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—Senhor, por favor.Olho transtornado ao garçom parado a mesa. Sinto-me sufocado, mexo ao colarinho tentando aliviar um pouco o aperto. Quero logo sair daqui e correr para os braços de Iara.—Está tudo bem. —Liandra diz feliz, balançando seus brincos de argola dourada. —Ele só teve um dia diferente. Um pouco conturbado, está nervoso, compreenda. —Pisca para o pobre coitado.Assente. Sobre um olhar curioso, nos deixa a sós.—Olha. —repõe uma mecha do cabelo ao lugar. —Não foi difícil arrancar informações dele, tá legal? Pensa Joaquim. Marco nunca gostou de mim, sempre nos colocando um contra o outro, botando em sua cabeça que eu lhe fazia mal? E-estou errada?Automaticamente nego. Eles nunca se deram bem, desde o começo, desde o princípio do meu casamento. Marco não compareceu ao civil, algo que me magoou muito naquele dia. Quase ninguém que eu conhecia apareceu na verdade, minha família também me virou as costas. Eu sempre soube que meu amigo era contra, dizia que Liandra não era a mul
Iara Lauren—Eu vim, porque não acreditei em uma palavra que saiu de sua boca ontem. —ando alguns passos, confesso, um pouco vacilantes. —Fala a verdade Joaquim. Eu realmente não fui nada em sua vida?Em sua poltrona confortável de couro, eleva as mãos a face. Esfrega toda extensão dos olhos, caminha a têmpora, e volta ao meio, passando ao nariz. Não sei se com isso, quer dar a idéia de que esteja irritado com minha presença. Não vai funcionar. Eu conheço muito bem esse homem para saber, que tudo menos minha presença o incomodará.—O que eu tinha pra dizer, eu disse na noite passada. —balança a caneta desinteressado entre os dedos. —Eu tenho muitas coisas pra fazer, planilhas, pagamentos, enfim. —solta uma lufa de ar. —Se não enxergou, estou sem tempo Iara.Eu sendo franca, rendida, subjugada em sua frente, e ele nem ao menos tendo a capacidade de arquear a face a minha, olhar em meus olhos.—Seu tempo antes era só meu. —digo com pesar. Abaixo os olhos focando em qualquer canto que não
Marco e Amanda me consolaram toda a tarde. Ofereceram-me hospedagem, para pelo menos não voltar para casa e sentir a presença de Joaquim ali, nem de minha filha. Não quero esquecer da minha bebê. É muita maldade separar um filho de uma mãe, mesmo não sendo biológica, dei meu máximo para ser uma mãe boa para Gabriela. Tentei, fiz o que eu pudi, e de verdade não sei como vou viver sem ela.Saí da casa onde Marco e Amanda moram. Isso mesmo. Eles estão juntos pra valer, compraram uma charmosa residência, e logo mais irão se casar, fico imensamente feliz por eles. Queria que tudo tivesse acabado bem assim comigo, não foi possível.—Filha... Te esperei por um bom tempo. Como você está?Péssima.—Ótima. —a abraço. —Por favor, vá fazer seus afazeres, não se prenda a mim mamãe, estou bem.—Não está, dá para ver sua cara de choro. —Iara... Não irei lhe deixar sozinha nessa casa enorme, precisa de amparo, venha e não discuta comigo.Graças a Deus eu tenho minha mãe. A única coisa boa que sobrou e
Fecho os olhos a sentir uma pontada em minha cabeça. Meu corpo dói, eu sei porque. Passei a noite toda com Rickson, primeiro ao sofá, depois aos corredores, e ao final nós paramos em minha cama.Olho para o lado. Elevo a mão a boca quando o vejo dormindo sereno, nu ao meu lado. Ele realmente está aqui. Estive com meu noivo de anos atrás, voltei a ser o que eu era, ou o que nunca deixei de ser segundo Joaquim Trevor. Apenas uma amante.Tiro os lençóis de meu corpo. Ando até ao banheiro. Como estou nua, vou direto para o box, deixo a água rolar por meu corpo.Lavo os cabelos. Estou pensativa. Eu sei que não deveria ter feito o que fiz, traído aquela mulher que foi tão sincera e que me recebeu com a maior boa vontade. Fiz porque eu queria, não vou ser puritana, não me arrependi, somente fico mal por ter sido com Melissa, ela é uma mulher boa.Confesso que quase gastei toda a água do planeta. Demorei quase uma hora creio eu. Enxugo, e enrrolo a toalha. Volto ao quarto, Rickson está do mes
