Era claro que todos haviam reparado o cansaço de Guilherme depois de um dia no clube. Clarice havia contado ao marido o que havia acontecido e ele comemorou discretamente o sucesso de seu filho.- Acha que eles vão manter isso em segredo por quanto tempo?- Não faço ideia. Eu não quero nenhum comentário. - Tudo bem, Clarice. Mas o menino precisa se alimentar. O que ele gosta de comer?- Eu fiz suco de laranja com acerola. Ele tomou tudo e voltou a dormir.- Você só pode estar brincando. O menino precisa de energia. Ele voltou as atividades, Clarice.- Massa?- Isso! Aquela sua lasanha seria perfeito. Energia. É como correr uma maratona. Ligue para Cecília para ver como ela está. Não quero a minha futura nora toda prejudicada. - Ela não está. A gente não transou.- Não? - Foram só um amassos mais intensos.- Mas eu ouvi...- Caramba! Tá! A gente fez, mas Ceci vai ficar envergonhada se você for cochichar com Catarina. Ela está com um pouco de cólica e dores nas pernas. Coitada!- O qu
Clarice, que havia recebido o nome em homenagem a uma grande escritora ucraniana nacionalizada como brasileira, era uma mulher forte, de grande personalidade, com um grande coração. Entretanto, apesar de muitas coisas boas, Clarice trazia dentro de si uma inquietação, uma espécie de fúria que crescia quando os seus estavam em risco.Por causa de uma infidelidade um dos filhos havia sido raptada tempos atrás. Agora era uma antiga namorada que reivindicava paternidade para o filho já adulto com alguma intenção visível. Mas, o que Clarice mais odiava nesse mundo, era ser usada como meio para atingir quando alguém não conseguia atingir a sua meta. E Natasha estava fazendo isso há algum tempo.- Entre! Há pessoas aqui querendo ouvi-la.- Quem você chamou, Clarice?- Os pais do Klaus, um advogado e um detetive que adorarão ouvi-la. Eu sou mulher do Klaus, não sou a sua ex, Natasha. Você está me usando há muito tempo. Eu estou cansada. Você é uma aproveitador
Paulo estava enrolado com os preparativos do Natal indo de um lado para o outro com Felipe e o pai, e não pode ver Rebecca nos últimos dias.Clarice chegou com Klaus e os gêmeos na hora de sempre. Mas Rebecca parecia irritada porque não achou que a roupa que vestiria havia ficado boa e carregou Levy com ela para encontrar uma roupa nova.Paulo sorriu, mas sentiu pena do próprio Levy agora que Páris estava em São Pedro da Aldeia para passar o Natal com os avós, pais e bisavós. Lá pelas dez Rebecca chegou com Levy, chamando atenção não apenas do Paulo, mas de um primo que estava lá. - Caramba! Que coisa linda!- Ficou maluco, porra? Rebecca é minha noiva.- Ela tem uma irmã? - Tem. Aquela ali, mas acho que o Rodrigo já está de olho nela.- Babaca!- Tira o olho da minha noiva.- Vocês dois querem parar!- A culpa dele vovó. Está de olho na Rebecca.- Eu não aceito isso. O que estiver pensando, pare. Ela é noiva do seu primo.- Eu não vi aliança nenhuma.- Vó? - Mexa com ela e veremos
Era estranho chegar em casa e ver tudo calmo e tranquilo ainda tão cedo. Klaus havia chegado de uma cirurgia complicada e ido para casa para comer e dormir. Olhou ao redor e viu que a porta da varanda estava aberta, então alguém estava em casa.No quarto dos gêmeos tudo estava arrumado e vazio; no de Rebecca um vestido novo estava sobre a cama revelando que iria sair; no de Guilherme, ele se encontrava em sono profundo; no de Levy as cortinas estavam mal fechadas e, finalmente no quarto do casal Clarice dormia profundamente.Klaus sorriu. Era bom chegar em casa e ter a mulher só para ele. Então correu para o banho e voltou de barba feita e enrolado numa toalha.- Clarice, está muito cansada?- "Exhausted". (exausta em inglês)Ela estava respondendo em inglês? Estaria acordada ou sonhando? Clarice tinha dessas coisas. Sonhava quando exausta e respondia em qualquer das línguas que conhecia.- Você me ama?- "I love so much, my lord". (Eu amo você demais, meu senhor.)- Onde você está, La
