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-Eu não acredito! Como o senhor me achou? -O envolvo pela terceira vez, como um polvo grudando como posso, afinal, não é todo o dia que vejo meu pai.-Aquele funcionário. -beijo sua bochecha. Seguro suas mãos cerrando os olhos. Como sempre subornando os meus contra mim.-O senhor aqui! Quanto tempo...Minha mãe abraça seu velho amigo. Não sei em quais pernas andam a relação dos dois. Quando saí da casa dos Johan, creio que o convívio não chegou a ser abalado.-Minha eterna brasileirinha.Sorrio pelo apelido dado. Lembro que sempre a chamava assim, quando a senhora Geane não estava por perto.-Quem é esse?O olhar mal encarado, não engana a tensão formada na sala. Mantenho a mão dele baixa, um tempo depois de termos aberto a porta, ergueu o revólver não sabendo de quem se tratava. Foi um custo confirmar que conhecia a todos.-Esse você conhece, ou pelo menos já ouviu falar.Coço a testa, não sabendo lidar com meu ex e atual a mesma sala. Rick está ao olhar arregalado, por detrás da jov
-Estamos aqui pela primeira audiência de guarda da menor Gabriela Trevor Lavgne, queiram sentar-se, por favor.Disfarçada na última fileira, puxo minimamente o cabelo a esconder o rosto. Mordo meus lábios controlando-me para não levantar e sentar ao lado do meu marido ao corredor inicial. Joaquim olha por cima dos ombros com visível olhar assustado, força, é o que digo sem emitir ruído, ele assente e se volta para a juíza.Meu coração mal sossega quieto, a apreeensão está estampada em meu rosto, não posso perdê-la.As testemunhas entram, aliso a testa quando uma mulher típica dondoca como Liandra, diz que a mesma cuida muito bem da filha, uma mãe exemplar, bufo rolando os olhos. Creio ter sido um pouco alto, pois a juíza na mesma hora olha em minha direção, escorrego ao banco.Os minutos vão passando. Repuxo os meus cabelos quando as testemunhas de Liandra são questionadas sobre a reação de Joaquim perante sua filha. Todas, exatamente todas dizem que a pequena sofre maus tratos em suas
O jantar foi servido, macarrão ao molho de camarão, limão e molho de ervas. Limão é lei em quase tudo como vocês sabem. A aparência estava esplêndida, o cheiro nem se fala, e mesmo assim duas garfadas foram suficientes, para eu parar de comer. Joaquim não chegava, não costumo deixar comida ao prato mas isso estava tirando meu apetite. Afastada das duas, liguei para seu número, chamava, o pior era isso, ele não atendia.Olhei ao relógio, marcava dez horas, horário para criança está dormindo. Cadê que ela conseguia? Sem as histórias do pai era impossível, então fomos as duas para a sala de cinema. Rei leão, foi nossa pedida. Aconcheguei a minha filha e a mesma se encolheu em meus braços, lutava contra o sono esperando pelo pai, porém a metade já estava dormindo.Quando acabou o filme, a peguei no colo e andei em direção ao seu quarto. Cobri minha bebê, liguei o abajur, deixei um beijo a bochecha e a olhei pelo menos três vezes antes de fechar a porta.-Boa noite meu anjo.Coço os olhos e
Boa leitura ❤️O amanhecer chegou, mostrando a eternidade que fiquei sentada ao colchão, vendo Joaquim arrumar suas malas, e uma bolsa cheia de coisas de Gabriela.Eu tento dizer a mente para se conformar, se acalmar pois já vivi essa situação antes, algo que eu deveria estar acostumada, não é mesmo? As pessoas me abandonarem. Impossível controlar, as lágrimas me desobedecem e continuam a jorrar como cachoeiras.Meus olhos ardem, o sono, talvez seja o motivo. Nem de longe soa a vontade de dormir. Bato as coxas, cansada dessa situação, levanto e reunindo coragem, ando até ele.-Me diz. Eu sei que há algo acontecendo, você não é assim. -tento tocar seu braço, desvia. Seu olhar é baixo, impotente de fitar os meus. -Joaquim, pense, juntos nós podemos resolver qualquer eventualidade, separados nos tornamos fracos. -subo as mãos em uma súplica para ter calma, e não atropelar a gente. -Ouça, seja o que for que aconteceu, eu estou com você.Alisa a nuca aos olhos fechados.-Quem disse que eu
