Marcelo já não sabia mais há quanto tempo estava deitado naquele telhado, agarrado com sua arma, a mira apontada para a cabeça do bandido que segurava um refém, ameaçando-o com uma pistola. As costas arranhadas pelas unhas de Marina na noite anterior, misturadas com o suor resultante pelo uso prolongado do pesado colete à prova de balas, debaixo de um sol escaldante, trazendo um desagradável incômodo ao combinar-se à dor óssea que a tensão do momento trazia. No momento em que Alan, o negociador da polícia civil, conseguiu fazer com que o bandido abaixasse a arma, Marcelo sentiu um imenso alívio. Aguardou a ordem superior, que veio pelo ponto eletrônico de escuta preso a seu ouvido, para que descesse do telhado.Bateu no ombro de Alan, ao passar por ele já na rua.— Bom trabalho, Alan.— Obrigado, Marcelo. Agradecemos a força.— Não agradeça, não precisei fazer nada. — Marcelo retirou o colete da polícia com o máximo de agilidade que podia, lutando contra as dores que pipocavam por tod
Marina pulou para o celular e o atendeu ao primeiro toque. Havia ficado sentada ao lado do aparelho o tempo todo, quase sem piscar, com o coração na mão. As mensagens que chegavam eram sempre de outras pessoas, e ninguém fazia ligações ou vídeo-chamadas.Para piorar, a última vez que Marcelo havia visualizado sua tela de whatsapp tinha sido há mil horas antes! Ou parecia que tinha sido havia mil horas.Lorena havia tentado distraí-la com alguma conversa, porém sem muito resultado.— Oi! Ah, Marcelo, graças a Deus você está bem! E precisou atirar? — Ela ouvia alegremente, olhando para Marcelo, são e salvo na tela, com Lorena ao lado, também ansiosa por notícias do amigo.Ela respirou com alívio quando ele respondeu que estava tudo okay, que não precisou atirar, ninguém se feriu, nem o bandido e nem reféns.— Graças a Deus que não, certo? Ainda bem que tudo acabou bem! Eu te amo, viu? Estou ansiosa para que a noite chegue. Um beijo. Tchau.Lorena, que estava acompanhando atentamente a c
Marcelo estava sorridente ao desligar o telefone.— Te devo uma — disse, ao passar por Alan novamente.— Me deve? Por quê? — perguntou o rapaz, diante do sorriso bobo na cara do amigo.Marcelo deu de ombros e continuou andando até seu carro, o belo sorriso se ampliando cada vez mais.***O investigador deu uma última olhada no espelho antes de sair. Gostou do que viu. A camisa preta de botões valorizava ainda mais a beleza do seu rosto e os brilhantes olhos azuis. A barba estava bem aparada. Colocou a arma no coldre e prendeu-o junto ao corpo. Enfiou a carteira no bolso traseiro do jeans e saiu do apartamento satisfeito, girando as chaves do carro entre os dedos.Enquanto dirigia, Marcelo divagava um pouco sobre o maníaco sexual que estava à solta atacando mulheres inocentes. Entre elas, sua própria prima, uma policial. Era muito frustrante ver o tempo passar e o caso não ser resolvido. Há alguns dias o psicopata andava quieto, o que deixava os policiais ainda mais apreensivos, como s
Dentro do carro, Marina voltou a perguntar:— E para onde vamos agora?— Para um motel.— Motel? Por que não vamos para sua casa? Para que gastar com um motel quando temos a sua linda cama a nossa espera?Ele voltou-se para ela, espantado:— Você me surpreende! Achei que toda mulher gostaria de sair da rotina indo a um motel. Você já foi a algum motel?— Não, mas já fiquei hospedada em hotéis com o pessoal do teatro.— É bem diferente, você verá. E quem vai pagar sou eu, não precisa ficar com a consciência pesada por isso. Além do mais, em um motel você poderá ficar mais à vontade para gemer alto, e gritar o quanto quiser.— Ah, que presunçoso...A resposta dele foi apenas um sorriso de lobo.O motel escolhido não era do tipo que ostentava um visual espalhafatoso, ao invés disso tinha uma fachada discreta e um letreiro luminoso de tom suave.Quando chegaram ao quarto, Marcelo deixou Marina examinar à vontade toda a grande suíte de luxo, enquanto servia-lhes bebidas do frigobar. Estava
