Quando Aurora saiu, Enrico sentiu um clima estranho no ar, estaria ela chateada? Talvez tenha sido um pouco vago sobre o tipo de relacionamento que ele e Mavie tinham. Decidiu ir atrás dela e esclarecer tudo de uma vez. Seguiu pelo corredor até a porta do quarto dela e bateu de leve. Ela atendeu e fez um gesto para que ele entrasse.Por um instante, apenas o silêncio se instalou entre eles. Então, Enrico desviou o olhar, apertando os lábios.— Acho que preciso ser mais específico — disse ele, finalmente. — Mavie é minha irmã.Aurora piscou, surpresa.— Sua irmã?— Sim. Ela é filha do meu pai com uma das muitas namoradas que ele teve. Não tivemos a infância juntos, ela é bem mais nova que eu, mas sempre tive um sentimento especial por ela. Mavie sempre foi meiga, gentil... e passou por muitas coisas difíceis.Ele fez uma pausa antes de continuar:— Há alguns anos, ela sofreu um acidente terrível. Quase perdeu a vida. A mãe e o padrasto morreram nesse acidente, e ela... perdeu uma perna
Aurora já estava deitada, um livro nas mãos, tentando se concentrar na leitura. Mas quando Enrico saiu do banho, apenas enrolado em uma toalha, os pensamentos dela vacilaram. A água ainda escorria por seu peito definido, e ele passou a toalha pelos cabelos úmidos antes de lançar um olhar divertido para ela.— Algum problema? — perguntou, arqueando uma sobrancelha ao notar o jeito que Aurora o observava.Ela pigarreou, voltando os olhos para as páginas abertas.— Nenhum. Apenas... leitura interessante.Ele riu baixo e caminhou até a cama, deitando-se ao lado dela.— E agora? Ainda está interessada no livro? — provocou, apoiando a cabeça na mão.Aurora suspirou teatralmente e fechou o livro.— Você venceu, esse capítulo pode esperar.Ele sorriu satisfeito.— Eu não tenho irmãos!- Aurora disparou rapidamente, um pouco constrangida com a situação.Ela balançou a cabeça.— E é óbvio que você já deve ter visto isso naquele seu dossiê! Mas, sempre fui só eu e minha mãe e depois eu e meu pai.
A tarde estava ensolarada quando Enrico e Aurora decidiram aproveitar a praia particular da propriedade. O calor era convidativo, e o mar brilhava em tons de azul hipnotizantes.Aurora vestia um biquíni branco, simples, mas que contrastava lindamente com sua pele levemente dourada pelo sol. Por cima, jogou uma saída de praia leve, que esvoaçava ao menor movimento. Enrico, por sua vez, optou apenas por uma bermuda de tecido leve, os óculos escuros realçando sua aparencia descontraída.Eles caminharam pela areia fofa até encontrarem um lugar sob um grande guarda-sol que já havia sido previamente montado por um dos funcionários. Uma mesa com bebidas geladas e algumas frutas também os aguardava, dando àquela tarde um toque de luxo casual.&mdas
O sol já estava alto no céu quando Aurora despertou com aquele abraço quente a envolvendo. Não tinha a mínima ideia da hora que foram de fato dormir, haviam apenas sucumbido à exaustão do dia anterior.Seu corpo estava um pouco dolorido em certos lugares, talvez tivessem sido muito intensos para uma primeira vez, mas a verdade é que ela não queria ter ido mais devagar. Queria sentir tudo, com toda a intensidade que Enrico podia lhe proporcionar.Se liberou um pouco do abraço dele e verificou no celular que já passava do meio-dia. Por isso estava com tanta fome. Sentiu Enrico abraçá-la novamente enquanto falava com uma voz ainda sonolenta.— Deixa eu adivinhar, você está com fome!— Óbvio, você sabe que horas são? Ainda estou só com aqueles sanduíches, que ainda por cima
O jantar à beira-mar havia sido um prelúdio perfeito para o que viria a seguir. Entre olhares prolongados e toques sutis, a tensão que pairava entre eles explodiu assim que atravessaram a porta do quarto.Enrico não hesitou. Assim que Aurora se virou para ele, encontrou-se presa entre seu corpo e a parede. Os lábios dele capturaram os seus com intensidade, o sabor do vinho ainda presente em sua boca. Suas mãos exploraram cada centímetro de pele exposta, arrancando arrepios e suspiros baixos.— Você é perigosa, sabia? — ele murmurou contra sua pele, deslizando os lábios até seu pescoço.Aurora soltou um riso ofegante, sentindo o calor crescer entre eles.— Sim, e você
A viagem de volta a Las Vegas foi um trajeto silencioso e sufocante. O jatinho particular de Enrico, que antes exalava luxo e exclusividade, agora parecia uma prisão voadora onde ambos estavam presos a um abismo de ressentimento e dor. Aurora manteve-se afastada, sentada junto à janela, os olhos perdidos no horizonte. Não havia mais espaço para palavras entre eles. Qualquer tentativa de Enrico de se aproximar era recebida com um olhar gélido e impenetrável.Ele não insistiu. Sabia que nada que dissesse mudaria o que Aurora sentia naquele momento. Sabia que qualquer palavra sua soaria vazia diante da devastação dela. Então, respeitou o silêncio e apenas observou. Quando aterrissaram, o motorista já os aguardava. O caminho até o hospital foi igualmente pesado. Aurora respirava fundo, como se tentasse se preparar para o
O escritorio estava mergulhado em uma penumbra silenciosa. Enrico permanecia imóvel, os olhos fixos na parede à sua frente, mas sua mente estava distante, ainda presa à última cena no hospital. O olhar de Aurora, tomado por uma fúria que beirava o desespero, ainda queimava em sua memória. Ela o expulsou. Sem hesitação, sem uma última palavra além da acusação cortante que agora ecoava em sua mente: "Foi por sua causa!"Ele deveria ter previsto isso. Sempre soube que aquele contrato teria consequências, mas não esperava que essa fosse a mais devastadora delas. O pai dela se foi. E Aurora não estava lá porque ele a impediu. O peso dessa constatação cravava-se nele de uma forma que o irritava profundamente. Não porque se arrependia — ele não era o tipo de homem que se
Enrico se recostou na cadeira de couro escuro do escritório, iluminado apenas pela luz suave que vinha da janela, criando um ambiente sombrio, refletindo o clima da conversa. Seu olhar estava fixo nos papéis que Lucius havia colocado sobre a mesa, como se já estivesse antevendo a vingança se concretizando diante de seus olhos. Ele esfregou as mãos, uma sensação de prazer quase palpável nas pontas dos dedos.Lucius, por outro lado, parecia cada vez mais desconfortável, os óculos escorregando sobre o nariz enquanto ele tentava não demonstrar a crescente indignação. Sabia o quanto Enrico era capaz de fazer para atingir seus objetivos, mas aquilo ia além de qualquer coisa que ele já havia imaginado. O tom de voz de Enrico era calmo, mas havia um gelo nas palavras que deixava claro que a decisão estava tomada. No fundo, Lucius também sabia que seria tolo em tentar dissuadi-lo, mas o peso da ética ainda o incomodava.— Eu entendo que você esteja arrasado por tudo o que aconteceu, Enrico. Ma