Estavam a aproximadamente dois metros de distância um do outro. O casal se olhava nos olhos, intensamente. E caminhando lentamente foram se aproximando, pé ante pé.Ela vinha dizendo, em voz alta e emocionada, enquanto seguia em direção ao amado:— Eu te amei sempre, mesmo antes de te conhecer.Ele respondia sorrindo, em voz igualmente clara:— Eu te amarei sempre, mesmo quando não mais existir.Pararam frente a frente, e suas mãos se ergueram até se tocarem.Seus lábios aproximaram-se bem devagar, selando com um apaixonado beijo as juras de amor verdadeiro.Houve um grande estrondo quando as palmas da plateia se ergueram no teatro. Mais uma vez, pela segunda semana consecutiva, o público aplaudia de pé ao espetáculo.O casal de protagonistas curvou-se respeitosamente diante do público, em agradecimento. O restante do elenco e o diretor, todos aguardando sua deixa para entrar, juntaram-se a eles no palco e, de mãos dadas, agradeceram a ovação.Depois que as cortinas se fecharam, Loren
Simone bateu a porta do carro se sentindo aborrecida. Estava investigando uma queixa sobre sumiço de gatos! Só a designaram para um caso tão bobo porque era mulher, e pior, recém-formada da academia de polícia. Ela ansiava por uma oportunidade de trabalhar em equipe numa grande operação, do tipo que se vê em filmes. Ao invés disso tinha que submeter-se — e agradecia a seu super-protetor primo Marcelo por isso — a verificar queixas de velhinhas solitárias que viviam rodeadas de felinos.Francamente!Quem pode sentir falta de um gato quando existem tantos desses por aí, deixando sua sujeira fedorenta em todos os canteiros de plantas da cidade?Simone não conseguia compreender!Mas a culpa de estar naquela missão sem graça e sem sentido era de Marcelo, quanto a isso não havia dúvidas.Tudo bem que Marcelo trabalhava na delegacia há muito mais tempo que ela, e tinha conquistado uma posição privilegiada por lá, mas ele precisava mesmo juntar-se ao delegado para decidir sempre o que Simone
Simone atravessou a rua e tocou a campainha do senhor Dimitri. Quando olhou para o outro lado, em direção da casa de dona Adelaide, notou que ela já havia entrado. Aparentemente falar dos vizinhos pelas costas era mais fácil do que encará-los de frente. Ao irar o pescoço outra vez ela tomou um susto ao se ver diante de um homem na soleira da porta, a observá-la. Era dono de uma beleza fria, e também era surpreendentemente grande. Olhava para ela do alto dos degraus, o que lhe conferia ainda mais um ar de superioridade arrogante. — Pois não?— Bom dia. Sou a policial Simone. Presumo que seja o senhor Dimitri.Ele assentiu, os olhos negros intrigantes olhando-a firme, sem piscar.— Não quero incomodá-lo, senhor, mas é sobre os gatos...— Gatos? — Ele ergueu uma das sobrancelhas. ─ Eu não tenho gatos.— Certo. Recebemos uma queixa de que os gatos das redondezas estão desaparecendo.— Fala desses gatos de rua que a dona Adelaide insiste em alimentar?— Sim. Sua vizinha acredita que e
Simone abriu os olhos, sentindo a boca amarga e a garganta seca. Levantou-se de sua cama sentindo muitas dores no corpo. Pensou que talvez estivesse ficando doente, a cabeça latejando como se fosse explodir. Parecia estar despertando de uma terrível ressaca. Embora não tivesse bebido, porque não bebia quase nunca. Foi até o banheiro, esperando que uma ducha quente lhe aliviasse o mal-estar. Tentou lembrar-se como havia chegado até em casa, mas não conseguia recordar-se de nada.Pôs a mão na cabeça, confusa.Entrou no chuveiro e sentiu todo o corpo arder ao contato da água. Até em partes onde não deveria. Olhou mais minuciosamente para si mesma. As coxas tinham marcas arroxeadas, e os braços também. Marcas de dedos. O pescoço ardia intensamente, e mesmo sem se observar no espelho, sabia que estava arranhada. O roçar insistente de um rosto masculino, com a barba por fazer, produziria esse efeito. Descobriu um pequeno corte bem rente ao mamilo esquerdo. Sabia o que poderia ter causado aq
