MIGUEL RODRIGUES — Carmen, por favor — tento mais uma vez, minha voz baixa e conciliadora. — Eu farei o que você quiser, só, por favor, solte Laura. Ela precisa de cuidados médicos. Vamos resolver isso juntos, certo?Ela olha para mim, não acreditando de primeira. Meus olhos vão até meu filho, que começa a chorar, desesperado. Ele começa a soluçar e sua voz rouca surge:— Não quelo mais a mamãe. Quelo o papai e a Laula! — Quando ele diz isso, percebo que a fúria nos olhos e no rosto dela se intensifica. Ela grita com Hugo:— Você nunca mais vai ver a Laura de novo, me entendeu? — Ela diz balançando meu filho, fazendo meu coração se apertar.''Preciso tirar meu filho dos braços dessa louca... AGORA...''O choro de Hugo se intensifica, partindo meu coração. Preciso ganhar tempo.— Carmen, por favor — digo, a voz cheia de desespero. — Vamos ficar juntos. Eu, você e Hugo. Mas deixe Laura sair ilesa. Meus seguranças podem levá-la para o carro. Por favor. Eu vou ficar aqui com você e Hugo.
MIGUEL RODRIGUES Quando finalmente chegamos ao hospital, a urgência toma conta de mim. Laura está nos meus braços, desacordada, e Hugo está no colo do meu segurança Mateus.Ao chegar na entrada, grito euforicamente por ajuda.— Alguém por favor! — olho para os lados, apavorado.Olho para Laura que está fria, a respiração lenta, com uma mão passo meus dedos em seus cabelos e deixo uma lágrima cair em meu rosto.— Por favor Laura, acorde, por favor. — imploro, com a voz vacilando.Escuto passos vindo em minha direção e sigo meu olhar até alguns médicos que nos olham preocupados. — Ela está desacordada há muito tempo — explico, minha voz trêmula de preocupação. — Precisamos de ajuda imediata.Os médicos acenam com a cabeça, eles pegam uma maca que estava no corredor e pedem para que eu coloque ela, assim eu faço, bem devagar, sentindo meu coração doer mais.Eles me olham e começam a fazer perguntas sobre o que aconteceu enquanto observam Laura, o pulso dela e a temperatura.Explico que
MIGUEL RODRIGUES UM TEMPO DEPOIS... Estou aguardando agora a médica de Hugo me chamar, mas parece que ainda vai demorar. Mateo pega dessa vez um chá para mim, para me ajudar a me acalmar.— Relaxa amigo, vai dar certo. — ele levanta uma de suas sobrancelhas e assinto pegando o copo de chá, o levando a boca. Quando olho para a entrada do hospital, vejo Elena entrando no hospital. Seu semblante é sério e preocupado. Ela olha para os lados, procurando por alguém. Me levanto e mostro a policial ao meu amigo.— Ela está nos procurando? — pergunto a Mateo que concorda com a cabeça. — Provavelmente, e espero que com boas notícias. — ele comenta. Ela me vê e acena, chamando por mim e Mateo.Nos levantamos e caminhamos até ela, apressados. — Miguel, Mateo, preciso falar com vocês — disse ela, sua voz firme. — Claro, pode falar. — respondo a ela, mas percebo que seu semblante muda. Ela respira fundo, tentando se acalmar. Suas mãos parecem agitadas. Seus olhos começaram a lacrimejar e
HORAS SE PASSARAM... MIGUEL RODRIGUES Vi o médico se aproximando com um ar feliz no rosto. Me levanto, sentindo um aperto no peito, esperando uma boa resposta.— Laura acordou, você pode falar com ela. Em seguida, poderá ver Hugo também. — Agradeço a ele, e o sigo. Caminho pelos corredores do hospital com o coração acelerado. Cada passo que dou, sinto uma mistura de ansiedade e felicidade crescendo dentro de mim. Meus pensamentos estão todos em Laura. Minhas mãos estão suando, e sinto meu coração quase saltando do peito. O médico abre a porta lentamente e se retira, eu a vejo deitada na maca, com machucados em algumas partes do rosto, braços e pulsos devido às cordas. Os curativos cobrem as feridas, e seu rosto continua um pouco pálido.Laura está com o semblante cansado, respirando fundo. Me aproximo devagar, tentando acalmar meus nervos, pois estou com um turbilhão de emoções me inundando. Tento sorrir, mas sei que minha ansiedade está evidente.A felicidade de vê-la ali, viva
