Capítulo 2

Orion Black

Vivian era uma moça muito bonita, mas assim como eu e Kennedy, as duas irmãs também em nada se pareciam. Enquanto Lilian era estudiosa, gentil e doce, Vivian era ousada, atrevida e fútil. 

Lilian, apesar de ser a mais velha, também se sentia responsável pela irmã depois que os pais faleceram em um acidente de trânsito, então pegou todas as responsabilidades para si, abraçando todos os problemas.

Apesar de tanto se esforçar, eu via a interação das duas por entre o campus e Lilian sempre chorava pela arrogância da irmã, por ser maltratada mesmo quando tentava ajudar e meu desejo de aproximação sempre crescia à medida que presenciava as discussões das duas.

Lilian nunca revidou com grosserias, porém, Vivian parecia sapatear em cima da irmã e tratá-la da forma que desejava. Lilian sempre foi a segunda opção da própria irmã, e aquilo me deixava muito incomodado, pois eu sabia que ela merecia mais.

Por muito tempo lutei contra minha vontade de aproximação e me contentava em observá-la de longe até que meu pior medo se tornou real.

Não levou muito tempo para que Kennedy fosse atrás da Lilian. Eu já sabia dos riscos existentes pois seria impossível ela passar despercebida. Em algum momento poderia acontecer, mas nunca pensei que seria justamente com meu irmão.

Naquele dia, a raiva que senti foi maior do que qualquer sentimento que um dia existiu pelo meu irmão.

Eu e Kennedy nunca fomos próximos e o fato de eu ter perdido a garota que eu gostava justamente para ele, aumentou ainda mais a minha fúria. 

Meu estômago revirava sempre que eu lembrava que Lílian havia se tornado minha cunhada ao invés de minha mulher. Eu sentia repulsa só em imaginar o meu irmão tocando em sua pele, e pode até ser dor de cotovelos, pois realmente odiava a situação, mas precisei aceitar os fatos, se ela estava feliz, eu também deveria ficar e esquecer tudo de uma vez por todas mas o problema é que conforme foi passando o tempo, a paixão foi se tornando amor e talvez um pouco de obsessão pois não conseguia me manter afastado, e a raiva pelo meu irmão crescia na mesma proporção.

Pior de tudo é saber que estou amando uma mulher que nunca dirigi uma frase inteira além dos habituais “Boa noite e até mais” e isso foi muito frustrante.

Vivo em um inferno particular por uma mulher que nunca toquei.

Após engolir muitos jantares com meu irmão e cunhada, finalmente concluí meu doutorado e consegui um emprego em outro país, sem previsão de retorno e uma ótima chance de recuperar o controle da minha saúde mental e confesso que fiquei feliz por ficar tanto tempo fora. Na verdade foi necessário para mim, pois eu precisava me recompor, e seguir com a minha vida já que ela estava feliz, e aquilo era o suficiente para mim.

Eu só desejava que ela fosse feliz.

Durante os anos que morei fora, consegui colocar minha cabeça no lugar, ter disciplina e treinar meu corpo à medida que os anos foram passando e atualmente, posso dizer que fisicamente mudei muito, mas por dentro, continuo o mesmo.

 O idiota dedicado a familia e completamente apaixonado por uma mulher que nunca tocou.

Inferno.

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