Capítulo – 007

Stella resolveu falar primeiro, haja vista que o homem não emitiu uma palavra desde que a viu:

–Bom dia!

Estava um pouco nervosa, mas, tentou ser simpática, não sabia o que esperar daquele homem.

Ela disse isso e Evan ficou ainda mais encantado, a voz dela parecia música aos seus ouvidos. 

– Bom dia Srta...

Ele deixou que ela completasse, pois de fato não a conhecia, ela estendeu a mão e disse:

- Morgan, Stella Morgan. Acho que você é o Sr. Larsson? 

Mesmo tendo a certeza de que ela estava no lugar certo,  não custava nada confirmar.

– Você me conhece Srta. Morgan?

Ela não gostou da maneira como ele disse isso, parecia um lobo que havia encontrado um cordeiro sozinho, pastando longe do rebanho. Se ele achava que poderia tirar algum proveito dela, ela faria questão de lhe mostrar que está muito enganado. 

– Na verdade, eu tenho algo para lhe entregar. 

Ela levanta um envelope, que só agora ele notou que ela tinha nas mãos. 

Ele pegou o envelope um pouco desconfiado, saiu para a varanda que ficava na frente, não colocaria essa mulher por mais bonita que fosse dentro de sua casa, primeiro porque estava tudo uma bagunça e segundo, aquilo poderia ser uma armadilha de algum pai desesperado para casar sua filha. 

Ele olhou ao redor, não viu ninguém, nem mesmo uma carruagem. Aquilo lhe pareceu ainda mais suspeito. 

– Como chegou até aqui, Srta. Morgan?

Ele parecia um pouco desconfiado com a presença dela. Ela sabia que o reverendo estava otimista demais. 

– Vim em um carro de aluguel, mas ele me deixou no meu destino e foi embora. 

Ele olhou que ela carregava apenas um saco nas mãos, aquilo era para ele também? Que tipo de encomenda era aquela?

Puxou o saco das mãos da menina, que claramente não esperava por aquilo e quando se deu conta começou a lutar com ele pelo saco. 

– O que trás aqui?

– Não é da sua conta Sr. Larsson, me devolva, me devolva agora mesmo.

Eles ficaram brigando pelo saco e Evan achou aquilo engraçado, ver o desespero dela em recuperar aquilo. 

A briga se estendeu mais do que ele esperava, a garota parecia um carrapato grudada ao saco, ele não conseguia abrí-lo, até que se ouviu o som do saco se rasgando. E caíram ali no chão peças de roupas femininas, que provavelmente deviam ser da Srta. Morgan, que espécie de dama era aquela, que carregava seus pertences em um saco tão esfarrapado? Ela com lágrimas nos olhos começou a juntar as coisas que estavam no chão.

– Me desculpe Srta., sinto muito, eu não esperava que carregasse suas roupas nesse saco de estopas. 

Ela estava olhando para ele com muita raiva, mas, Evan a achou muito fofa. Quem era ela? E, o que veio fazer ali?

– Por favor, me deixe pegar uma mala, para que possa colocar suas coisas. Não saia daí, está bem? 

A garota, apenas olhou de maneira indignada para ele, enquanto ele corria até o seu quarto e pegava uma de suas malas de viagem que estavam empoeiradas, pois ele não as usava há muito tempo. Assim como subiu ele desceu correndo e rapidamente, trouxe a mala para ela, que continuou brava com ele. 

– Olha, deveria estar feliz, perdeu seu saco esfarrapado e ganhou uma mala de verdade. 

Ela grunhiu para ele, como um animal selvagem, quem diria que aquele anjinho tinha garras. Então começou a juntar todas as coisas e colocar dentro da mala, sobrou muito espaço, pois não tinha muitas coisas. 

– Entra, a casa não está em condições de receber visitas, mas pelo menos, posso lhe oferecer uma água, depois de tudo...

Ela não esperou que ele terminasse.

– Não sou uma visita, vim para a colocação de empregada. 

Ela disse com tanta convicção, mas ele não estava precisando de empregadas novas, seus três funcionários eram o suficiente.

– Me desculpe Srta. Morgan, mas eu não estou a procura de empregadas. 

Mesmo dizendo isso eles entraram para dentro da casa, que estava um caos, Stella mirou a tudo com grande espanto, mas de fato a jovem era corajosa, não exitou em seu passo, nem por um instante. Com um sorriso sem graça, Evan disse:

– Acho melhor eu ler sua carta de recomendação no meu escritório então, vamos. 

Stella apenas o seguiu, o primo do reverendo Rui era muito estranho, o homem era o completo oposto do primo. Enquanto o reverendo era sempre educado, este parecia um pouco inconveniente, sem tato e muito abusado, sem falar sobre a casa, estava uma bagunça, parecia que um furacão havia passado por ali. 

Quando chegaram ao escritório ela achou uma pena, a casa era grande e parecia ter sua beleza, mas tudo estava coberto pela poeira, tantos livros e parecia que o homem nunca havia encostado em nenhum. Sua vontade era ir embora agora mesmo, já bastava o constrangimento de ele ter visto suas roupas intimas, quando o saco em que levava seus pertences se rasgou. Mas se lembrou do reverendo lhe dizendo para não tomar conclusões preciptadas e não desistir fácil, pois o primo era um bom homem. Ele se esqueceu de dizer que o sujeito era um bêbado violento, a julgar pelos móveis quebrados. Quando ela entrou pensou que encontraria outros empregados, mas a julgar pelo estado das coisas por aqui e pelo silêncio, não havia nem uma alma viva por ali, além do Sr. Larsson. 

Era um perigo para ela, como pôde cair nessa cilada, mas se ele tentasse algo, ela pensava em pegar o espeto da lareira e atacá-lo. Ela não lutou tanto por sua dignidade para tudo acabar nas mãos desse louco.

– Aceita uma bebida?

– Eu não bebo Sr. 

Que tipo de patrão oferece bebidas aos empregados?

– Uma pena, poderia me acompanhar. 

Ele diz isso e colocou uísque em um copo que já havia sido usado inúmeras vezes, ela pôde ver a marca de dedos sobre o vidro. Ele não abriu a carta imediatamente e isso a deixou tensa.

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