Em uma tarde em que ele não estava trabalhando, eles foram até uma pequena cidade que ficava próxima à aldeia, para comprar mantimentos. O lugar ficava a apenas 20 minutos de carro da aldeia, e possuíam um armazém bem abastecido e algumas lojas pequenas de roupas.
Os dois foram primeiro ao armazém, passaram por um corredor de doces e ele percebeu que ela ficou olhando para uns chocolates que estavam na prateleira, porém não disse coisa alguma. Ele então, pegou alguns e colocou no carrinho de compras.— Você não precisa de nenhum produto específico, sei lá shampoo, desodorante?Ele perguntou, quando percebeu que ela não escolheria nada para si.— Estou bem com o que você tem em casa!Aram parou de empurrar o carrinho e a encarou.— Lucine, o shampoo do meu banheiro deve estar vencido a alguns meses! E você realmente planejLucine resolveu aproveitar que Aram estava na madeireira para usar o chuveiro do quarto com tranquilidade e tomar um longo e relaxante banho. Desde que ela passou a viver na cabana, não perdia uma oportunidade de tomar um banho quente. Como de costume, ela colocou uma música em um volume bem alto na televisão e se dirigiu ao banheiro, deixando as portas abertas para escutar a "Playlist" que havia selecionado.A tarde não poderia ter começado melhor, ponderou Aram irritado. Havia sofrido um acidente com a serra e acabou cortando o braço. Ele foi atendido por um médico, levou alguns pontos no antebraço e foi informado que não poderia trabalhar por alguns dias. Sem ter outra alternativa, voltou para casa.Quando chegou na cabana estranhou ao constatar que na tv estava tocando uma música em um volume muito alto e Lucine não estava em parte alguma, certamente ela deveria estar fazendo alguma tarefa l&a
Aram foi tomar banho maldizendo até o mais longínquo de seus antepassados. Definitivamente ele não passava de um grande pedaço de merda. Enquanto a água quente escorria pelo seu corpo, ainda estava chocado por tê-la visto nua. A verdade é que ela já não parecia uma criança, mas sim uma mulher, uma fêmea por quem seria muito fácil um macho sentir desejo.Como ele podia estar pensando assim, o que Yasmina diria se o visse agora? Graças à Deusa Lua que seu psicológico ainda estava bastante abalado e ele não expressou de forma física o quanto ficou impactado. Se tivesse ficado de pau duro ele certamente teria dado um soco que terminaria com a funcionalidade daquela coisa, se é que ainda restava alguma.Talvez fosse o tempo de convivência tranquila, e até uma certa parceria, que tivesse embaralhando suas ideias. O melhor era seguir seu p
Lucine permaneceu sentada no sofá, envolta nas cobertas que momentos antes cobriam os dois. Mantinha a cabeça baixa enquanto ele se afastava em direção a lareira e encarava o fogo com expressão de quem estava com a mente em algum lugar distante e assustador.— Faz seis meses…seis meses que você está aqui. Como eu não percebi nada antes?Ela levantou o olhar ao respondê-lo.— Você não tinha como saber, eu fui desenvolvendo aos poucos as habilidades. Na noite em que os matei, me transformei mesmo não sendo lua cheia. Agora eu posso sentir uma energia enorme dentro de mim, mesmo na forma humana. Eu tenho uma visão de longo alcance, uma força muito além do normal e alguns outros bônus. Sem contar o meu faro, essa mistura de cheiros me deixa louca às vezes. Tudo foi aparecendo pouco a pouco depois daquele dia. Eu ainda tenho dificuldade em controlar, mas acho que estou indo bem.— Indo bem? É um milagre que você não tenha matado ninguém ou se matado.Disse Aram, visivelmente preocupado. Lu
— Vamos para o galpão, tem mais espaço e meus equipamentos estão lá. — Que equipamentos?— Você vai ver!Se dirigiram até o galpão em que ela havia guardado a lenha. Lucine não havia notado alguns equipamentos que lembravam uma academia de artes marciais, porém tudo muito improvisado. Tinha até um saco de areia, daqueles que se usa para treinar boxe.— Por aqui não tem nenhuma academia, então temos que improvisar. Na casa dos anciãos têm uma maior, para os betas treinarem.— Hum, legal. Ela disse, tocando o saco de areia com a ponta dos dedos, como se buscasse verificar a sua textura.— Vamos começar. Tenta acertar ele com toda a sua força, para eu ter uma ideia de com o quê estamos lidando.— Eu acho melhor não, pode ser perigoso.— É um saco de areia, ele não vai se machucar.Aram insistiu.— Tudo bem, mas se afaste.Ele deu alguns passos para trás e ela se preparou para dar um soco igual via na televisão, o que não significava que Lucine tivesse a mínima noção do que estava prest
