REAGANVi meu pai na cadeira e ele parecia muito irritado. — Pai, eu preciso falar com o senhor. — Hmm… — ele respondeu e fez sinal para que eu me sentasse na cadeira em frente a ele. Eu o fiz e ele me encarou, um dos cotovelos no braço da cadeira, a mão cobrindo a boca. — Fale! — A cerimônia de acasalamento com Kath vai ser hoje mesmo. Não posso esperar mais — ele assentiu. — É o certo. Não podemos permitir que o mesmo volte a acontecer. E… creio que ela já pode estar grávida, não é? — Sim, pai. Ele pareceu satisfeito. — Ótimo. Um herdeiro é mais do que necessário — ele olhou para a varanda, franziu o cenho e voltou a me olhar. — Tem mais, não é? — Sim. Kath e Danna ouviram sobre novos ataques e invasões. Nas nossas terras. Meu pai remexeu a boca, e eu podia ver que ele parecia estar mastigando algo muito amargo. — Que inferno! Mas como eles estão conseguindo? Eu tinha uma suspeita, e, depois do que houve com Kath, isso se intensificou. — Pai, já pensou que pode ter magia
REAGANChamei Andrew e ele logo me levou até as masmorras. — Ela não tem dado nem um pio — Andrew disse. Ele também tinha se esquecido da mulher. — Por que decidiu vê-la? — Meu pai quer que eu me livre dela. Ela trouxe problemas para Kath e eu sinceramente não consigo pensar que, quando sair, ela não será uma pedra no nosso caminho. Andrew assentiu. — Eu concordo. Ela não é o tipo de fêmea que desiste do que quer. E você, Reagan, é o objeto de desejo dela. Eu torci o nariz ao ouvir aquilo. Maldição, eu não gostava de ser visto daquele jeito: um objeto. — Sempre fui claro com ela. Nunca a enganei ou dei falsas esperanças, Andrew! — eu soltei o ar, cansado. — E ela ameaçou Kath. Eu tentei levar em conta o tempo que Cinthya me serviu, porém, meu pai ter razão: não posso deixar que uma cobra como ela permaneça viva, para depois nos morder e envenenar. Senti que algo não ia bem. Um cheiro conhecido adentrou as minhas narinas e Andrew também sentiu, parando de andar imediatamente. El
KATHAquele ataque estava deixando a todos com os cabelos em pé e as emoções à flor da pele. Reagan não queria me deixar fora das vistas dele nem por um minuto. Dizem que o noivo ver a noiva antes da cerimônia traz má sorte. Eu nunca acreditei naquilo, até que uma lança atingiu o peito de Reagan bem na hora em que ele estava colocando a aliança no meu dedo. — Não! — eu gritei e vi o sangue ensopando a blusa branca do meu companheiro. — Reagan, não… Ele caiu de joelhos, tentando respirar, mas eu podia ver que ele estava tendo dificuldades. Quem não teria? — Alguém, ajuda! — eu clamei e Andrew estava ao meu lado, bem como o Rei. Tudo ao nosso redor se tornou um borrão. Eu podia ouvir as pessoas gritando, rosnados, sons de coisas caindo e sendo arrastadas. Porém, eu não conseguia discernir nada direito, minha atenção completamente voltada para o meu macho. Andrew quebrou a outra ponta da lança, para evitar que esbarrasse em qualquer coisa enquanto Reagan era transportado para a ala
KATH— Reagan, o que houve? — perguntei a ele, sentindo a dor dele dentro de mim. Não na mesma intensidade, mas doía, como se… senti minha garganta secar. Como se alguém tivesse morrido. — Ajuda! Chamei e não demorou até que o Curandeiro voltasse a entrar no quarto. Ele afastou as cortinas e olhou aflito para Reagan.— Eu não sei o que houve… ele… ele está com muita dor! Seria o ferimento? Mas… nós nos marcamos. O vínculo deveria cuidar disso! Questionei o curandeiro, porém, ele também parecia sentir algo, com a mão no peito. Os olhos dele ficaram enevoados e eu entendi: o Rei. Abracei Reagan e senti o corpo dele convulsionando enquanto lágrimas desciam pelas bochechas dele. Meu companheiro soltou um urro de dor terrível, de partir o coração.Quando dois soldados entraram, os rostos deles estavam pálidos e eu podia ver resquícios de sangue na roupa deles. Pelo visto, as coisas não estavam nem um pouco simples. — Majestade — eles se dirigiram a Reagan. Claro, agora, ele era o Rei.
