Enquanto Lorena caminhava ao lado de André, com um copo na mão e a curiosidade a mil pelo que eles poderiam conversar, e principalmente pelo que André poderia querer lhe dizer essa noite, a mente dela fez uma viagem no tempo, para o dia em que se conheceram.Naquela ocasião, Marcelo havia convidado André para um jantar em dupla, e essa seria a oportunidade de Lorena conhecer o amigo do namorado de Marina. O plano era que no futuro os quatro pudessem sair juntos, com sorte formariam dois pares enamorados. Naturalmente, nem André nem Lorena tinham obrigação de ficarem juntos. Porém, o primeiro encontro havia sido um desastre, e não por culpa deles.Marina e Lorena tiveram sua casa invadida por um psicopata, um criminoso procurado pela polícia, que hipnotizava suas vítimas e abusava delas. Na verdade, nem Marina e nem Lorena imaginavam que ele era um homem perigoso quando o conheceram.Elas o haviam conhecido por culpa de Lorena, que adorava se consultar com tarólogas e adivinhos e tinh
Mas, se Lorena tinha o dia da invasão da sua casa nublado na memória, o dia seguinte estava ainda bastante claro.Após uma noite de sono a base de calmantes na casa de Marcelo, ela havia acordado com um suave burburinho brotando de alguma parte da residência. Ela levantou-se da cama emprestada, foi até o banheiro, lavou o rosto, fez um bochecho com o antisséptico bucal que achou sobre a pia, e ajeitou os cabelos da melhor forma que pode, mirando no espelho a figura de olhos fundos e ar abatido que a encarava de volta.Alguns flashes do dia anterior espocaram em sua mente, e ela fechou os olhos, agarrando-se na borda da louça fria. Balançou a cabeça, se esforçando para manter a calma. Não, ela não riria deixar que um maluco pervertido, que já tinha sido despachado para o inferno, lhe atormentasse o resto dos seus dias, de jeito nenhum!O homem já não vivia, e não podia fazer mais mal a ninguém, a não ser que ela deixasse que um fantasma lhe perseguisse.Só que ela acreditava em muitas
Voltando ao momento presente, Lorena parou de andar, achando que aquele pedaço do jardim era bom como qualquer outro para que conversassem e acabassem de uma vez por todas com a curiosidade que a estava corroendo. Abriu a boca para falar, e então escutou o toque do telefone celular de André, alto, berrando do bolso das calças masculinas.─ Ah, não, isso é sério? ─ Lorena resmungou, quando o policial levantou um dedo para ela, pedindo que esperasse um instante, e depois colocou a mão no bolso, para pegar o celular.─ Rapidinho ─ André murmurou.E Lorena se lembrou que em muitas ocasiões, quando eles saíam, André sempre parava o que quer que estivesse fazendo para atender ao telefone quando ele tocava. Não podia ser diferente, devido à responsabilidade que tinha em sua função. Muitas vezes chamadas inesperadas e urgentes interrompiam sua folga, sua refeição, e até seu sono, mas ele aceitava pagar o preço, sabendo que alguém inocente dependia dele para ser libertado ou até mesmo para sob
─ Eu vou procurar a Marina!Antes que Lorena se afastasse André estirou a mão, e segurou o braço dela. Foi tão rápido que Lorena podia jurar que ele sequer piscou os olhos.─ Não saia de perto de mim.Ela franziu as sobrancelhas:─ Há um minuto atrás você me mandou ir embora da festa!─ Exatamente. Falei para você sair da festa, não ser engolida por ela. Entendeu quando eu disse que me preocupo com você?André havia parado de procurar sinais de perigo e sua atenção estava totalmente voltada para Lorena. O olhar era tão intenso que ela chegou a sentir a pele queimar.Certeza absoluta que tinha ficado rubra, e olha que era morena, e se seu rosto mudasse de cor era só para ficar bronzeado pelo sol...─ Mas a minha amiga...─ Tem um marido que é um dos melhores policiais da cidade, e liquidou o bandido que ameaçava vocês com um tiro limpo, porque além de tudo, é um atirador de elite. Entendo que você se preocupe, mas no momento ficar ao meu lado vai ser mais sensato e seguro.Ela estreito