Aram acordou com o braço melhor e eles foram cedo para a floresta. Lucine pôde testar livremente suas habilidades, visão, olfato, força e agilidade. Se saiu bem tanto na forma humana quanto na de loba. Eles levaram um lanche e comeram lá mesmo para aproveitar o tempo.— Você está se saindo bem, já consegue controlar a força. O que falta trabalhar é o emocional, saber se você consegue se controlar sob forte pressão, é isso que precisamos treinar. Também precisa aprender a rastrear, mas isso é algo mais complexo. Lucine, eu acho que precisaremos da ajuda de alguém e o Szafir é o único em quem eu confio para isso. Ele pode treinar você enquanto eu estiver na madeireira, quanto mais rápido você evoluir, mais seguro será.Ela mordeu o sanduíche e deu de ombros.— Tudo bem, se você acha que podemo
Ao contrário do que Lucine esperava, eles foram bem recebidos na casa de Ruthe. A mulher estava bem diferente do dia do casamento, com um sorriso amigável e hospitaleiro. A cabana deles parecia mais humilde do que a de Aram, mas era espaçosa. Na casa moravam Ruthe, seu marido e sua filha Rosina. A garota parecia ter uma idade semelhante à de Lucine, era uma morena de cabelos castanhos fartos e muito bonita.Antes do jantar eles conversaram um pouco na sala, discutindo sobre o trabalho na madeireira e assuntos da aldeia. Lucine não se sentiu muito à vontade para falar, e Ruthe, percebendo isso, tratou de incluí-la na conversa.— Já era hora de recebermos uma visita da Lucine, dada a nossa amizade de longa data com o Alfa.Mesmo estando sentada no pequeno sofá ao lado do Alfa, Lucine percebeu que o comentário havia sido dirigido a ela e que todos a encaravam aguardando uma resposta. Sem saber ao certo o que dizer ela respondeu o óbvio.— Bem, nós viemos no momento em que fomos convidado
Lucine e Aram acordaram cedo no dia seguinte para ir à floresta continuar o treinamento. Aram mandou uma mensagem a Szafir para que fosse encontrá-los. Eles o esperavam em uma clareira cercada por árvores muito altas.— Aram, estou animada para o treinamento de hoje! Mal posso esperar para aprimorar minhas habilidades de rastreamento. Foi legal da parte de Szafir nos ajudar!— Tenho certeza que vai tirar de letra Lucine, você tem se saído muito bem até agora. Vamos lá, Szafir já deve estar a caminho, ele é o melhor que eu conheço quando se trata de rastrear.Szafir aparece e sorri ao vê-los, caminhando na direção dos dois.— Que bom que me chamaram para ajudar no treinamento. Lucine, Aram comentou que você está progredindo rápido.— Eu estou me esforçando, mas é tudo muito novo para mim.Ela comentou, um pouco sem jeito com o elogio.— É verdade, Lucine, nunca vi alguém aprender tão rápido. Estou impressionado, suas habilidades de Alfa Suprema são incríveis.Aram reforçou o incentivo
Lucine não dormiu bem naquela noite, sentia ondas de calor e frio cada vez mais fortes. Alguns arrepios e tremores percorriam seu corpo a fazendo ter uma péssima noite de sono. Aram saiu cedo para trabalhar na madeireira, ela acabou dormindo pela manhã e se atrasou um pouco com o almoço. Optou por fazer alguns sanduíches de carne para levar para o almoço dele. A cara dela quando foi até a madeireira denunciava que não estava bem e ele notou.— Nossa, você está com uma cara péssima, parece que não dormiu nada.— E não dormi. Eu não sei, acho que estou ficando doente, pelo visto vai ser um resfriado daqueles. Isso foi tudo o que eu consegui fazer, acabei dormindo demais pela manhã e me atrasei.Ele pegou a sacola que ela lhe oferecia.— Está ótimo, da proxima vez me avisa que eu mesmo trago algo comigo para comer. Melhor você