Klaus, apesar da relutância, parou de subir até o apartamento de Clarice. Ele ligava, os filhos desciam e eles iam para algum lugar sem a presença de Clarice que já não usava mais a aliança e nem a chamavam de Sra. Klein mesmo que o divórcio não havia sido oficializado.O fato é que na sexta, quando os filhos estavam na maior bagunça em Cabo Frio com os amigos Catarina e Felipe, Clarice resolveu ir a praia sozinha onde Klaus estava jogando volei.- Caramba! Que mulher linda!- Onde?- Aquela ruiva ali. Maiô branco.- Gata mesmo!- Você não está separado? Vai lá! - Ela deve ter um namorado.- Sei não. Ela parece sozinha demais.- Se algum valentão aparecer e querer me arrebentar a culpa é sua.Klaus caminhou até a ruiva exibindo um pequeno sorriso. Parou ao seu lado e ela olhou para ele sem acreditar no que via.- Sozinha, Ruiva?- Exatamente. - Posso fazer companhia ou me quer longe?- Eu não tenho outra cadeira.- Eu tenho uma camisa.- Bem apropriado. Vem sempre aqui?- Não. Traba
Clarice havia retomado a sua rotina de mãe e advogada, deixando tudo o que se referia a Klaus em suspenso. Ele estava diferente. Mais atencioso e paciente com os filhos e com ela, mas havia algo dentro dela que a incomodava.Droga! Ele havia a traído com uma muher estranha, jovem e desinibida. Ela ficava a sua disposição, descansada, fresca a sua espera. Clarice estava sempre muito cansada com os filhos, com a casa e com o marido que mudava os seus horários sem qualquer aviso prévio, alterando todos os planos dela. Deixando-a ainda mais cansada e irritada. Clarice ultimamente tinha alterações de humor que por duas vezes a fez arremessar objetos em cima de Klaus.Nessas circunstâncias Klaus dormia no quarto de hóspedes ou voltava para o hospital alegando dormir no escritório do pai.Mas ele estava mesmo dormindo sozinho no escritório? Clarice chegou no apartamento e viu os filhos seguros fazendo as suas tarefas ou dormindo. Cresciam felizes.Ela foi para o quarto tomar um banho. Levy
Clarice não acordou muito tem naquele dia. Os filhos ainda dormiam e Cecília dormia no quarto de Rebecca abraçada ao urso grande que Guilherme havia lhe dado. Sorriu.Fez café, o tomou e ficou um tempo olhando a vida que corria lá fora. As coisas com Klaus haviam esfriado novamente e ela começava a se perguntar até quando iria viver assim.No calçadão algumas pessoas a olhavam com curiosidade. Ela não tinha certeza se era pela cor dos seus cabelos vermelhos, pelo seu corpo ou pela falta de aliança. Sorriu. Aqueceu o seu corpo e começou a correr sem perceber que era vigiada.Dez quilometros.Quando chegou no prédio o porteiro disse que Klaus havia subido e não parecia bem. Estava abatido e cansado.Ele estava com a outra?- O que houve?- Duas cirurgias. Eu queria ver você e as crianças antes de ir para casa e apagar.- Tome um banho e durma um pouco aqui mesmo. Vou ajeitar o quarto. Tomou café? - Só um café horrível no hospital.- Vem! V
Clarice chegou no salão no horário marcado e encontrou a outra fazendo as unhas. Elas se olharam, mas não se cumprimentaram. Antes de sair de casa ela prometeu a si mesma não ser perturbada por nada e nem por ninguém, mas ao vê-la sabia que a provação iria ser grande.A advogada se sentou no lugar determinado para ser atendida, disse o que queria e logo iniciaram a execução dos serviços. A cabeleireira nao se conteve e começou a questioná-la.- Clarice, o que houve com você para ficar sumida? Perguntou Jackie para a outra ouvir. - Muito trabalho. Viagens... Casamento. Respondeu calmamente.- O Senhor Klein entrou na linha? Insistiu, dando uma piscadinha para Clarice.- Eu acredito que sim. Nós nos casamos de novo. Contou fazendo todos olharem para a nova aliança com os olhos arregalados.- Como assim? Perguntou a outra perplexa.- Ele me pediu para voltar para casa e eu o aceitei. Nós até nos casamos de novo. Olhe! Disse com naturalidade.- Clar