-Iara, filha, acorda.Aos poucos desperto. O chão frio e duro são sentidos no meu corpo, acordei com ele bastante dolorido e gelado, com um calafrio por todo a carne.-Porquê acordou aqui? Pode pegar um resfriado. Anda levante, passei um café e está quentinho te esperando.Ponho a mão a cabeça. Dói muito, é como se eu tivesse levado uma porrada bem forte, uma pancada que não há remédio que alivie a dor.Saio do chão. Minha mãe continua falando, não ouço uma palavra que sai de sua boca, minha única vontade ao momento, é morrer.Arrasto meus pés até o banheiro. Olho a mulher sob o espelho, a cara inchada, os olhos fundos, não me reconheço. Eu lembro muito bem o que aconteceu ontem, e quem foi o causador dessas marcas a face.O desespero atinge em cheio, meu choro volta com tudo. Eu o perdi. Soluços altos e glutinosos invadem todo o ambiente, como eco. Abraço meu corpo tentando confortar-me, como forma de proteção, como se isso pudesse amenizar um pouco a tristeza, impossível, a dor está
Joaquim TrevorEra para ser uma manhã especial. Acordei com o corpo extasiado, envolvido por uma espécie de frenesi deixando-me inquieto, e com a insônia a mil. Os cabelos de Iara tapavam minha face, seu perfume era gostoso, como sempre. Morangos frescos. Visualizei sua silhueta nua enquanto dormia, ousei a levantar os dedos, e deliniar sua coluna. Meu amor, minha mulher.Arranhei sua cintura em um aperto forte, acordou, seu sorriso preguiçoso quando virou, foi a primeira coisa a ser vista. Como é linda minha garota.Tomamos banho juntos, aproveitei cada segundo com seu corpo colado ao meu, ensaboando, beijando, tocando em todas as pequenas partes que minha mão alcançavam. Sua entrega veio plena, em poucos segundos nos derramamos um ao outro, deixando claro a quem pertencíamos.A troca de olhares enquanto vestíamos nossas roupas, podia ser visto de longe o quanto nos amávamos. Ela não precisava de palavras para que eu soubesse que mesmo não falando, me amava, tanto como eu a ela. Suas
—Senhor, por favor.Olho transtornado ao garçom parado a mesa. Sinto-me sufocado, mexo ao colarinho tentando aliviar um pouco o aperto. Quero logo sair daqui e correr para os braços de Iara.—Está tudo bem. —Liandra diz feliz, balançando seus brincos de argola dourada. —Ele só teve um dia diferente. Um pouco conturbado, está nervoso, compreenda. —Pisca para o pobre coitado.Assente. Sobre um olhar curioso, nos deixa a sós.—Olha. —repõe uma mecha do cabelo ao lugar. —Não foi difícil arrancar informações dele, tá legal? Pensa Joaquim. Marco nunca gostou de mim, sempre nos colocando um contra o outro, botando em sua cabeça que eu lhe fazia mal? E-estou errada?Automaticamente nego. Eles nunca se deram bem, desde o começo, desde o princípio do meu casamento. Marco não compareceu ao civil, algo que me magoou muito naquele dia. Quase ninguém que eu conhecia apareceu na verdade, minha família também me virou as costas. Eu sempre soube que meu amigo era contra, dizia que Liandra não era a mul
Iara Lauren—Eu vim, porque não acreditei em uma palavra que saiu de sua boca ontem. —ando alguns passos, confesso, um pouco vacilantes. —Fala a verdade Joaquim. Eu realmente não fui nada em sua vida?Em sua poltrona confortável de couro, eleva as mãos a face. Esfrega toda extensão dos olhos, caminha a têmpora, e volta ao meio, passando ao nariz. Não sei se com isso, quer dar a idéia de que esteja irritado com minha presença. Não vai funcionar. Eu conheço muito bem esse homem para saber, que tudo menos minha presença o incomodará.—O que eu tinha pra dizer, eu disse na noite passada. —balança a caneta desinteressado entre os dedos. —Eu tenho muitas coisas pra fazer, planilhas, pagamentos, enfim. —solta uma lufa de ar. —Se não enxergou, estou sem tempo Iara.Eu sendo franca, rendida, subjugada em sua frente, e ele nem ao menos tendo a capacidade de arquear a face a minha, olhar em meus olhos.—Seu tempo antes era só meu. —digo com pesar. Abaixo os olhos focando em qualquer canto que não