O silêncio que se instalou era diferente de qualquer outro que Aurora já havia experimentado. Não era incômodo, mas denso, carregado de significados que ambos pareciam ainda tentar decifrar. Deitados lado a lado sobre o colchão improvisado, seus corpos ainda aquecidos contrastavam com o frio que assobiava do lado de fora da cabana. As respirações, antes entrecortadas pelo desejo, agora se acalmavam em um ritmo mais sereno.Aurora se virou de lado, encarando o teto de madeira. Sua mente ainda tentava processar tudo o que havia acontecido. O que aquilo significava? Ela queria saber, mas ao mesmo tempo temia a resposta. Olhou de relance para Enrico e viu que ele também parecia perdido em pensamentos, os olhos fixos na lareira, onde as chamas dançavam preguiçosamente.O silêncio se prolongou até que ele suspirou e murmurou, num tom despreocupado:— Se alguém tivesse me dito que eu terminaria o dia dessa forma eu teria escolhido uma lareira mais elegante. Essa aqui parece estar decidindo s
O calor do momento ainda pairava no ar, mas a realidade logo veio bater à porta – ou melhor, ao telhado da cabana. A chuva, que antes castigava o mundo lá fora com fúria, agora se transformara em uma garoa intermitente. Um silêncio confortável se instalou entre eles, apenas interrompido pelo crepitar tímido do fogo na lareira, que já começava a perder força.Enrico se espreguiçou e soltou um resmungo baixo ao sentir a rigidez do chão contra suas costas.— Bom — ele começou, quebrando o silêncio. — Acho que já aproveitamos tudo o que essa hospedagem de luxo tem a oferecer. Talvez seja hora de voltarmos para a civilização, antes que eu acorde amanhã sem conseguir mover um músculo.Aurora ergueu uma sobrancelha, divertida.— Ah, mas eu estava adorando esse retiro rústico. Quase um spa de sobrevivência — zombou, mordendo um pedaço do pão que restara de antes.Ele riu, mas apontou para o teto com um ar pensativo.— Sim, mas sem massagens, sem travesseiros e, o pior de tudo, sem comida. Se
Quando finalmente chegaram à casa, já era praticamente madrugada. Enrico verificou o celular e viu que a bateria estava quase acabando. Um suspiro escapou de seus lábios, sem sinal na cabana e agora, prestes a ficar sem comunicação de vez, graças a deus que haviam retornado em segurança.Aurora abraçou o próprio corpo, sentindo o frio colado à pele úmida. As roupas molhadas a incomodavam, e um banho quente parecia a única solução para afastar o desconforto daquela noite exaustiva. Ela estava prestes a ir para o quarto quando a empregada surgiu no corredor, hesitante.— Senhor Enrico, o senhor recebeu várias ligações de uma tal de Mavie durante a tarde. Ela disse que não estava conseguindo localizá-lo no seu celular. — informou a mulher, com um olhar discreto, mas atento.Aurora já havia dado dois passos para seguir seu caminho, mas parou ao ouvir o nome. Mavie? Quem era ela? E por que tanta urgência em falar com Enrico?Seu olhar recaiu sobre ele no instante em que seu corpo se enrije
Quando Aurora saiu, Enrico sentiu um clima estranho no ar, estaria ela chateada? Talvez tenha sido um pouco vago sobre o tipo de relacionamento que ele e Mavie tinham. Decidiu ir atrás dela e esclarecer tudo de uma vez. Seguiu pelo corredor até a porta do quarto dela e bateu de leve. Ela atendeu e fez um gesto para que ele entrasse.Por um instante, apenas o silêncio se instalou entre eles. Então, Enrico desviou o olhar, apertando os lábios.— Acho que preciso ser mais específico — disse ele, finalmente. — Mavie é minha irmã.Aurora piscou, surpresa.— Sua irmã?— Sim. Ela é filha do meu pai com uma das muitas namoradas que ele teve. Não tivemos a infância juntos, ela é bem mais nova que eu, mas sempre tive um sentimento especial por ela. Mavie sempre foi meiga, gentil... e passou por muitas coisas difíceis.Ele fez uma pausa antes de continuar:— Há alguns anos, ela sofreu um acidente terrível. Quase perdeu a vida. A mãe e o padrasto morreram nesse acidente, e ela... perdeu uma perna
