Sebastian.
A vejo chegar na porta do edifício e olhar pra cima, enquanto a olho daqui, mesmo de longe reparo em sua pele morena e seus cabelos negros, que tenho tido bastante vontade de passar as mãos para ver se tem a mesma maciez que aparentam. Coloco as mãos no bolso da calça enquanto desvio meus olhos para o céu, lembrando do real motivo que me trouxe de volta ao Brasil. Minha família acha que foi porque estava cansado de Boston, mas esse não é o real motivo. Boston de uns meses para cá começou a me sufocar com lembranças de lugares e momentos sempre que andava pela cidade. Tudo, extremamente tudo me lembrava Megan.
A conheci poucos meses depois que me mudei para lá e logo me apaixonei pela garota doce e gentil que aparentava ser. Começamos um relacionamento as escondidas...Até tudo desmoronar meses depois. E ela me destruir de todas as formas e jeitos possíveis. Não podia continuar em Boston, então resolvi voltar, mas minha família não sabe disso e nunca irá saber.
Não deveria descontar minha raiva e magoa em Selena, mas sua inocência e sua beleza me lembram Megan e é algo sem controle. Quando vejo já estou falando todo tipo de grosseria a garota. Depois de Megan prometi a mim mesmo que não confiaria em nenhuma mulher, viveria muito bem sozinho e não deixaria ninguém chegar perto. E não irei voltar atrás. Ninguém vai chegar perto do que um dia foi um coração, não mais.
Volto a olhar pra baixo e vejo que Selena ainda está parada lá da mesma forma. Até minha irmã chegar, elas se abraçam e minha irmã a puxa porta a dentro. Daqui a alguns minutos ela deve entrar por essa porta, e mais uma vez vou sentir aquele perfume que sempre deixa nos lugares por onde passa. Seu cheiro ficou em meu carro desde o dia em que a levei para o churrasco.
Trabalhar com ela não será uma boa ideia, mas não tive muita escolha quando meus pais apenas disseram que eu teria que fazê-lo... Saiu dos meus pensamentos quando escuto uma leve batida na porta.
-- Entre. – Digo alto o bastante para que a pessoa escute do outro lado. – Meu filho, vim falar com você antes de trazer Selena aqui para começarmos tudo oficialmente. – Meu pai diz ao entrar.
-- Claro, pode dizer pai. – Digo sentando na cadeira e cruzando os braços.
-- Não sei porque tratou Selena ontem daquela forma, mas não gostei e espero que não se repita. Vocês agora passaram uma grande parte do tempo juntos e se continuarem com aquela situação de ontem isso não funcionará. Conto com você para acabar com esse clima estranho e fazer um bom trabalho. – diz me encarando seriamente.
--Não se preocupe, disse ontem e vou cumprir o que disse. Aquele tipo de situação não voltará a acontecer. – Se meu pai soubesse de tudo talvez me entendesse, mas nenhum deles sabe e nunca vão saber. Completo em pensamento.
-- Ótimo meu filho, daqui a pouco irei traze-la.
-- Estou a sua espera. – Digo quando ele já saia da sala.
Encosto na cadeira fechando meus olhos. Esse trabalho vai ser mais difícil que imaginava, mas não vou abaixar a guarda, sei que estou sendo grosso com ela e que todas as vezes morre de raiva de minhas palavras. Vejo a confusão e a raiva estampados em seus olhos em todas as nossas discussões, mas é melhor assim. Ela ficara cada vez mais distante e será melhor para todos. Apesar de chama-la de interesseira ela não parece realmente ser, seus olhos demostram inocência e pureza, mas não posso confiar nisso, Megan também era assim. Balanço minha cabeça tentando esquecer esses pensamentos.
Tenho que tomar cuidado, as duas vezes que brigamos eu as vezes me deparava gostando de sua raiva, de como seus olhos ficavam mais escuros que o normal e sua boca se abria lentamente e aquele movimento era bastante sexy. Eu só posso estar ficando louco e tenho que parar com esses pensamentos, eles são perigosos e preciso manter distância, muita distância.
A porta se abre mostrando meu pai e uma Selena sorridente, reparando em minha sala, mas seu sorriso morre quando olha para mim. Eu deveria gostar dessa reação, mas não gosto.
-- Boa tarde. – Digo secamente.
--Boa tarde. – Responde me encarando.