Klaus acordou assustado no meio da noite, com taquicardia e falta de ar, o corpo molhado de suor e com Clarice ao seu lado dormindo tranquilamente.Ele se levantou e foi ao banheiro tomar banho.Fazia muito tempo que não pensava nela e por um momento ficou curioso para saber o que havia acontecido com aquela peste.Ficou parado debaixo do chuveiro por um tempo até que percebeu que estava excitado. Olhou para a porta e fechou a água quente. Precisou de alguns minutos para se acalmar.Se secou e vestiu um outro pijama.- Outro pesadelo?- Sim.- Cirurgia?- É. Eu não consigo dormir agora. Vou beber um pouco d'água. - Quer conversar?- Não. Fique tranquila.- Tudo bem.Clarice respeitava seus pesadelos, principalmente quando se referia aos seus medos. Mas se ela descobrisse que ele havia sonhado com a outra cavalgando sobre ele e que Clarice atirava nele, isso seria o seu fim. Ou um caminho longo de uma vingança infinita.Q
Klaus brincava com os gêmeos na areia da praia quando Clarice se levantou para dar um mergulho. Haviam poucas pessoas ao redor, mas pessoas suficientes para admirá-la enquabto caminhava em direção ao mar.Ela caminhava lentamente e os olhares a seguiam. Klaus sorriu e apontou para Levy cuidar dos irmãos. Ele se levantou e correu até a mulher a beijando no pescoço enquanto a puxava pelo quadril. Clarice sorriu. Virou para ele e o beijou, passando as mãos em volta de seu pescoço. Clarice o amava.Por mais que quisesse matá-lo de vez em quando, ela ainda o amava. Talvez mais do que desejava. Mesmo assim não poderia dizer que era de todo infeliz na companhia dele.Klaus a beijou enquanto a onda batia neles. Ele a suspendeu em seus braços e a apertou contra o seu corpo. - Eu a quero tanto, Clarice.- Ainda?- Sempre. Todos os dias. Eu lhe comeria aqui mesmo se pudesse.- Safado!Os dois ainda ficaram namorando por algum tempo até decidirem sair
Rebecca sabia que Levy gostava de anotar tudo e de criar histórias desde que eram crianças, então, nada mais adequado do que aquele diário de capa de couro cru e uma caneta Parker para ele anotar como se sentia desde que soube que iria ser pai.Sem imaginar de tudo o que Levy faria ao saber que ela estava grávida, Páris teve medo. Medo do que a sua avó acharia dela porque entendia que talvez ela sonhasse para o seu bisneto uma noiva mais aceitável, alguém de pele mais clara, mas Clair a adorava demais para ter tais pensamentos.Com os pais de Páris longe a ordem era para os empregados a tratarem como uma princesa com todos os mimos. Uma dieta havia sido escrita para ela e havia sempre flores em seu quarto. Páris se sentia bem, feliz e amada.- Por quê não me disse?- Fiquei envergonhada. Clair só descobriu porque meus pais foram embora e eu não pude ir. Eu sinto muito. - Seu pai queria me matar.- Eu soube. O que o seu pai disse?- Ele chorou. Já co
Clarice havia ido ao escritório de advocacia de seus pais para deixar alguns papéis quando encontrou um antigo colega de faculdade saindo de sua sala. Eles se cumprimentaram, mas Sophia percebeu que o tal homem parecia muito animado em ver a sua mãe.Sophia franziu a testa e iniciou sua análise sobre a aparência do tal homem. Não era tão alto ou forte como o seu pai, mas era um homem muito bonito.- Soube que se separou do Klaus.- Mas foi por pouco tempo. Tivemos outros filhos.- Essa fofura é sua filha? Eu me lembro da Rebecca. Mas olhando bem ela se parece mesmo com Klaus. Homem de sorte. Muita sorte.- E a sua esposa? Como ela está? - Você não soube, Clarice? Minha mulher morreu há muitos anos. Morreu no parto de nosso segundo filho. A menina é a cara dela. Mora com os meus pais desde sempre. - Que pena! Sinto muito. Mas não deveria ficar sozinho. Deveria ter alguém. - Bem... Eu não estou realmente sozinho, mas casar... Bem... Casar só por amor. E eu só amei duas mulheres na min