Capítulo – 006

Tomando mais um gole de seu uísque Evan pôde realmente constatar que o primo o surpreendeu nesta carta. Ele nunca recebia uma resposta e mesmo assim pedia ajuda para uma desconhecida, uma velhota morta de fome. Ele tinha ficado com raiva da mulher, mesmo sem conhecê-la, o primo queria protegê-la, foi para a ação, enquanto para ele só restaram palavras. O primo nunca deu um passo para vir vê-lo em cinco anos e agora fazia solicitações disse que a mulher não tinha ninguém no mundo. E, Evan tinha alguém? Alguém se importava se ele estava vivo ou morto?

Decidiu que estava de saco cheio, queria ficar só, não precisava de ninguém. Foi até a cozinha e encontrou ali os três empregados, pareciam ratos escondendo-se do gato, estava cansado, ele não era um monstro, era apenas um homem, solitário, mas isso não lhe tirava o status de ser humano. Quando os três o viram ficaram bastante assustados, pois ele raramente ia por ali. A Sra. Romina foi quem lhe dirigiu a palavra:

– Em que posso ajudá-lo Sr.?

Ele estava visivelmente bêbado, o mais provável é que tenha tomado um copo para cada palavra da carta.

– Vocês três, sumam da minha frente, não quero ver mais nenhum de vocês.

Eles ficaram ainda mais espantados com suas palavras. 

Romina se pôs à frente dos outros dois. 

– Está nos demitindo?

Ele estava? Podia ele fazer tal coisa com essas pessoas que eram tão caras para ele? De fato ele nunca admitiria, mas eles eram. Ele titubeou de sua decisão, por fim disse:

– Não, quero que vão embora e só retornem quando eu solicitar. 

– Não acho sensato o senhor ficar sozinho nessas condições. 

– Romina, se não acatar minhas ordens, de fato conseguirei outra governanta.

Eles então seguiram para seus quartos na casa, pegaram alguns pertences e se retiraram para suas casas no povoado, era por volta de umas sete da noite, então não havia problemas em eles seguirem seus rumos.

Evan estava amargurado, queria beber até cair, era muito normal que ele fizesse isso, mas desta vez tinha planos sombrios em seu coração. Achou que talvez fosse a hora de acabar com o seu sofrimento, pelo menos havia alguém que ficaria muito feliz com isso, Inocência, sua antiga madrasta. Um nome bem irônico, para uma bruxa como ela, uma mulher que lhe fez tanto mal. Não podia perdoá-la, no entanto, não pôde matá-la, quando teve a chhance simplesmente não conseguiu. 

Queria alegrar-se para o seu fim, então tomou o violão que ficava escondido em sua biblioteca, não sabia porque, afinal ninguém ia ali, ou se importava com o que ele fazia. Mas esse era um segredo apenas dele, o qual levaria para o túmulo, pegou a garrafa de uísque e saiu a cantar por toda a casa, quem o visse, pensaria se tratar de um louco, mas não havia ninguém para vê-lo. Cantava, sorria, gracejava, como se ali, estivesse acontecendo um baile, repleto de pessoas e jovenzinhas que ficavam vermelhas ao seu simples olhar. Foi assim que passou toda a sua noite, cantando e vandalizando sua casa. Até que dormiu, ali mesmo no chão da sala. 

Evan acordou de súbito, com alguém batendo à porta, cada batida parecia perfurar seu crânio, por que não se matou ontem mesmo? 

Muito melhor do que passar por isso hoje, odiava ficar de ressaca. Queria continuar dormindo, mas a pessoa na porta, não desistiu, mesmo depois de cinco minutos.

Ele levantou-se furioso, se fosse Romina, a demitiria agora mesmo, não importa quanta consideração tivesse para com a mulher, importuná-lo pela manhã, ainda mais quando estava de ressaca era imperdoável. Já ia abrir a porta, quando lembrou-se que estava sem as calças, ele passou a vista por todo o lugar, até ver que a mesma se encontrava dependurada na janela oposta a porta. Foi até lá e vestiu rapidamente, não porque estivesse ansioso em atender a porta, mas sim porque queria que aquele barulho dos infernos cessasse. Quem quer que estivesse do outro lado iria se arrepender muito por tê-lo despertado essa manhã, faria questão de mostrar a essa pessoa as consequências por acordá-lo. 

Evan seguiu em direção à porta muito irado, resmungando palavras de baixo escalão, que fariam sua tia ter um desmaio e seu primo querer fazer-lhe um exorcismo. Porém, teve uma grande surpresa ao abrir a porta e se deparar com uma senhorita muito jovem do outro lado. Arregalou seus olhos, como alguém que encontrou água no deserto, não sabia quem era, mas com certeza, se ela quisesse, podia fazê-la sua amante. Ele não exitaria em abandonar Carmela, que era muito bonita, mas não chegava aos pés desse anjo. 

A moça ficou apenas mirando para ele com aqueles olhos verdes gigantes e inocentes, ele pensou que ela devia estar perdida, pois nunca a vira por ali, conhecia a todos nas redondezas e jamais se esqueceria de tamanha beleza. 

Stella estava diante do mais lindo homem que já havia visto na vida, ela concluiu que esse era o Sr. Evan Larson, porque embora estivesse com as roupas totalmente amassadas, ainda podia dizer que eram roupas caras, que somente quem tinha muito dinheiro as possuía. Embora lindo de um modo geral, ela não pôde deixar de notar que estava completamente despenteado, com a barba por fazer, olheiras azuladas embaixo dos olhos, a camisa com alguns botões abertos e o bafo de bebida sem mesmo ele ter falado uma palavra com ela.

Bem, ela estava ali buscando por um trabalho, não era seu dever julgá-lo embora ele parecesse totalmente inapropriado nesse momento.  

Além da beleza dele, ela se viu surpreendida consigo mesma, o que era aquela quentura que estava subindo por todo o seu corpo, ela sabia de certeza que nunca havia sentido algo parecido na vida. Também sentiu suas bochechas corarem. 

Concluiu por fim que talvez ele estivesse naquele estado exatamente por não ter criados suficiente em sua casa e isso é uma esperança para ela, só esperava que ele não fosse um pervertido como o Sr. Bruce.

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