—Fui pega de surpresa.—Eu vi a grande surpresa. —abre os braços em questionamento. —Agora que ele saiu, nós podemos conversar. Que desgosto minha filha... —Mãe...—Não tem mãe, nem meio mãe. Isso foi errado. Essa não foi a criação a qual eu te eduquei, tentei pelo menos. Eu sinto pena... Desgosto da mulher que se tornou. Eu vi vocês duas conversando naquele dia. Iara! Não tem nem ao menos vergonha na cara. Abraçou aquela mulher, jogou conversa fora a tarde toda, e ao longo do dia também. Terminaram como se fossem amigas. Tem a noção de como isso é horroroso?—Mamãe...—Vergonha da minha própria filha. Isso que estou a sentir. —fungo o nariz a ouvindo com tristeza. Não vou retrucar, ela está certa. —Eu sonhei tantas coisas boas pra você filha, uma vida decente, com um marido bom, filhos.—Eu também. —susurro sem emitir som. —Preferiu agir errado. Se Joaquim não foi homem suficiente, o problema foi dele, arcaria com os problemas dali para frente. Agora querer retribuir o que fez deit
Bip Bip BipEm mais um respirar, o pulmão se expande, acumula um considerável estoque de ar, e relaxa no segundo momento.Vozes distantes chegam e somem a toda hora. Em algumas passagens de tempo sinto um bem estar tamanho, um formigamento bom ao peito, sorrio por dentro.A cada vez que minhas mãos eram apertadas, uma energia vibrava de fora para dentro. Era acariciada de um modo tão suave, eu sentia, era de emocionar. Palavras amenas atravessavam aos ouvidos, não podia responder, contudo absorvia a cada sussurro.Letargia, o meu estado atual. Movi os dedos das mãos, eles responderam. Apertei os olhos. A boca seca suplicava ao menos poucas gotas d'guas. Suspiros jogados ao ar, minha fala não saía.—Ela acordou!Uma comoção grande e inssurrecedora é ouvida ao quarto. A cabeça dói perante a isso, alguém percebe, escuto um chiado, como se pedissem para abaixar o tom.—A... água... —a saliva rasga a garganta.—Chamem o médico, por favor! —reconheço a voz, é minha mãe gritando, nem um pouc
Pisco algumas vezes. Eu estava grávida. De três meses... Não percebi em nenhum momento.—Pelo visto não sabia. Sua mãe confirmou essa informação. Olha se precisar temos um grande programa de ajuda a casos como esses. Psicólogos de alto nível dispostos a ajudar, temos um quadro de acompanhamento residencial. Na maioria das vezes o especialista passa mais vezes na casa do paciente do que sua propria.Sorri. Somente ouço sua risada querendo me trazer de alguma forma. Não o olho, sim para o cantinho da parede lateral.—Olha, eu sei que é horrível isso tudo. Vira e mexe infelizmente tenho que passar por momentos como esses. Não é fácil, agora o seu caso não se trata somente de um aborto. Eu não sei seus motivos, não quero lhe julgar, mesmo assim, lhe garanto que não são suficientes para cometer tal ato semelhante. Sua mãe disse que você tinha um relacionamento conturbado. Se foi por isso Iara. Por ele. Esquece.. Sua vida vale bem mais. É linda, cheia de vida, e com muito respeito, que ningu
-Como está o jogo?-Muito bom, senta aqui loira.Marco abre um espaço para mim, mal consegue nos olhar de tanto que presta atenção ao jogo. Nunca fui de torcer para clube algum, acho que torço sempre para o mais forte.-Vasco... Que droga.Amanda b**e as mãos na coxa desanimada. Marco a olha sério. Ela não curti futebol como eu, porém ela é ao contrário, torce sempre para o time que está perdendo.-Nem vem torcer para esse time!-Eu torço para quem quiser Marco!-Não o Vasco!-E você pode torcer para o Flamengo? -posiciona a mão ao queixo. -Isso me lembra uma coisa. Nossa filha, ou filho será Vasco da Gama.Ela quer o tirar do sério. Sempre acontece uma dessas. Amanda ama tirar um sarro de Marco, ele nunca perder e cai na jogada.-Só por cima do meu cadáver! Não vai fazer meu filho sofrer. Tadinha da criança, mal nasceu e a mãe quer que ele seja um perdedor na vida!-Ah. -detém um beicinho pequeno. -Você nunca deixa que eu escolha nada.-Claro, só tem ideias que me matam do coração.-C