Marcelo entrou no apartamento e conferiu todos os cômodos. Quando Marina informou qual era o seu quarto, o investigador se deteve ali, observando cada detalhe:— Combina com você. E tem um cheiro gostoso. Deve ter retido o seu perfume. — Ele passou bem junto a ela, devagar, os corpos quase se tocando ao passarem de um cômodo ao outro. Lorena foi para a cozinha discretamente, enquanto a amiga voltava com o detetive para a sala.Marcelo observava tudo, e comentou:— Vocês são rápidas. Já mandaram até consertar a porta.— Ah, o síndico foi bem legal, trouxe ferramentas e consertou para nós.Houve um pequeno silêncio enquanto Marcelo a encarava, bem próximo. A tensão sexual entre eles era quase palpável. Marina tinha consciência de sua beleza, mas nunca imaginara que conseguiria atrair a atenção de um homem como aquele. Aliás, nunca ficara frente a frente com alguém tão bonito e com uma presença tão forte como a dele, que parecia dominar a sala. — Sei que pode parecer pouco profissio
Ela tomou fôlego antes de falar:— Bom... É que eu não vou transar depois das bebidas.Ele arqueou as sobrancelhas, sinceramente admirado com o comentário.— Uh, eu tinha pensado em conversar, mas se você já está falando sobre sexo comigo, penso que devo começar a comprar umas cuecas novas.Dessa vez foi ela quem deu uma boa risada. Ele parecia encantado ao vê-la rir, pois seu sorriso se abriu ainda mais. Ela continuou, sem rodeios:— Não, é sério mesmo. Eu não transo.— Você tem algum problema físico? — Ele a olhou com jeito travesso.Aquela forma de conversar foi a escolha de Marina, e já que ela havia iniciado um diálogo direto, prosseguiu:— Não. É que eu sou virgem.O queixo de Marcelo caiu, mas ele se recuperou logo:— Hum, uma raridade... É por alguma opção religiosa? Planeja se manter assim até o casamento?Ela deu uma risadinha, enquanto balançava uma mão, em negativa.— Não, nada disso. Na verdade, é que o tempo foi passando, passando, e simplesmente não aconteceu. Eu vivia
Lorena tinha os olhos arregalados ao ouvir Marina lhe contar sobre a conversa que tivera com Marcelo, e como ela havia terminado, em longos e sensuais beijos.Tamborilou os dedos sobre os lábios, antes de concluir:— Até que enfim você vai conseguir se dar bem, amiga.— Sossega, Lorena.— Não consigo! Depois que você contou sobre a forma como ele te pegou na sala, assim, logo no primeiro beijo... Você devia ir preparada. E coloca uma saia bem levinha e curta.— Não vou me preparar para nada, só vamos sair para conversar e comer alguma coisa. E de jeito nenhum vou colocar uma saia que possa provocá-lo. Ele já deu uma mostra de como é assanhadinho.— Eu vou gostar de acompanhar esse romance de vocês.— Não tem romance algum! Só vamos sair juntos. Nem sei o que vai dar isso.— Pois eu aposto que ele não quer sair só uma vez com você. E rapidinho ele ficará apaixonado. Você é maravilhosa!— Esse homem deve estar acostumado a ter todas as garotas aos pés dele, viu como é lindo? O que vai q
— Você colocou uma saia levinha e curta! — Lorena olhou por baixo da saia da amiga enquanto elas aguardavam Marcelo chegar: — E está usando uma calcinha branca rendada! Calcinha branca por baixo da saia? Que que é isso?Marina tentou se afastar de Lorena, mas sem cerimônia alguma a amiga ergueu a ponta da saia da outra e espiou de novo:— Ai, você até se depilou! Marinaaa! Não acredito! E ainda diz que ele é o assanhadinho?Marina bateu de leve na mão da amiga e conferiu sua imagem no espelho grande do quarto de Lorena. Usava blusa branca com decote discreto e uma saia florida de tecido leve.— Estou bonita?— Linda. O Marcelo vai cair de quatro por você.Os olhos castanhos da loira faiscavam, ansiosa pela chegada do namorado:— Estou um pouco nervosa.— Sabe o que eu acho, de verdade? Aquele monumento gostou mesmo de você, e você já gosta dele.— Acho que eu e você somos umas tontas românticas.— Não! Acho que você tirou a sorte grande mesmo.Marina deu uma risadinha nervosa.— É mes