-- Bom, agora é com vocês, a partir de hoje trabalharam juntos aqui nesta mesma sala, mas cedo colocamos uma mesa para você ali Selena. – Aponta para o canto onde está a mesa. – Aqui estão os papeis sobre o contrato que temos que revisar até depois de amanhã para entregarmos para os franceses. Então mão na massa meus jovens. – Meu pai diz enquanto me entregava as folhas.
Nos dois confirmamos com a cabeça e ele sai da sala logo em seguida. Selena suspira a antes que eu possa dizer algo ela começa. – Olha, eu sei que você não gosta de mim, você fez questão de deixar isso bem claro. Mas já que iremos trabalhar juntos você pode pelo menos fingir que gosta de mim, pelo menos aqui dentro para fazermos um trabalho bem feito? – Pergunta determinada. Gosto disso.
-- Não se preocupe, não haverá problemas entre nós aqui dentro. Vamos começar?
-- Com certeza. – Diz animada.
-- Então faremos assim, o contrato pelo que estou vendo está em francês, então você vai traduzindo enquanto vou escrevendo a tradução em meu notebook, depois vejo o que iremos mudar e você digita novamente, Ok? – Pergunto enquanto ligo meu notebook.
-- Claro, posso começar a tradução?
Assim ficamos o restante da tarde, traduzindo e fazendo mudanças no contrato. Às vezes me pegava a observando concentrada em seu trabalho e ficava reparando em seu rosto. Seus cabelos algumas vezes caiam em seu rosto e acho que sem nem perceber ela os colocava atrás da orelha, era como um reflexo. Eu me obrigava a voltar ao trabalho e parar de olha-la. Eu não queria, não podia, não me permitiria sentir aquilo novamente, então a faria ficar longe. E usaria minha grosseria para me ajudar.
Por volta das 18:45 ela se levanta dizendo que já havia terminado de digitar o novo contrato e o tinha enviado para meu pai aprovar, e que já estava indo embora pois já havia dado seu horário. Apenas aceno com a cabeça fingindo desinteresse. O que a deixa com raiva pois a escuto bufar quando fechava a porta. O que me fez rir.
Esses três meses seriam uma tortura, mas não posso abaixar aguarda e me permitir cometer o mesmo erro.
Três horas depois levanto da cadeira e acabo indo para a parede de vidro onde tenho passado grande parte do tempo desde que cheguei, olho para o céu e vejo que está completamente escuro sem qualquer estrela e fico alguns minutos apenas olhando as infinitas luzes da cidade. ''como será que você estaria se estivesse aqui? Nunca perdoarei Megan pelo que fez'' Pergunto a mim mesmo olhando para o céu, quando sinto lágrimas descerem sobe meu rosto. As limpo e me viro indo rumo à porta. Saiu do prédio alguns minutos depois, acenando para o segurança e entrando em meu carro logo em seguida.
Já iria fazer um mês que eu e Sebastian estávamos trabalhando juntos e por incrível que pareça nós não discutimos mais. Sebastian continuava sendo o mesmo grosso e idiota de sempre, mas as vezes deixava seu lado gentil aparecer. Mas quando percebia isso, tratava de voltar a ser idiota. Como se fizesse isso de propósito.O trabalho era bom, gostava de passar a tarde traduzindo e falando em francês com alguns dos sócios que ligavam para saber de algo. As roupas da coleção são incríveis e me sinto feliz por de certa forma fazer parte de algo assim. Sinto meu celular vibrar encima da mesa e pego sem tirar os olhos da tela do computador.- Alô?- Oi amiga, que saudade de ti.
Antes mesmo de abrir meus olhos sinto meu corpo todo doer. Quando os abro uma luz forte os invade me obrigando a fecha-los novamente. Quando consigo me acostumar com a claridade percebo que não estou em casa, ou em qualquer lugar conhecido. Procuro em minha mente o que aconteceu e tudo vem como um soco, a boate, a praia e o acidente, me fazendo sentir uma dor forte na cabeça. Sem permissão meus olhos se enchem de lagrimas e tento me levantar mais uma vez o que me faz perceber que meu braço direito está engessado, o que não tinha percebido até o momento. A porta do quarto se abre e minha mãe entra. Calma, minha mãe?- Mãe? – Minha voz sai grossa e ranha minha garganta pela falta de água.- O meu Deus, você acordou minha filha.