KATHO quarto estava em um silêncio tenso. Eu podia ouvir apenas a respiração pesada de Reagan e o farfalhar do vento lá fora, movendo as cortinas da janela. Eu me mantinha ao lado dele, os dedos ainda entrelaçados aos dele, enquanto ele fechava os olhos e tentava conter a dor. A prata estava dificultando tudo, e saber disso me deixava cada vez mais inquieta. Eu precisava ajudar de alguma forma, mas, além de dar apoio e estar ali, sentia que não havia muito que eu pudesse fazer no momento. O curandeiro disse que o repouso era essencial, e Reagan estava insistindo em se manter informado, dando ordens e demonstrando força mesmo agora, quando tudo que ele realmente precisava era descansar. Eu queria gritar para ele parar, para não se preocupar com nada, mas sabia que ele jamais ouviria. Reagan era o tipo de líder que não recuava, e o peso da coroa agora era maior do que nunca.— Reagan, por favor, tente descansar um pouco — eu pedi, apertando de leve sua mão. Ele abriu os olhos devagar,
KATHA porta se abriu, e ele entrou no quarto devagar, hesitante. Seus olhos encontraram os meus, e algo dentro de mim se retesou. Eu não esperava vê-lo tão cedo, especialmente aqui. Eu me coloquei entre Reagan e ele, meu corpo instintivamente adotando uma postura protetora. Depois daquela briga… — Kath... — ele começou, a voz baixa, como se não quisesse perturbar o ambiente tenso do quarto.— Majestade — o corrigi, interrompendo-o antes que ele dissesse mais alguma coisa. Eu vi a expressão dele se fechar por um momento, como se minha palavra tivesse sido um golpe direto. Havia uma tristeza ali, um arrependimento que eu já tinha visto antes, mas eu não podia simplesmente ignorar tudo o que ele tinha feito.— Eu... — Joshua hesitou, desviando o olhar para Reagan, adormecido, e depois voltando a me encarar. — Eu ainda não voltei ao bando. Não consegui ir embora sem antes... ter certeza de que você está bem.Senti meu coração apertar um pouco, mas me forcei a manter a postura firme. Eu
JOSHUACaminhei pelo corredor do palácio com o peito pesado, como se cada passo me custasse um pedaço de minha alma. Kath me rejeitou, mas isso não era inesperado. Eu sabia que havia feridas demais, erros demais. Mesmo assim, ouvi-la me pedir para chamá-la de "Majestade", impedindo-me de usar “Kath”... doeu mais do que eu esperava. Mas, mesmo que ela nunca mais me aceitasse como algo além do Alfa do bando onde ela tinha nascido, eu precisava provar que não era o homem que ela pensava. Precisava limpar meu nome, não apenas por ela, mas por mim também.Liguei para Kian enquanto entrava no meu quarto e começava a pegar a mala. Eu tinha que arrumar as minhas coisas para ir embora. A voz dele me pareceu cansada, quando atendeu. Optei por uma chamada de video, escorando o celular na mesinha de cabeceira. Kian tinha olheiras profundas, pois agora com esses ataques e possível revolta, a morte do Rei, nossas responsabilidades ficaram ainda mais pesadas. — Como estão as coisas por aí? — eu pe
KATHAcordei com uma dor de cabeça latejante, como se meu cérebro estivesse tentando fugir do meu crânio. Pisquei algumas vezes, tentando me situar. Estava no quarto que dividia com Reagan, mas não me lembrava de como tinha ido parar ali. A última coisa de que me recordava era estar em outro corredor, talvez perto da ala hospitalar. Mas como eu vim parar aqui? Fechei os olhos, tentando puxar as memórias, mas cada tentativa fazia a dor se intensificar, como se meu próprio corpo quisesse bloquear o que acontecera.Suspirei, decidindo deixar isso para lá. Não adiantaria de nada me forçar a lembrar, especialmente se aquilo só me trazia mais dor. E eu devia estar simplesmente muito cansada e, por isso, “apaguei”. Levantei da cama com esforço, sentindo os músculos ainda rígidos, e me arrastei até o banheiro. Precisava de um banho, de algo que me ajudasse a clarear a mente e aliviar o peso nos ombros.A água quente escorria pela minha pele, relaxando os músculos e acalmando minha mente. Feche