Marcelo se despiu e terminou de despir Marina, procurando ser carinhoso e cuidadoso, e tendo dificuldade para conter a pressa agora que estavam tão próximos de fazer amor. Logo estavam completamente nus, e ele a colocou de costas sobre o colchão macio.Seus olhos brilharam intensamente quando admirou o belo exemplar esparramado na cama, o aguardando.Ela era tão linda! Os cabelos loiros se espalharam pelo travesseiro, as bochechas estavam rosadas pela excitação, e os lábios se entreabriram num misto de sorriso e ansiedade.Marcelo tragou saliva com dificuldade, e quando falou, sua voz soou rouca de desejo:— Desejei isto desde o primeiro momento que a vi. Estou me esforçando para ir com calma, Marina. Nem sei se consigo.Ela apenas sorriu. Não sabia o que falar. A tranquilidade aparente que havia anteriormente dera lugar à mesma ânsia que Marcelo sentia. Desejava-o também, por completo. Por inteiro. Portanto, apenas puxou-o pelo pescoço, para que suas bocas se encontrassem. Marcelo d
Marcelo deixou Marina em casa, para que descansasse, e voltou ao seu próprio apartamento a fim de trocar de roupa e trabalhar. Chegou à delegacia bem disposto, apesar das poucas horas de sono.Podia se acostumar com isso! Transar ao invés de dormir. Era bem melhor. E afinal, quem precisava descansar? Na verdade, só de pensar em Marina, ele se animou mais uma vez. Oh, oh, aquela garota ainda ia deixá-lo doido! Tinha sido incrível fazer amor com ela, definitivamente melhor do que o sexo feito com qualquer outra mulher com quem já houvesse se envolvido. Resultado de estar apaixonado, isso era uma certeza incontestável. Mal podia esperar para encontrar Marina novamente, para levá-la para a cama outra vez, e gastarem toda a energia que possuíam, ao fazerem amor novamente. Ah, sim, Marcelo estava ansioso para passar outra noite mal dormida, contanto que tivesse sua garota bem agarradinha a ele, o corpo quente e macio contra o seu, a respiração morna junto ao seu pescoço, os gemidinhos ansio
Ao sair do banheiro, já vestida para esperar a hora do jantar, Marina deparou-se com Lorena amordaçada e amarrada em uma cadeira num canto da sala. No sofá, confortavelmente sentado, estava Dimitri, com seu olhar sombrio e semblante indecifrável.— Boa noite, minha cara.Ela não teve tempo suficiente para gritar ou correr. Ele era enorme, e a dominou com facilidade. Amarrou-a e amordaçou-a da mesma forma que havia feito com a sua amiga. Prendeu-a em outra cadeira e sentou-se diante dela.— Eu não queria ter que vir aqui, porque afinal de contas vocês são minhas clientes e não gosto de misturar as coisas, mas como vocês sabem, sou um adivinho muito procurado. Meu problema é que estou tendo dificuldades nos negócios... Porém as coisas podem melhorar. Um dos meus antepassados era praticante de magia negra, e decidi que também farei uso dela. Com isso meus problemas acabarão de vez, estarei apto a fazer adivinhações e reconquistar minha clientela. Eu tenho um nome a zelar, e um padrão de
Dimitri pigarreou, voltando ao momento presente:— Eu sou muito, muito bom em hipnose. Mas não ando na melhor das marés...Então voltou a focalizar Marina e Lorena, dando-lhes um sorriso grande, e um tanto assustador. Abriu as mãos num movimento que deveria servir para acalmá-las, e tornou a falar, agora em voz baixa:— Não serei mau para vocês. Vi suas auras, e eram boas, e não fizeram nada de errado contra mim. Lorena simplesmente esquecerá que eu estive aqui e que levei você comigo, Marina.Ele olhou para Marina e deu de ombros, como pedindo desculpas: — Preciso levar você, compreenda. É que dessa vez preciso que minhas adivinhações sejam mais eficientes, pois tenho uma grande cliente, uma empresária poderosa, e há muito dinheiro envolvido. E nesses casos, é necessário um sacrifício...Ele continuou a falar, como se estivesse dizendo algo muito natural:— Para que a minha mente funcione melhor, dessa vez ao invés de sacrificar algum animal, sacrificarei uma virgem. Não tive muita