Klaus chegou em casa por volta das seis e meia da tarde e encontrou apenas o filho mais velho que se arrumava para sair.- Falou com a minha mãe? - Pelo celular. Como ela está? - A mão está um pouco inchada e o braço vai ficar roxo por um bom tempo.- Merda! Como está o humor dela?- Aparentemente ela está bem, mas você se prepara. Vai vir bomba. Quando a Sra. Klein tira a aliança da mão...- Merda! Onde está a sua mãe? - Levou os meus irmãos na escola com Cecília, o bebê e Catarina. Mamãe não pode dirigir.Aquilo deixou Klaus muito abalado. Mandou o filho esperá-lo. Ele entrou no quarto, tomou um banho, vestiu-se e saiu pronto para sair com o filho.- Onde você vai? - Para a escola. Aquele babaca do Marcelo está dando em cima da Cecilia. Ninguem faz nada...- Tem gente chegando.- O que houve? Já vieram?- Cecília socou o Marcelo. - Ele caiu por cima da bateria e quebrou o equipamento. Sabia que ela está aprendendo Krava Mangá?- O Marcelo ficou chorando com a cara inchada e eu s
Quando a advogada descobriu que o seu marido pulava a cerca, escreveu em uma página de sua agenda uma pequena lista de vingança. Ela havia feito as pazes com ele. Haviam renovado os votos, trocado de aliança, voltado a morar junto, mas sempre tinha uma vozinha em seu ouvido lhe dizendo que ela havia sido boa demais e que só ela havia sofrido nesta história toda. Então, quando releu a lista depois de todos aqueles meses, pensou em muitas coisas.Klaus tinha que sentir um pouco da dor que ela sentiu. Toda humilhação, raiva, ciúme, indiferença, tudo.Mas, ao mesmo tempo que desejava se vingar, queria seguir com a sua vida. Precisava pensar. Então, depois de deixar os filhos na escola, foi ao clube para nadar um pouco.- Bom dia, Clarice. Vai nadar um pouco?- Sim. Preciso pensar.- O instrutor está na piscina. Bom dia.No hospital Klaus saía da sala de cirurgia exausto. A cirurgia tinha sido maior do que o planejado e queria falar com a Clarice.- Eu qu
Clarice havia passado a semana de mal humor, deixando o Doutor navegando solitário num mar de fantasia e fracassos.Enquanto descansava em seu consultório, varias imagens femininas flutuavam em sua imaginação. Uma delas era de Natasha, uma americana de descendência russa que conheceu quando estudava nos Estados Unidos e que Clarice nem desconfiava de sua existência. Natasha era branca, mais alta do que Clarice, pernas longas e que fumava como uma estrela de Hollywood da década de 1950.Seios grandes que quase saltavam para fora das blusas muito justas que usava. E um prazer exarcebado em usar calcinhas fio dental.Klaus tentou se manter distante dela por algum tempo, mas acabou cedendo depois de uma festa num fim de semana.Eles acabaram transando dentro de um carro no estacionamento de um shopping e no banheiro de um bar semanas depois. Por sorte, ninguém os pegou num quarto de descanso ou na escada do prédio onde ela morava.O fato é que sempre que ele se sentia sozinho demais cham
Todo final de ano o hospital dos pais de Klaus fazia duas festas em datas diferentes para comemorar o encerramento do ano.Era comum que Clarice ajudasse a sogra na decoração embora houvesse sempre uma equipe contratada para decoração além do buffet.O fato é que naquele ano um novo médico havia sido inserido na equipe e ele não sabia do relacionamento de Klaus com Clarice quando a abordou no refeitório dos médicos semanas antes.- Eu nunca vi isso em hospital nenhum por onde passei.- O que?- Uma mulher belíssima arrumando uma mesa de lanche para os médicos. - Ah... Mas é uma equipe muito querida. Ando muito ocupada e hoje os meus bebês estão me dando descanso. Então eu venho e arrumo tudo para receber os médicos e enfermeiros pós cirurgia.- Uma mulher tão linda deve ter cachorrinhos bem pequenos chamados de bebês.- Não, Dr. Cristovan. Digamos que o bebê maior tem quase um metro e noventa de altura.- Doutor Klein.- Doutor Cristovan. Vejo que conheceu a Sra. Klein.Ela realmente