SebastianQuando soube do acidente, eu ainda sentia seu perfume em mim. E o medo de nunca mais senti-lo era gigantesco, o medo de não ver seus olhos escuros e tão expressivos era ainda pior. Quando fui ver minha irmã no hospital, sem que ninguém soubesse entrei no quarto de Selena e reparei no quanto estava sem cor, seus lábios já não tinham mais o vermelho de sempre, mas ainda sim era linda. Fiquei horas ali sem que ninguém soubesse, pedindo pra qualquer ser que me ouvisse que a trouxesse de volta.Quando ela acordou queria pôr tudo ir vê-la, mas não podia. O alivio era gigantesco por ela estar de volta, e eu ainda não havia descoberto porque isso era tão bom. A ideia de perde-la era dolorosa. Passo a mão no cabelo sentado em minha cadeira n
- Por favor, não faça isso. – Suplico. Antes que possa responder ou qualquer outra coisa, sinto seu corpo ser puxado de cima do meu, vejo um vulto e no segundo seguinte, ele está no chão ao meu lado com Sebastian desferindo socos em seu rosto. Depois de incontáveis socos, vejo o desconhecido desmaiado e com o rosto manchado de sangue. – Sebastian já chega, por favor.Só aí ele me olha e vem ate mim, me levantando e me abraçando. Choro em seus braços, um choro de alivio, ele me abraça forte e me sinto protegida. Quando consigo controlar meu choro me afasto apenas o suficiente para olhar em seu rosto. – Obrigada Sebastian, eu não sei o que poderia ter acontecido se não tivesse chegado. – Eu sabia o que podia acontecer, nos dois sabíamos, volto a chorar e meu corpo treme
Já tinham quase trinta dias que Sebastian havia viajado, conversávamos quase todos os dias por telefone com assuntos relacionados ao trabalho. As vezes um de nós soltava um ''Estou com saudades''. Nessas horas a saudade batia mais forte que o normal.Eu ainda tinha o maravilhoso gesso em meu braço, o tiraria daqui 3 dias e estava contando os dias. Eu tentava ao máximo preencher minha cabeça com coisas do trabalho e faculdade, para não pensar tanto em Sebastian e o que eu sentia por ele, e isso estava sendo fácil fazer. O aniversario de Ju é daqui 2 semanas e ela resolveu que quer uma festa para completar seus 21, um baile de máscaras, não posso negar, eu adoro esse tipo de festas, mas dava muito trabalho. As coisas estavam quase todas encaminhadas, mas ainda faltava o vestido e ela não conseguia escolher,
Chegamos em uma casa no fundo da fazenda, era como uma casinha pequena com quarto e cozinha americana. Apesar de já ter vindo na fazenda, nunca havia vindo aqui.- Eu não conhecia essa casinha, é tão linda.- Quase ninguém conhece, construí quando tinha 19 anos. Gostava de vir pra cá pensar. Depois me mudei pra Boston e não vim mais.- Entendo, como foi a viagem? Você ainda vai voltar? – Aquela pergunta me causava certo medo, mesmo não querendo admitir para mim mesma, eu não queria de forma alguma que ele voltasse.- Não volto mais, não por agora. Fiz tudo o mais rápido que o previsto para voltar logo. – Sebastian volta para pe
Subo as escadas sentindo os olhos de Sebastian em mim, quando chego no quarto de Ju ela ainda dorme. Me deito na cama com ela e expiro o cheiro de Sebastian que esta na camisa e logo durmo. Quando acordo, Ju já não está mais na cama, olho no relógio e já são 11:00hs da manhã, levanto e tomo banho. Quando desço escuto vozes na cozinha e vou para lá. Todos estão lá, com um homem mais o menos da idade de Sebastian que não conheço.- Oi gente. – Digo quando entro.- Bom dia. – Um coro de vozes me responde. – Querida, esse é meu sobrinho Victor, ele veio de Londres passar um tempo com a gente.- Vocês disseram que ela era bonita, mas não sabia que era tanto. &ndas
SebastianSelena continua me olhando como se não acreditasse no meu pedido, sua carinha perdida a deixa fofa. – Sebastian, você está falando sério?- Sim. – Ela tenta se levantar, mas prendo suas pernas entre as minhas, não deixando que se levante. Ate minutos atrás eu não acreditava que realmente havia lhe pedido em namoro. Mas eu preciso de alguma maneira poder chama-la de minha. A pergunta saiu sem que eu ao menos percebesse, quando vi já havia perguntado e não me arrependo. De certa forma sua resistência em aceitar me causa certa tensão.- Não vai sair daqui antes de me dar uma resposta.- Sebastian, você sabe o que está me p