─ Alan...Foi algo na entonação de Simone que fez um arrepio descer pela coluna de Alan. Ele aprumou o corpo, bem devagar. E voltou o rosto em direção à Simone.Ela tinha erguido a toalha de uma mesa, e ali embaixo, parecendo bem inocente, estava uma bolsa de couro.Podia ser nada, uma mera bolsa deixada ali por um dos convidados que se levantou para tirar fotos com os noivos no jardim, assim como poderia ser uma bomba.A ordem era não tocar em nada que parecesse suspeito, apenas identificar a coisa.E, dentre todas as coisas que tinham visto naquela noite, a bendita bolsa de couro, esportiva, masculina e de tamanho médio, era a que mais parecia destoar do evento, e do local. Afinal, as bolsas de festa eram elegantes, femininas, e estavam ou nas mãos de suas donas, ou repousando sobre as mesas, em confiança total aos convidados.─ Não tente abrir, Simone.Ele tinha certeza de que Simone estava se coçando para abrir a bolsa e espiar lá dentro. Se ela tivesse uma varinha era certo que j
─ Que reviravolta, hein? Você achando que iria vir a uma festa... e depois apenas ficar tranquilinha, recebendo uma boa e relaxante massagem nos pés do padrinho de casamento mais bonito que você já viu... ─ Alan ergueu as sobrancelhas várias vezes, brincalhão.Simone riu, e se sentiu bem com isso. Alan conseguia, até nos momentos de extrema tensão, fazer com que ela se sentisse bem. Estavam de pé perto de uma das portas do salão, aguardando o parecer da equipe antibomba, que estava no momento fazendo uma verificação e, talvez até desmontando algum artefato explosivo lá dentro.─ E veja só, você está de pé já faz um tempão, e seus pezinhos nem estão doendo... O olhar malicioso e o sorrisinho sagaz de Alan denunciou que ela sabia muito bem da farsa de Simone. Ela deu de ombros, sem se sentir realmente constrangida por ter sido pega em uma mentira descarada.─ Culpada. Eu devia imaginar que você, dentre todas as pessoas, iria notar que eu não estava sendo realmente sincera...Alan fez u
E, tão rápido e inesperadamente como começou, acabou. Simone se soltou dos braços de Alan e saiu correndo em direção ao primo.Alan ficou parado, em meio a tantas pessoas, mas sem notar ninguém. Seus olhos seguiam Simone, o coração disparado.Ela o havia beijado!Um beijo de verdade, delicioso! Ele queria muito mais!Como um autômato a seguiu, apressando-se para alcançá-la logo.Marcelo estava de mão dadas com Marina, e ambos estavam rodeados pelos amigos, ansiosos para saber o que havia acontecido de fato.─ Não havia nada! Aparentemente, fomos vítimas de uma pegadinha!Um dos colegas da delegacia indagou:─ O que havia na bolsa?Marcelo fez uma careta:─ Roupas! A bolsa era de um dos primos de Marina, que se atrasou na viagem e precisou vir direto para a festa, trazendo a bagagem com ele.─ Ah, meu pai do céu... ─ Uma policial cobriu a boca com a mão. ─ Reviraram a bolsa do coitado...─ Nós vamos arrumar, ele nem vai precisar ficar sabendo. ─ Marina soltou uma risada. ─ Ou explicare
Simone sorria, observando os amigos se beijarem e receberem uma salva de palmas como retribuição ao espetáculo dado. Lorena é mesmo uma estrela, naturalmente não estava se importando nem um pouco com a plateia. Já se fosse com ela, Simone morreria de vergonha.Ainda bem que, ao que parecia, apenas Marcelo havia assistido ao pequeno show que ela deu minutos antes, agarrando Alan e tascando um beijo nele, assim, do nada.Recordando o que havia feito, se sentiu envergonhada. O sorriso em seus lábios morreu, e ela começou a se afastar, buscando novamente o refúgio de uma mesa de canto no salão, que agora estava liberado para ser preenchido outra vez.─ Ei, eu, onde você vai? ─ Alan chamou Simone, mas ela continuou andando para longe. Ele foi atrás dela.De novo.Ao alcançá-la, estendeu a mão, tocando o braço feminino:─ Simone, espere!Ela se voltou para ele:─ Oi, o que foi?O olhar frio e o tom de voz seco pegaram Alan de surpresa. Pouco tempo antes ela estava simpática, gentil, e o bei