Simone era uma gata!Gata, gata, gata!E naquele vestido vermelho, com um corte na perna que ia até a coxa ─ e porra, que coxa! ─ estava de matar!Alan não sabia como o coração dele não explodira diante daquela visão fabulosa, o dele e de todos os outros caras da festa, claro! ─ com exceção de Marcelo e mais meia dúzia de homens casado, bem-casados, que de alguma forma não conseguiam ter olhos para outra garota que não a própria esposa.Alan, por sua vez, estava com dificuldades de para tirar os olhos de cima de Simone, a prima do noivo, de quem era padrinho e um dos melhores amigos. Ele havia tentado se manter longe dela desde que se conheceram. Era difícil já que de vez em quando se esbarravam, por causa de Marcelo.E era exatamente por conta de Marcelo que ele não tinha se aproximado mais da Simone. Mas ele queria, e muito. Cada vez que a via, se sentia... empolgado, para dizer o mínimo.Quando ela aparecia usando uma daquelas caças jeans apertadas, e a bundinha empinada balançava o
─ Oi, Alan!Ainda bem que sua voz não tremou, pensou Simone, com um leve arrepio. Tudo o que não desejava era dar na pinta de que Alan, um dos melhores amigos de Marcelo, seu primo superprotetor, tinha acendido uma fagulha ─ e que fagulha! ─ de tesão dentro dela. Coisa que não acontecia a, o que? Séculos? Provavelmente. Alan sentou em perto dela, debruçou um pouco o corpo em sua direção, e colocou os dois braços, cruzados displicentemente, sobre a mesa. ─ Por que não está dançando?Ela foi inundada pelo aroma dele. Um perfume másculo como o seu dono, com algumas notas de algo provocante e quente, talvez um toque de pimenta nativa. Ela havia sentido aquele cheiro mais cedo, quando atravessaram, de braços dados, o caminho até o sacerdote que abençoou a união do casal, mais cedo. Tinham passado juntos sob um arco de flores a céu aberto, extremamente romântico e delicado, que parecia ter saído das páginas de um daqueles romances que haviam feito sua alegria quando era mais jovem, e ago
Por mais que quisesse carregar Simone para sua casa, para que pudessem se amar à vontade, e Alan queria isso com tosas as suas forças , não seria hoje, não seria assim. A não ser que ela fizesse a proposta, mas, sinceramente, tal coisa seria bem improvável.Simone estava com as barreiras erguidas, e só um cego não veria isso. Talvez por isso Marcelo estivesse se mostrado tão protetor com a prima, porque sabia disso, que ela havia saído chamuscada de algum relacionamento ruim. Tóxico, como as garotas costumava chamar a relação com um cara abusivo em algum sentido.Em tom de voz suave, o mais natural e mansamente possível, Alan puxou conversa: ─ Fazia muito tempo que eu não vinha a uma boa festa.Simone apenas balançou a cabeça, os olhos sobre ele, com certa desconfiança ─ apesar de não ter se desvencilhado das mãos que lhe massageavam os pés, o que já era um ponto bem marcado, pensou Alan.─ Geralmente policiais não dão festas boas, não sei se você já percebeu... Para a maioria dos ca
Alan havia se sentado novamente, com a cadeira voltada na direção de Simone, sem interromper a massagem relaxante nos pés de Simone. A música em volta estava animada, mais alegre, e mais pessoas tomavam a pista, dançando juntas ou separadas, com direito a uns gritinhos alegres aqui e ali. Simone percebeu que havia muitas mulheres bonitas por perto, a maioria delas sozinha. Usavam roupas sedutoras, estavam bem à vontade e risonhas, fosse por sua natureza ou porque o álcool já estava fazendo efeito em algumas delas... Mesmo assim Alan não olhava para as outras. Ela se sentiu bastante prestigiada por ter os olhos de seu interlocutor sobre ela, como se nada mais houvesse em volta. ─ Simone, acho que nunca conversamos assim, só nós dois, antes, não é verdade?Simone não esperava aquela abordagem de Alan, e, sem ter muita certeza se havia ou não algo por baixo da pergunta, balançou a cabeça:─ Não, acho que não realmente. ─ Simone franziu levemente as sobrancelhas, pensativa, procurando