LAURA LOPESA escuridão me preenche quando estou no chão frio e sujo, de repente não vejo mais nada, tudo fica preto. O desespero toma conta de mim, mas não consigo gritar... " Estou sonhando?" não ouço o som da minha voz...Sou consumida por um sonho estranho, em que estou com Miguel e Hugo. Estamos felizes, sorrindo um para o outro. Hugo quer uma torta e Miguel me ajuda na cozinha. Parece aquela cena de filme perfeita, em que estão todos juntos e felizes. " Eu estou morrendo então? Esse é o céu, certo?" me pergunto, mas não sei a resposta... Até que escuto vozes e aquele sonho perfeito desaparece... como mágica. — Senhora Laura? Consegue me ouvir? — ouço uma voz distante me chamando, tento abrir meus olhos, mas é difícil... minhas pálpebras não obedecem. Como se eu sentisse um peso enorme em meu corpo. Sinto uma tontura intensa, a cabeça doendo... Todo meu corpo doe, há algo gelado dentro do meu braço... " o que é isso?" Sinto minha boca seca, uma certa dificuldade para
Laura Lopes.Miguel inclinou-se e beijou minha testa com ternura, percebendo estar tentando segurar as lágrimas.— Estou aqui, Laura. Eu senti tanto a sua falta. — Sua voz sai embargada pela emoção. — Estava tão preocupado com você... Eu estou tão feliz que você acordou, estava aguardando para te ver. — Sua voz suave acalma o meu coração, mas ainda bate forte pela emoção." Não estou mais naquele lugar, finalmente..." meu coração se alegra com isso, aquele pesadelo finalmente acabou. Coloco os meus dedos sobre seu braço, sentindo a conexão que sempre tivemos. Olho em seus olhos, e meu coração se aquece mais. A alegria de vê-lo ali, de saber que ele está comigo, de que não estou mais sozinha é indescritível, é intenso demais para descrever como me sinto nesse momento. Enquanto ele fica ao meu lado, segurando minha mão, penso em tudo o que passamos, mesmo depois de tudo isso, desse pesadelo,, estamos juntos. Agora eu percebo o quanto o amo, e sinto que ele também.A presença dele é
Laura Lopes Sinto minhas pálpebras pesadas, meu corpo está quente e dormente, é como se eu permanecesse com sono o tempo todo, presa dentro de um pesadelo impossibilitada de despertar."Estou tão cansada... Quero tanto sair daqui." Eu tento me manter consciente, e quando sinto o resto das minhas forças se esvaindo, ouço duas vozes de longe chamando por meu nome. "Mãe? Ela está aqui?" Eu penso, e finalmente consigo abrir meus olhos, e quando vejo que ela está na porta, um sorriso surgi em meus lábios de forma inconsciente. — Oh meu Deus, filha… eu estava tão preocupada como você… você está bem? Ainda não acredito que você passou por todas aquelas coisas. — minha mãe corre em minha direção, se debruçando sobre a cama e me apertando com força em um abraço reconfortante. Ainda me sinto fraca para responder, mas só de olhar para o meu pai posso ver o quanto ele parece preocupado, seus punhos cerrados, suas sobrancelhas franzidas, nitidamente sem saber o que falar ou fazer enquanto m
Laura Lopes Finalmente, depois de vários dias tomando diversos remédios e fazendo o rígido tratamento prescrito pelo Doutor Fernando, eu irei receber alta, e sair do hospital que já estava se tornado praticamente minha casa. Ainda bem que consigo caminhar, não estou presa na maca fraca. Mas mesmo assim, se não fosse as medicações, não sei como teria conseguido dormir. — Tem certeza que está bem? O doutor disse que ainda faltam resultados de exames, talvez seja melhor você aguardar mais alguns dias, o que acha, Laura? — Ivone, uma das enfermeiras responsáveis por mim, fala enquanto me ajuda a levantar da cama. Ela sempre se preocupa, mesmo conseguindo caminhar, ela segura em meus braços me ajudando a ficar de pé. Passei tanto tempo aqui que acabei fazendo amizade com muitas pessoas, tenho certeza que irei sentir saudades de muitos deles, especialmente dela, que sabe um pouco da minha história. Olho para ela e mostro um curto sorriso. — Eu preciso ir para casa, tem muito