabia como seria prazeroso encontrá-lo assim, havia algo divertido em tudo isso. — Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Uma moça de cabelos cacheados e cheios de um olhar penetrante me perguntou, ela é tão bonita ou até mais do que a que abriu a porta, mas parecia ser bem mais jovem até mais jovem do que eu.— Sim, isso mesmo. — Ela me olhou de cima a baixo, logo senti minhas bochechas queimarem, eu estou descalça com os pés cheios de lama. — Me perdoem por me apresentar assim….— Não precisa se preocupar. — Ela fala e volta seu olhar para Matthews. — Porque largou esse espetáculo de mulher e se meteu nesse fim do mundo Matthews? — Ela perguntou de maneira divertida, vi que tinha uma liberdade com ele, uma a qual eu nunca tive mesmo sendo casada há dez anos. — Eu….Ele parecia perdido, como se tivesse perdido a fala. — Ela conseguiu cal
Matthews Como ela é capaz disso? Depois de tanto tempo eu ainda me sinto o patinho feio, o garoto magricelo sem jeito, enquanto ela é o lindo cisne, “longe demais para você Matthews”, eu me sinto perdido enquanto todos nos encaram, obviamente absorvidos pela curiosidade, por mais que ame essa família, nunca quis revelar meu passado, quando se é um Belmonte as coisas se complicam, o dinheiro se torna assunto. O medo de descobrir o que aqueles que amo podem mudar quando souberem que o herdeiro Belmonte está sobre o seu teto sempre me consumiu, mesmo eu sabendo que os Oliveiras não são esse tipo de gente, mas uma coisa eu aprendi há muito tempo, as pessoas mudam quando o dinheiro entra ou sai. — Me perdoe, mas disse ser esposa de Matthews? — Leila perguntou de maneira despretensiosa, mas seu olhar seguiu dos pés a cabeça de Vanessa, ela é boa demais em intimidar ao mesmo tempo que é gentil. Uma arte que vejo Suzane fazer com facilidade. — Sim, isso mesmo. — Vanessa fala, com as boche
VanessaNão demorou nem cinco minutos e alguém bateu na porta, quando abri apenas minha mala estava ali, seja lá quem a deixou queria ir depressa, coloquei a mala para dentro do quarto. O lugar é limpo e claro, não havia nada que dissesse que Matthews vivia aqui, a única coisa fora do lugar era alguns papéis em sua escrivania, me senti tentada em ir até lá e ler suas correspondências, para mim Matthews é um grande mistério, desde que se foi naquela noite, não voltou a me procurar, seus pais não mencionaram seu nome, não sei direito que desculpa ele deu a eles. Decidir ir tomar um banho, a lama já estava seca e começava cair pelo chão, não me dei conta mais provavelmente sujei onde pisei. O banho foi rápido, o medo de Matthews entrar a qualquer momento me deixou desconfortável, mas Liz prometeu que me daria quarenta minutos e ela não parece ser do tipo que quebra promessas. Coloquei uma roupa mais confortável, um vestido longo e florido que não me deixaria mal vestida,mas ainda falt
Matthews Quando saí do escritório estavam todos à minha espera, e pelo olhar deles o meu sobrenome já havia entrado na roda, o pai de Marcos sempre estava alheio a tudo, mas agora me encarava, eles queriam saber uma história a qual eu não estou afim de contar. “ Matthews Belmonte, único herdeiro da família Belmont sumiu logo após seu casamento com Vanessa Casteli, família e amigos não falam sobre o assunto, sua então esposa Vanessa Belmont diz que ela irá assumir o lugar do marido, porém nem mesmo ela nos diz o que aconteceu”. Marcos lê em voz alta algum artigo em seu celular e então ele mostra uma foto minha ainda muito novo, a foto do dia do meu casamento. Puxei o ar e eu poderia soca-lo, mas não era hora para isso. — Vocês não se metam nisso. — Falei indo em direção à cozinha. — Claro vossa majestade. — Marcos fala, mas indo atrás de mim. — Não passou por sua cabeça em nenhum momento me dizer que é é bilionário? — Marcos, quando nos conhecemos, eu pedi sem perguntas, e
VanessaEle me encarou e eu fiquei ali, sem saber ao certo para onde ir, então puxei o ar, eu não iria me estressar com ele, fui até a minha mala e comecei a aguardar as coisas. Sinto quando a mão dele para a minha, o calor da sua mão me faz estremecer, olho para ele, estava uma distância pequena de mim, meu coração acelera e sei que estou corando, feito uma colegial. — Já tarde, fique essa noite, irei dormir em outro quarto. — Ele fala de maneira calma, ainda o sol se mostrava, mas logo a noite cairia. — Não preciso de seus favores. — Falei afastando a mão dele, mas ele se manteve no mesmo lugar. — Vanessa! — A forma como meu nome saiu de seus lábios, me fez desarmar. — Não tá tão tarde, acabamos de almoçar, não corro perigo algum voltando agora. — Ele dá de ombros. — Fique, acho que posso mudar de ideia ou não, mas só saberá se ficar, e aqui é o melhor lugar do mundo. — Ele sorriu. — Realmente gosta desse lugar? — Matthews já conheceu o mundo é difícil de acreditar que
Matthews Ela estava tão bonita e possivelmente foram as doses de vinho que me deram coragem de falar aquilo. Arrumei minha postura e sorrir, ela apenas revira os olhos, mas ainda fica com as bochechas coradas, e o que devo admitir me deixa com mais vontade de perturbá-la, nunca imaginei que eu fosse capaz de falar com ela assim, mas a idade ao menos me serviu para ter coragem.— Venha! — Falei dando a mão para ajudá-la a levantar. — Acho que nunca alimentei patos. — Ela fala abrindo um sorriso tímido e envergonhado, Vanessa possivelmente nunca alimentou qualquer coisa além dela mesma. — Não é tão difícil, vamos logo já já começa o crepúsculo. — Tudo bem, mas promete que não será constrangedor lá fora?— Vanessa constrangida algo que eu achei que morreria sem ver. — Ela revira os olhos. — Não os conheço e com toda a certeza estou fora da minha zona de conforto, por sorte aprendi o português, mas não sei ao certo se eles me entendem. — De fato Vanessa tem o sotaque bem presente,
VanessaA forma como Matthews me olha às vezes me deixa sem graça, como se ele realmente me enxergasse, e não só a beleza que os demais viam, ele realmente me enxerga como eu sou, fiz o que ele pediu e alimentei os patos nada prazeroso, não faz sentido algum fazer isso se tem pessoas que são pagas para fazê-lo. — Você não vem?— Perguntei, só estava fazendo isso por ele, ao menos ele tinha que participar. — Claro, estou indo. — Ele falou pegando a ração na mão e vindo em minha direção. — Eu passo horas aqui. — Matthews se tornou um velho chato. — Aqui me traz paz, consegue sentir?— Paz?— Eu sinto paz comprando bolsas e sapatos e não alimentando patos. — Claro, eu também sinto uma paz. — Acha que se adaptaria a essa vida? — Não, por Deus essa vida não é para mim, mas preciso agradá-lo. — Acho algo difícil de se imaginar, mas tudo é questão de adaptação. — Ponto para ela, não seria tão fácil. — Sempre pensei em você como uma patricinha mimada. — Sorrir, com toda a certeza