─ Eu gostaria de poder fazer mais, mudar o cenário e afastar esses tomates podres que você citou.─ Seria perfeito, e facilitaria muito o meu trabalho. Imagina poder agir sem a pressão negativa da mídia, sem olhos severos em cima de nós, achando que estamos sendo desonestos e sujos!─ Seria um sonho!─ Infelizmente nenhum trabalho é perfeito, porém. E vivemos em um setor que é bem complicado...Simone não poderia discordar:─ Eu sei e não tenho falsas ilusões. Cresci em uma família de policiais, escutei muitos relatos assombrosos a minha vida inteira, ouvindo sobre grandes atos de heroísmo e outros terríveis atos de corrupção. Eu realmente gostaria de poder dizer que os bonzinhos superam os maus, mas não tenho certeza sobre isso, não posso afirmar que o lado bom supera o mau, e que vale a pena fazer parte da polícia, mas quero acreditar que sim, que vestir a farda e brigar pelo povo é uma coisa legal, e que o crime não compensa. ─ O olhar de Simone ficou distante. ─ É preciso trabalha
Enquanto Lorena caminhava ao lado de André, com um copo na mão e a curiosidade a mil pelo que eles poderiam conversar, e principalmente pelo que André poderia querer lhe dizer essa noite, a mente dela fez uma viagem no tempo, para o dia em que se conheceram.Naquela ocasião, Marcelo havia convidado André para um jantar em dupla, e essa seria a oportunidade de Lorena conhecer o amigo do namorado de Marina. O plano era que no futuro os quatro pudessem sair juntos, com sorte formariam dois pares enamorados. Naturalmente, nem André nem Lorena tinham obrigação de ficarem juntos. Porém, o primeiro encontro havia sido um desastre, e não por culpa deles.Marina e Lorena tiveram sua casa invadida por um psicopata, um criminoso procurado pela polícia, que hipnotizava suas vítimas e abusava delas. Na verdade, nem Marina e nem Lorena imaginavam que ele era um homem perigoso quando o conheceram.Elas o haviam conhecido por culpa de Lorena, que adorava se consultar com tarólogas e adivinhos e tinh
Mas, se Lorena tinha o dia da invasão da sua casa nublado na memória, o dia seguinte estava ainda bastante claro.Após uma noite de sono a base de calmantes na casa de Marcelo, ela havia acordado com um suave burburinho brotando de alguma parte da residência. Ela levantou-se da cama emprestada, foi até o banheiro, lavou o rosto, fez um bochecho com o antisséptico bucal que achou sobre a pia, e ajeitou os cabelos da melhor forma que pode, mirando no espelho a figura de olhos fundos e ar abatido que a encarava de volta.Alguns flashes do dia anterior espocaram em sua mente, e ela fechou os olhos, agarrando-se na borda da louça fria. Balançou a cabeça, se esforçando para manter a calma. Não, ela não riria deixar que um maluco pervertido, que já tinha sido despachado para o inferno, lhe atormentasse o resto dos seus dias, de jeito nenhum!O homem já não vivia, e não podia fazer mais mal a ninguém, a não ser que ela deixasse que um fantasma lhe perseguisse.Só que ela acreditava em muitas
Voltando ao momento presente, Lorena parou de andar, achando que aquele pedaço do jardim era bom como qualquer outro para que conversassem e acabassem de uma vez por todas com a curiosidade que a estava corroendo. Abriu a boca para falar, e então escutou o toque do telefone celular de André, alto, berrando do bolso das calças masculinas.─ Ah, não, isso é sério? ─ Lorena resmungou, quando o policial levantou um dedo para ela, pedindo que esperasse um instante, e depois colocou a mão no bolso, para pegar o celular.─ Rapidinho ─ André murmurou.E Lorena se lembrou que em muitas ocasiões, quando eles saíam, André sempre parava o que quer que estivesse fazendo para atender ao telefone quando ele tocava. Não podia ser diferente, devido à responsabilidade que tinha em sua função. Muitas vezes chamadas inesperadas e urgentes interrompiam sua folga, sua refeição, e até seu sono, mas ele aceitava pagar o preço, sabendo que alguém inocente dependia dele para ser libertado ou até mesmo para sob