Aurora já estava deitada, um livro nas mãos, tentando se concentrar na leitura. Mas quando Enrico saiu do banho, apenas enrolado em uma toalha, os pensamentos dela vacilaram. A água ainda escorria por seu peito definido, e ele passou a toalha pelos cabelos úmidos antes de lançar um olhar divertido para ela.— Algum problema? — perguntou, arqueando uma sobrancelha ao notar o jeito que Aurora o observava.Ela pigarreou, voltando os olhos para as páginas abertas.— Nenhum. Apenas... leitura interessante.Ele riu baixo e caminhou até a cama, deitando-se ao lado dela.— E agora? Ainda está interessada no livro? — provocou, apoiando a cabeça na mão.Aurora suspirou teatralmente e fechou o livro.— Você venceu, esse capítulo pode esperar.Ele sorriu satisfeito.— Eu não tenho irmãos!- Aurora disparou rapidamente, um pouco constrangida com a situação.Ela balançou a cabeça.— E é óbvio que você já deve ter visto isso naquele seu dossiê! Mas, sempre fui só eu e minha mãe e depois eu e meu pai.
A tarde estava ensolarada quando Enrico e Aurora decidiram aproveitar a praia particular da propriedade. O calor era convidativo, e o mar brilhava em tons de azul hipnotizantes.Aurora vestia um biquíni branco, simples, mas que contrastava lindamente com sua pele levemente dourada pelo sol. Por cima, jogou uma saída de praia leve, que esvoaçava ao menor movimento. Enrico, por sua vez, optou apenas por uma bermuda de tecido leve, os óculos escuros realçando sua aparencia descontraída.Eles caminharam pela areia fofa até encontrarem um lugar sob um grande guarda-sol que já havia sido previamente montado por um dos funcionários. Uma mesa com bebidas geladas e algumas frutas também os aguardava, dando àquela tarde um toque de luxo casual.&mdas
O sol já estava alto no céu quando Aurora despertou com aquele abraço quente a envolvendo. Não tinha a mínima ideia da hora que foram de fato dormir, haviam apenas sucumbido à exaustão do dia anterior.Seu corpo estava um pouco dolorido em certos lugares, talvez tivessem sido muito intensos para uma primeira vez, mas a verdade é que ela não queria ter ido mais devagar. Queria sentir tudo, com toda a intensidade que Enrico podia lhe proporcionar.Se liberou um pouco do abraço dele e verificou no celular que já passava do meio-dia. Por isso estava com tanta fome. Sentiu Enrico abraçá-la novamente enquanto falava com uma voz ainda sonolenta.— Deixa eu adivinhar, você está com fome!— Óbvio, você sabe que horas são? Ainda estou só com aqueles sanduíches, que ainda por cima
O jantar à beira-mar havia sido um prelúdio perfeito para o que viria a seguir. Entre olhares prolongados e toques sutis, a tensão que pairava entre eles explodiu assim que atravessaram a porta do quarto.Enrico não hesitou. Assim que Aurora se virou para ele, encontrou-se presa entre seu corpo e a parede. Os lábios dele capturaram os seus com intensidade, o sabor do vinho ainda presente em sua boca. Suas mãos exploraram cada centímetro de pele exposta, arrancando arrepios e suspiros baixos.— Você é perigosa, sabia? — ele murmurou contra sua pele, deslizando os lábios até seu pescoço.Aurora soltou um riso ofegante, sentindo o calor crescer entre eles.— Sim, e você